segunda-feira, 15 de setembro de 2003

A quem serve o desarmamento civil?

A passeata da Globo parece ter sido um sucesso. Digo "parece" porque há muitas coisas a serem consideradas. Primeiro, que o Fantástico de ontem mostrou apenas uma única imagem de helicóptero, privilegiando os planos fechado. Mais do que a predileção do editor, esta opção parece ter sido a única forma de nos fazer acreditar que havia mesmo 40.000 pessoas lá.

Digamos, porém, que havia. Neste caso, deve-se considerar, ainda, a vocação do Rio para promoções e eventos de qualquer espécie. Abençoado com uma natureza privilegiada, o carioca vive na rua - daí a interromper o jogging, a praia ou a caminhada para " ver que ajuntamento de gente é aquele ali na esquina " é só um passo. Se o evento contar com participação de atores globais, então, nem se fala!

Deve-se considerar também aquela esperança, sempre acalentada pelos cariocas - e amplamente explorada nos dias que antecederam à passeata -, de aparecer na novela das oito.

Imbecilidades deste tipo podem nos custar caro

Todo este barulho em torno do desarmamento não responde a uma questão crucial: quem vai desarmar os marginais?

Fique claro que o desarmamento não vai fazer a polícia subir os morros e tomar as armas aos traficantes - que constituem o real problema dos cariocas. Se uma ação desta monta não é possível com a legislação vigente, não o será com novas leis.

O fato é que o propagado desarmamento teria efeito somente sobre o cidadão civil - que se tornaria totalmente indefeso ante uma criminalidade que o estado não consegue controlar.

Logo, devemos começar a nos perguntara a quem serve esta campanha de desarmamento. Devemos, principalmente, relevar as opiniões advindas de parentes de vítimas. Fragilizadas, sem condições de avaliar racionalmente a questão, estas pessoas estão sendo usadas para defender um projeto cujos objetivos se mantém obscuros.

Nenhum comentário: