terça-feira, 18 de maio de 2004

Aos poucos, pois estou sem tempo....

O número exagerado de medidas provisórias sugere que estamos sob um governo provisório? Seria uma ditadura provisória?

Já que o Michael Moore volta a ser festejado - agora por estar se sentindo perseguido pela indústria cinematográfica do "império" - vale lembar o que ele pensa do Brasil. Em carta enviada há alguns meses para a Folha de São Paulo, Moore explicitou quais são as suas expectativas políticas e sociais em relação ao Brasil: " Continuem fazendo o Carnaval pelados", disse ele.

E parece que também Gilberto Gil vai roer a corda. Agora declarou, em entrevista ao jornal o Globo, que o Lula não será melhor que FHC. Sei...e só agora ele se dá conta?

E, depois do circo armado contra o New York Times, quem ainda lembra do Waldomiro Diniz?

Aos xiitas que, indignados com o último post, encheram meu e-mail de palavrões e vírus, só tenho algo a dizer: fiquem à vontade...não uso aquele endereço para nada muito significativo.

sábado, 15 de maio de 2004

Selvageria

Um amigo enviou-me por e-mail o vídeo completo daquela selvagem degola do refém americano promovida pela Al Qaeda no Iraque.

E posso lhes garantir que a coisa é de arrepiar - num nível de selvageria tal que escapa à minha compreensão.

Até a tarde de hoje, eu pensava, inocentemente, que se tivesse tratado de uma decapitação. É é provável que também vocês, ao saberem do fato, construíram aquela imagem mental que é terrível mas, de certa forma, tranquilizadora no que respeita às sensações da vítima: a imagem de alguém perdendo a cabeça rapidamente, em um único golpe de cimitarra. Isto é o que a imagem veiculada pelas redes de TV - que se interrompe antes que os carrascos avancem sobre a vítima - nos induz a pensar.

Esqueçam isso, meus caros. Nicholas Berg foi submetido a um sacrifício lento. Sua cabeça foi arrancada com algo um pouco melhor que uma faca de cozinha - seus músculos e ossos se rompendo lentamente, num interminável martírio.

Talvez mais terrível que o crime em si, seja a atitude de seus algozes, que uivam e riem enlouquecidos do início ao fim do processo. Depois que assisti, entendi porque meu amigo nomeou o arquivo de "hienas". De fato, os terroristas parecem - tanto nos ruídos que emitem, quanto na postura corporal - um bando de hienas.

Pois olhando aquelas terríveis cenas, me ficou claro algo que eu já intuía: não há como negociar com aquela gente. Não há parâmetros culturais para qualquer tipo de entendimento.

Diante daquilo, pirâmides de prisioneiros pelados vira brincadeira de criança.

Não vou linkar o arquivo aqui, pois penso que isto, além de dar um espaço desnecessário à violência, deve até ferir as normas do Blogger. No entanto, se alguém fizer muita questão de ver, escreva para narizgelado@uol.com.br, que eu indicarei o link. Mas aviso que são imagens fortíssimas, a serem evitadas por pessoas sensíveis ou com problemas cardíacos.

segunda-feira, 10 de maio de 2004

Pilequinho

Se é que bebe, Lula não o faz só. Talvez a nação inteira esteja embriagada.

A maior prova disso são as declarações que estão surgindo na imprensa desde domingo último.

Fala-se em processar o New York Times por calúnia e difamação. Já determinou-se, inclusive, que o fórum desta ação terá que ser o Brasil. E o episódio serviu para unir governistas e opositores de uma maneira jamais vista em quinhentos dias de governo.

Talvez eu devesse beber umas e outras para entender o caso.

Porque, uma vez sóbria, leio e releio a matéria do New York Times e chego sempre à mesma conclusão: o jornal norteamericano não fez mais que publicar as opiniões de Diogo Mainardi, Leonel Brizola e Cláudio Humberto - além de citar uma matéria da Folha de São Paulo e uma carta de um leitor da Veja. Feito isso, listou gafes realmente cometidas pelo presidente.

Logo, as questões de primeira ordem são: porque que não pensaram em processar Brizola, Mainardi ou Humberto quando estes emitiram suas opiniões? Porque não taxaram de "caluniosas" as opiniões do leitor da Veja e aquelas emitidas pela Folha de São Paulo, quando estas vieram à público?

Fico tentando encontrar um motivo para que informações que vinham sendo veiculadas na imprensa nacional - sem receberem qualquer atenção por parte dos assessores e ministros presidenciais - tornem-se calúnias no instante exato em que vão parar nas páginas de um jornal yankee.

Basta fazer continhas para perceber que se trata de um esforço populista, que tem por fim último desviar as atenções da evidente crise governamental e promover uma espécie de união patriótica em torno da fragilizada figura do presidente.

sexta-feira, 7 de maio de 2004

Não me torturem.

Estou me sentido torturada com o sensacionalismo barato que estão fazendo sobre a tortura nas prisões iraquianas.

E se digo que é sensacionalismo - e que é barato - deve-se a algumas questões bem pontuais.

Primeiramente porque - mal feita a denúncia - as instituições americanas trataram de tomar rapidamente as devidas providências.

O que assistimos hoje é uma aula de democracia a fazer os mais incautos anti-americanistas roerem os cotovelos: a imprensa não está abafando - nem é convidada a fazê-lo por parte do governo. O Congresso exige explicações e o exército não se furta a se apresentar para prestá-las. A sociedade encontra canais hábeis para externar sua repulsa e reivindicar a defesa dos valores fundacionais da nação. E o presidente - comumente apresentado como um ditador por parte de seus adversários - vem à público admitir o erro.

Chegamos, então, a um quadro que deve desesperar os críticos do sistema norte-americano. Porque demonstra como funciona uma nação verdadeiramente democrática.

O poder erra? É claro que sim! Mas a correção de rota se faz de forma rápida e transparente.

Mas, de modo geral, o que se vê na imprensa - e nas mesas de botecos do Brasil - é uma apologia do erro norteamericano. Como se não devêssemos, ao contrário, olhar para a lição que as conseqüências deste mesmo erro nos ensinam: que os EUA são uma democracia de fato e de direito; que a imprensa lá é realmente livre - e menos manipulável que a nossa; e que aquela nação não é auto-indulgente com seus problemas. Resolve-os rapidamente.

Um quadro totalmente diferente do que aconteceu no Brasil , onde foi preciso esperar trinta anos para se contar os mortos pela ditadura - e onde a tortura é fato corriqueiro nas instituições de caráter penal.

Igualmente, hoje a tortura come solta - e impune - nas prisões da China, da Coréia do Norte e da Cuba castrista - onde os Direitos Humanos são proibidos de entrar.

Então eu pergunto: acaso a imprensa brasileira dá algum destaque para os atos vis praticados nos cárceres destes países?

Claro que não, leitor.

E esta é a maior prova de que não há qualquer preocupação em relação à tortura contra presos.

Nossa imprensa é, antes de tudo, anti-americanista.