terça-feira, 28 de setembro de 2004

O Haiti não é aqui

O governo brasileiro apressou-se em enviar um avião repleto de recursos para as vítimas do furacão Jeane no Haiti.

Responda rápido: quantos aviões foram enviados, em março último, às vitimas do Furacão Catarina?

Nenhum.

Mais vale uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU que uma cadeira presidencial.

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Diálogos Impossíveis

Um balde de água fria para quem defende a possibilidade de diálogo com o terrorismo islâmico: ontem, via web, o Exército Islâmico no Iraque afirmou que a França é inimiga dos muçulmanos.

É claro que, dentre as muitas acusações listadas pelo grupo, estão a atualíssima lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nas escolas públicas e o passado colonial francês.

Mas o que chama mais a atenção é a alegação de que a França não participou da ação militar no Iraque em virtude de seus próprios interesses - e não em solidariedade àquele povo.

Em que pese a realidade desta acusação, deve-se observar o quanto ela mostra ser insustentável qualquer estratégia de diálogo com esta gente: o "veredito" islâmico para as nações ocidentais será sempre negativo. Em outras palavras: há sempre uma desculpa para justificar a loucura de quem enfaixa o próprio pinto e vai se explodir levando consigo vidas inocentes.

E a balela da alteridade?

Shirin Ebadi - a iraniana condecorada com o Nobel da Paz -, anda criticando a lei francesa por acreditar que ela só serve para acirrar os ânimos.

Eis aí, uma boa mostra do quanto o respeito à diversidade cultural é, para os muçulmanos, uma via de mão única.

Não passa pela cabeça de Ebadi respeitar a tradição cultural e histórica da França, que está fortemente marcada pela secularização do estado e da educação. Não. Para ela, mesmo em solo francês, a cultura muçulmana vem na frente. Em nome de Allah - e por medo de despertar mais ainda a ira de seus soldados - deveremos todos abrir mão de nossos referenciais.

sábado, 11 de setembro de 2004

O pior dos mundos

Pensei,também,diante da visão quase surreal daqueles símbolos do capitalismo em queda, que a aventura humana na terra começava a melhorar.

(Fábio Brüggemann, em artigo para o Diário Catarinense de hoje)

Sinceramente, senhor Fábio Brüggemann, não sei o que me espanta mais: a sua ignorância em , diante do assassinato sumário de mais de 3.000 pessoas, ver revigoradas suas esperanças na humanidade, ou a sua falta de vergonha na cara em admití-lo.

Mas o senhor deixa claro, de imediato, que , naquela fatídica manhã, depositou todas as suas esperanças no fim do capitalismo e da democracia. Que chegou a comemorar o fim de um sistema que garante os direitos da mulher e dos homossexuais, que postula um sistema judiciário independente, que defende uma imprensa livre e oportuniza que a esquerda chegue ao poder por vias democráticas.

O "mundo melhor" que o senhor acreditou estar se iniciando naquele 11 de setembro é o mundo dos Gulags, da Primavera de Praga e do Khmer Vermelho. É o mundo da China, da Coréia do Norte e de Cuba - onde falta liberdade e a corrupção estatal abunda.

Não é de admirar que, alucinado ante tamanha utopia sangüinária, o senhor tenha comemorado a violência vinda por parte de quem só conhece ditaduras, monarquias e teocracias - regimes facilmente corruptíveis, onde as eleições, quando ocorrem, são manipuladas. Não é de admirar que deposite suas esperanças nas mãos de suicidas assassinos, vindos de locais politicamente tão aprazíveis quanto o Irã, o Egito, a Líbia, o Zimbábue ou a Arábia Saudita.

Sua insana idéia de um mundo melhor está de mãos dadas com qualquer inconseqüência que se oponha ao que o senhor certamente denomina, pejorativamente, de "democracia burguesa". E é por este motivo que o senhor se dispõe a aliar-se a qualquer movimento que se mostre contrário ao maior representante deste sistema: os Estados Unidos da América. É por este motivo que chega à decadência de mostrar mais simpatia por vítimas de guerras declaradas do que por aquelas que foram extirpadas em um imprevisível ataque terrorista.

O senhor tem razão: a ignorância é mesmo "o maior aparato bélico". Mas ela não vem da paixão do capitalismo pelo "ouro negro". Ela vem de homens como o senhor, que cultuam um "ouro vermelho" chamado socialismo. E é do alto deste tipo de ignorância que o senhor passou a ver o assassinato de mais de 3.000 inocentes como o prenúncio de um mundo melhor.

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Pedagogia do ódio

"Burgueses não pegam na enxada / Burgueses não plantam feijão/ E nem se preocupam com nada/ Arrasam aos poucos a nação./ Sem-terrinha em ação, pra fazer a revolução!"

O amigo está pagando, com sofreguidão, um plano habitacional?

Ou conseguiu, a duras penas, quitar um pequeno paraíso de dois quartos?

Está, talvez, comemorando a compra de um terreninho suburbano onde, no futuro, erguerá sua casinha branca no melhor estilo Zé Rodrix?

É prudente repensar a coisa, pois as próximas décadas serão pródigas em ameaças à propriedade privada.

Pelo menos é o que garantem dirigentes e professores das escolinhas do MST, cujo plano político-pedagógico foi revelado na última edição da revista Veja. Um exército de 160.000 alunos, distribuídos entre 1800 escolas, está aprendendo que é lícito tomar com violência aquilo que outros conquistaram com trabalho..

Os professores? Gente vinda, é claro, das fileiras do MST e sem formação em magistério - muitos não têm sequer o fundamental completo.

Analfabetos políticos - posto que jamais aprenderam algo além da fracassada teoria marxista - tais "mestres" só poderão atuar na formação de outros incapazes políticos e sociais - meros reprodutores de uma ideologia que já esta morta para o resto do mundo.

E o que é pior: no meio desta insanidade pedagógica, não é só o latifúndio que deve ser combatido. Toda a vida urbana tornou-se alvo do ódio campesino.

Hoje, as ameaças não passam de cantigas cantaroladas nos pátios destas escolas. Amanhã serão a trilha sonora a embalar a invasão de nossas casas.

terça-feira, 7 de setembro de 2004

Vento forte

Estou aproveitando o feriado para navegar sem compromisso.

Aí encontrei alguns sites que são dignos de nota.

Em primeiro lugar, aviso que meu amigo Peterso Risatti, vítima de terrorismo on line, foi obrigado a mudar de espaço na web. Agora ele pensa em voz alta no Mach's Spass.

Um link bem interessante é a versão brasileira do HonestReporting.com - aqui chamado De Olho na Mídia.org.

Ainda inspirada pelo post da última semana, fui atrás do texto integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Alguns fóruns valem realmente à pena.

Já na época do furacão Catarina, eu tinha descoberto o fórum de metereologistas Brasil Abaixo de Zero - e agora proveito para corrigir o meu esquecimento de citá-los antes. Sugiro visitar a rapaziada e ver como eles monitoram cada fenomeno com ciência e bom humor.

Mas se estiver a fim de saber o que passa pela cabeça da direita americana, tente o RightNation.usa. Seus opositores você encontra no Liberal Forum.

Ambos me pareceram bem abertos ao debate sério.

Da seção "anti-jihad", sempre é tempo de conhecer o já clássico Jihad Watch, comandado de Robert Spencer e o Faithfreedom.org, que tem uma linha mais dura e ideológica.

segunda-feira, 6 de setembro de 2004

Inspiração

Alguém andou observando que o ataque à escola russa apontava para um "tipo novo" de terrorismo.

Não é verdade.

De fato, a inspiração - senão toda a "logística" da coisa - bem pode ter vindo lá das bandas palestinas: em 1974, a Frente Democrática Pela Libertação da Palestina, sob o comando de Nayef Hawatmeh, assaltou, nos mesmos moldes, uma escola israelense em Ma'alot. Vinte cinco adolescentes morreram e setenta ficaram gravemente feridos.

domingo, 5 de setembro de 2004

Elefante na cabeça.

Acho que o Bush ganha.

Na verdade, eu venho achando isso desde os primeiros discursos proferidos logo após o 11 de setembro. Naquele momento, Bush conseguiu devolver dignidade a um povo que estava profundamente abalado por sofrer uma ataque tão monstruoso em seu próprio território. E dificilmente o povo esquece aqueles que se mostram fortes em momentos difíceis.

É verdade que houve um momento - especificamente, quando vieram à tona as denúncias das torturas nas prisões iraquianas - que eu cheguei a duvidar da reeleição. Somadas à Comissão de Inquérito sobre o 11 de setembro, elas pareciam compor um quadro realmente ameaçador para a reeleição de Bush.

Porém, ao que tudo indica, a poeira de ambos os processos baixou e Bush parece ter saído da coisa ileso - senão fortalecido.

Agora as primeiras pesquisas de opinião realizadas logo após a convenção republicana apontam para uma vantagem de Bush em relação a Kerry. Na mais promissora delas - realizada pela Times - o atual presidente aparece com 11 pontos percentuais a mais que o condidato democrata.

Não dá pra dizer que estes números são supreendentes. Para além da força discursiva de um Arnold Schwarzenegger - ou do indiscutível trunfo de se ter um senador democrata como Zell Miller apoiando a candidatura republicana -, a estratégia de Kerry já dava sinais de fraqueza por ocasião da própria convenção democrata. De fato, um estudo comprova que candidatos desafiantes só conseguem solapar reeleições para a Casa Branca quando disparam nas pesquisas logo após sua própria convenção. E os democratas não conseguiram este feito.

Mas o democratas parecem ter problemas que estão se tornando estruturais. A já tradicional fuga de votos democratas para Ralph Nader, soma-se - extamente como ocorreu com Al Gore, há quatro anos - à escolha de um candidato pouco convicente, cujo discurso perde força na mesma proporção em que tenta ser politicamente correto.

Também as conjunturas parecem conspirar a favor de George W. Bush. Os inaceitáveis ataques terroristas na Rússia dão força ao discurso de Bush para o terror - e a declaração de Putin neste sábado dá a entender que ele está arrependido de não ter se alinhado a atual política da Casa Branca: Nós não temos entendido a complexidade e o perigo dos processos que se desenvolvem em nosso país e no mundo inteiro. Não temos sabido reagir de maneira apropriada. Temos demonstrado debilidade e os fracos sempre perdem." - declarou o presidente russo.

Não bastasse isso, a temporada de furacões está servindo para manter Jeb Bush - irmão do presidente e atual governador da Flórida - o tempo todo na televisão. Em todos os pronunciamentos que tem feito à população de seu Estado, Jeb não deixa de citar o enorme apoio que está recebendo dos órgãos federais. A questão não é um mero detalhe, se considerarmos que um dos fatores que colaboraram para enterrar o sonho de reeleição de Bush pai foi, justamente, sua demora em declarar estado de calamidade pública na Califórnia - assolada por um furacão naquele ano.

É certo que tais aspectos conjunturais irão representar alguma folga nas urnas.

Mas não é por isso que George W. Bush irá eleger-se.

De fato, a reeleição de Bush foi forjada nas semanas seguintes ao 11 de setembro. Naquele momento o presidente apoderou-se de um discurso que é a própria essência e, ao mesmo tempo, mito fundador do Estados Unidos da América: o discurso da coragem e da união diante da adversidade; o discurso que nomeia os americanos como defensores mundiais da liberdade, da democracia e dos direitos humanos; o discurso, em suma, do heroísmo norte-americano.

Para os norte-americanos, este é um discurso irresistível. Em primeiro lugar, porque aquele é um povo que cultua e admira seus heróis - sejam eles de cinema, de quadrinhos ou de carne e osso. Em segundo lugar, porque é um discurso verdadeiro. E, aqui, é preciso voltar àquele 11 de setembro para lembrar que, mal os aviões se chocaram contra as torres, já surgiram centenas de heróicos voluntários para auxiliar nas operações de resgate. É preciso lembrar que o próprio Schwarzenegger, no ano passado, já eleito governador, se jogou nas águas de Malibu parar salvar uma banhista que se afogava. E eu, em especial, preciso lembrar de um terremoto em San Francisco, em 1989 - quando os hóspedes americanos, sem que ninguém lhes dissesse nada, foram os primeiros a esvaziarem seus frigobares e trazerem o que tinham para o saguão do hotel, a fim de se organizarem para enfrentar uma provável interrupção no abastecimento da cidade.

Contra um discurso tão simples e tão verdadeiro, não há adversário que resista.

Muito menos se ele for evasivo e balbuciante como Kerry.