sábado, 11 de setembro de 2004

O pior dos mundos

Pensei,também,diante da visão quase surreal daqueles símbolos do capitalismo em queda, que a aventura humana na terra começava a melhorar.

(Fábio Brüggemann, em artigo para o Diário Catarinense de hoje)

Sinceramente, senhor Fábio Brüggemann, não sei o que me espanta mais: a sua ignorância em , diante do assassinato sumário de mais de 3.000 pessoas, ver revigoradas suas esperanças na humanidade, ou a sua falta de vergonha na cara em admití-lo.

Mas o senhor deixa claro, de imediato, que , naquela fatídica manhã, depositou todas as suas esperanças no fim do capitalismo e da democracia. Que chegou a comemorar o fim de um sistema que garante os direitos da mulher e dos homossexuais, que postula um sistema judiciário independente, que defende uma imprensa livre e oportuniza que a esquerda chegue ao poder por vias democráticas.

O "mundo melhor" que o senhor acreditou estar se iniciando naquele 11 de setembro é o mundo dos Gulags, da Primavera de Praga e do Khmer Vermelho. É o mundo da China, da Coréia do Norte e de Cuba - onde falta liberdade e a corrupção estatal abunda.

Não é de admirar que, alucinado ante tamanha utopia sangüinária, o senhor tenha comemorado a violência vinda por parte de quem só conhece ditaduras, monarquias e teocracias - regimes facilmente corruptíveis, onde as eleições, quando ocorrem, são manipuladas. Não é de admirar que deposite suas esperanças nas mãos de suicidas assassinos, vindos de locais politicamente tão aprazíveis quanto o Irã, o Egito, a Líbia, o Zimbábue ou a Arábia Saudita.

Sua insana idéia de um mundo melhor está de mãos dadas com qualquer inconseqüência que se oponha ao que o senhor certamente denomina, pejorativamente, de "democracia burguesa". E é por este motivo que o senhor se dispõe a aliar-se a qualquer movimento que se mostre contrário ao maior representante deste sistema: os Estados Unidos da América. É por este motivo que chega à decadência de mostrar mais simpatia por vítimas de guerras declaradas do que por aquelas que foram extirpadas em um imprevisível ataque terrorista.

O senhor tem razão: a ignorância é mesmo "o maior aparato bélico". Mas ela não vem da paixão do capitalismo pelo "ouro negro". Ela vem de homens como o senhor, que cultuam um "ouro vermelho" chamado socialismo. E é do alto deste tipo de ignorância que o senhor passou a ver o assassinato de mais de 3.000 inocentes como o prenúncio de um mundo melhor.

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