sábado, 31 de dezembro de 2005

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Ah! Os relógios!

Mário Quintana

Amigos, não consultem os relógios

quando um dia eu me for de vossas vidas

em seus fúteis problemas tão perdidas

que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:

não o conhece a vida - a verdadeira -

em que basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna

somente por si mesma é dividida:

não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados

quando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

Ps.: Que em 2006 a gente aprenda a olhar menos para o relógio. E a valorizar cada segundo como se fosse único. Pois é exatamente assim que é. Feliz Ano Novo. N.G.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Resoluções de Ano Novo

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Fazer aquele passeio de escuna em torno da ilha.

Ir dormir mais cedo para acordar mais cedo.

Passar algumas madrugadas papeando com os amigos na web.

Bater no governo Lula.

Aprender a beber carménère sem fazer careta.

Ir a New York para um café da manhã no Odessa da Avenue A.

Ouvir mais.

Bater no governo Lula.

Conseguir uma cópia legendada de Le Roi Danse para trabalhar em sala de aula.

Comer mais verduras.

Papear longamente com o seu Lobo, lá da Praia do Forte.

Cerveja, em maio ou junho, no Bairro Santa Cruz, em Sevilla.

Bater no governo Lula.

Arrumar mais tempo para beijar meus sobrinhos.

Ir a São Paulo para abraçar alguns amigos.

Ensinar minha mãe a usar o MSN.

Bater no governo Lula.

Aprender a falar mais baixo.

Comprar uns CDs de bossa nova.

Descobrir uma nova receita de salmão.

Ir a Brasília para a posse de Serra ou Alckmin.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Quem não te conhece que te compre.

"Quem tratou de maneira mais correta e republicana os movimentos sociais, sejam eles de empresários ou de trabalhadores?"

A frase acima integra o artigo de Tarso Genro para a edição de hoje da Folha de São Paulo. Ensaiando uma análise da atual crise política - ao mesmo tempo em que tenta sugerir,ao PT, uma estratégia de debate para a futura campanha presidencial - Genro busca evidenciar pontos positivos que, devidamente explorados, podem levar Lula à reeleição.

Embora se esforce para manter um tom moderado, o ex-ministro da Educação derrapa na ladainha que tem perpassado todo o discurso petista desde que eclodiram os primeiros escândalos de corrupção no governo Lula: acusar a imprensa de golpismo - esta imprensa que, segundo ele, "é predominantemente apoiadora do PSDB ou do PFL".

Eu sei que acabo batendo sempre na mesma tecla. Mas é impossível não fazê-lo quando o outro lado insiste em repetir à exaustão, um mesmo e falso argumento - como se isto pudesse transformá-lo em verdade. Basta ler os jornais de 2003 para ver que a maior parte da imprensa esteve em lua de mel com Lula e com o PT. O problema é que a imprensa não é partido - e não pode se negar a investigar e divulgar determinados fatos simplesmente porque eles são desfavoráveis ao governo.

Não que o governo não tenha tentado tal façanha.

Lembrem-se da tentativa de expulsar o jornalista norte-americano que escreveu sobre os hábitos etílicos do presidente. Recordem o empenho em nos fazer engolir o Conselho de Jornalismo. Busquem na memória a reação agressiva do presidente que, ao ver fracassada esta última tentativa, chamou aos jornalistas de "covardes".

Daí me respondam se podemos confiar na "maneira correta e republicana" de Tarso Genro.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

O desastre Lula e a situação de emergência

Em 2000, quando Fernando Henrique Cardoso instituiu o Plano Nacional de Defesa Civil, que estabeleceu que, a exemplo dos países desenvolvidos, o foco seria a redução de desastres, já parecia antever a catástrofe Lula.

Lula, por sua vez, ao sancionar o Decreto Lei 5.376, em 17 de fevereiro de 2005, regulamentando o Plano e criando o SINDEC, Sistema Nacional de Defesa Civil, não imaginava que estaria no meio de um furacão no final do ano.

O Decreto estabeleceu que "situação de emergência é o reconhecimento pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando danos superáveis pela comunidade afetada". Nada a ver com o atual desastre de gestão das estradas brasileiras.

O Decreto criou o SINDEC, Sistema Nacional de Defesa Civil, que sob coordenação do Ministério da Integração Nacional, não tem entre as suas prerrogativas consertar buracos em rodovias, a não ser buracos causados pela queda de estrelas ou de meteoros. O Artigo 15, Inciso V, é transparente: "ao Ministério dos Transportes cabe adotar medidas de preservação e de recuperação dos sistemas viários e terminais de transportes terrestres, marítimos e fluviais, em áreas atingidas por desastres, bem como controlar o transporte de produtos perigosos".

O mais interessante: o Decreto Lei 5.376 deixa claro que não compete ao Governo Federal decretar uma situação de emergência.

A decretação é feita pelo Município, homologada pelo Governo Estadual e somente posteriormente reconhecida pelo Governo Federal, quando isto é solicitado pelo Governo do Estado em função de falta de recursos para atendimento ao desastre.

Logo, o Desastre Lula vai realmente ter que enfrentar outra situação de emergência: terá que licitar, pela velha e boa Lei 8666 os R$ 200 milhões que pretendia despejar nos buracos das estradas brasileiras - coisa que possivelmente pretendia fazer sem licitação, pelas mãos caridosas de empreiteiras amigas, em pleno ano eleitoral.

Eu, FHC, Delcídio e Serraglio

O jornalista Jorge Bastos Moreno está promovendo, desde a semana passada, uma enquete em seu blog. Moreno quer saber quem foi a "Personalidade do Ano em 2005". Às vésperas do Natal, passei por lá para votar no Noblat - faz tempo que escolhi um lado nesta pseudo batalha que os dois encenam.

Pois hoje, para meu completo espanto, recebo um e-mail comunicando que também estou no páreo.

Na prévia publicada ontem, apareço com três votos. É uma posição e tanto, se considerarmos que eu a estou dividindo com Fernando Henrique Cardoso, Osmar Serraglio, Delcídio Amaral, Bento XVI e o senador Mão Santa. É verdade que também empatei com o Touro Bandido - mas considerem que ele não deixa de ser uma estrela global.

Não pedirei votos. Já acho demais ter chegado a tanto. Apenas agradeço aos três leitores - cujos nomes é impossível recuperar no sistema do Moreno - a carinhosa lembrança.

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Desapego

Encerrado o prazo para os deputados abrirem mão dos R$25 mil correspondentes a convocação de janeiro, temos um total de 28 nomes que se negaram a receber o dinheiro. Alguns optaram apenas por não receber. Outros, fizeram doações a entidades filantrópicas. Há, ainda, aqueles que se atrasaram ao requerer o cancelamento do valor junto à diretoria-geral da Câmara, mas que pretendem doar o dinheiro - caso de Luciana Genro (PSol-RS) e Raul Jungmann (PPS-PE).

No Senado, o prazo para a desistência de recebimento do salário extra encerra em duas semanas - e é prováel que a atual lista, que conta com apenas quatro nomes, venha a crescer.

Este é um daqueles momentos em que a gente não sabe se comemora ou emite impropérios. Porque, por mais que concordemos que o pagamento de extras a parlamentares é um absurdo, sabemos que muitos irão se aproveitar da situação para fazer demagogia. É, por exemplo, sintomático que o PT - após passar o ano envolvido em denúncias de corrupção - esteja liderando a lista dos parlamentares que abriram mão de receber o dinheiro. De qualquer forma, parece que há um estatuto do Partido dos Trabalhadores que proibe o recebimento deste tipo de vantagem - o que diminui o impacto dos que já abriram mão, ao mesmo tempo em que nos obriga a questionar sobre o silêncio dos demais parlamentares petistas.

Numa situação como essa, o ideal é que a súbita demonstração de desapego pudesse ser cruzada com outras informações a respeito dos parlamentares. Então, talvez, o eleitor pudesse separar o joio do trigo, identificando quais são os nomes realmente sérios destas listas. Mas, em um país com baixíssimos índices de escolaridade e leitura, informações mais detalhadas são artigo de luxo. Logo, o que restará destas listas é o de sempre: artilharia para jocosos discursos de campanha.

Uma boa surpresa

No dia de ontem, a despeito da convocação extraordinária, os corredores do congresso nacional estavam vazios. A debandada dos parlamentares foi geral e até o deputado Ricardo Izar, presidente do Conselho de Ética da Câmara - que batera pé pela convocação extraordinária - saiu de férias.

Contudo, pelo menos um deputado permaneceu em Brasília. E esteve trabalhando: o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi visto, ontem à tarde, deixando a sala da CPI dos Correios. Ele teria ido buscar o relatório divulgado semana passada pelo deputado Osmar Serraglio. Sampaio é o relator, no Conselho de Ética, do processo de cassação do deputado Pedro Corrêa (PP/PE) - e estava atrás de informações para o processo.

Não é a primeira vez que me surpreendo positivamente com o deputado Sampaio. E lamento por não votar em São Paulo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

boladenatal.jpg

Síntese da felicidade

Carlos Drummond de Andrade

Desejo a você

Fruto do mato

Cheiro de jardim

Namoro no portão

Domingo sem chuva

Segunda sem mau humor

Sábado com seu amor

Filme do Carlitos

Chope com amigos

Crônica de Rubem Braga

Viver sem inimigos

Filme antigo na TV

Ter uma pessoa especial

E que ela goste de você

Música de Tom com letra de Chico

Frango caipira em pensão do interior

Ouvir uma palavra amável

Ter uma surpresa agradável

Ver a Banda passar

Noite de lua Cheia

Rever uma velha amizade

Ter fé em Deus

Não Ter que ouvir a palavra não

Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança

Ouvir canto de passarinho

Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor

Que nunca será rasgado

Formar um par ideal

Tomar banho de cachoeira

Pegar um bronzeado legal

Aprender um nova canção

Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada

Pôr-do-Sol na roça

Uma festa

Um violão

Uma seresta

Recordar um amor antigo

Ter um ombro sempre amigo

Bater palmas de alegria

Uma tarde amena

Calçar um velho chinelo

Sentar numa velha poltrona

Tocar violão para alguém

Ouvir a chuva no telhado

Vinho branco

Bolero de Ravel

E muito carinho meu

Ps.: Viajo para ver a família. Retornarei para o Ano Novo.

Que os desejos de Drummond caiam sobre nós como divinas ordens.

Bom Natal. N.G.

De comentarista a blogueiro.

Ele, que já causava furor comentando lá no Noblat, agora tem uma casa só para si.

Blogueiros e demais amigos da web, abram alas pois o Soube pede passagem.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Pacotes

Enquanto estive às voltas com fitas e presentes, Osmar Serraglio entregou seu pacotão ao Brasil.

Nada que a gente já não soubesse: o relator da CPI dos Correios atesta que houve mensalão - quiçá um "semanadão" - e que é provável que tenha sido pago com dinheiro público advindo, principalmente, do Banco do Brasil, dos Correios, e da Eletronorte. O documento apresentado por Serraglio também confirma que há uma evidente conexão de datas entre os saques dos mensaleiros e as votações que eram do interesse do governo. Outro ponto que parece comprovado, é o pagamento para a migração de parlamentares a partidos da base governista.

Indigesto para o governo Lula e o PT, o pacote de Serraglio bate de frente com a cassação de Roberto Jefferson e a recente absolvição de Romeu Queiroz. Obviamente, ele reforça o acerto do congresso no caso de José Dirceu.

Mas o relator da CPI dos correios parece ter cometido um erro muito comum nesta época do ano: esqueceu umas lembrancinhas do lado de fora do pacote. Serraglio excluiu o seu partido, o PMDB, da relação de partidos beneficiários e não listou os deputados que teriam recebido dinheiro do caixa dois do PT. Também não incluiu irregularidades apontadas pela auditoria do Banco do Brasil em antecipações feitas pela Visanet a agências de publicidade entre 2001 e 2002.

Distraído ele, não?

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

"O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!"

(Nelson Rodrigues)

Ele quer...E ela também

Percebo que não estou só nesta coisa de pedir o retorno de Roberto Jefferson. Desde ontem que as alternativas neste sentido se multiplicam em ritmo impressionante. Os motivos e os meios, é claro, são diferentes.

Primeiro foi o próprio deputado, que entrou com um pedido de liminar, junto ao Supremo Tribunal Federal, contra a decisão do plenário da Câmara que cassou seu mandato. Como vemos, ao contrário do que alardeava no auge da crise, Jefferson não "sublimou" tanto assim seu mandato.

Mas também a senadora Heloisa Helena, inspirada pela entrevista de Jefferson ao Jornal do Brasil no último domingo, está solicitando que ele seja novamente convocado a depor na CPI dos Correios. Na entrevista, o deputado declarou que o presidente Lula não só sabia como havia autorizado o mensalão.

Parece, enfim, que todos têm seus motivos. Os meus, como requer o atual clima político do país, são desprovidos de qualquer nobreza: quero circo de boa qualidade.

Já refiz o meu estoque de pipocas.

Que venha Roberto Jefferson.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

"O brasileiro não está preparado para ser 'o maior do mundo' em coisa nenhuma. Ser 'o maior do mundo' em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade."

(Nelson Rodrigues)

Inconseqüência

Já que absolveram o deputado Romeu Queiroz, decidi que quero a volta de Roberto Jefferson.

E nem se dêem ao trabalho de me escrever para explicar que isto é uma incoerência. Eu sei que Jefferson foi cassado porque, para conveniência de muitos, "não existe mensalão"; sei que a absolvição de Queiroz é coerente com isso - e a cassação de Dirceu incoerente.

Acontece que ninguém mais está preocupado em ser coerente, conseqüente ou honesto. Estão todos preocupados com a própria vidinha - principalmente aqueles parlamentares do PL, PL, PTB e PP , que lutaram para salvar a cabeça de Queiroz.

Então, quero o Jefferson de volta. Não pelos louváveis serviços que ele, talvez, pudesse prestar à nação. Mas pelo estilo vigoroso, pelos shows que daria na tribuna, pela voz de barítono aprendiz. Quero de volta a inteligência maquiavélica, a ironia fina, as gargalhadas estridentes e o olhar ameaçador.

Já que é pra ser circo, que pelos menos tenhamos um bom espetáculo.

domingo, 18 de dezembro de 2005

"No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando."

(Nelson Rodrigues)

sábado, 17 de dezembro de 2005

De blogueiro a boateiro.

Durante os meses em que manteve seu blog no ar, o prefeito Cesar Maia conquistou boa parte dos internautas da oposição ao acrescentar mais combustível à crise política. Na maior parte do tempo, ele somava detalhes às informações que circulavam na imprensa. Por vezes, no entanto, chegou a levantar algumas informações novas.

No dia 30 de setembro, porém, o prefeito abandonou a precoce carreira de blogueiro. Segundo Maia, o fim desta atividade nada teve a ver com as reclamações dos cidadãos cariocas - que diziam que a cidade estava sendo abandonada por conta do blog - mas, sim, com o fato da mesma estar lhe tomando o tempo que antes era dedicado à leitura.

Ocorre que Cesar Maia não abandonou a atividade - apenas passou a realizá-la de modo menos visível. A partir do encerramento do blog, os leitores que se cadastraram passaram a receber, por e-mail, um boletim informativo, o Informação e Opinião - IOCM .

Por um motivo técnico qualquer, eu nunca consegui me cadastrar para receber o IOMC. Mas nem por isso fico sem ler as notícias veiculadas por ele. O boletim editado por Cesar Maia é bastante popular entre a comunidade de blogueiros amadores - principalmente entre aqueles que se dedicam a fazer clipagem de notícias políticas. Volta e meia, a gente se depara com notinhas que parecem vir de lugar algum - mas que são acompanhadas, com alguma discrição, da sigla IOMC.

Este é um jogo perigoso. Não para Cesar Maia - que, ao abster-se da visibilidade proporcionada por um blog, acaba não tendo que responder pelas notinhas que emite. O jogo põe em risco a cabeça dos blogueiros que se servem do IOMC - principalmente aqueles que o fazem sem senso crítico.

Exemplo. Desde hoje cedo circula uma notinha do IOMC que dá conta de um suposto encontro entre líderes da oposição, ocorrido na noite de ontem. Tal encontro teria como objetivo a preparação de estratégias de enfrentamento contra a "escalada de provocações de Lula" , o "uso da violência pelas claques lulistas" e um possível "golpe branco". É uma nota grave, pesada mesmo, que parece destinada apenas a criar mais confusão. E, ainda assim, dentre os blogs que a publicaram, não vi ninguém cobrar de Cesar Maia qualquer detalhe que pudesse conferir maior seriedade à informação: os nomes de alguns dos presentes ou, pelo menos, o local do encontro.

Por serem novos e extremamente libertários, os blogs se tornam, por vezes, os alvos prediletos da imprensa profissional. Há muita gente boa na imprensa que ainda torce o nariz para os blogueiros amadores, acusando-os de irresponsabilidade. Acatar os boatos de Cesar Maia, como se notícias fossem, é dar razão a esta parte da imprensa que ainda esperneia contra um fenômeno irreversível. Pior do que isso: é colocar o próprio traseiro na janela, em prol de alguém que não parece disposto a assumir o que escreve.

Diz o dr. Alceu que a Revolução Russa é "o maior acontecimento do século". Como se engana o velho mestre! O "maior acontecimento do século" é o fracasso dessa mesma revolução. - Nelson Rodrigues.

(A próxima terça-feira marcará os 25 anos da morte do Nelson. A partir de hoje, este blog vai recuperar algumas das suas melhores citações.)

Maratona

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Ontem, enquanto recebia os carinhos de Chavez, o presidente Lula fez pouco caso da nossa resistência. Disse que já estamos gritando há algum tempo - mas que nosso fôlego vai se extingüir com a aproximação das eleições.

Desculpe, presidente mas o senhor, pelo jeito, continua sem entender nada do que se passa à sua volta. Esta não é uma prova de velocidade. É uma maratona, para a qual estivemos nos preparando nos últimos três anos.

Não nos faltará fôlego - e muito menos resistência

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Já leram os jornais de hoje?

O Globo - Este país é dono do seu nariz, por Cristiane Jungblut.

O Estado de S. Paulo - Brasil tem governo e é dono do seu nariz, diz Lula, por Gilse Guedes.

Tudo porque ontem, em almoço com militares, animadinho com o pagamento da dívida do FMI, o presidente disse que o Brasil é "dono do seu nariz".

Alto lá, presidente. De nariz entendo eu.

E, a contar tudo o que tem acontecido nos últimos tempos, o único nariz do qual este país já tomou posse inquestionável é este aqui:

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Baixaria

Lembram quando Roberto Jefferson dizia que nunca tinha visto uma Câmara dos Deputados de nível tão baixo quanto a atual?

Pois, na negociata de quarta-feira à noite - que livrou a cara do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG)- , o baixo nível ficou evidente.

Deu de tudo um pouco: até distribuição de cédulas já assinaladas com o "não" - ou seja, voto contrário à cassação de Queiroz - e violação da cabine.

É provável que o episódio - denunciado pelo deputado Mauro Passos (PT-SC) - acabe, em função do interlúdio das festas natalinas, por cair no esquecimento.

Mas ele nos dá a medida de quão deturpadas andam as coisas naquela que deveria ser a casa onde se representa o povo brasileiro.

Roberto Jefferson sabia do que estava falando. E, a julgar pelo fato de que a baixaria da vez foi orquestrada para salvar um colega do PTB, ele o sabia muito bem.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Aviso ao Plenário.

guilhotina.jpg

By Tiago Guedes

Nós já entendemos que o jogo é baixo e tem uma só regra: "você livra a minha cabeça, que eu livro a sua."

Mas eu gostaria apenas de lembrar que este é o jogo aí dentro.

Aqui, do lado de fora, o careca e sua cadernetinha de beneficiários não serão esquecidos.

Aqui, do lado de fora, há uma guilhotina. E ela atende pelo nome de "voto".

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Rampa abaixo

Os nervos devem estar à flor da pele lá no Palácio do Planalto.

Tudo por conta da pesquisa CNI Ibope, divulgada agora pela manhã, que aponta José Serra como vitorioso na disputa presidencial. Se o segundo turno da eleição fosse hoje, o atual prefeito de São Paulo ganharia de Lula com uma vantagem de 13 pontos percentuais.

Os índices demonstram que não está de todo errada aquela parte da oposição que defende um sangramento gradual e contínuo - a arrastar-se, preferencialmente, até o período eleitoral - do governo Lula.

Resta saber se a atual crise terá fôlego para tanto - e se a própria oposição, no embalo das novas denúncias, não será arrasada por elas.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Finalmente

Vinte quatro horas após chamarmos a atenção do leitor para o artigo de Tarso Genro no site do PT (veja posts abaixo), as estrelas da blogsfera política nacional começam dilvulgar o assunto. Josias de Souza postou a respeito na madrugada de terça-feira. Ricardo Noblat, hoje pela manhã.

Se a coisa continuar assim, eu vou acabar concluindo que estou pautando estes meninos

bandejas.jpg

Eu, Salomé. (II)

Há quase dois meses, pedi ao PSDB a cabeça de Eduardo Azeredo em uma bandeja de prata.

Lastimo, pois, ao saber que terei que aumentar o número de bandejas.

Há, no entando, uma diferença neste meu apelo de hoje.

Na época do primeiro post, prometi dançar. Hoje, apenas aviso: se não providenciar punições rápidas e exemplares, quem vai dançar é o PSDB.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

PT deixa Tarso falar.

Finalmente, o site oficial do PT publicou o artigo de que falamos no post abaixo.

O leitor pode ler o mesmo, na íntegra, no site do PT.

Mas procure, com lupa, na coluna de "artigos" que fica à direita...Está quase invisível

Fogo Amigo

O jornal gaúcho Correio do Povo traz, em sua edição de hoje, matéria sobre um artigo que Tarso Genro teria enviado ao site do PT. Como até agora não conseguimos localizar o artigo, estamos reproduzindo a matéria do Correio do Povo abaixo.

Tarso ataca Dirceu no site do PT

Afirma que imagem como grande estrategista do ex-chefe da Casa Civil e foi apenas 'um mito'

O ex-presidente nacional do PT Tarso Genro enviou ontem artigo ao site oficial do partido em que critica duramente o deputado cassado José Dirceu. Segundo Tarso, que foi ministro da Educação no período em que Dirceu chefiava a Casa Civil, a idéia de que o ex-ministro era um grande estrategista no governo foi um 'mito'.

A polêmica entre os dois começou em julho, quando Tarso assumiu o comando nacional do partido depois que José Genoino caiu, derrubado pela crise política. No momento em que foram marcadas as eleições para renovação dos dirigentes, Tarso exigiu que Dirceu deixasse a chapa do Campo Majoritário, tendência dominante entre os petistas que ocupam cargos no governo Lula. Mais tarde, em entrevista concedida após a cassação, Dirceu considerou esta fase como a mais dura enfrentada durante a crise.

No documento, Tarso assegura que, como dirigente, Dirceu coordenou as ações no PT de forma isolada, centralizadora e com baixa capacidade de escuta. Considerou absurda a tentativa de auto-martírio de Dirceu, que, segundo ele, reclamava estar sendo rejeitado. Tarso sustenta que Dirceu deixou de reforçar as decisões coletivas para se dedicar ao grupismo. 'Sinceramente, livrai-nos Senhor, de um 'grande estrategista' que tem a coragem de dizer, depois de tudo isso, frases como as seguintes: 'querem me tirar da fotografia, depois eu que sou stalinista'', aponta o texto.

No artigo, Tarso afirma que Dirceu agia a partir de práticas stalinistas. 'Quem tinha por hábito inventar conspirações para preparar movimentos ofensivos era o velho e conhecido georgiano', comparou, referindo-se ao ditador russo Joseph Stalin, morto em 1953, que ficou famoso por eliminar seus adversários no Partido Comunista.

Segundo Tarso, o ex-chefe da Casa Civil deve responder ao PT por suas falhas como qualquer militante. 'Se ele cometeu violações legais ou estruturais, tudo deve ser apurado. O fundamental, porém, é que o partido supere o tipo de direção unipessoal e mítica que ele representou', ressalta o documento.

A pergunta é: o artigo de Tarso Genro foi censurado no site do PT?

Recado aos Bicudos

Ouço rumores de pizza. Rumores sobre antecipar-se o término das CPIs a fim de que algumas cabeças sejam poupadas.

Atentai, bicudos....atentai. Melhor chegar ao ano eleitoral com o partido pela metade, do que de mãos dadas com o PT.

Façam a devida faxina, entreguem todas as cabeças e ainda terão alguma chance.

A hora é para os corajosos. Quem não se acovardar, elegerá até o bode Zé

Egos engalfinhados.

Está entediado com as notícias de Brasília?

Nota que a crise política está arrefecendo com a proximidade das festas natalinas - e que só será retomada após o recesso parlamentar?

Não se desespere.

Diogo Mainardi e Alberto Dines parecem dispostos a nos garantir alguma dose de adrenalina.

E se alguém tiver paciência me explique, por favor, porque Dines refere-se a si mesmo como "Observador" - assim mesmo, com "O" maiúsculo.

"Não há um clima semelhante ao da Venezuela. Inclusive Paulo Skaf tem tido uma boa relação com Lula."

(Senador Eduardo Suplicy, demolindo a teoria do "golpismo", ao observar o apoio que o presidente tem recebido das lideranças da FIESP).

domingo, 11 de dezembro de 2005

Receita presidencial

Lula ao creme de laranja.

400 g de anéis de lulas

1 colher (sopa) de molho de manteiga

1 colher (sopa) de cebolinhas picadas

1/2 L de creme de leite fresco

1 dente de alho socado

raspas de laranja

2 colheres (sopa) de shoyo

1 erva doce fresca

sal e pimenta a gosto

Derreta a manteiga e doure o alho. A seguir, acrescente tiras finas de erva doce com 1/2 l de creme de leite fresco. Deixe reduzir e coloque as lulas para cozinhar com as raspas de laranja, shoyo, sal e a pimenta. Sirva polvilhado com a cebolinha.

sábado, 10 de dezembro de 2005

A máquina II: o Troféu Lula de Crueldade

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Foto: autoria não identificada

Os empréstimos do Governo Lula aos aposentados do INSS estão suspensos, tendo em vista que colocam os nossos velhinhos e velhinhas em situação de insolvência.

Foram distribuídos cerca de R$ 11 bilhões, desde maio de 2004, nesta modalidade de Empréstimo Consignado, descontado diretamente dos benefícios.

Vejam a armadilha: 4,3 milhões de aposentados pediram o empréstimo até agora, mas o número de operações já sobe para 6,2 milhões. O que significa que o "papagaio"já está sendo renovado pelos nossos velhinhos e velhinhas, num índice que passa de 40%.

Quase 60% dos nossos velhinhos e velhinhas parcelou o seu débito por prazo superior a 30 meses. E mais de 50% dos beneficiários ganha na faixa de um salário mínimo.

A taxa de juros cobrada é altíssima, segundo o Conselho Nacional de Previdência Social. Por isto a suspensão do programa.

Em ano eleitoral, é bom que a oposição ponha as barbas de molho: pode estar vindo aí um programa de anistia para as dívidas. Típica maracutaia petista.

A máquina.

Esta é para aqueles que não entendem quando eu digo que o PT fará uso irrestrito da máquina administrativa nas próximas eleições.

O Tribunal de Contas de União está investigando o envio de 10.657.233 cartas a aposentados e pensionistas às vésperas das eleições municipais de 2004. Assinadas pelo presidente Lula, elas avisavam que os beneficiários passariam a ter acesso a empréstimos consignados na folha.

Obviamente que o período de envio destas cartas não é mero acaso mas, sim, uma clara tentativa de angariar, para o PT, a simpatia de um universo significativo de eleitores - eleitores estes que, diga-se de passagem, estavam extremamente decepcionados com a reforma da Previdência, que fora votada no ano anterior.

De acordo com o TCU, as despesas de postagens foram assumidas pela própria Previdência.

Notem que estamos falando de uma ação presidencial em grande escala - portanto, facilmente identificável. Lembrem, então, daqueles 20.000 cargos públicos que o governo Lula criou através de Medidas Provisórias e me respondam: que tipo de uso da máquina estatal esta gente não fará para manter-se empregada?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

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Praia do Forte/Florianópolis, hoje,19h47min, by Nariz Gelado

Depois de uma sexta-feira em que o presidente predominou na imprensa, nada como a gente lembrar que mora a cinco minutos do paraíso.

Em um lugar qualquer.

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The Last Supper, by Peter Howson

Hoje, em salas fechadas deste país, pequenos grupos confabulam.

Fazem contas, analisam possibilidades, descartam hipóteses e abraçam esperanças.

Os que perderam, nervosos. Os que pensam ter ganho, ansiosos.

Ninguém está indiferente.

Se a eleição fosse hoje, 65% dos paulistanos não votariam em Lula.

Notícia boa para quem quer o melhor para o Brasil.

Principalmente se em alguma das salas onde hoje se confabula, estiverem reunidos homens de bem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

O "x" da questão.

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A pendenga entre a senadora Ideli Salvatti e o procurador da República Celso Antônio Três começou em função de uma campanha de outdoors - realizada logo que o governo Lula aprovou as obras de duplicação da BR-101.

Acima, o leitor conhece, com exclusividade, um dos 389 cartazes que foram colados ao longo daquela rodovia federal. Na chamada principal da peça lemos: " Duplicação da BR-101. É o governo Lula em Santa Catarina."

Segundo o procurador, a senadora teria mandado retirar os outdoors das ruas assim que eclodiu a atual crise política.

Ideli desmente as acusações e diz que a CPI não recebeu qualquer requerimento.

Em entrevista à rádio CBN/Diário, na manhã desta quarta-feira, a senadora Ideli Salvatti disse que o procurador Celso Antônio Três faz ataques pela imprensa, quando deveria processá-la para que ela pudesse se defender.

"Não tenho como responder pela imprensa porque ele (Celso Três) não diz do que eu sou acusada, em processo legal nenhum. Falei com (Osmar) Serraglio e não foi entregue documento nenhum (à CPI dos Bingos). Ele está mentindo, não foi entregue nada ao Serraglio" afirmou a senadora. "Tem algum problema? Me processa, me processa, que eu me defendo", completou ela.

De "Dama dos Dossiês" à Investigada.

A edição de hoje do Diário Catarinense, diz que Ideli Salvatti corre o risco de ser chamada a depor na CPI dos Correios.

Pelo menos é o que pretende o procurador da República Celso Antônio Três, que encaminhou uma representação àquela CPI, pedindo que a senadora seja convocada a fim de explicar a origem do patrimônio adquirido depois de sua eleição. A CPI deverá se pronunciar nas próximas semanas.

Ao que parece, os problemas de Ideli Salvatti começaram com a colagem de 389 outdoors alusivos à duplicação da BR101 - que creditavam, muito equivocadamente, a aprovação da obra à competência do governo Lula e aos esforços da senadora. A propaganda, demagógica até a medula, causou protestos, chamando a atenção do Ministério Público Federal de Tubarão (SC).

Como a lider da tropa de choque governista afirmou ter pago os cartazes com dinheiro do próprio bolso, seguiu-se uma investigação a respeito de seus bens. Na opinião do procurador Celso Antônio Três o caso envolve contratos de publicidade alusivas ao governo federal e deve ser tratado pela CPI dos Correios.

O procurador afirma também que, quando quando eclodiu a atual crise - e a CPI dos Correios foi instalada - , a senadora teria mandado retirar os outdoors das ruas.

A manobra é curiosa, porque lembra aquela outra questão: o requerimento de retirada, em 17 de agosto de 2005, do Projeto de Lei do Senado nº 188, de 2003. O projeto, como já foi dito aqui, ampliava a tipificação dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.

Ao longo desta crise, a senadora Ideli Salvatti tem sido pródiga em apresentar dossiês - sempre com o intuito de arrastar o PSDB e o governo Fernando Henrique para o olho do furacão. Veremos, agora, como ela se comporta quando o dossiê diz respeito à sua pessoa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Ainda sobre pseudônimos.

Às vezes a gente recebe apoio de onde menos espera.

Não sei quem é Axel. Mas já gostei da pessoa.

Numerologia

206 dias de crise.

Três mil reais em propina.

Milhões de dólares em denúncias.

Uma cueca.

Sete defuntos.

Um careca.

Um apostador de rinha.

Um deputado cassado.

Duas caixas de Johnnie Walker.

Uma caixa de Havana Club.

Três bengaladas.

Outro deputado cassado.

Um milhão de reais em camisetas.

Meia tonelada de cocaína.

Arcano 13.

Na numerologia, desapego e renovação.

No tarot, morte e renascimento para algo novo.

Estamos mesmo precisando

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Um partido afônico.

Uma vez que perdeu a bandeira da ética, o PT ameaça adentrar o ano eleitoral sem um discurso consistente que, possa, a exemplo do que aconteceu na campanha de 2002, diluir as diferença entre as muitas facções que compõem o partido e agradar aos simpatizantes. Isto todo mundo já sabe.

Só que, considerando o que se viu nos últimos dias, as lideranças do partido não estão conseguindo encontrar outro discurso além daquele ensaiado no alvorecer desta crise: de que o PT está sendo perseguido pelas "elites" - que, não raro, vem acompanhado daquele que fala de preconceitos em relação às origens humildes do presidente Lula. E a cassação de Dirceu apenas acrescentou um igrediente a mais ao pacote: agora, as carpideiras do ex-ministro todo poderoso falam também em "uma campanha contra o regime de liberdades democráticas".

Não vai colar.

Em janeiro de 2003, exceto por raríssimas exceções, o país babou de satisfação ao ver um ex-operário subir a rampa do Palácio do Planalto. Desde maio de 2005, o povo tem assisitido a um festival de dirigentes petistas desmentir no almoço aquilo que haviam afirmado no café da manhã. E, na semana passada, algumas bengaladas levaram o Brasil verdadeiramente ético ao delírio - de modo que a Câmara dos Deputados decidiu-se, fialmente, por ouvir a voz das ruas.

O PT perdeu, há alguns meses, a única saída capaz de garantir alguma dignidade ao seu discurso eleitoral para o próximo ano: deveria ter promovido uma verdadeira faxina na legenda, expulsando todos os envolvidos na crise.

Ao ignorar que aquele era o momento do "tudo ou nada", o Partido dos Trabalhadores acabou por arriscar as cordas vocais. E, a menos que ocorra alguma grande reviravolta, chegará ao pleito de 2006 sem um discurso convincente. Entrará na campanha presidencial afônico.

domingo, 4 de dezembro de 2005

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By Nariz Gelado

"Quanto a mim, quando sinto a mão do poder pesando em minha fronte, pouco me importa saber quem me oprime, e não me sinto mais disposto a enfiar a cabeça debaixo do jugo porque um milhão de braços o oferecem a mim."

(Alexis de Tocqueville)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Pequeno e Letal

Todo mundo sabe que, às vezes, num conjunto de grandes denúncias, as mais definitivas podem vir acondicionadas em pequenos frascos.

Quase perdido em meio ao tsunami de valores espetaculares, o empréstimo de Paulo Okamoto ao presidente Lula poderia parecer, aos marinheiros de primeira viagem, como algo insignificante. Mas alguns - talvez lembrando de um fatídico Fiat Elba - não se deixaram iludir: a CPI dos Bingos acabou chamando Paulo Okamoto para depor.

Diante do depoimento - considerado insatisfatório pela maioria daqueles o presenciaram -, era de se esperar que fosse encaminhada a quebra do sigilo bancário de Okamoto. No mínimo porque a origem de 29,4 mil reais não é algo difícil de ser identificado em uma conta pessoal. Logo, é um pouco incompreensível que não se tenha solicitado tal coisa. Aliás, é curioso que próprio Okamoto não tenha se apressado em abrir, espontaneamente, seu sigilo bancário - o que o livraria, de imediato, de qualquer suspeita.

Contudo, parece que a ordem do dia em relação a este caso é embaralhar as peças do jogo. Pelo menos é isso que eu deduzo quando leio, no Painel da Folha, que alguém no Supremo recomendou a Okamoto que peça para que seu depoimento seja desconsiderado, sob a alegação de que ele foge ao objeto de investigação daquela CPI.

Se emplacar, a estratégia acabará por deixar a CPI dos Bingos de mãos amarradas em relação a outros depoentes importantes como, por exemplo Gilberto Carvalho.

Mas, seja ou não vitoriosa, a manobra evidencia que há algo de muito letal no pequeno frasco de Okamoto.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

50 mil

Hoje pela manhã, este blog atingiu a marca de 50 mil visitas desde sua inauguração, em março de 2003.

Hora de lembrar, então, de gente muito bacana que tem aparecido por aqui.

Amigos da primeira hora - como o Cláudio, a Lele, o Flamarion, o Jorge Nobre, o Nemerson e o Carl -, que tiveram paciência suficiente para aguardar que eu começasse a entender o que é um blog.

Há também os mestres. Em especial Ruy, César e Nibelunga - cujo humor sofisticado valeu-me por iniciação.

Ao meu amado Coronel, agradeço as sugestões de pauta, sopradas, todas as manhãs, entre um beijo e um gole de café.

Mas é significativo que, destas mais de 50 mil visitas, cerca de 29.000 tenham ocorrido a partir de agosto deste ano - quando este blog, no embalo da atual crise política, começou a marcar uma média que ultrapassa as 7.000 visitas mensais.

Nisso devo reconhecer as graças concedidas pelo santo padroeiro deste blog. Tal qual Santo Antônio, ele às vezes precisa ser colocado de cabeça para baixo, no freezer, pra se comportar. Mas aprendi a gostar dele mesmo assim.

Chegaram, pois, mais leitores. Muitos deles se tornaram amigos valiosos, com quem dividido momentos impagáveis lá na Sala de Justiça. Soube, Kika, Mãe da Sofia, Sergio, Cristal, Marcos, Fora Lulla, Hagg, Lorenza, Aline e Artemus: é muito bom caminhar com vocês.

E como sei que vou acabar esquecendo alguém pelo caminho, termino este post agradecendo a preferência daqueles que, comentando ou não, passam por aqui para ler o que penso. Nada é mais valioso do que uma boa companhia.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Quando o mensageiro vira alvo

Em tempos em que as denúncias são muitas - e as apurações das mesmas mostram-se frustrantes -, volta e meia aparece alguém sugerindo que os jornalistas sejam obrigados a revelar suas fontes. É aquela história de culpar o mensageiro pelo conteúdo da mensagem.

Hoje o assunto surgiu outra vez.

Este tipo de proposta - que fere a Constituição brasileira - apareceria com menos freqüência se alguns jornalistas tupiniquins não abrissem as fontes ao primeiro aperto, sob a justificativa de que, num regime democrático, este tipo de proteção já não se faz mais necessária.

Na primeira e mais tradicional democracia do mundo moderno, Bob Woodward e Carl Bernstein derrubaram um presidente sem denuciar o célebre " Garganta Profunda" - cuja identidade mantiveram em segredo por três décadas. Entre julho e setembro deste ano, a Jornalista Judith Miller, do New Yok Times, ficou presa por negar-se a revelar o nome da fonte.

Vai ver nenhum deles sabe o que é um regime democrático.

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

euzinha4.jpg

Eis-me.

Já que a minha identidade está em discussão, eis-me aqui, nos idos da década de 1970, em instantâneo para um periódico praiano.

Reparem o olhar determinado, de quem não vê a hora de abalar as estruturas da futura democracia nacional.

Notem, também, a impressionante destreza, já naquela idade, para lidar com cavalos.

Malvadeza ou ternura?

Leio lá no Blog do Josias de Souza que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) está trabalhando, em segredo, para evitar a cassação do Deputado José Dirceu.

Todo mundo sabe que não há freiras em casa de tolerância. Mas sugiro que o senhor esclareça logo este fato, senador. O tempo não perdoa ninguém e, em termos de carreira política, o senhor já está na prorrogação.

Como pretende ser lembrado?

domingo, 27 de novembro de 2005

Mais uma vítima de meliantes petistas.

Mais um blog que se posiciona contra o governo Lula foi atacado na tarde de hoje.

Desta vez, a vítima foi o Seguindo Pelo Lado Direito

Nossa solidariedade ao Beto.

E nosso total desprezo a esta militância que virou meliância.

Não deixem de clicar no link, pois ele evidencia a virulência do ataque.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Guerra Suja

Algumas vezes, o leitor acha que exagero quando digo que estamos em uma verdadeira guerra ideológica.

Porém, ao longo dos últimos seis meses, conforme foi se aprofundando a crise ética em que meteu-se o atual governo, mais esta guerra foi tomando contornos assustadores.

De coleções de cadáveres, mortos em situações inexplicáveis, passando pelas tentativas oficiais de impôr alguma forma de controle sobre a liberdade de imprensa e culminando com o desfile de mentirosos profissionais nas CPIs, o Brasil cheira mal.

Não é de hoje, também, que assistimos à ação coordenada de petistas - posto que não há outro nome para definir àqueles que defendem o PT - em fóruns, blogs e salas de bate-papo da internet. Onde quer que haja alguém criticando o governo Lula, há uma verdadeira horda de militantes ensandecidos, fazendo uso dos golpes mais baixos para desmobilizar o debate.

Não se trata de cidadãos normais, cujo interesse por política os aproximou de espaços de discussão. Trata-se de uma verdadeira força tarefa, muito provavelmente paga, mas sem dúvida alguma treinada, que busca impedir o debate democrático.

Se o espaço em questão for um fórum de discussões ou um chat, eles atacam em bando, desqualificando e agredindo pessoalmente a todo aquele que ousar fazer críticas ao governo Lula. Se for um blog, eles podem simplesmente copiar toda a programação visual e, a partir de um endereço muito parecido,cloná-lo - invertendo totalmente o sentido da mensagem original. Ou então, promovem um verdadeiro ataque no espaço destinado aos comentaristas - e quem acompanha este blog sabe que tive que adotar a moderação de comentários justamente por ter sido vítima deste tipo de vandalismo.

Hoje à tarde, porém, esta alcatéia defensora do governo Lula afundou um pouco mais na própria sujeira: invadiram e deletaram todo o conteúdo do Blog Dá-lhe Reale, qua havia sido criado para apoiar o movimento pró-impeachment.

Por razões que não vêm ao caso agora, eu não apoio a idéia de um processo de impeachment. Mas estarei trabalhando, neste final de semana, para ajudar os amigos a reeguerem aquele blog. Porque pessoas honestas, que dispõem de seu tempo de descanso para defender aquilo em que acreditam, não serão caladas por uma meia-dúzia de micos amestrados do PT.

E se o Partido dos Trabalhadores se sentir ofendido com este post, que vá procurar saber quem é essa gente. Pois é em nome do PT que eles dizem estar lutando esta guerra suja.

Lula diz que assassinato de Celso Daniel foi planejado

O assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), executado no domingo após seu sequestro, foi planejado. É o que afirma o pré-candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

(Matéria Publicada na Folha On Line, em 22/01/2002. Clique aqui para ler a matéria completa.)

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

"Foi uma coisa imposta. Tínhamos que pagar. Ele ia para as reuniões armado, com revólver. E deixava claro que com poder não se brinca, se cumpre. Tínhamos medo de procurar ajuda."

(Rosângela Gabrili, descrevendo suas reuniões com o ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Oliveira Souza.)

Klinger diz que ela mente para manter o contrato existente com a prefeitura.

Qualquer hora dessas, vamos concluir que todos mentem.

Aí teremos que optar pela mentira mais coerente.

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

De véspera, nem o peru.

Ontem, o presidente Bush, cumprindo a tradição das comemorações do Dia de Ação de Graças, indultou Marshmallow - um peru de cerca de 16 quilos, criado em Minnesota, que agora vai passar umas férias na Disney.

No Brasil, o presidente Lula não se fez de rogado: indultou Antônio Palocci - Ministro da Fazenda, criado em Ribeirão Preto, que deve estar precisando de umas férias.

Bush declarou que é provável que Marshmallow esteja muito feliz por visitar a Califórnia. Lula afirmou que Palocci está "mais firme do que nunca".

Dizem as más línguas que o Deputado Aldo Rebelo, idealizador do "Dia do Saci", está inconsolável com esta americanização dos costumes.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

www.arapuca

Esta democracia que permite que você, a partir da sua casa, diga o que pensa ao resto do mundo, está incomodando uns e outros.

O desgastado mantra do combate à hegemonia norte-americana é a pedra de toque para a tentativa de entregar o controle da web a um órgão multilateral vinculado à ONU. Não se iludam: exceto pela União Européia, que aderiu à coisa na última hora, a maioria dos países que participam desta manobra querem é o fim da liberdade de expressão que caracteriza a grande rede - e que é apenas a versão em bytes da democracia americana. Ou é mero acaso que o movimento esteja sendo encabeçado por China, Irã e Cuba?

O Brasil não só apóia esta idéia como, também, começa a providenciar mecanismos de controle interno.

Um projeto de lei do senador Delcídio Amaral (PT-MS) - cujo relator é o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - propõe o cadastramento dos internautas e o armazenamento das correspondências trocadas por um período de tempo ainda a ser definido - a proposta inicial era dez anos.

O projeto, segundo dizem seus defensores, nasceu com o fim único de reduzir os crimes praticados na web.

No entanto, uma análise superficial dos grandes crimes cometidos via web já demonstra que tal cadastramento é inútil. A maior parte dos sites de pedofilia e racismo - que, justificadamente, são alvos de investigações do Ministério Público Federal - estão hospedados em provedores no exterior, ou seja: fora da jurisdição brasileira. O outro crime mais comum, o roubo de senha e invasão de contas bancárias, não raro é praticado a partir de cyber cafés e demais locais públicos - onde a identificação dos usuários depende exclusivamente do sistema adotado pelo estabelecimento.

Então eu pergunto: se não vai resolver os grandes crimes, qual o objetivo de um cadastro desta natureza?

Melhor ficarmos alertas. Ou isto aqui, em breve, vai ser mais do que uma brincadeira.

Embalos de sábado

Reunidos no sábado, eles falaram muito em mudanças de rumo.

Mas, no final das contas, vão dançar a mesma coreografia de sempre: "Vamos restaurar valores utópicos de falar com esperança para o povo", declarou um. "Chega de realizações, queremos utopia.", concluiu outro.

É bobagem achar que estejam apostando na célebre falta de memória do nosso povo. Se pudessem, fugiriam deste discurso rapidinho.

Só que não podem. São prisioneiros de sua própia utopia.

Maestro, por favor, toque aquele samba de uma nota só.

domingo, 20 de novembro de 2005

cristal2.jpg

E já que não nos faria mal um pouco de transparência, que tal alguém começar a falar a verdade?

Sim...Ganhei uma máquina digital.

Agora me agüentem.

Direito de Resposta

Recebi, por e-mail e por comments, a nota abaixo, refente ao post do dia 16/11, "Constrangimento".

Ainda que nem a pessoa e nem a empresa de pesquisa para a qual ela trabalha tenham se identificado, estou postando a mesma na íntegra.

Eu que aqui escrevo fui uma das "pessoas" que fizeram a pesquisa no plenário, carregando as tais urnas que geraram tanta "espécie" em alguns parlamentares.

Os pontos a serem esclarecidos são os seguintes:

1) Não havia como entrar no Plenário sem credenciais a serem emitidas pela própria Câmara dos Deputados. Há seguranças da Câmara na frente do Plenário justamente para impedir que pessoas não autorizadas tenham acesso ao Plenário.

2) Eu e mais outro colega que me ajudou na pesquisa estávamos com as credenciais, que foram cuidadosamente analisadas pelo segurança da Câmara, e que nos deixou entrar. Logo, nossa entrada na Câmara não foi ilegal, como dá a impressão na nota emitida no site. Tanto é assim que fomos impedidos de realizar a pesquisa dentro do Plenário, mas não fora, segundo decisão emitida pelo próprio Primeiro-Secretário deputado Inocêncio Oliveira, uma vez que a pesquisa havia sido autorizada com antecedência pela mesa diretora da Câmara.

3) Abordamos de forma educada o deputado Sebastião Madeira. Este se sentiu "ofendido" com nossa presença e ameaçou de chamar a segurança para nos retirar do Plenário. Eu me antecipei e disse que nós iríamos nos retirar voluntariamente. E foi o que de fato fizemos.

4) Já fora do Plenário, cerca de oito seguranças nos abordaram, e constataram que não havia nada de errado com as nossas credenciais. Disseram que estávamos certos. Um dos seguranças levou o caso à mesa, e o que nos foi informado é que não poderíamos continuar a pesquisa no Plenário, somente fora. Dada essa informação, agimos dentro do que nos foi autorizado, de forma que não tentamos entrar novamente no Plenário.

5) O veículo que encomendou a pesquisa não foi a Folha de São Paulo, mas sim o jornal O Estado de São Paulo. Todos os deputados pesquisados foram informados de que a pesquisa era para o Estado de São Paulo, inclusive o deputado Sebastião Madeira.

Obrigado pela atenção,

Bruno H. (membro do grupo que fez a pesquisa na Câmara dos Deputados)

e-mail: b0328626@yahoo.com.br

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Enquanto isso, em um jornal de Portugal...

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Uma mente brilhante.

Eu não tenho dúvidas de que o Senador Eduardo Suplicy é uma das mentes mais brilhantes da constelação petista.

Dono de uma tranqüilidade rara no quadro político nacional, ele é capaz de quebrar totalmente o protocolo de uma CPI.

Com a mansidão de quem lê histórias para crianças, vai mandando para casa, um a um, aqueles que pretendiam inquirir o depoente.

E faz isso arrancando sorrisos gentis de seus pares.

Eles, os pares, mal se dão conta de que foram impiedosamente vencidos pela frieza calculada de um método. Um método no qual o Senador Suplicy é mestre incontestável.

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Sumiços.

Fiquei sabendo que o Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava desaparecido.

Enquanto isso, eu li o bom artigo do Cesar Maia para a Folha de São Paulo de hoje, falando da decisão do diretor João Moreira Salles em suspender a circulação do seu documentário Entreatos - aquele, que mostra a escalada do PT ao poder.

Eu não sou fã do Cesar Maia - e muito menos do Salles - mas concordo com o prefeito: querer, a esta altura, nos impedir de assistir ao planejamento da coisa toda, fica parecendo censura.

Já o sumiço do Sombra - que, ao que tudo indicava, estava tentando evitar o depoimento na CPI dos Bingos - ficaria parecendo confissão de culpa. Ficaria, porque - enquanto eu redigia este post - ele deu sinal de vida .

Agora só falta o Salles liberar as cópias de exibição e a distribuição em DVD do seu documentário.

Coragem, Salles.

Sala de cinema não é CPI. E ninguém vai usar o Entreatos como prova.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Constrangimento

Hoje à tarde, enquanto o país voltava os olhos e os ouvidos para o teatro armado lá na Comissão de Assuntos Econômicos, o Plenário da Câmara vivia uma situação peculiar: duas pessoas, carregando duas urnas, pediam que os parlamentares votassem, secretamente, na cassação de José Dirceu.

Como se sabe, há um Regimento Interno, que proíbe acesso às dependências do Plenário de pessoas que não sejam parlamentares ou funcionários devidamente credenciados para tal.

Abordado pela misteriosa dupla, o Deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA) solicitou ao Deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), se a eles tinha autorização para tanto. Inocêncio, na qualidade de Primeiro Secretário, informou que tinham autorização para realizar a pesquisa, sim - mas que a mesma não deveria ser feita com o uso de urnas.

O Deputado Madeira ainda protestou, chamando a atenção para o constrangimento da coisa. Mas não adiantou muito.

Conforme afirmação do Deputado Inocêncio, tratava-se de uma equipe da Folha.

E o pulso, ainda pulsa...

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Todos a postos para auscultar Dr. Palocci.

O encontro foi antecipado a fim de evitar uma hiperstensão do mercado.

Mas o diagnóstico será definitivo para determinar o tempo - e a qualidade - de sobrevida do governo Lula.

Respirem fundo. E repitam comigo: "tlinta e tlêiff".

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Café com a Ministra

Exceto pelo já batido jargão de palanque - "uma verdadeira revolução", "um problema histórico", "uma extraordinária novidade" - tivemos, na última segunda-feira, o primeiro Café com o Presidente totalmente produzido pela nova cozinha, onde apita a copeira e ex-ministra de Minas e Energia Dilma Roussef.

Sintomático que o cardápio do dia tenha sido o apagão. Já a economia - até então, o prato predileto de Lula - ficou esquecida na despensa.

Hoje é terça.

É dia de postar mais de mil caracteres com a bênção do bispo.

sábado, 12 de novembro de 2005

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Mais pesado que o ar.

Há exatos 99 anos, no entardecer de 12 de novembro de 1906, o brasileiro Santos Dumont pilotava o seu 14-Bis, superando o recorde mundial de vôo. A aventura durou 21,2 segundos. Foram percorridos 220 metros de distância, a uma altura de 6 metros do solo e em velocidade média de 41 Km/h.

Símbolo de uma República recém nascida, de um Brasil que queria ingressar na modernidade, Dumont deu asas às esperanças nacionais. Era a genialidade do indivíduo superando as leis da física.

Hoje, a esperança nacional morre um pouco a cada dia nas mãos daqueles que prometeram resguardá-la.

Partidários ideológicos do coletivismo extremado, eles acabaram por entregar o manche da nação a um déspota iletrado. E, todos os dias, os jornais mostram que nossos recursos estão sendo dilapidados por uma gentinha da qual ninguém jamais tinha ouvido falar. São rostos e nomes estranhos, até então ocultos na obscuridade daquele ideal coletivo que quiseram nos empurrar goela abaixo - e que, hoje, sabemos que serve apenas para diluir as culpas e impossibilitar as punições.

Estamos, como o 14 Bis naquela tarde distante, a seis metros do solo. Pesa sobre nós a mão daqueles cujo único feito foi jogar esta nação na lama.

A diferença é que, em política, a lei da gravidade não pode ser desafiada. Se não chutarmos esta gente para fora da aeronave, vamos nos espatifar no chão.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

toilet.jpg

MEMORIZE E DÊ DESCARGA.

PMDB:

ANN PONTES (PA), ALEXANDRE MAIA (MG), ALMERINDA DE CARVALHO (RJ) ,CABO JULIO (MG),CARLOS WILLIAN (MG) GILBERTO NASCIMENTO (SP),JAIR DE OLIVEIRA (ES) ,MARIA LÚCIA CARDOSO (MG), MAURO BENEVIDES (CE)

MAURO RIBEIRO LOPES (MG), MAX ROSENMANN (PR) ,MARCELLO SIQUEIRA (MG), NELSON TRAD (MS) ,MOACIR MICHELETTO (PR) ,OSVALDO BIOLCHI PMDB - (RS) ,PEDRO IRUJO (BA),PEDRO NOVAIS (MA), REINHOLD STEPHANES (PR)

ROSE DE FREITAS (ES), TAKAYAMA (PR), WILSON JOÃO CIGNACHI (RS).

PTB:

ALEX CANZIANI - (PR),EDNA MACEDO (SP), JEFFERSON CAMPOS - (SP) , JOSÉ CHAVES (PE)JOSUÉ BENGTSON (PA),

LUIZ ANTONIO FLEURY FILHO (SP),NELSON MARQUEZELLI (SP), MILTON CARDIAS (RS), PASTOR REINALDO (RS)

RICARDO IZAR (SP).

PSB:

JÚLIO DELGADO (MG) ,PASTOR FRANCISCO OLÍMPIO (PE),MARCONDES GADELHA (PB), EDINHO MONTEMOR (SP)

PDT:

SEVERIANO ALVES (BA), ÁLVARO COSTA DIAS (RN), MAURÍCIO QUINTELLA (AL), RODOLFO PEREIRA (RR).

PL:

CORONEL ALVES (AP), JÚNIOR BETÃO (AC) INALDO LEITÃO (PB) ,INOCÊNCIO OLIVEIRA (PE)

OUTROS PARTIDOS:

JOSÉ LINHARES (PP - CE),MARCELO ORTIZ (PV - SP), EDMAR MOREIRA (PFL - MG) , ATILA LIRA - (PSDB - PI), JOSÉ DIVINO (PMR - RJ), JOAQUIM FRANCISCO - (PFL - PE).

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Duelo

Hoje, em Florianópolis, às 19 horas.

Na Assembléia Legislativa, Lúcia Hipólito lança o seu Por dentro do Governo Lula. Na Livraria Catarinense do Beira-Mar Shopping, Paulo Markun autografa Meu Querido Vlado.

É o biógrafo do rei versus a pitonisa da crise.

Previsão do Tempo

O sol ameaçava aparecer entre as nuvens. Dizem, até, que alguém do palácio verificou o estoque de protetor solar.

No início da tarde, porém, entrou uma frente fria: o ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, afirmou que dinheiro gelado é com ele mesmo.

Por volta das dezoito horas, um pé de vento trouxe os extratos da operação Visanet. Mais um pouco e uma nuvem negra pairava sobre o céu de Brasília: vazaram informações de que o presidente esteve pessoalmente envolvido na operação que pretende calar Soraya Garcia.

Nem adianta culpar os meteorologistas. É a natureza deste governo que não ajuda.

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Nunca se sabe.

Desde o dia 22 de setembro, o site da ONG Repórteres Sem Fronteiras está disponibilizando, on line, um manual para blogueiros.

A idéia é fornecer técnicas e práticas que possam garantir não só o sucesso do blog como, também, o respeito a normas éticas básicas. A preocupação maior, porém, é preservar a segurança dos blogueiros que vivem em países onde falar a verdade significa correr risco de vida.

A organização entende que, em determinadas circunstâncias, somente o anonimato de um blog pode garantir a total liberdade de expressão.

Por enquanto, apenas a versão em inglês está disponível. Mas vale à pena conferir.

Em país onde se processa a Revista Veja por motivos políticos, quem tem blog tem medo.

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" Eles devoram vidas humanas; tomam tesouros e coisas preciosas; multiplicam as suas viúvas."

(Ezequiel, 22:25)

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Calçada da Fama - para Ricardo Noblat.

Quando a casa se mantém iluminada, fica fácil encontrar o caminho de volta.

Alucinação

E lá estava aquele homenzinho apequenado, quase sumido, no cadeirão de couro, o terno esturricado na região do abdômen, as perninhas miúdas demais para o corpo abaloado.

Erraram a mão na maquiagem - ou foi a iluminação de improviso que provocou aquele efeito avermelhado?

E como ele sibilava! Como apertava as mãozinhas, uma na outra, deixando-me saber seu nervosismo. Mas foi no olhar agitado, no desvario daquelas pupilas negras, que melhor adivinhei a tensão contida, a iminência de uma desagradável explosão.

Foi isto que eu vi ontem. Espero nunca mais ver

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Velho truque.


O governo Lula não fez absolutamente nada até agora. Não melhorou a saúde ou a educação, não construiu um metro de estrada e não deu início a qualquer grande obra - pelo menos, não no Brasil. O Fome Zero é um fiasco e o Bolsa Família uma vergonha.

Dizem por aí que esta inércia não é fruto da incompetência e, sim, da estratégia política mais velha do mundo republicano: segurar as verbas para detonar no ano eleitoral. Concentrar as realizações no último ano de governo é uma forma eficaz - e não regulada pelo TSE - de combater as críticas da oposição mediante a geração de notícias positivas.

A tese - que chega a ser tediosa de tão comum - é bastante plausível.

Resta saber se a imprensa vai embarcar neste novo engodo eleitoral.

Tradução Simultânea.

"Por isso, criminosos e 'barões da droga' não podem ser mais poderosos que o próprio governo, pois, desse modo, não pode haver democracia nem liberdade".

(Limpe a casa)

Alguns dizem que a democracia já não é mais útil, mas, na América, ela é indispensável para a garantia dos direitos humanos."

(Limpe a casa)

"Os governos têm de ser fortes, ouvir os seus povos e não podem desperdiçar recursos. Os governos em todo o hemisfério têm que se livrar da corrupção".

(Limpe a casa)

domingo, 6 de novembro de 2005

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A coisa tá ruim, Chirac?

Faz o de sempre...Chama os marines.

Foram perguntar à beata se ela gosta de missa...

Entrevistado pela Agência Nordeste, Fernando Collor declarou : "Nesse quadro aí, em que nada se comprove contra Lula, voto em Lula".

E eu fiquei me perguntando por qual motivo foram entrevistar o Collor.

Seu conceito de ética não ficou bem claro quando era ele a ocupar a presidência?

sábado, 5 de novembro de 2005

Na Argentina, pacifistas protestam contra Bush.

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Acusam Bush de ser muito belicoso.

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E querem garantir a você, leitor, um mundo mais seguro.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Sinta-se em casa, senhor presidente.

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Mas não repare, viu?

O Sr. está chegando bem no meio da faxina.

Os móveis estão de pernas pro ar, os tapetes revirados e toda a nossa sujeira à mostra.

Atarantados, ratos e baratas correm em plena luz do sol. Fazem tanto barulho, que o senhor não conseguirá ouvir a voz de um povo que tem por tradição a gentileza e a hospitalidade.

Fique, no entando, tranqüilo.

Na sua próxima visita, a casa estará limpa.

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

O povo não será grampeado.

Parlamentares não deveriam proferir ameaças de agressão física a um presidente. Mas parlamentares também não deveriam ser grampeados. Ocorre que entre os políticos que queremos e aqueles que temos, vai uma grande distância. É a mesma que separa o país que sonhamos daquele onde vivemos.

O brasileiro - este que, todos os dias, dirige impropérios a parlamentares e presidentes na intimidade de seu lar - é, até agora, um mero espectador desta crise. Às vezes, ao encontrar um parlamentar, o povo manifesta sua indignação de forma individualizada. Pelo menos é isso que nos contam os próprios deputados e senadores, sempre que mencionam os e-mails recebidos, as experiências de visitas às bases e os protestos emitidos, com discrição, nos aeroportos.

Para além das tentativas fracassadas de promover manifestações artificiais, não houve, desde o início desta crise, qualquer protesto genuinamente popular. Na verdade, se nos perguntarmos quantas vezes algo assim aconteceu na história do país, ficaremos surpresos com a baixa incidência de participação popular na vida política nacional.

Aí o leitor vai me dizer: "Mas nós estamos falando. Eles é que não ouvem!".

Não ouvem porque não sabemos fazer mais do que resmungar pelos cantos. Trocamos e-mails e escrevemos em blogs. Reclamamos com o padeiro e com a secretária. Nos indignamos na mesa do bar e em torno da cafeteira. Somos sumidades em política depois do jantar, discursando lindamente - para o desespero dos garçons que querem ir para casa. Mas não sabemos nos fazer ouvir.

Dirão alguns que sempre há a voz das urnas.

Verdade.

Ocorre que, quando chegamos às urnas, só nos resta optar.

É preciso se fazer ouvir antes das urnas, no momento exato em que as opções estão sendo definidas. É preciso mostrar uma indignação que não deixe dúvidas sobre o que pensamos. E eu não estou defendendo violência, desordem ou revolução. Estou apenas sugerindo que o brasileiro pare de cochichar e assuma o seu lado Arthur Virgílio: que levante a voz, erga o dedo em riste e ameace com tabefes sempre que o assunto for política.

O estilo não é bonito, eu sei. Mas se funciona lá em Brasília, deve funcionar aqui também. No mínimo para provocar algum ruído - algo que consiga fazer com que os microfones girem na nossa direção, mostrando que nós, a exemplo do senador, estamos dispostos a perder a linha.

Falar à meia-voz, sem teatralidade, como temos feito até agora, não vai adiantar.

Ninguém quer nos ouvir. Ninguém vai nos grampear.

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Apologia às drogas

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Enganam-se os que pensam que aquele Maradona magrinho, que está prestes a ingressar na comissão técnica da seleção Argentina, livrou-se das drogas.

Além de entrevistar Fidel Castro na última edição do "La noche del 10", o ex-craque está encabeçando os protestos contra a presença de George Bush na IV Reunião de Cúpula das Américas, que acontece em Mar del Plata.

Maradona - que tem Che Guevara e Castro tatuados no corpo - sempre contou com a benevolência cubana para apoiar suas causas pessoais. Não espanta, portanto, que se mostre partidário do alucinógeno discurso anti-americanista.

O que me admira é que ainda não tenha feito uma tatuagem do cocaleiro boliviano Evo Morales. Para esta, deve estar reservando a ponta do nariz.

terça-feira, 1 de novembro de 2005

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Em Brasília, dezenove horas e um minuto.

A Inimiga do Povo. (V)

Ontem, na tribuna do Senado, Ideli Salvatti mostrou, mais uma vez, porque que é a grande matrona da tropa de choque do governo federal.

Referindo-se às denúncias de que Cuba financiou parte da campanha de Lula, a Senadora declarou que o crime "ainda que seja comprovado, está prescrito".

Senadora, senadora...o que não valeu para Eduardo Azeredo, não vai valer para Lula. Também não valerá para aquela questãozinha dos seus outdoors.

domingo, 30 de outubro de 2005

Para a Veja, com carinho: mais uma gota de rum.

Assista a este vídeo da visita de Lula a Cuba em 2003 e me diga se não é o tal Sérgio Cervantes que está alí, todo sorridente, ao lado de Fidel.

O vídeo está com data de 26 de setembro de 2003.

Penso que é caso para a Veja investigar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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"Quinze homens em cima do baú do morto,

Iô-ho-ho... e uma garrafa de rum!"

Talvez não sejam quinze os homens.

Mas há um morto.

E, pasmem, há rum também.

Péssima notícia.

Alguém pode me dizer que porcaria é essa?

Mandaram o Carrasco para a guilhotina?

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Vou cancelar a assinatura do Animal Planet.

Tem briga de hiena muito melhor no jornal.

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

O beijo

Nino teve que esperar alguns segundos para se acostumar à penumbra do ambiente. Lá fora ardia o sol de junho. Ali dentro, a única claridade vinha de um pequeno abajur no canto da sala, cuja luz amarelada revelava o queixo e as mãos do homem sentado à escrivaninha de mogno.

O ambiente recendia a Cohibas. Muitos Cohibas.

Naquela voz rouca, inconfundível, Don Giovanni mandou que ele se aproximasse. Nino ainda olhou para Mateo e Carlo, como que aguardando o sinal afirmativo do segundo, antes de acomodar-se na cadeira. Diziam que a influência de Carlo sobre Il Capo era enorme.

Foi então que D. Giovanni começou a se explicar.

Nino fizera um bom trabalho com o jogo e a prostituição no Bronx. Hoje, ninguém mais lembrava dos tempos em que o bairro fora dominado por Blak Johnson. Agora a famiglia dominava todos os negócios escusos na região. E lucrava. Só o dinheiro que Nino arrecadava, a título de proteção, entre os comerciantes do bairro negro, garantia mais de 30% dos agrados de Dom Giovanni para a polícia nova-iorquina. Nino estava crescendo, ajudando a famiglia a lucrar, explicou Don Giovanni. E agora, quando a famiglia estava prestes a entrar em um negócio de proporções muito maiores, ele era o escolhido.

Depois de algumas baforadas, Il Capo anunciou:

- Nino, quero que você comande este novo projeto. É o maior projeto em que já nos envolvemos. Irá estender a área de atuação da famiglia para todo o país.

Meia hora depois, estavam acertados. E Nino mal pode conter a emoção quando Don Giovanni deu a volta na escrivaninha para abraçá-lo. Confirmação típica da cosa nostra, o beijo na boca selou o acordo.

Carlo esperou alguns segundos, depois que Nino saiu, para perguntar:

- Como será?

Don Giovanni ajeitou o suspensório antes de dizer:

- Quero um serviço limpo....Mas, antes, façam com que ele fale.

Carlo assentiu. Sabia bem quais eram as preocupações de Il Capo. Nino andara dando demonstrações de que poderia traí-los. Merecia, portanto, o beijo da morte. Antes, porém, fora preciso promovê-lo. A promoção levaria a suspeita para longe da famiglia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Guerra de Nervos

Menos de vinte e quatro horas depois de surgirem os cartazes do Senador Jorge Borhausen em trajes nazistas, recebo um spam com a imagem de José Dirceu travestido de Joseph Stálin.

Não a publico porque é impossível identificar a autoria e o remetente. Mas adianto-lhes que tanto o bigode quanto o quepe caíram muito bem ao deputado.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

A cada regime, o seu cadáver.

Boa parte da imprensa relembra, hoje, a morte do jornalista Vladimir Herzog.

Covardemente assassinado nos porões da ditadura, em 25 de outubro de 1975, Herzog tornou-se um símbolo da violência instaurada pelos militares. O cadáver torturado de Vladimir Herzog, anunciou o fim do regime militar: três anos depois, organizava-se o movimento que, em 1979, resultaria na Lei da Anistia.

Ao longo desta semana, contudo, um outro cadáver irá pairar sobre a nação.

Covardemente assassinado nos porões da corrupção, em 18 de janeiro de 2002, Celso Daniel poderá tornar-se um símbolo da violência instaurada no regime de financiamento de campanhas. Se confirmadas as acusações dos irmãos do prefeito de Santo André, veremos o cadáver torturado de Celso Daniel anunciar o fim PT.

O voto como chibata.

Ontem, o Josias de Souza publicou uma foto do plenário da Câmara vazio - imagem simbólica da vagabundagem parlamentar que permitiu a Zé Dirceu ganhar mais um dia de prazo para a votação do seu processo de cassação no Conselho de Ética.

Agora eu leio, lá no Fernando Rodrigues, que o Marcos Valério enviou, através de seu advogado, algumas orientações para que a sua acareação com Delúbio seja mais produtiva.

Na impossibilidade de se voltar ao tempo em que os preguiçosos recebiam o merecido castigo, sugiro que o leitor utilize, nos tempos vindouros, a única punição possível: a surra eleitoral.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Eu, Salomé.

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PSDB, quero a cabeça do Eduardo Azeredo em uma bandeja.

Dançarei, se preciso for.

Conta outra.

Não tem editorial da Folha de São Paulo ou comentarista da Globo News que conseguirá reduzir a vitória do "não" à falta de informação por parte do eleitor.

Pois esta é a tentativa que percebo, desde ontem à noite, após a divulgação dos resultados.

Tanto a esquerda de um modo geral, quanto os defensores do politicamente correto alimentam a ilusão de que detém o monopólio da razão e do senso crítico. Continuam a aplicar aquela tática gramsciana, que manda desprezar as qualidades intelectuais de todo aquele que lhes faz oposição.

Tamanha cegueira rendeu-lhes, ontem, uma derrota vergonhosa.

No ano que vem poderá render-lhes um enterro definitivo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Diversos - e para todos os gostos.

Ontem, a UNESCO aprovou o Convênio sobre a Diversidade Cultural. O objetivo principal é proteger os bens culturais e evitar que os mesmos venham a ser tratados como mercadorias.

Como sempre acontece nestas ocasiões, aproveitou-se o momento para insinuar os malefícios da globalização e esbanjar as expressões da moda: "desenvolvimento sustentável", "riqueza imaterial" e "multiculturalismo".

Mas o meu discurso predileto foi o do presidente da Comissão de Cultura que, citando Octavio Paz, lascou: "o que movimenta os mundos é a interação das diferenças, suas atrações e expulsões".

Gostei porque foi sincero: as expulsões fisiológicas têm sido uma constante nas manifestações culturais.

Já na década de 1960, o artista plástico Piero Manzoni defecou em latinhas - e, em 2002, a Galeria Tate pagou 22,3 mil libras por um exemplar. Aqui no Brasil, temos a Arte Intestinal bovina de Mizac Limírio.

Logo, amiguinhos, não se preocupem: os gringos não vão ameaçar a diversidade das nossas expulsões culturais. A UNESCO protegerá as patentes.

Ao clonador, ofereça-se Augusto dos Anjos.

Filho podre de antigos Goitacases,

Em qualquer parte onde a cabeça ponha

Deixas circuferências de peçonha

Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Direto do inferno.

Dizem que a cena foi medonha a ponto de exigir a interferência do próprio Cramulhão.

Furioso, suando em bicas, o engravatado John Gotti chutava a mesa da secretária. Aos berros, exigia que se tomasse providências imediatas contra aquele desaforo.

O motivo do destempero foi a manchete sobre a anulação da reunião da Mesa Diretora da Câmara.

Quando, finalmente, Satanás resolveu dar as caras, o célebre mafioso - disparou:

- " Avisem a esse tal de Zé Dirceu que eu fui o único e autêntico Don Teflon!. Era em mim que nada grudava!".

O Coisa Ruim deu de ombros antes de responder com desdém:

- " Não se preocupe. O pessoal lá de cima acaba de interferir".

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Bala de Festim

O estatuto do desarmamento foi aprovado em dezembro de 2003.

A campanha de recolhimento de armas começou em 15 de julho de 2004.

Então, alguém me explique como é que o Ministério da Saúde publica uma pesquisa sobre "o impacto do desarmamento no índice nacional de mortalidade por armas de fogo", considerando os anos de 2002,2003 e 2004, sem apresentar os índices mensais?

Eu gostaria muito de saber, por exemplo, quais foram os índices de mortes por armas de fogo no primeiro semestre de 2004 - já que a campanha de entrega das armas só começou em 15 de julho daquele ano. Gostaria de ver, também, um quadro que esclarecesse se a redução das mortes é proporcional ao índice de entrega de armas verificados em cada estado.

Então fiz uma comparação rápida entre os estados que lideram o ranking na entrega de armas e os índices de redução de óbitos fornecidos pela pesquisa do Ministério da Saúde. O resultado você vê na tabela abaixo.

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Note-se, por exemplo, que o terceiro lugar no ranking de entrega de armas não garantiu ao Rio Grande do Sul uma boa posição no ranking de redução de óbitos. O mesmo pode ser observado para a Bahia e o Rio de Janeiro.

Às vésperas do referendo sobre a compra e venda de armas, seria de bom tom que o Ministério da Saúde fornecesse dados claros e imparciais. Ao não disponibilizar um quadro comparativo como este que ensaiamos acima a pesquisa, amplamente distribuída à imprensa no dia de ontem, não passa de propaganda chapa branca para o SIM.

Este post foi publicado originalmente em 13/09/2005. Está sendo publicado novamente em virtude da matéria de capa do UOL.


Sonhos mortos.

A viagem a Moscou tem tudo para se tornar uma das mais importantes na vida do presidente Lula.

Estando na capital russa, ele realizou um grande sonho: ver o cadáver embalsamado de Lênin.

Como de praxe, a visita ao finado bolchevique não transcorreu sem que o nosso mandatário maior cometesse uma gafe diplomática: mostrar-se exageradamente deslumbrado com aquela mórbida relíquia não foi de bom tom quando membros importantes do governo Putin estão planejando o enterro definitivo do corpo de Vladimir Lênin - e enfrentando-se, por este motivo, com os comunistas daquele país.

Pois foi exatamente isso que o presidente fez. E, no auge do entusiamo com o estado de conservação da múmia, Lula disse aos jornalistas: "É impressionante. Parece que está vivo."

E não surge ninguém, numa hora dessas, para devolver: " É como o seu governo, presidente."

terça-feira, 18 de outubro de 2005

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A roda está cada vez mais morta.

E os cenógrafos do Roda Morta bateram no teto. Jamais conseguirão fazer outro cenário tão apropriado quanto aquele com o qual o telespectador foi brindado na noite de ontem: uma mórbida pilha de bonecos de pano, em tamanho natural, a ocupar o centro que normalmente é reservado ao convidado da noite. Estética governista a serviço do "sim", reveladora, também, da realidade de um programa que há tempos perdeu o viço.

Na pauta, o referendo do dia 23.

Os convidados - com a exceção de Demétrio Magnoli, da Folha de São Paulo - foram de uma mediocridade atroz, em nada colaborando para o debate. E Paulo Markun teve sérias dificuldades para controlar as malcriações vindas de ambos os lados. Marcelo Yuka, então, mostrou-se incapaz de um debate democrático, onde os participantes têm um limite de tempo para falar. Não é culpa dele e, sim, da produção do programa: ser vítima da violência não transforma a pessoa, automaticamente, em especialista da segurança pública.

No final das contas, o programa só serviu mesmo para evidenciar o posicionamento de Markun e sua equipe em relação ao referendo. Mas vamos combinar que, para isso, não precisariam nos submeter a duas horas de ignorância. Bastaria deixar a câmera fixa naquela pilha de corpos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Seu comentário sumiu?

Você postou e seu comentário não apareceu em seguida?

Não se preocupe.

O seu comentário não foi abduzido, nem torrado pelo aquecimento global, nem seqüestrado pela C.I.A.

Este blog está operando com moderação de comentários. Isto significa que todos os comments postados pelos visitantes ficam aguardando a minha aprovação.

Quando eu estou por aqui, a aprovação sai rapidinho. Caso o contrário, você vai ter que esperar para ver o seu comentário publicado.

Comentários repetidos ou de baixo calão serão deletados.

Para saber porque adotei este sistema, leia o post do dia 14, intitulado "Vandalismo por Encomenda".

Frentistas do Führer

E a corrupção parece ser mesmo um mal congênito do homos esquerdus.

Leio que, em Cuba, para evitar a corrupção nos postos de gasolina, Fidel criou um exército de jovens.

Ontem à noite, vestindo camisetas pretas, eles assumiram o controle dos postos a fim de fiscalizar e evitar o desvio na venda do combustível.

Uma força de elite composta por jovens de camisas pretas?

Qualquer semelhança com a Schutzstaffel de Hitler não é mera coincidência.

domingo, 16 de outubro de 2005

Luluzinha Blog's Club

Uma santa, duas wunders e uma Helena.

Só porque elas são ótimas, escrevem o que pensam e vale a pena ler o que escrevem:

Santa, Nibelunga, Helena e Colorina.

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Depois que aquele senhor de cabelos brancos me citou na entrevista que concedeu à Playboy, recebo e-mails e comments de invejosos, curiosos compulsivos, velhinhas puritanas e demais tarados.

Adianto, pois, que a foto acima é o máximo de revelação a que me permito.

Nua, aqui, só a realidade que o meu olho capta.

sábado, 15 de outubro de 2005

O roto e o esfarrapado.

Na cerimônia de abertura da 15a Cúpula Ibero-Americana, Tosse Anan expectorou sobre Lula: "Claramente, a erradicação da pobreza requer o combate à corrupção, a promoção da transparência e a boa governança."

Marco Aurelio Garcia alcançou o lenço pro chefe e fez de conta que nada tinha acontecido. Nem pensou em cuspir de volta.

Aqui em casa, erguemos um brinde ao lançamento da rinha internacional de corruptos.

O poviléu no poder é mesmo um espetáculo.

Não falo mais sobre o referendo.

Tem gente muito melhor do que eu fazendo isso.

"Na verdade, como já disse, meu referendo preferido trataria da proibição da compra e venda de parlamentares. Mas, claro, compreendo que o atual governo não se interesse em promovê-lo." (Ruy Goiaba)

"Desta vez, os bispos que costumam citar a Constituição para justificar seus pensamentos, citam o Evangelho quando Jesus diz a Pedro "ponha a espada na bainha" e com base nisto sugerem que o povo brasileiro abra a mão do direito de possuir uma arma, esquecendo-se que Pedro tinha uma espada e que Jesus não disse "jogue a espada fora". (César Miranda)

"92,7% dos crimes violentos são cometidos dentro de 24 horas depois da ingestão de pão". (Perigo do Pão)

"Pela quantidade de leis e de impostos, percebe-se que segundo o governo o cidadão é incapaz até de vestir a cueca sozinho. Admirável que não ande nas quatro." (Mozart)

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Senhores da Frente Parlamentar Pela Legítima Defesa:

Não vou fazer rodeios porque não há mais tempo para isso.

Eu me pergunto quando é que os senhores vão mexer os seus respectivos traseiros pela campanha "Desarmamento Não".

O site oficial da campanha está jogado às traças - e blogueiros amadores têm feito mais pelas causa do que os senhores, que são oficialmente responsáveis por ela.

O Jair Bolsonaro, por exemplo, ao invés de ficar pagando mico com aquele coronel à tiracolo, deveria era estar trabalhando com seriedade pela causa. Mas a verdade é que figuras como o deputado Bolsonaro - que jogam na vala do ridículo todo aquele que apoie o direito à legítima defesa - deveriam ser impedidas de aparecer na mídia nos próximos dias.

E me espanta ver que, somente agora, o senhores começam a se movimentar em busca de recursos para a campanha.

Logo, quando estamos há menos de trinta dias do referendo, eu me pergunto se os senhores já estão dando a causa por perdida e utilizarão o espaço de campanha apenas para a autopromoção.

Provem que eu estou errada, senhores: comecem a trabalhar.

Vandalismo por encomenda.

Bastou este blog transformar-se em palco de debates para que que as hienas do terrorismo virtual dessem as caras, fazendo o que melhor sabem fazer: empastelar os comments para desmobilizar o debate.

A estratégia - típica do stalinismo vigente entre a esquerda raivosa desde país - me obrigaria a ficar 24 horas de plantão para manter o ambiente saudável. Como isso não é possível, estou utilizando, temporariamente, a moderação dos comentários.

Este blog sofre os efeitos de ser amador e independente, não estando vinculado de qualquer grande grupo ou portal. Por isso, peço aos amigos um pouco de paciência e - aos que entendem da coisa - sugestões para que possamos encontrar uma outra solução, que nos permita manter a troca de idéias em tempo real.

Mas fica a pergunta: a quem interessa calar os amigos de Nariz Gelado?

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

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Chamem John Constantine


Primeiro o presidente falou em urucubaca. Agora o vice compara a atual política econômica a um "pacto com o diabo". Sem falar dos comunistas confessos que, na hora do aperto, andam apelando para o popular "pelo amor de Deus".

É muita cara de pau esse negócio de colocar a culpa no além. Mas confesso que, por vezes, assistindo à TV Câmara, tenho mesmo a sensação de que o Coisa Ruim anda se apossando de alguns corpos.

Então eu penso em chamar o Keanu Reeves. Elegante como sempre, ele faria uma bela sessão de exorcismo à tabefes: My name is Constantine...John Constantine, asshole !" .

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Todo o engano não retratado vira mentira.

Estou, até agora, esperando a prova de que postei algo com mais de 1.000 caracteres lá no Blog do Noblat.

No entanto, ele prossegue afirmando que eu teria infringido a regra. Como se não bastasse, o Noblat ainda pede que eu publique a nossa troca de e-mails aqui no meu blog.

Em respeito aos leitores, porém, fiz uma página especial para o caso. Quem quiser se aprofundar no tema, clique aqui.

Mas do jeito que a coisa vai, creio que não me resta outra saída, se não parodiar Arthur Virgílio: ou o Ricardo Noblat é um pateta ou é um mentiroso.

Qualquer uma das alternativas é coisa gravíssima para um jornalista.

A inimiga do povo. (III)

Quando vemos a Senadora Ideli Salvatti nas CPIs, de dedo em riste, esforçando-se para aparentar a mais absoluta seriedade, não nos passa pela cabeça que se trate de alguém chegado a homenagens e salamaleques.

Mas basta uma breve análise de suas atividades no Senado Federal, para descobrir que esta senhora dedica 85% do seu tempo a atividades de cunho laudatório, que em nada colaboram para o bom andamento do país.

Das 74 proposições apresentadas pela senadora até a presente data, 63 referem-se a condolências, congratulações, votos de louvor, de aplauso, de censura ou de repúdio.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Quero direito de resposta, Noblat.

Sei que não há qualquer prerrogativa legal para isso, posto que sou um nick - e assim quero continuar.

Mas, ao contrário do que você afirma em seu blog, jamais postei qualquer comentário acima dos 1.000 caracteres permitidos. Primeiro, porque eu sempre respeitei as regras dos ambientes que freqüento. Segundo, porque não entendo tanto de informática a ponto de conseguir burlar o sistema de proteção do blog. Logo, sempre que aparecia aquele aviso em vermelho, eu diminuía o tamanho do comentário - coisa rara, já que tenho um certo talento para me fazer entender em poucas palavras.

Ficamos assim, Noblat: ou você mostra o tal comentário que ultrapassou os 1.000 caracteres permitidos ou me dá direito de resposta.

Caso o contrário declinarei, desde já, de qualquer convite para uma possível "anistia" no Estadão.

Barrada no Baile

Fui bloqueada no Blog do Noblat.

Poderia fazer como todos e me recadastrar com um novo endereço de e-mail.

Não o farei. Principalmente porque não fiz nada para ser bloqueada. Ao contrário: apesar de ouvir horrores da petralha -e de ter sido, inclusive, clonada - jamais perdi a classe e o aplomb que me são característicos.

Ou o Noblat libera o meu narizgelado@uol.com.br, ou ficará chorando saudades.

Digas com quem andas....

Parece irreversível a vitória da chapa majoritária para a presidência do PT.

Logo, a cada minuto, torna-se irreversível a avaliação de que a maioria da militância petista compactua com as atitudes de José Genoíno, Silvio Pereira e Delúbio Soares.

De militante a meliante, foram menos de três anos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Viva o gordo e abaixo o regime!

Eu não sou fã do Jô Soares. Até gosto do programa. Mas também sou membro daquela comunidade orkutinana "Eu odeio a dancinha do Jô."

Ocorre que, ontem, durante o papo semanal com as suas "meninas", Jô trouxe à baila o tema do referendo da venda de armas. Abriu fazendo uma crítica contundente à respeito de como a pergunta do referendo induz o resultado para o "SIM". E, de quebra, Jô Soares revelou que votará "NÃO". O gordo foi absolutamente brilhante ao defender sua posição, explicando-se pela via da não interferência do Estado nos direitos dos cidadãos de bem. Também deixou claro aquilo que todos nós temos dito a respeito do tema: defender o direito de comprar armas legalmente, não implica em querer utilizá-las - aliás, não significa nem mesmo que queremos comprar uma arma, mas apenas que queremos ter o direito de fazê-lo.

Porém, o melhor ainda estava por vir.

Dentre as "meninas", estava Maria Aparecida Aquino - a professora de história contemporânea da USP, que tem cadeira cativa na Globo News. Quando viu Jô citando o nazismo e o comunismo como exemplos de regimes de exceção que utilizaram o desarmamento, a historiadora saltou da cadeira. Interrompeu o apresentador para explicar que, na Rússia, o desarmamento era compreensível pois o povo estava realmente armado - já que acabara de fazer uma revolução.

E aí, meus amigos, a academia ficou nua em rede nacional, demonstrando uma de suas falhas mais torpes: saber tudo de Europa e desconhecer a história norteamericana.

Em segundos, lá estava Jô Soares ensinando história para Maria Aparecida: " Sim, Cida... Mas, nos Estados Unidos, após a guerra de independência, o povo também estava armado...E, ao invés de proibir, eles criaram, através da 2ª emenda, um dispositivo que garante o direito inviolável do povo de manter e portar armas."

Depois dessa, eu nem me importei que a maioria das convidadas tenham revelado sua escolha pelo "SIM". Apenas lamentei que Lúcia Hipólito tenha se declarado indecisa por medo de patrulha - algo visível depois que ela, ao ouvir os comentários de Jô, passou a concordar com ele.

Fica, aqui, a minha mais profunda admiração por Jô Soares. Abrir o voto pelo "NÃO", no momento em que a Globo aposta todas as fichas no 'SIM" - e que todos os globais seguem, à cabresto, as sugestões do empregador - é um ato de louvável independência e autenticidade.

Viva o gordo...e abaixo o regime stalinista!

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Sobre bispos e rios.

Eu não sei absolutamente nada sobre o projeto de transposição das águas do rio São Francisco.

Também nunca tinha ouvido falar do bispo Luiz Flavio Cappio.

Ocorre que eu sou uma gaúcha morando em Santa Catarina. E seria uma grande bobagem eu escrever sobre um tema a respeito do qual nada sei - e que, ainda por cima, não me diz respeito.

Eu penso que este grande tema deva ser discutido pelos cidadãos pertencentes aos Estados que - para o bem ou para o mal - serão afetados pelo projeto - seja por sua execução, seja por seu cancelamento.

Por ora, a única coisa que eu posso lamentar é que todo este drama esteja, pela primeira vez em cinco meses, desviando a atenção do brasileiro para longe do Congresso Nacional.