sexta-feira, 3 de junho de 2005

Florianópolis 40º

Não bastasse as altas temperaturas que assolam a região, Florianópolis está sob o calor de manifestações estudantis contra o aumento das passagens de ônibus. Na três últimas noites, as áreas centrais da cidade viveram momentos de extrema tensão.

Sou a primeira a defender o direito de manifestação do povo. A primeira a apoiar um movimento que objetive reduzir um dos mais altos custos de transporte coletivo do país.

Mas sou a primeira, também, a apoiar a ação rígida da polícia quando a coisa descamba para o quebra-quebra.

Pois saibam os amigos que, nos últimos três dias, quem pode evita o coração viário da cidade nos horários de rush. Isso porque os estudantes não estão hesitando em apedrejar carros civis, agências bancárias ou incendiar prédios públicos.

Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, Bruno Knihs, a exemplo do que aconteceu no ano passado, pessoas de outras cidades e outros Estados estão vindo para cá e se infiltrando no movimento.É o exemplo típico de uma causa válida que se perde nas mãos de manifestantes de aluguel formados nas fileiras da esquerda circense.

O motivo pelo qual grupos de estudantes bem intencionados se tornam massa de manobra nas mãos de manifestantes profissionais já foi primorosamente explanado por Elias Canetti. A massa aberta, diz ele, é uma formação inconsciente que só quer crescer. O ruído provocado pelo quebra-quebra e a luminosidade do fogo são a forma extrema pela qual ela se anuncia - e busca captar novos adeptos. Ansiosa por viver o seu momento de descarga, espera apenas que alguém tome a iniciativa - ou dê o primeiro passo.

Portanto, parece que não há saída. Uma vez que estejam instalados os agitadores profissionais, vai haver violência. E, quando a violência se apresenta, à polícia só resta sentar o cacete.

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