segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Politicamente correto, moralmente incorreto, eticamente sujo.

Nunca gostei dessa história de "politicamente correto".

Em princípio, por que a autocensura sugerida por este preceito tende, na maioria das vezes, a maquiar conflitos que seriam mais facilmente solucionados se viessem à tona com franqueza. Mas isso é coisa de quem acredita na sinceridade. E, por conta do "politicamente correto", a sinceridade saiu de moda.

Porém, a face mais perversa do "politicamente correto" é que ele fornece argumentos para que a realidade seja distorcida. De posse de uma argumentação politicamente correta, qualquer mau-caráter se torna vítima - e qualquer debate fica inviabilizado.

Por conta do discurso politicamente correto, marginais e terroristas têm todas as suas sandices justificadas, já que se tratam de "excluídos sociais". Pela ótica do politicamente correto, o governo Lula não está sendo rejeitado porque se encontra envolvido em vários episódios de corrupção - mas porque "ninguém admite que um torneiro mecânico se torne presidente do Brasil". Pelo viés do politicamente correto, as acusações a Severino não passam de demonstrações de preconceito - posto que "ninguém aceita que um nordestino seja presidente da Câmara dos Deputados".

Nas mão de pessoas sem moral e sem ética, o discurso "politicamente correto" tornou-se uma poderosa arma, capaz de fazer evaporar qualquer crime.

Por obra e graça da argumentação politicamente correta, tudo o que é sólido desmancha no ar

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