terça-feira, 18 de outubro de 2005

A roda está cada vez mais morta.

E os cenógrafos do Roda Morta bateram no teto. Jamais conseguirão fazer outro cenário tão apropriado quanto aquele com o qual o telespectador foi brindado na noite de ontem: uma mórbida pilha de bonecos de pano, em tamanho natural, a ocupar o centro que normalmente é reservado ao convidado da noite. Estética governista a serviço do "sim", reveladora, também, da realidade de um programa que há tempos perdeu o viço.

Na pauta, o referendo do dia 23.

Os convidados - com a exceção de Demétrio Magnoli, da Folha de São Paulo - foram de uma mediocridade atroz, em nada colaborando para o debate. E Paulo Markun teve sérias dificuldades para controlar as malcriações vindas de ambos os lados. Marcelo Yuka, então, mostrou-se incapaz de um debate democrático, onde os participantes têm um limite de tempo para falar. Não é culpa dele e, sim, da produção do programa: ser vítima da violência não transforma a pessoa, automaticamente, em especialista da segurança pública.

No final das contas, o programa só serviu mesmo para evidenciar o posicionamento de Markun e sua equipe em relação ao referendo. Mas vamos combinar que, para isso, não precisariam nos submeter a duas horas de ignorância. Bastaria deixar a câmera fixa naquela pilha de corpos.

Nenhum comentário: