quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Viva o gordo e abaixo o regime!

Eu não sou fã do Jô Soares. Até gosto do programa. Mas também sou membro daquela comunidade orkutinana "Eu odeio a dancinha do Jô."

Ocorre que, ontem, durante o papo semanal com as suas "meninas", Jô trouxe à baila o tema do referendo da venda de armas. Abriu fazendo uma crítica contundente à respeito de como a pergunta do referendo induz o resultado para o "SIM". E, de quebra, Jô Soares revelou que votará "NÃO". O gordo foi absolutamente brilhante ao defender sua posição, explicando-se pela via da não interferência do Estado nos direitos dos cidadãos de bem. Também deixou claro aquilo que todos nós temos dito a respeito do tema: defender o direito de comprar armas legalmente, não implica em querer utilizá-las - aliás, não significa nem mesmo que queremos comprar uma arma, mas apenas que queremos ter o direito de fazê-lo.

Porém, o melhor ainda estava por vir.

Dentre as "meninas", estava Maria Aparecida Aquino - a professora de história contemporânea da USP, que tem cadeira cativa na Globo News. Quando viu Jô citando o nazismo e o comunismo como exemplos de regimes de exceção que utilizaram o desarmamento, a historiadora saltou da cadeira. Interrompeu o apresentador para explicar que, na Rússia, o desarmamento era compreensível pois o povo estava realmente armado - já que acabara de fazer uma revolução.

E aí, meus amigos, a academia ficou nua em rede nacional, demonstrando uma de suas falhas mais torpes: saber tudo de Europa e desconhecer a história norteamericana.

Em segundos, lá estava Jô Soares ensinando história para Maria Aparecida: " Sim, Cida... Mas, nos Estados Unidos, após a guerra de independência, o povo também estava armado...E, ao invés de proibir, eles criaram, através da 2ª emenda, um dispositivo que garante o direito inviolável do povo de manter e portar armas."

Depois dessa, eu nem me importei que a maioria das convidadas tenham revelado sua escolha pelo "SIM". Apenas lamentei que Lúcia Hipólito tenha se declarado indecisa por medo de patrulha - algo visível depois que ela, ao ouvir os comentários de Jô, passou a concordar com ele.

Fica, aqui, a minha mais profunda admiração por Jô Soares. Abrir o voto pelo "NÃO", no momento em que a Globo aposta todas as fichas no 'SIM" - e que todos os globais seguem, à cabresto, as sugestões do empregador - é um ato de louvável independência e autenticidade.

Viva o gordo...e abaixo o regime stalinista!

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