segunda-feira, 21 de novembro de 2005

www.arapuca

Esta democracia que permite que você, a partir da sua casa, diga o que pensa ao resto do mundo, está incomodando uns e outros.

O desgastado mantra do combate à hegemonia norte-americana é a pedra de toque para a tentativa de entregar o controle da web a um órgão multilateral vinculado à ONU. Não se iludam: exceto pela União Européia, que aderiu à coisa na última hora, a maioria dos países que participam desta manobra querem é o fim da liberdade de expressão que caracteriza a grande rede - e que é apenas a versão em bytes da democracia americana. Ou é mero acaso que o movimento esteja sendo encabeçado por China, Irã e Cuba?

O Brasil não só apóia esta idéia como, também, começa a providenciar mecanismos de controle interno.

Um projeto de lei do senador Delcídio Amaral (PT-MS) - cujo relator é o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - propõe o cadastramento dos internautas e o armazenamento das correspondências trocadas por um período de tempo ainda a ser definido - a proposta inicial era dez anos.

O projeto, segundo dizem seus defensores, nasceu com o fim único de reduzir os crimes praticados na web.

No entanto, uma análise superficial dos grandes crimes cometidos via web já demonstra que tal cadastramento é inútil. A maior parte dos sites de pedofilia e racismo - que, justificadamente, são alvos de investigações do Ministério Público Federal - estão hospedados em provedores no exterior, ou seja: fora da jurisdição brasileira. O outro crime mais comum, o roubo de senha e invasão de contas bancárias, não raro é praticado a partir de cyber cafés e demais locais públicos - onde a identificação dos usuários depende exclusivamente do sistema adotado pelo estabelecimento.

Então eu pergunto: se não vai resolver os grandes crimes, qual o objetivo de um cadastro desta natureza?

Melhor ficarmos alertas. Ou isto aqui, em breve, vai ser mais do que uma brincadeira.

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