sábado, 31 de dezembro de 2005

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Ah! Os relógios!

Mário Quintana

Amigos, não consultem os relógios

quando um dia eu me for de vossas vidas

em seus fúteis problemas tão perdidas

que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:

não o conhece a vida - a verdadeira -

em que basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna

somente por si mesma é dividida:

não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados

quando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

Ps.: Que em 2006 a gente aprenda a olhar menos para o relógio. E a valorizar cada segundo como se fosse único. Pois é exatamente assim que é. Feliz Ano Novo. N.G.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Resoluções de Ano Novo

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Fazer aquele passeio de escuna em torno da ilha.

Ir dormir mais cedo para acordar mais cedo.

Passar algumas madrugadas papeando com os amigos na web.

Bater no governo Lula.

Aprender a beber carménère sem fazer careta.

Ir a New York para um café da manhã no Odessa da Avenue A.

Ouvir mais.

Bater no governo Lula.

Conseguir uma cópia legendada de Le Roi Danse para trabalhar em sala de aula.

Comer mais verduras.

Papear longamente com o seu Lobo, lá da Praia do Forte.

Cerveja, em maio ou junho, no Bairro Santa Cruz, em Sevilla.

Bater no governo Lula.

Arrumar mais tempo para beijar meus sobrinhos.

Ir a São Paulo para abraçar alguns amigos.

Ensinar minha mãe a usar o MSN.

Bater no governo Lula.

Aprender a falar mais baixo.

Comprar uns CDs de bossa nova.

Descobrir uma nova receita de salmão.

Ir a Brasília para a posse de Serra ou Alckmin.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Quem não te conhece que te compre.

"Quem tratou de maneira mais correta e republicana os movimentos sociais, sejam eles de empresários ou de trabalhadores?"

A frase acima integra o artigo de Tarso Genro para a edição de hoje da Folha de São Paulo. Ensaiando uma análise da atual crise política - ao mesmo tempo em que tenta sugerir,ao PT, uma estratégia de debate para a futura campanha presidencial - Genro busca evidenciar pontos positivos que, devidamente explorados, podem levar Lula à reeleição.

Embora se esforce para manter um tom moderado, o ex-ministro da Educação derrapa na ladainha que tem perpassado todo o discurso petista desde que eclodiram os primeiros escândalos de corrupção no governo Lula: acusar a imprensa de golpismo - esta imprensa que, segundo ele, "é predominantemente apoiadora do PSDB ou do PFL".

Eu sei que acabo batendo sempre na mesma tecla. Mas é impossível não fazê-lo quando o outro lado insiste em repetir à exaustão, um mesmo e falso argumento - como se isto pudesse transformá-lo em verdade. Basta ler os jornais de 2003 para ver que a maior parte da imprensa esteve em lua de mel com Lula e com o PT. O problema é que a imprensa não é partido - e não pode se negar a investigar e divulgar determinados fatos simplesmente porque eles são desfavoráveis ao governo.

Não que o governo não tenha tentado tal façanha.

Lembrem-se da tentativa de expulsar o jornalista norte-americano que escreveu sobre os hábitos etílicos do presidente. Recordem o empenho em nos fazer engolir o Conselho de Jornalismo. Busquem na memória a reação agressiva do presidente que, ao ver fracassada esta última tentativa, chamou aos jornalistas de "covardes".

Daí me respondam se podemos confiar na "maneira correta e republicana" de Tarso Genro.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

O desastre Lula e a situação de emergência

Em 2000, quando Fernando Henrique Cardoso instituiu o Plano Nacional de Defesa Civil, que estabeleceu que, a exemplo dos países desenvolvidos, o foco seria a redução de desastres, já parecia antever a catástrofe Lula.

Lula, por sua vez, ao sancionar o Decreto Lei 5.376, em 17 de fevereiro de 2005, regulamentando o Plano e criando o SINDEC, Sistema Nacional de Defesa Civil, não imaginava que estaria no meio de um furacão no final do ano.

O Decreto estabeleceu que "situação de emergência é o reconhecimento pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando danos superáveis pela comunidade afetada". Nada a ver com o atual desastre de gestão das estradas brasileiras.

O Decreto criou o SINDEC, Sistema Nacional de Defesa Civil, que sob coordenação do Ministério da Integração Nacional, não tem entre as suas prerrogativas consertar buracos em rodovias, a não ser buracos causados pela queda de estrelas ou de meteoros. O Artigo 15, Inciso V, é transparente: "ao Ministério dos Transportes cabe adotar medidas de preservação e de recuperação dos sistemas viários e terminais de transportes terrestres, marítimos e fluviais, em áreas atingidas por desastres, bem como controlar o transporte de produtos perigosos".

O mais interessante: o Decreto Lei 5.376 deixa claro que não compete ao Governo Federal decretar uma situação de emergência.

A decretação é feita pelo Município, homologada pelo Governo Estadual e somente posteriormente reconhecida pelo Governo Federal, quando isto é solicitado pelo Governo do Estado em função de falta de recursos para atendimento ao desastre.

Logo, o Desastre Lula vai realmente ter que enfrentar outra situação de emergência: terá que licitar, pela velha e boa Lei 8666 os R$ 200 milhões que pretendia despejar nos buracos das estradas brasileiras - coisa que possivelmente pretendia fazer sem licitação, pelas mãos caridosas de empreiteiras amigas, em pleno ano eleitoral.

Eu, FHC, Delcídio e Serraglio

O jornalista Jorge Bastos Moreno está promovendo, desde a semana passada, uma enquete em seu blog. Moreno quer saber quem foi a "Personalidade do Ano em 2005". Às vésperas do Natal, passei por lá para votar no Noblat - faz tempo que escolhi um lado nesta pseudo batalha que os dois encenam.

Pois hoje, para meu completo espanto, recebo um e-mail comunicando que também estou no páreo.

Na prévia publicada ontem, apareço com três votos. É uma posição e tanto, se considerarmos que eu a estou dividindo com Fernando Henrique Cardoso, Osmar Serraglio, Delcídio Amaral, Bento XVI e o senador Mão Santa. É verdade que também empatei com o Touro Bandido - mas considerem que ele não deixa de ser uma estrela global.

Não pedirei votos. Já acho demais ter chegado a tanto. Apenas agradeço aos três leitores - cujos nomes é impossível recuperar no sistema do Moreno - a carinhosa lembrança.

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Desapego

Encerrado o prazo para os deputados abrirem mão dos R$25 mil correspondentes a convocação de janeiro, temos um total de 28 nomes que se negaram a receber o dinheiro. Alguns optaram apenas por não receber. Outros, fizeram doações a entidades filantrópicas. Há, ainda, aqueles que se atrasaram ao requerer o cancelamento do valor junto à diretoria-geral da Câmara, mas que pretendem doar o dinheiro - caso de Luciana Genro (PSol-RS) e Raul Jungmann (PPS-PE).

No Senado, o prazo para a desistência de recebimento do salário extra encerra em duas semanas - e é prováel que a atual lista, que conta com apenas quatro nomes, venha a crescer.

Este é um daqueles momentos em que a gente não sabe se comemora ou emite impropérios. Porque, por mais que concordemos que o pagamento de extras a parlamentares é um absurdo, sabemos que muitos irão se aproveitar da situação para fazer demagogia. É, por exemplo, sintomático que o PT - após passar o ano envolvido em denúncias de corrupção - esteja liderando a lista dos parlamentares que abriram mão de receber o dinheiro. De qualquer forma, parece que há um estatuto do Partido dos Trabalhadores que proibe o recebimento deste tipo de vantagem - o que diminui o impacto dos que já abriram mão, ao mesmo tempo em que nos obriga a questionar sobre o silêncio dos demais parlamentares petistas.

Numa situação como essa, o ideal é que a súbita demonstração de desapego pudesse ser cruzada com outras informações a respeito dos parlamentares. Então, talvez, o eleitor pudesse separar o joio do trigo, identificando quais são os nomes realmente sérios destas listas. Mas, em um país com baixíssimos índices de escolaridade e leitura, informações mais detalhadas são artigo de luxo. Logo, o que restará destas listas é o de sempre: artilharia para jocosos discursos de campanha.

Uma boa surpresa

No dia de ontem, a despeito da convocação extraordinária, os corredores do congresso nacional estavam vazios. A debandada dos parlamentares foi geral e até o deputado Ricardo Izar, presidente do Conselho de Ética da Câmara - que batera pé pela convocação extraordinária - saiu de férias.

Contudo, pelo menos um deputado permaneceu em Brasília. E esteve trabalhando: o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi visto, ontem à tarde, deixando a sala da CPI dos Correios. Ele teria ido buscar o relatório divulgado semana passada pelo deputado Osmar Serraglio. Sampaio é o relator, no Conselho de Ética, do processo de cassação do deputado Pedro Corrêa (PP/PE) - e estava atrás de informações para o processo.

Não é a primeira vez que me surpreendo positivamente com o deputado Sampaio. E lamento por não votar em São Paulo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

boladenatal.jpg

Síntese da felicidade

Carlos Drummond de Andrade

Desejo a você

Fruto do mato

Cheiro de jardim

Namoro no portão

Domingo sem chuva

Segunda sem mau humor

Sábado com seu amor

Filme do Carlitos

Chope com amigos

Crônica de Rubem Braga

Viver sem inimigos

Filme antigo na TV

Ter uma pessoa especial

E que ela goste de você

Música de Tom com letra de Chico

Frango caipira em pensão do interior

Ouvir uma palavra amável

Ter uma surpresa agradável

Ver a Banda passar

Noite de lua Cheia

Rever uma velha amizade

Ter fé em Deus

Não Ter que ouvir a palavra não

Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança

Ouvir canto de passarinho

Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor

Que nunca será rasgado

Formar um par ideal

Tomar banho de cachoeira

Pegar um bronzeado legal

Aprender um nova canção

Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada

Pôr-do-Sol na roça

Uma festa

Um violão

Uma seresta

Recordar um amor antigo

Ter um ombro sempre amigo

Bater palmas de alegria

Uma tarde amena

Calçar um velho chinelo

Sentar numa velha poltrona

Tocar violão para alguém

Ouvir a chuva no telhado

Vinho branco

Bolero de Ravel

E muito carinho meu

Ps.: Viajo para ver a família. Retornarei para o Ano Novo.

Que os desejos de Drummond caiam sobre nós como divinas ordens.

Bom Natal. N.G.

De comentarista a blogueiro.

Ele, que já causava furor comentando lá no Noblat, agora tem uma casa só para si.

Blogueiros e demais amigos da web, abram alas pois o Soube pede passagem.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Pacotes

Enquanto estive às voltas com fitas e presentes, Osmar Serraglio entregou seu pacotão ao Brasil.

Nada que a gente já não soubesse: o relator da CPI dos Correios atesta que houve mensalão - quiçá um "semanadão" - e que é provável que tenha sido pago com dinheiro público advindo, principalmente, do Banco do Brasil, dos Correios, e da Eletronorte. O documento apresentado por Serraglio também confirma que há uma evidente conexão de datas entre os saques dos mensaleiros e as votações que eram do interesse do governo. Outro ponto que parece comprovado, é o pagamento para a migração de parlamentares a partidos da base governista.

Indigesto para o governo Lula e o PT, o pacote de Serraglio bate de frente com a cassação de Roberto Jefferson e a recente absolvição de Romeu Queiroz. Obviamente, ele reforça o acerto do congresso no caso de José Dirceu.

Mas o relator da CPI dos correios parece ter cometido um erro muito comum nesta época do ano: esqueceu umas lembrancinhas do lado de fora do pacote. Serraglio excluiu o seu partido, o PMDB, da relação de partidos beneficiários e não listou os deputados que teriam recebido dinheiro do caixa dois do PT. Também não incluiu irregularidades apontadas pela auditoria do Banco do Brasil em antecipações feitas pela Visanet a agências de publicidade entre 2001 e 2002.

Distraído ele, não?

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

"O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!"

(Nelson Rodrigues)

Ele quer...E ela também

Percebo que não estou só nesta coisa de pedir o retorno de Roberto Jefferson. Desde ontem que as alternativas neste sentido se multiplicam em ritmo impressionante. Os motivos e os meios, é claro, são diferentes.

Primeiro foi o próprio deputado, que entrou com um pedido de liminar, junto ao Supremo Tribunal Federal, contra a decisão do plenário da Câmara que cassou seu mandato. Como vemos, ao contrário do que alardeava no auge da crise, Jefferson não "sublimou" tanto assim seu mandato.

Mas também a senadora Heloisa Helena, inspirada pela entrevista de Jefferson ao Jornal do Brasil no último domingo, está solicitando que ele seja novamente convocado a depor na CPI dos Correios. Na entrevista, o deputado declarou que o presidente Lula não só sabia como havia autorizado o mensalão.

Parece, enfim, que todos têm seus motivos. Os meus, como requer o atual clima político do país, são desprovidos de qualquer nobreza: quero circo de boa qualidade.

Já refiz o meu estoque de pipocas.

Que venha Roberto Jefferson.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

"O brasileiro não está preparado para ser 'o maior do mundo' em coisa nenhuma. Ser 'o maior do mundo' em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade."

(Nelson Rodrigues)

Inconseqüência

Já que absolveram o deputado Romeu Queiroz, decidi que quero a volta de Roberto Jefferson.

E nem se dêem ao trabalho de me escrever para explicar que isto é uma incoerência. Eu sei que Jefferson foi cassado porque, para conveniência de muitos, "não existe mensalão"; sei que a absolvição de Queiroz é coerente com isso - e a cassação de Dirceu incoerente.

Acontece que ninguém mais está preocupado em ser coerente, conseqüente ou honesto. Estão todos preocupados com a própria vidinha - principalmente aqueles parlamentares do PL, PL, PTB e PP , que lutaram para salvar a cabeça de Queiroz.

Então, quero o Jefferson de volta. Não pelos louváveis serviços que ele, talvez, pudesse prestar à nação. Mas pelo estilo vigoroso, pelos shows que daria na tribuna, pela voz de barítono aprendiz. Quero de volta a inteligência maquiavélica, a ironia fina, as gargalhadas estridentes e o olhar ameaçador.

Já que é pra ser circo, que pelos menos tenhamos um bom espetáculo.

domingo, 18 de dezembro de 2005

"No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando."

(Nelson Rodrigues)

sábado, 17 de dezembro de 2005

De blogueiro a boateiro.

Durante os meses em que manteve seu blog no ar, o prefeito Cesar Maia conquistou boa parte dos internautas da oposição ao acrescentar mais combustível à crise política. Na maior parte do tempo, ele somava detalhes às informações que circulavam na imprensa. Por vezes, no entanto, chegou a levantar algumas informações novas.

No dia 30 de setembro, porém, o prefeito abandonou a precoce carreira de blogueiro. Segundo Maia, o fim desta atividade nada teve a ver com as reclamações dos cidadãos cariocas - que diziam que a cidade estava sendo abandonada por conta do blog - mas, sim, com o fato da mesma estar lhe tomando o tempo que antes era dedicado à leitura.

Ocorre que Cesar Maia não abandonou a atividade - apenas passou a realizá-la de modo menos visível. A partir do encerramento do blog, os leitores que se cadastraram passaram a receber, por e-mail, um boletim informativo, o Informação e Opinião - IOCM .

Por um motivo técnico qualquer, eu nunca consegui me cadastrar para receber o IOMC. Mas nem por isso fico sem ler as notícias veiculadas por ele. O boletim editado por Cesar Maia é bastante popular entre a comunidade de blogueiros amadores - principalmente entre aqueles que se dedicam a fazer clipagem de notícias políticas. Volta e meia, a gente se depara com notinhas que parecem vir de lugar algum - mas que são acompanhadas, com alguma discrição, da sigla IOMC.

Este é um jogo perigoso. Não para Cesar Maia - que, ao abster-se da visibilidade proporcionada por um blog, acaba não tendo que responder pelas notinhas que emite. O jogo põe em risco a cabeça dos blogueiros que se servem do IOMC - principalmente aqueles que o fazem sem senso crítico.

Exemplo. Desde hoje cedo circula uma notinha do IOMC que dá conta de um suposto encontro entre líderes da oposição, ocorrido na noite de ontem. Tal encontro teria como objetivo a preparação de estratégias de enfrentamento contra a "escalada de provocações de Lula" , o "uso da violência pelas claques lulistas" e um possível "golpe branco". É uma nota grave, pesada mesmo, que parece destinada apenas a criar mais confusão. E, ainda assim, dentre os blogs que a publicaram, não vi ninguém cobrar de Cesar Maia qualquer detalhe que pudesse conferir maior seriedade à informação: os nomes de alguns dos presentes ou, pelo menos, o local do encontro.

Por serem novos e extremamente libertários, os blogs se tornam, por vezes, os alvos prediletos da imprensa profissional. Há muita gente boa na imprensa que ainda torce o nariz para os blogueiros amadores, acusando-os de irresponsabilidade. Acatar os boatos de Cesar Maia, como se notícias fossem, é dar razão a esta parte da imprensa que ainda esperneia contra um fenômeno irreversível. Pior do que isso: é colocar o próprio traseiro na janela, em prol de alguém que não parece disposto a assumir o que escreve.

Diz o dr. Alceu que a Revolução Russa é "o maior acontecimento do século". Como se engana o velho mestre! O "maior acontecimento do século" é o fracasso dessa mesma revolução. - Nelson Rodrigues.

(A próxima terça-feira marcará os 25 anos da morte do Nelson. A partir de hoje, este blog vai recuperar algumas das suas melhores citações.)

Maratona

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Ontem, enquanto recebia os carinhos de Chavez, o presidente Lula fez pouco caso da nossa resistência. Disse que já estamos gritando há algum tempo - mas que nosso fôlego vai se extingüir com a aproximação das eleições.

Desculpe, presidente mas o senhor, pelo jeito, continua sem entender nada do que se passa à sua volta. Esta não é uma prova de velocidade. É uma maratona, para a qual estivemos nos preparando nos últimos três anos.

Não nos faltará fôlego - e muito menos resistência

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Já leram os jornais de hoje?

O Globo - Este país é dono do seu nariz, por Cristiane Jungblut.

O Estado de S. Paulo - Brasil tem governo e é dono do seu nariz, diz Lula, por Gilse Guedes.

Tudo porque ontem, em almoço com militares, animadinho com o pagamento da dívida do FMI, o presidente disse que o Brasil é "dono do seu nariz".

Alto lá, presidente. De nariz entendo eu.

E, a contar tudo o que tem acontecido nos últimos tempos, o único nariz do qual este país já tomou posse inquestionável é este aqui:

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Baixaria

Lembram quando Roberto Jefferson dizia que nunca tinha visto uma Câmara dos Deputados de nível tão baixo quanto a atual?

Pois, na negociata de quarta-feira à noite - que livrou a cara do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG)- , o baixo nível ficou evidente.

Deu de tudo um pouco: até distribuição de cédulas já assinaladas com o "não" - ou seja, voto contrário à cassação de Queiroz - e violação da cabine.

É provável que o episódio - denunciado pelo deputado Mauro Passos (PT-SC) - acabe, em função do interlúdio das festas natalinas, por cair no esquecimento.

Mas ele nos dá a medida de quão deturpadas andam as coisas naquela que deveria ser a casa onde se representa o povo brasileiro.

Roberto Jefferson sabia do que estava falando. E, a julgar pelo fato de que a baixaria da vez foi orquestrada para salvar um colega do PTB, ele o sabia muito bem.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Aviso ao Plenário.

guilhotina.jpg

By Tiago Guedes

Nós já entendemos que o jogo é baixo e tem uma só regra: "você livra a minha cabeça, que eu livro a sua."

Mas eu gostaria apenas de lembrar que este é o jogo aí dentro.

Aqui, do lado de fora, o careca e sua cadernetinha de beneficiários não serão esquecidos.

Aqui, do lado de fora, há uma guilhotina. E ela atende pelo nome de "voto".

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Rampa abaixo

Os nervos devem estar à flor da pele lá no Palácio do Planalto.

Tudo por conta da pesquisa CNI Ibope, divulgada agora pela manhã, que aponta José Serra como vitorioso na disputa presidencial. Se o segundo turno da eleição fosse hoje, o atual prefeito de São Paulo ganharia de Lula com uma vantagem de 13 pontos percentuais.

Os índices demonstram que não está de todo errada aquela parte da oposição que defende um sangramento gradual e contínuo - a arrastar-se, preferencialmente, até o período eleitoral - do governo Lula.

Resta saber se a atual crise terá fôlego para tanto - e se a própria oposição, no embalo das novas denúncias, não será arrasada por elas.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Finalmente

Vinte quatro horas após chamarmos a atenção do leitor para o artigo de Tarso Genro no site do PT (veja posts abaixo), as estrelas da blogsfera política nacional começam dilvulgar o assunto. Josias de Souza postou a respeito na madrugada de terça-feira. Ricardo Noblat, hoje pela manhã.

Se a coisa continuar assim, eu vou acabar concluindo que estou pautando estes meninos

bandejas.jpg

Eu, Salomé. (II)

Há quase dois meses, pedi ao PSDB a cabeça de Eduardo Azeredo em uma bandeja de prata.

Lastimo, pois, ao saber que terei que aumentar o número de bandejas.

Há, no entando, uma diferença neste meu apelo de hoje.

Na época do primeiro post, prometi dançar. Hoje, apenas aviso: se não providenciar punições rápidas e exemplares, quem vai dançar é o PSDB.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

PT deixa Tarso falar.

Finalmente, o site oficial do PT publicou o artigo de que falamos no post abaixo.

O leitor pode ler o mesmo, na íntegra, no site do PT.

Mas procure, com lupa, na coluna de "artigos" que fica à direita...Está quase invisível

Fogo Amigo

O jornal gaúcho Correio do Povo traz, em sua edição de hoje, matéria sobre um artigo que Tarso Genro teria enviado ao site do PT. Como até agora não conseguimos localizar o artigo, estamos reproduzindo a matéria do Correio do Povo abaixo.

Tarso ataca Dirceu no site do PT

Afirma que imagem como grande estrategista do ex-chefe da Casa Civil e foi apenas 'um mito'

O ex-presidente nacional do PT Tarso Genro enviou ontem artigo ao site oficial do partido em que critica duramente o deputado cassado José Dirceu. Segundo Tarso, que foi ministro da Educação no período em que Dirceu chefiava a Casa Civil, a idéia de que o ex-ministro era um grande estrategista no governo foi um 'mito'.

A polêmica entre os dois começou em julho, quando Tarso assumiu o comando nacional do partido depois que José Genoino caiu, derrubado pela crise política. No momento em que foram marcadas as eleições para renovação dos dirigentes, Tarso exigiu que Dirceu deixasse a chapa do Campo Majoritário, tendência dominante entre os petistas que ocupam cargos no governo Lula. Mais tarde, em entrevista concedida após a cassação, Dirceu considerou esta fase como a mais dura enfrentada durante a crise.

No documento, Tarso assegura que, como dirigente, Dirceu coordenou as ações no PT de forma isolada, centralizadora e com baixa capacidade de escuta. Considerou absurda a tentativa de auto-martírio de Dirceu, que, segundo ele, reclamava estar sendo rejeitado. Tarso sustenta que Dirceu deixou de reforçar as decisões coletivas para se dedicar ao grupismo. 'Sinceramente, livrai-nos Senhor, de um 'grande estrategista' que tem a coragem de dizer, depois de tudo isso, frases como as seguintes: 'querem me tirar da fotografia, depois eu que sou stalinista'', aponta o texto.

No artigo, Tarso afirma que Dirceu agia a partir de práticas stalinistas. 'Quem tinha por hábito inventar conspirações para preparar movimentos ofensivos era o velho e conhecido georgiano', comparou, referindo-se ao ditador russo Joseph Stalin, morto em 1953, que ficou famoso por eliminar seus adversários no Partido Comunista.

Segundo Tarso, o ex-chefe da Casa Civil deve responder ao PT por suas falhas como qualquer militante. 'Se ele cometeu violações legais ou estruturais, tudo deve ser apurado. O fundamental, porém, é que o partido supere o tipo de direção unipessoal e mítica que ele representou', ressalta o documento.

A pergunta é: o artigo de Tarso Genro foi censurado no site do PT?

Recado aos Bicudos

Ouço rumores de pizza. Rumores sobre antecipar-se o término das CPIs a fim de que algumas cabeças sejam poupadas.

Atentai, bicudos....atentai. Melhor chegar ao ano eleitoral com o partido pela metade, do que de mãos dadas com o PT.

Façam a devida faxina, entreguem todas as cabeças e ainda terão alguma chance.

A hora é para os corajosos. Quem não se acovardar, elegerá até o bode Zé

Egos engalfinhados.

Está entediado com as notícias de Brasília?

Nota que a crise política está arrefecendo com a proximidade das festas natalinas - e que só será retomada após o recesso parlamentar?

Não se desespere.

Diogo Mainardi e Alberto Dines parecem dispostos a nos garantir alguma dose de adrenalina.

E se alguém tiver paciência me explique, por favor, porque Dines refere-se a si mesmo como "Observador" - assim mesmo, com "O" maiúsculo.

"Não há um clima semelhante ao da Venezuela. Inclusive Paulo Skaf tem tido uma boa relação com Lula."

(Senador Eduardo Suplicy, demolindo a teoria do "golpismo", ao observar o apoio que o presidente tem recebido das lideranças da FIESP).

domingo, 11 de dezembro de 2005

Receita presidencial

Lula ao creme de laranja.

400 g de anéis de lulas

1 colher (sopa) de molho de manteiga

1 colher (sopa) de cebolinhas picadas

1/2 L de creme de leite fresco

1 dente de alho socado

raspas de laranja

2 colheres (sopa) de shoyo

1 erva doce fresca

sal e pimenta a gosto

Derreta a manteiga e doure o alho. A seguir, acrescente tiras finas de erva doce com 1/2 l de creme de leite fresco. Deixe reduzir e coloque as lulas para cozinhar com as raspas de laranja, shoyo, sal e a pimenta. Sirva polvilhado com a cebolinha.

sábado, 10 de dezembro de 2005

A máquina II: o Troféu Lula de Crueldade

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Foto: autoria não identificada

Os empréstimos do Governo Lula aos aposentados do INSS estão suspensos, tendo em vista que colocam os nossos velhinhos e velhinhas em situação de insolvência.

Foram distribuídos cerca de R$ 11 bilhões, desde maio de 2004, nesta modalidade de Empréstimo Consignado, descontado diretamente dos benefícios.

Vejam a armadilha: 4,3 milhões de aposentados pediram o empréstimo até agora, mas o número de operações já sobe para 6,2 milhões. O que significa que o "papagaio"já está sendo renovado pelos nossos velhinhos e velhinhas, num índice que passa de 40%.

Quase 60% dos nossos velhinhos e velhinhas parcelou o seu débito por prazo superior a 30 meses. E mais de 50% dos beneficiários ganha na faixa de um salário mínimo.

A taxa de juros cobrada é altíssima, segundo o Conselho Nacional de Previdência Social. Por isto a suspensão do programa.

Em ano eleitoral, é bom que a oposição ponha as barbas de molho: pode estar vindo aí um programa de anistia para as dívidas. Típica maracutaia petista.

A máquina.

Esta é para aqueles que não entendem quando eu digo que o PT fará uso irrestrito da máquina administrativa nas próximas eleições.

O Tribunal de Contas de União está investigando o envio de 10.657.233 cartas a aposentados e pensionistas às vésperas das eleições municipais de 2004. Assinadas pelo presidente Lula, elas avisavam que os beneficiários passariam a ter acesso a empréstimos consignados na folha.

Obviamente que o período de envio destas cartas não é mero acaso mas, sim, uma clara tentativa de angariar, para o PT, a simpatia de um universo significativo de eleitores - eleitores estes que, diga-se de passagem, estavam extremamente decepcionados com a reforma da Previdência, que fora votada no ano anterior.

De acordo com o TCU, as despesas de postagens foram assumidas pela própria Previdência.

Notem que estamos falando de uma ação presidencial em grande escala - portanto, facilmente identificável. Lembrem, então, daqueles 20.000 cargos públicos que o governo Lula criou através de Medidas Provisórias e me respondam: que tipo de uso da máquina estatal esta gente não fará para manter-se empregada?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

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Praia do Forte/Florianópolis, hoje,19h47min, by Nariz Gelado

Depois de uma sexta-feira em que o presidente predominou na imprensa, nada como a gente lembrar que mora a cinco minutos do paraíso.

Em um lugar qualquer.

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The Last Supper, by Peter Howson

Hoje, em salas fechadas deste país, pequenos grupos confabulam.

Fazem contas, analisam possibilidades, descartam hipóteses e abraçam esperanças.

Os que perderam, nervosos. Os que pensam ter ganho, ansiosos.

Ninguém está indiferente.

Se a eleição fosse hoje, 65% dos paulistanos não votariam em Lula.

Notícia boa para quem quer o melhor para o Brasil.

Principalmente se em alguma das salas onde hoje se confabula, estiverem reunidos homens de bem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

O "x" da questão.

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A pendenga entre a senadora Ideli Salvatti e o procurador da República Celso Antônio Três começou em função de uma campanha de outdoors - realizada logo que o governo Lula aprovou as obras de duplicação da BR-101.

Acima, o leitor conhece, com exclusividade, um dos 389 cartazes que foram colados ao longo daquela rodovia federal. Na chamada principal da peça lemos: " Duplicação da BR-101. É o governo Lula em Santa Catarina."

Segundo o procurador, a senadora teria mandado retirar os outdoors das ruas assim que eclodiu a atual crise política.

Ideli desmente as acusações e diz que a CPI não recebeu qualquer requerimento.

Em entrevista à rádio CBN/Diário, na manhã desta quarta-feira, a senadora Ideli Salvatti disse que o procurador Celso Antônio Três faz ataques pela imprensa, quando deveria processá-la para que ela pudesse se defender.

"Não tenho como responder pela imprensa porque ele (Celso Três) não diz do que eu sou acusada, em processo legal nenhum. Falei com (Osmar) Serraglio e não foi entregue documento nenhum (à CPI dos Bingos). Ele está mentindo, não foi entregue nada ao Serraglio" afirmou a senadora. "Tem algum problema? Me processa, me processa, que eu me defendo", completou ela.

De "Dama dos Dossiês" à Investigada.

A edição de hoje do Diário Catarinense, diz que Ideli Salvatti corre o risco de ser chamada a depor na CPI dos Correios.

Pelo menos é o que pretende o procurador da República Celso Antônio Três, que encaminhou uma representação àquela CPI, pedindo que a senadora seja convocada a fim de explicar a origem do patrimônio adquirido depois de sua eleição. A CPI deverá se pronunciar nas próximas semanas.

Ao que parece, os problemas de Ideli Salvatti começaram com a colagem de 389 outdoors alusivos à duplicação da BR101 - que creditavam, muito equivocadamente, a aprovação da obra à competência do governo Lula e aos esforços da senadora. A propaganda, demagógica até a medula, causou protestos, chamando a atenção do Ministério Público Federal de Tubarão (SC).

Como a lider da tropa de choque governista afirmou ter pago os cartazes com dinheiro do próprio bolso, seguiu-se uma investigação a respeito de seus bens. Na opinião do procurador Celso Antônio Três o caso envolve contratos de publicidade alusivas ao governo federal e deve ser tratado pela CPI dos Correios.

O procurador afirma também que, quando quando eclodiu a atual crise - e a CPI dos Correios foi instalada - , a senadora teria mandado retirar os outdoors das ruas.

A manobra é curiosa, porque lembra aquela outra questão: o requerimento de retirada, em 17 de agosto de 2005, do Projeto de Lei do Senado nº 188, de 2003. O projeto, como já foi dito aqui, ampliava a tipificação dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.

Ao longo desta crise, a senadora Ideli Salvatti tem sido pródiga em apresentar dossiês - sempre com o intuito de arrastar o PSDB e o governo Fernando Henrique para o olho do furacão. Veremos, agora, como ela se comporta quando o dossiê diz respeito à sua pessoa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Ainda sobre pseudônimos.

Às vezes a gente recebe apoio de onde menos espera.

Não sei quem é Axel. Mas já gostei da pessoa.

Numerologia

206 dias de crise.

Três mil reais em propina.

Milhões de dólares em denúncias.

Uma cueca.

Sete defuntos.

Um careca.

Um apostador de rinha.

Um deputado cassado.

Duas caixas de Johnnie Walker.

Uma caixa de Havana Club.

Três bengaladas.

Outro deputado cassado.

Um milhão de reais em camisetas.

Meia tonelada de cocaína.

Arcano 13.

Na numerologia, desapego e renovação.

No tarot, morte e renascimento para algo novo.

Estamos mesmo precisando

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Um partido afônico.

Uma vez que perdeu a bandeira da ética, o PT ameaça adentrar o ano eleitoral sem um discurso consistente que, possa, a exemplo do que aconteceu na campanha de 2002, diluir as diferença entre as muitas facções que compõem o partido e agradar aos simpatizantes. Isto todo mundo já sabe.

Só que, considerando o que se viu nos últimos dias, as lideranças do partido não estão conseguindo encontrar outro discurso além daquele ensaiado no alvorecer desta crise: de que o PT está sendo perseguido pelas "elites" - que, não raro, vem acompanhado daquele que fala de preconceitos em relação às origens humildes do presidente Lula. E a cassação de Dirceu apenas acrescentou um igrediente a mais ao pacote: agora, as carpideiras do ex-ministro todo poderoso falam também em "uma campanha contra o regime de liberdades democráticas".

Não vai colar.

Em janeiro de 2003, exceto por raríssimas exceções, o país babou de satisfação ao ver um ex-operário subir a rampa do Palácio do Planalto. Desde maio de 2005, o povo tem assisitido a um festival de dirigentes petistas desmentir no almoço aquilo que haviam afirmado no café da manhã. E, na semana passada, algumas bengaladas levaram o Brasil verdadeiramente ético ao delírio - de modo que a Câmara dos Deputados decidiu-se, fialmente, por ouvir a voz das ruas.

O PT perdeu, há alguns meses, a única saída capaz de garantir alguma dignidade ao seu discurso eleitoral para o próximo ano: deveria ter promovido uma verdadeira faxina na legenda, expulsando todos os envolvidos na crise.

Ao ignorar que aquele era o momento do "tudo ou nada", o Partido dos Trabalhadores acabou por arriscar as cordas vocais. E, a menos que ocorra alguma grande reviravolta, chegará ao pleito de 2006 sem um discurso convincente. Entrará na campanha presidencial afônico.

domingo, 4 de dezembro de 2005

borboleta.jpg

By Nariz Gelado

"Quanto a mim, quando sinto a mão do poder pesando em minha fronte, pouco me importa saber quem me oprime, e não me sinto mais disposto a enfiar a cabeça debaixo do jugo porque um milhão de braços o oferecem a mim."

(Alexis de Tocqueville)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Pequeno e Letal

Todo mundo sabe que, às vezes, num conjunto de grandes denúncias, as mais definitivas podem vir acondicionadas em pequenos frascos.

Quase perdido em meio ao tsunami de valores espetaculares, o empréstimo de Paulo Okamoto ao presidente Lula poderia parecer, aos marinheiros de primeira viagem, como algo insignificante. Mas alguns - talvez lembrando de um fatídico Fiat Elba - não se deixaram iludir: a CPI dos Bingos acabou chamando Paulo Okamoto para depor.

Diante do depoimento - considerado insatisfatório pela maioria daqueles o presenciaram -, era de se esperar que fosse encaminhada a quebra do sigilo bancário de Okamoto. No mínimo porque a origem de 29,4 mil reais não é algo difícil de ser identificado em uma conta pessoal. Logo, é um pouco incompreensível que não se tenha solicitado tal coisa. Aliás, é curioso que próprio Okamoto não tenha se apressado em abrir, espontaneamente, seu sigilo bancário - o que o livraria, de imediato, de qualquer suspeita.

Contudo, parece que a ordem do dia em relação a este caso é embaralhar as peças do jogo. Pelo menos é isso que eu deduzo quando leio, no Painel da Folha, que alguém no Supremo recomendou a Okamoto que peça para que seu depoimento seja desconsiderado, sob a alegação de que ele foge ao objeto de investigação daquela CPI.

Se emplacar, a estratégia acabará por deixar a CPI dos Bingos de mãos amarradas em relação a outros depoentes importantes como, por exemplo Gilberto Carvalho.

Mas, seja ou não vitoriosa, a manobra evidencia que há algo de muito letal no pequeno frasco de Okamoto.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

50 mil

Hoje pela manhã, este blog atingiu a marca de 50 mil visitas desde sua inauguração, em março de 2003.

Hora de lembrar, então, de gente muito bacana que tem aparecido por aqui.

Amigos da primeira hora - como o Cláudio, a Lele, o Flamarion, o Jorge Nobre, o Nemerson e o Carl -, que tiveram paciência suficiente para aguardar que eu começasse a entender o que é um blog.

Há também os mestres. Em especial Ruy, César e Nibelunga - cujo humor sofisticado valeu-me por iniciação.

Ao meu amado Coronel, agradeço as sugestões de pauta, sopradas, todas as manhãs, entre um beijo e um gole de café.

Mas é significativo que, destas mais de 50 mil visitas, cerca de 29.000 tenham ocorrido a partir de agosto deste ano - quando este blog, no embalo da atual crise política, começou a marcar uma média que ultrapassa as 7.000 visitas mensais.

Nisso devo reconhecer as graças concedidas pelo santo padroeiro deste blog. Tal qual Santo Antônio, ele às vezes precisa ser colocado de cabeça para baixo, no freezer, pra se comportar. Mas aprendi a gostar dele mesmo assim.

Chegaram, pois, mais leitores. Muitos deles se tornaram amigos valiosos, com quem dividido momentos impagáveis lá na Sala de Justiça. Soube, Kika, Mãe da Sofia, Sergio, Cristal, Marcos, Fora Lulla, Hagg, Lorenza, Aline e Artemus: é muito bom caminhar com vocês.

E como sei que vou acabar esquecendo alguém pelo caminho, termino este post agradecendo a preferência daqueles que, comentando ou não, passam por aqui para ler o que penso. Nada é mais valioso do que uma boa companhia.