quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Quem não te conhece que te compre.

"Quem tratou de maneira mais correta e republicana os movimentos sociais, sejam eles de empresários ou de trabalhadores?"

A frase acima integra o artigo de Tarso Genro para a edição de hoje da Folha de São Paulo. Ensaiando uma análise da atual crise política - ao mesmo tempo em que tenta sugerir,ao PT, uma estratégia de debate para a futura campanha presidencial - Genro busca evidenciar pontos positivos que, devidamente explorados, podem levar Lula à reeleição.

Embora se esforce para manter um tom moderado, o ex-ministro da Educação derrapa na ladainha que tem perpassado todo o discurso petista desde que eclodiram os primeiros escândalos de corrupção no governo Lula: acusar a imprensa de golpismo - esta imprensa que, segundo ele, "é predominantemente apoiadora do PSDB ou do PFL".

Eu sei que acabo batendo sempre na mesma tecla. Mas é impossível não fazê-lo quando o outro lado insiste em repetir à exaustão, um mesmo e falso argumento - como se isto pudesse transformá-lo em verdade. Basta ler os jornais de 2003 para ver que a maior parte da imprensa esteve em lua de mel com Lula e com o PT. O problema é que a imprensa não é partido - e não pode se negar a investigar e divulgar determinados fatos simplesmente porque eles são desfavoráveis ao governo.

Não que o governo não tenha tentado tal façanha.

Lembrem-se da tentativa de expulsar o jornalista norte-americano que escreveu sobre os hábitos etílicos do presidente. Recordem o empenho em nos fazer engolir o Conselho de Jornalismo. Busquem na memória a reação agressiva do presidente que, ao ver fracassada esta última tentativa, chamou aos jornalistas de "covardes".

Daí me respondam se podemos confiar na "maneira correta e republicana" de Tarso Genro.

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