segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Ossos do ofício

Deve ser terrível perder um filho em uma guerra - seja ela justa ou injusta. Mas ser convocado para o front é algo inerente à carreira militar. Morrer em combate é algo sempre presente na vida de um soldado - assim como o é na vida dos policiais.

Enfim, há profissões de alto risco - e não me parece que alguém opte por uma carreira destas sem ter plena consciência dos perigos a que estará exposto.

No caso específico do exército americano, os riscos vêm acompanhados de vantagens sedutoras - principalmente para jovens latino-americanos, filhos de famílias que chegaram ilegalmente aos EUA em busca de uma vida melhor. Cidadania americana, financiamentos facilitados para casa própria, auxílio para estudos, assistência médica e bônus por convocação, são algumas destas vantagens.

Nos próximos dias, a mídia será pródiga em chorar o brasileiro Felipe Carvalho Barbosa, que morreu no Iraque, a serviço do exército americano, no último sábado. É bem provável que ele seja, agora, guindado à categoria de símbolo nacional contra a violência da guerra. É o que a mídia sempre faz.

Até o final desta semana - utilizando-se, sem pudores, da dor familiar -, a imprensa terá construído a imagem de um inocente, que deixou-se iludir por castelos de areia.

Não sei de vocês...Mas, na minha opinião, menosprezar a inteligência de alguém não me parece ser uma boa forma de honrar sua memória.

8 comentários:

Filemon WildWood disse...

Ir aos EUA, ficar nos EUA, ser dos EUA, é opção. E as guerras locais. com bala e sem bala? Moral é lama. Vergonha é obscenidade. Profissão é lucro. Saúde é endemia-epidemia. Educação é "a mãe" (ou o "dedão"). Cultura é plantação. Segurança é o cemitério. Roupa, alimento e transporte, salve-se quem puder. À família o respeito e a solidariedade. O País está matando o povo (sai porque aqui não tem saída), é um holocausto. Já passou de Sodoma e Gomorra (não tinha a moça lá ajeitando outras para os moços? A da agenda?). Um País de tantas (precisa mais) Universidades parece um "escola" de libertinagem e mercenários. O povo é bom, tem muita gente boa. Poucos desmantelam tudo. Tem até Estado paralelo... Só milagre.

Jorge Nobre disse...

É. Se algum policial morre, então por isso deveriamos parar de combater o crime?

O Felipe Carvalho Barbosa merece nosso respeito. Tanto quanto os policiais que morreram tentando combater o crime.

aa disse...

Sao ossos do oficio. Se tivesse ficado no Brasil e pleitiado a policial, nem beneficios teria. Nem manchete tbem. Pobre Brasil...

Ruy disse...

Nariz, não tem nada a ver com o assunto do post -mas você viu que o Nelson Jobim bloqueou o acesso da CPI dos Bingos aos dados da quebra de sigilos do Paulo Okamotto, grande e velho amiguo do barbudo-mor? O tema me parece de colher para você. :) Beijos.

(N.G.: Vi sim,Ruy. Estou na maior correria aqui hoje. Mas amanhã eu cobro esta conta. Um beijo.)

MOITA disse...

Nariz

De tudo isso, o que mais abomino é essa mania de polícia do mundo que entrou na cabeça do norte-americano.
Não só na do Presidente, eu disse do americano, a maioria, dos cidadãos de lá, acham que devem exercer esse papel.

( N.G.: Moita, discordo de você....a "mania de polícia do mundo" pode até ter entrado na cabeça dos americanos. Mas, durante muito tempo, esta mania serviu e foi estimulada pela Europa ocidental - que hoje posa de pacifista.Um beijo.)

Cristal 53 disse...

Meu respeito e oração a Felipe Carvalho Barbosa.

Dom Quixote disse...

Puxa, Nariz, estava angustiado porque não conseguia ler o seu blog no novo endereço. Agora consegui, e vou voltar sempre. Siga em frente, como diria um amigo meu, até porque quem anda para trás é caranguejo. Beijos do Quixote.

Jorge Nobre disse...

Bem, Moita, os EUA se arrogam a polícia do mundo, mas não acho que seja uma "mania" e sim uma necessidade: É preciso evitar outro 11 de Setembro.

Se concordamos que é preciso evitar outro 11 de Setembro, então estamos começando bem.

Dito isso, eu acho que o Bush fez e faz muitas besteiras, em primeiro lugar porque é dificil saber como evitar um outro 11 de Setembro; e em segundo lugar porque seus antecessores fizeram besteira demais, antes dele; e finalmente porque o resto do mundo não colabora muito.