sábado, 28 de janeiro de 2006

Uma ode ao egoísmo.

Um conselho: nunca, jamais, invista o melhor de você em qualquer coisa que não seja você mesmo. Pouco importa se o beneficiário é outra pessoa, o clube da esquina ou a nação inteira.

Não vale a pena. Quem planta o melhor de si pensando em outrem, acaba colhendo decepção. Isto porque a gente nunca recebe retorno na mesma medida.

E é bom esquecer aquela ladainha judaico-cristã de que "devemos dar o melhor de nós mesmos sem esperar nada em troca". Só há três tipos de pessoas que aderem a esta vã filosofia: os mentirosos, os masoquistas e os burros.

Em qualquer área da vida, quem se dedica deve esperar recompensa. É saudável que espere. É questão de amor próprio aguardar benesses que correspondam à dedicação dispensada para este ou aquele aspecto das nossas vidas.

Contudo - e prestem especial atenção neste ponto -, se você se dedicar por inteiro a alguma coisa que não seja do seu único e exclusivo interesse, dificilmente a recompensa virá à altura. Se você despejar o balde todo da dedicação, de uma única vez, nenhum retorno jamais será suficiente. E, no minuto seguinte, lá estará você, apontando o dedo para os outros para acusá-los de ingratidão.

Não se engane. A culpa não é dos outros. Eles estão certos. Errado é você que se entregou por inteiro a assuntos alheios.

Seja, portanto, modesto na dedicação a causas externas. Doe-se a conta-gotas. Dê um pouquinho de cada vez. E jamais, por favor, despeje todo o balde de uma vez só. Primeiro, porque ninguém é bom o suficiente para merecer tanto. Segundo, porque você não vai receber o mesmo em troca.


10 comentários:

Débora disse...

Você está distribuindo gratúitamente uma ode ao egoísmo?
Será que você não está sendo altruista?
Por que não ficou com ela prá você?
Assim você está ajudando ao próximo, e não vai receber nada em troca.

Marcos disse...

Muito bem! Acaba de lançar o manifesto ideal do homem ocidental do século 21. Ainda prefiro investir minha confiança, meu trabalho e minha esperança tanto em mim quanto no vizinho. A vida não é feita só de felicidade e recompensas.

Peregrino disse...

Nariz Gelado,

Minha percepção disso tudo é que os seres humanos, como todo animal, somos utiltaristas por natureza. Mesmo quando praticamos o que convencionou-se chamar de "boas ações", estamos esperando algum tipo de recompensa, seja em forma de afeto, seja em forma de bem-estar do receptor da boa ação. Neste aspecto, a boa ação nada mais é do que um ato de puro egoismo (na verdade já houve que afirmasse que o amor é o sentimento mais egoista que existe).

E agora, o que vale mais: individualismo ou cooperação? Adam Smith ou Jonh Nash?

WILSON disse...

PERFEITO , NUNCA UMA VERDADE FOI TÃO VERDADEIRA...

Aluizio Amorim disse...

O egoísmo, por pardoxal que possa parecer, é um dos componentes importantes para nos manter vivos. Isto fica muito evidentemente na predominância da usura na economia dos afetos. Mesmo assim, isto não quer dizer que deveremos ser insensíveis.

Aluízio Amorim
http://oquepensaaluizio.zip.net

catherina disse...

NG,

Uau!

Obrigada por resumir em poucas linhas o pensamento de todos nós.

Adelice disse...

Bem Ayn Randiano este seu texto. Mas o pior que eu tenho que concordar com ele.

Saint-Clair disse...

Obrigado Nariz, vc resumiu magistralmente a lição que preciso aprender, e com urgência. É que ainda nesta semana sobrou o amargo troco de mais um ajudado no plano pessoal. Experiência que muito bem serve para o plano geral, profissional, político etc. Copiei para colar em vários pontos e lembrar-me sempre de tudo isso!

Ana C. disse...

Excelente texto! Traduziu o que eu penso tambem.

Ma Eliza disse...

Por mais paradoxal que pode parecer, vc está correto. Até acredito do dar sem esperar nada em troca, mas excepcionalmente, pois a maioria das pessoas que se doam, de forma integral, esperam reciprocidade. É humano e me parece normal. Anormal é quem recebe e nada dá! E mais, dar sem medidas e limites é realmente uma grande burrice, que nunca vai ser valorizada, aí meu irmão, a decepção é grande e teremos de ter cuidados com as seqüelas.