segunda-feira, 27 de março de 2006

Mainardi mente e eu sou uma anta.

Ou: de como fui salva por uma goiabada.

Só não atearei fogo às vestes por que não faz o meu feitio - e porque, vamos combinar, um Prada não merece isso.

Diogo Mainardi mentiu e eu embarquei.

No que diz respeito à Folha, na semana passada, o nome de Marcelo Netto apareceu em duas matérias como um dos suspeitos de terem passado as informações da CEF para a revista Época. Os assinantes da Folha podem conferir nos links abaixo:

Matéria de Marta Salomon e Adriano Ceolin no dia 22 de março de 2006.

Coluna da Mônica Bergamo em 23 de março de 2006

Agradeço ao Ruy que, de passagem por aqui, tratou de me dar uma bela goiabada na orelha (vejam nos comments do post abaixo).

18 comentários:

Ruy disse...

Goiabada na orelha nada, Nariz. Não se faz isso com uma dama, ainda mais como você. :)

Breaking news, aliás: Paloffi acaba de pedir seu "afastamento". Ao que parece, não é demissão -manobra para que, como "ministro licenciado", ele mantenha foro privilegiado ao responder a acusações na Justiça. Mais em breve. Beijão.

Ruy, de plantão :) disse...

Ah, e o Mattoso, da CEF, depôs na PF e entregou o agora ex-ministro. Disse que foi o Paloffi mesmo que ordenou a quebra ilegal do sigilo do caseiro. Haja "foro privilegiado" para essa gente se esconder.

(N.G.: Acho que "foro" não dá mais conta, Ruy...tem que ser furo, buraco, cavidade, depressão, etc. Obrigadíssimo pelo plantão. :-))

Marcos C. disse...

NG o Ruy deve concordar que a imprensa pegou leve com o Marcelo Neto, levíssimo.

Jorge Nobre disse...

Mentiu? Bom, foi leviano: Ele não lê a folha.

Mas o fato dele ter dado o nome de Marcelo Netto o destaque necessário o redime, para mim.

Carl Amorim disse...

Ai NAriz,

Cuidado com certos jornalistas, o Mainardi é uma besta quadrada de bom tamanho, quer passar imgem de contra corrente, desaforado, gerador de polêmica, mas para cada um bola dentro, umas duas dúzias vão parar fora do estádio.

Beijos

Ruy disse...

Mais plantão: a história do "foro privilegiado", parece, não foi confirmada. Se for assim, Paloffi precisará de um ótimo advogado. Mattoso também caiu.

Marcos: olhe, pode ser. Por curiosidade, folheei com mais atenção as edições do Estadão da mesma época em que saíram as matérias da Folha que a Nariz lincou. Posso ter perdido alguma coisa, mas não encontrei menções explícitas ao Marcelo Netto (que deve cair também, com toda a tchurma do Palocci). Talvez Mainardi não tenha mentido, mas pelo visto só lê o Estadão. :) Abraços gerais.

Burke disse...

Espera aí, NG, como assim, mentiu? Ele disse que a imprensa SABIA quem tinha passado (para ela própria, imprensa) os dados sigilosos. Era possível não saber, se os dados foram passados para ela mesma? Ee eu sei quem é o culpado, e me limito a apontá-lo como suspeito (entre outros, portanto), não estou mentindo? E não estou comprometendo pessoas inocentes?

Você acredita mesmo ser possível que apenas o Mainardi soubesse (não suspeitasse, mas SOUBESSE) quem tinha passado as informações (que, certamente, não foram passadas para ele)?

O Ruy que me desculpe, mas a imprensa foi cúmplice do Lulla e, a meu ver, continua sendo.

Artur disse...

Nariz,
Como sempre, corro o risco deste comentário ser remetido à lata de lixo. E vc pode obter a enorme vantagem de me ver desistir de achar que seu blog admite um pouco mais de contraditório que as louvações dos iguais.
Todas as poucas vezes que comentei aqui foi para tentar apontar que as 'verdades publicadas' têm tanto valor relativo quanto notas de R$ 3.
Méritos ao Ruy por alertá-la, também, disso. Porém, se deixando de lado o sectarismo, vc passasse os olhos pelo Observatório da Imprensa teria lido matéria de Mauro Malin no mesmo sentido.
Não se trata de discutir primazias, mas de convidá-la a romper o mesmo cerco apparatchik de que nós, de esquerda, tanto somos acusados; a ler, cum granum salis, tanto o MSM como a Caros Amigos, a Primeira Leitura ou a Carta Maior.
Vc só errou feio, como o fez e reconhece, por apriorismo. Se o escriba é antiesquerda, para vc é bom.
A minha "turma" já achou isso do Jorge Amado cometendo "Subterrâneos da Liberdade" e o "Cavaleiro da Esperança"... Até cantam Bono Vox... :>)


(N.G.: Você comete, comigo, o mesmo erro que a sua turma: pensar que o que é antiesquerda me serve pelo simples fato de sê-lo. Meu erro foi não confirmar a informação. Apenas isso. De resto, continuo, como o Mainardi, querendo derrubar o Lula. Mas só tem graça se for serm sair de casa. Seu comentário foi liberado porque não traz aquela virulência costumaz..Não abuse.)

Ruy disse...

"Era possível não saber, se os dados foram passados para ela [a imprensa] mesma?"

Burke, não confunda as coisas. Os dados da quebra de sigilo do caseiro Nildo foram passados APENAS à revista "Época". Você fala da "imprensa" como se fosse uma coisa só, monolítica, sem veículos concorrentes e sem informações que alguns têm e outros não.

"Época" não é toda a imprensa, graças a Deus. Só depois "Veja" e todos os outros veículos souberam da história e do envolvimento do Marcelo Netto. Abraços e, se seu nickname tem a ver com o Edmund (como presumo), parabéns por ele.

Sharp Randon disse...

Só vivendo às custas do Blog. Informação em tempo real é um bicho high-tec full time. Não é à toa que alguns apaixonados hobbistas viciam e acabam caindo de cama. Mas, é um progresso bendito.

(N.G.: Não entendi, Sharp. Vivo às custas de ministrar aulas. O blog aqui é amador. Nao me garante um tostão furado.)

Ruy disse...

Adendos: na coluna do fim de semana, o Mainardi apenas amplificou o que a Folha já publicara quatro ou cinco dias antes (e seus leitores, eu inclusive, já sabiam, portanto). E, se o Marcelo Netto é tratado como "suspeito", mesmo com todas as evidências que apontam para ele, trata-se de simples precaução judicial, que quem não é do meio desconhece: "culpados", só após condenação pela Justiça. Até que isso aconteça, Fulano tem de ser tratado como "acusado de" cometer tal crime. Mainardi, claro, não liga para isso -mas procure perguntar a ele quantos processos tem nas costas. Mais amplexos.

Angelo da CIA disse...

Nariz e Ruy:

Mainardi não foi leviano. O que ele fez foi demonstrar sim que a imprensa, em sua maioria, foi corporativista e tirou da reta os seus. A Folha falou de Marcelo Netto? Sim, mas com cautela excessiva. Digamos que a Folha, em corporativismo, fez como os deputados que fugiram do plenário para não votar "sim" pela cassação dos mensaleiros.
O que você escreveu anteriormente estava coberto de razão: Se a mídia ( aí incluindo o ótimo jornalismo da Band que, juntamente com as revistas semanais e os jornalões, ainda investe em jornalismo investigativo ) quisesse, tinha um ótimo ponto inicial para descobrir quem quebrou o sigilo. Bastava partir de Marcelo Netto. As Organizações Globo, aliás, tinham posição privilegiada na levantação de informações, pois sabia quem foi o vazador da informação, bastava escalar a pirâmide. Mas, como ficou claro, em troca do furo( que no fim, mostrou-se mesmo um barco furado ), as Organizações Globo acompanharam à distância o desenrolar das investigações

Angelo da CIA disse...

Outro comentário sobre a coluna de Mainardi. O que ele levanta lá é que, de fato, houveram dois crimes: Um, a violação do sigilo bancário do caseiro. O outro, o vazamento da informação.

O segundo crime, no fim das contas, foi louvável. Pois ele escancarou o aparelho petista e suas armações ilimitadas. Trouxe à tona o total desrespeito do partido às instituições, às liberdades individuais, à Constituição. Tivesse o Marcelo Netto agido de forma responsável, ou seja, segurado a informação por perceber se tratar de um crime, o país não estaria agora assistindo um ministro fujão e com o rabo entre as pernas, correndo o risco de ouvir um "Teje preso", como bem disse o Noblat.

Só para voltar ao tema principal, destaco a parte mais importante do referido artigo de Mainardi:"(...)Marcelo Netto tem de ser investigado a fundo. Ele pode explicar a origem dos dados sigilosos sobre o caseiro. Ele pode explicar quando Lula foi informado sobre o caso, se antes ou depois de ser veiculado pela imprensa. Ele pode explicar, por fim, o caminho que o extrato bancário tomou a partir do momento em que foi parar em suas mãos. (...)"

Relendo este trecho, há como discordar do acerto de Mainardi?

(N.G.: Oi, Angelo. Gosto do Mainardi em algumas coisas - outras nem tanto. Mas a questão que se discute aqui é que ele afirmou, erronemamente, que ninguém na imprensa citara o Netto - e eu embarquei sem verificar a informação. Só isso.)

Burke disse...

Caro Ruy:

você tem razão; eu ando meio que tendendo a generalizar. Mas você há de admitir que, se a imprensa tivesse sido, oportunamente, pelo menos um pouco exigente com o Lulla (digamos: um décimo da exigência que tem mostrado com as bobagens de nosso astronauta) muita coisa teria sido evitada. Ou será que só eu (que nem jornalista sou) sabia das falcatruas da Ângela Guadagnin em São José dos Campos? E, para variar, não foi a imprensa quem investigou: foi um petista (o Paulo de Tarso) quem denunciou. E, se hoje a coisa está como está, é graças ao Roberto Jefferson: é impossível que ninguém conhecesse o esquema de arrecadação, que já existia há anos. -

A verdade é que, depois que a coisa surgiu, não há mais como esconder. Aí, sim, começaram as investigações; e competentes muitos são, sem dúvida. Antes, havia vozes isoladas (inclusive dentre a esquerda) que denunciavam o PT; mas eram isoladas. -

No mais, espero que tenha servido de lição para gente como o Clóvis Rossi, por exemplo, hoje todo indignado mas até há pouco tempo de olhos vendados. Reconheço que os jornalistas são bem melhores que meu colegas professores universitários (sou, entre outras coisas, professor): está aí a Chauí que continua como se nada tivesse acontecido. -

Meu nick é homenagem ao Edmund, sim. Gosto de ler coisas boas (inclusive o seu blog). (Desculpem. você e a NG, o tamanho do post.)

Ruy disse...

Caro Angelo, já venceu a validade de quase tudo o que você chama de "parte mais importante" do artigo do Mainardi. É só ler os jornais de hoje. Veja:

"Marcelo Netto tem de ser investigado a fundo. Ele pode explicar a origem dos dados sigilosos sobre o caseiro."

O Jorge Mattoso, presidente da CEF, depôs na PF ontem e entregou o Palocci. Admitiu que quebrou o sigilo do caseiro e levou ao ministro os dados. Saiu da Polícia Federal indiciado e, logo depois, se demitiu da presidência da Caixa. Se um "peixe grande" já entregou a origem dos dados sigilosos, investigar o Marcelo Netto -que, aliás, também caiu- será apenas complementar.

"Ele pode explicar quando Lula foi informado sobre o caso, se antes ou depois de ser veiculado pela imprensa."

A história foi veiculada por um blogue montado pela "Época" numa sexta-feira. A quebra do sigilo, já se sabe, ocorreu no dia anterior à noite. Aqui, OK: também tenho interesse em saber se Lula teve ciência disso já na quinta. O discurso do governo, obviamente, será o de que ele "só soube após a imprensa divulgar".

"Ele pode explicar, por fim, o caminho que o extrato bancário tomou a partir do momento em que foi parar em suas mãos."

Ué, não entendi esse pedaço do Diogo. Como ele mesmo diz, "o caminho que o extrato tomou", a partir das mãos do Marcelo Netto, foi a redação da "Época", que serviu de instrumento ao governo (shame on them). A partir das mãos do Mattoso, o caminho foi o Palocci -que também deve ser indiciado pela PF (vide o blogue do Josias de Souza) e corre sério risco de ser preso por causa das falcatruas lá em Ribeirão.

Abraços gerais. E, Burke, grato pelos elogios. I'm not worhty. ;)

Marcos C. disse...

Valeu Ruy, não queria te dar o trabalho de folhear o Estadão.
Não penso que o Mainardi tenha tido a intenção de mentir, mas chamar atenção para o fato, até então pouco explorado e noticiado.

Sharp Randon disse...

Na pressa também postamos sem ler. Completo, agora, sucinto: É preciso tempo integral para checar outras fontes e cometer menos equívocos. Em regime de exclusividade profissional as chances errar menos são melhores. Antes de comentar aqui (agradeço a hospitalidade) li suas publicações. Compartilho sua opinião sobre pseudônimos.

Dina Cadilina disse...

Diogo nao dá ponto sem nó. Com certeza ele quiz mandar alguma dica dos bastidores...
Nao se sinta mal com o acontecido.
Vamos dar tempo ao tempo, com certeza o Mainard tem algum trunfo...
Vc nao foi goiaba ou bicho de goiaba no lance, com certeza tem algo mais.
O Diogo nao é besta de falar do q nao sabe.