segunda-feira, 31 de julho de 2006

ninguem.JPG

Romane

O tom da campanha

Duas notícias do final de semana me fazem concluir que o PT está de marketeiro novo.

José Genoino - aquele que assinou os empréstimos com Marcos Valério sem ler e sem jamais ter ouvido falar do Careca - retorna das sombras para dizer que o governo Lula está enfrentando uma guerra armada por determinados setores da mídia.

Já o presidente, discursando em Florianópolis neste final de semana, referiu-se diversas vezes ao "ódio" dos adversários à sua gestão, pedindo aos petistas que levantem a cabeça e reajam aos "desaforados" da oposição - oposição esta que, na análise do presidente, estaria desesperada.

Conclui-se, pois, que aconteceu o improvável: João Santana foi substituído por Marilena Chaui.

Daqui para frente, a campanha petista será um mar de lágrimas e silêncios. As lágrimas já são um hábito. Os silêncios, fique bem claro, é só para quando alguém lhes exigir explicações de cunho ético.

sábado, 29 de julho de 2006

Ele sabe

E na coluna Radar da Veja lemos:

"Lula impôs uma condição para participar de entrevistas ao vivo em TV e rádio: só pode ser feita uma pergunta sobre casos de corrupção em seu governo. E, mesmo assim, tem de ser genérica, sem citar o nome de companheiros petistas envolvidos em escândalos. Até agora todas as emissoras aceitaram a restrição"."

Desde que assumiu a presidência, Lula só falou com a imprensa sob condições. O presidente - que, quando viu-se contrariado em sua tentativa de aprovar aquele famigerado "Conselho" chamou aos jornalistas de covardes - conhece suas próprias fraquezas. Se não é possível afirmar que ele sabia do que se passava no tal núcleo duro de seu governo, nao há dúvidas de que ele sabe muito bem onde o sapato aperta.

Lula está, portanto, na dele. Evita fornecer munição aos inimigos.

É a imprensa que, ao aceitar tantas condições, está fazendo corpo mole. E não é de hoje.

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Dos vícios

Da coluna Painel na Folha de São Paulo de hoje:

"Em obras. Segundo piada que circula em Brasília, Lula inaugurou mais uma obra inacabada. Ontem, no QG de sua campanha, os telefones não funcionavam, houve pequenos "apagões" e pintores de paredes ainda dividiam espaço com os funcionários."

Este governo tem mesmo uma disposição natural - ou uma tendência específica, como queiram - para fazer grandes estardalhaços e incensar coisas absolutamente corriqueiras ou que não funcionam bem. De um modo geral, Lula sempre fala de si e de seu governo como únicos e exclusivos - e não raro justifica tal exclusividade remetendo-se a era cabralina.

Dentre as coisas não mereceriam destaque, posto que são uma continuidade de programas do governo FHC, temos a política econômica e o Bolsa Família - na verdade, este último é apenas a reunião, sob um mesmo guarda-chuva, de vários programas sociais implantados no governo anterior. Dentre os fiascos - que, a exemplo da inauguração do QG de campanha em Brasília ou das inúmeras inaugurações de "pedras fundamentais", jamais deveriam ser incensados - temos o Fome Zero.

Ou seja: um dos maiores vícios deste governo é alardear virtudes inexistentes.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Agora ele não quer falar

Aconteceu o esperado: Lula não vai aos debates - pelo menos, não aos debates do primeiro turno.

Ele está, vocês me dirão, usando do mesmo direito já utilizado por Fernando Henrique Cardoso.


Verdade.


Acontece que eu fiquei me lembrando daqueles programas durante a campanha de 2002, quando um Lula sorridente - todo "paz e amor" - foi colocado no centro de um auditório, respondendo perguntas e debatendo os principais pontos de seu suposto programa programa de governo - uma fantasia, claro - com "pessoas do povo".

Há, sem dúvida alguma, uma diferença muito grande entre aquele Lula by Duda e este outro, que assumiu em janeiro de 2003, e com o qual temos convivido. Este relutou durante todo o seu governo em dar entrevistas coletivas. Também só aceitou ir ao Roda Viva mediante a transformação do programa em Roda Morta.

Sei não...Eu acho que os eleitores de Lula vão estranhar esta mudança. "Cadê o falastrão?", perguntarão eles.

"Acovardou-se" será a resposta da oposição.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Não fui raptada, nem o blog foi atacado pela petralha, nem o Pomar me enquadrou.

Ocorre que nas próximas 24 horas estarei viajando.

Não sei como irão funcionar minhas conexões - o que significa admitir que só Deus sabe quando eu poderei postar ou liberar comentários.

Comportem-se na minha ausência.

terça-feira, 25 de julho de 2006

Os números do Jornal Nacional

A pesquisa IBOPE, de acordo com o Jornal Nacional:

Lula - cai de 48% para 44%

Geraldo Alckmin - sobe de 19% para 27%

Heloisa Helena (PSol) - sobe de 6% para 8%

Cristovam Buarque (PDT) - 1%

José Maria Eymael (PSDC) - 1%

Brancos e Nulos - 9%

Indecisos - 9%

O IBOPE diz que é tecnicamente inviável comparar pesquisa divulgada hoje com a anterior porque houve redefinição das candidaturas.

Bobagem. O fato é que Lula cai e Alckmin sobe.

Já é tendência.

Daqui para frente, só vai.

Segundo turno

A serem confirmados, agora à noite, os números da pesquisa IBOPE antecipados por Ricardo Noblat, o segundo turno já está garantido.

Acompanhem:

Lula - cai de 48% para 41%

Geraldo Alckmin - sobe de 19% para 30%

Heloisa Helena - sobe de 6% para 10%

Como é provável que os demais candidatos tenha subido um pouco também, já podemos considerar o segundo turno.

A notícia melhor, porém, quem recebeu mesmo foi Geraldo Alckmin. José Serra, na eleição anterior, a esta altura da campanha, tinha cerca de 22%.

Fogo amigo

Quem lê a sabatina da Folha com Eduardo Suplicy não tem a menor dúvida de que o PT vai dar nota zero para o senador. É que na tentativa de se descolar dos escândalos que envolvem seu partido, Suplicy acaba fazendo aquilo que nem Roberto Jefferson, no auge fenomênico daqueles instintos primitivos, arriscou fazer: comprometer o presidente Lula.

Lá está o senador- assim, sabem, com aquele jeitinho de sempre? - dizendo que o Lula sabia do mensalão. A única dúvida de Eduardo Suplicy diz respeito ao quanto Lula sabia: "Qual o grau de extensão que ele sabia é justamente isso que eu gostaria e ele pudesse nos transmitir, e da forma mais aberta e transparente", diz o pai do Supla.

E tem mais: o senador quer o presidente Lula fale francamente sobre a questão da Gamecorp e acha que as explicações fornecidas por José Dirceu - e, de um modo geral, pelos petistas envolvidos naquela denúncia do Procurador Geral da República - carecem de esclarecimento.

Agora é só esperar até o final do dia, para ver qual será a declaração pouco amistosa que Ricardo Berzoini vai disparar contra Suplicy - o atual presidente do PT tem sido mordaz ao censurar publicamente petistas que se dedicam a um fogo amigo.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Disparado o primeiro tiro naquela "guerra suja"

Se você já recebeu o IOMC - o boletim do ex-blog de Cesar Maia - de hoje, deve ter se dado conta de que o sistema do prefeito foi invadido por hackers. É o que se conclui já que a edição de hoje chega repleta de denúncias contra o próprio Maia.

Não sou fã de carteirinha do Cesar Maia e seu boletim. Também não sei se as denúncias que aparecem na edição de hoje devem ou não receber algum crédito. Mas não é por isso que vou compacturar com ações criminosas que incluem invasão de servidor e roubo de cadastro.

Ao que parece, quem realizou tal façanha está levemente desinformado. Nossas delegacias especializadas em cyber-crimes estão mais bem preparadas do que muita gente imagina.

O fato é que aquela prometida "guerra suja" acaba de sair da esfera das ameaças para tornar-se lamentavelmente concreta.

Tentem adivinhar de onde veio o primeiro tiro.

Marcola não gosta de Geraldo Alckmin

Mais um motivo para eu gostar de Alckmin: Marcola não gosta dele.

Pelo menos é o que se deduz quando se lê a matéria de Luciana Nunes Leal para o Estadão de hoje.

Luciana se debruçou sobre o depoimento que o bandido Marcos Camacho, acusado de ser a liderança máxima do PCC, prestou à CPI do Tráfico de Armas, no dia 8 de junho último.

Durante o depoimento, Marcola deixou muito claro que está em eterna mágoa com o ex-governador de São Paulo, agora candidato a presidente. Motivo: Alckmin jamais se sujeitou a tratar Marcos Camacho e sua gangue à pão-de-ló. Ao contrário: tratou-os como criminosos - que é o que eles são.

A esta altura, estou quase arriscando um drummondiano. Vocês sabem:

Para a quadrilha

NG odiava Marcola, que odiava Alckmin,

que não odiava ninguém.

NG foi vingar-se nas urnas, Marcola mofou na cadeia,

Alckmin se elegeu presidente

e agora vai entrar para a história.

Ps: ficou horrível, eu sei. Mas vocês é que insistem em vir aqui.

Ps do Ps.: Faz tempo que este depoimento de Marcola está disponível na web. Clique aqui.

domingo, 23 de julho de 2006

Atendendo a pedidos

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Annika Irmler, record feminino em comprimento de língua.

Já que o presidente inaugurou a campanha solicitando que a oposição meça sua língua, apresentamos a bela Annika Irmler.

Pasme, presidente: são sete centímetros a serviço do paladar, da mastigação, da deglutição e - eis o perigo! - da produção de sons.

sábado, 22 de julho de 2006

Deus não mata, mas achata.

Neste último ano, muito considerei esta hipótese - embora eu deva confessar que, na maior parte das vezes, o fiz apenas para irritar os interlocutores petistas. Não foram poucas as ocasiões em que eu acusei o sumiço dos adesivos, botons e bandeiras petistas nas ruas das capitais. E, galhofa pura, cansei de desafiar a militância a ir dar um passeio trajando a camisa e portando a bandeira do PT.

Pois na coluna Radar da Veja que chega hoje às bancas, sob o título Estrela Cadente, lemos a seguinte nota:

"João Santana, marqueteiro da campanha reeleitoral de Lula, aconselhou todos os candidatos do PT a governador a esconder os símbolos do partido. Os programas de TV devem abusar da figura do presidente e deixar de lado estrelas e bandeiras vermelhas, imagens que boa parte do eleitorado agora associa à corrupção. A campanha de Lula, inclusive, usará mais o azul e o amarelo, cores que remetem à bandeira do Brasil, do que o vermelho."

A justiça - seja a dos homens ou a divina - nos tem falhado sob muitos aspectos. Mas hoje ela definitivamente se fez. Nada pode ser mais triste à militância do que se ver desprovida dos símbolos máximos de sua adoração. Nada pode lhe ser mais sinalizador da derrocada, do que ver aquela estrela vermelha perder todo o seu capital simbólico - fruto do trabalho desta mesma militância, que tão metodicamente ajudou a construir, por ignorância ou conivência, uma mentira.

Deus não mata, mas achata, dizia uma velha tia. Ela tinha razão. Nem bem comecei a ler a Veja, e o sábado já me parece ganho.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Cyber-soldadinho

Agraciada com polpudos repasses de verbas federais, a UNE faz parte - juntamente com o MST e a CUT - daquele conjunto de entidades que não têm vergonha de mostrar a sua relação de vassalagem com o governo Lula.

Na terça -feira, Valter Pomar emitiu nota na qual convocava a cyber-militância a desconstruir os argumentos da oposição na internet. O secretário de Relações Internacionais do PT foi claro: a militância deveria ser rápida na aplicação dos "argumentos vacina".

Hoje, a obediente Louise Caroline, vice-presidente da UNE, em artigo para o Blog do Noblat, se esforça para realizar o impossível: desconstruir o mensalão.

De quebra, a moçoila aproveita o espaço para reafirmar, ainda que negando, todos os detalhes de uma sujeira virtual que ficou conhecida como "Grupo Rio". É a primeira vez que esta lenda urbana ganha espaço na imprensa séria.

Valter Pomar pediu e a vice-presidente da UNE atendeu de pronto: não só tentou aplicar um "argumentos vacina" contra o mensalão como, também, aproveitou para requentar um dossiê mentiroso que já havia caído no ostracismo.

Sugerimos, pois, que Louise Caroline seja o primeiro cyber-soldadinho das milícias de Pomar a receber condecoração.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Utilidade pública

Marcos Matamouros fez algo que ninguém teve paciência para fazer: leu o programa do PSOL.

As conclusões são imperdíveis.

Vale a pena dar um pulo lá na Torre de Marfim.

É guerra ( II )

Estou realmente encantada com Valter Pomar, sua iniciativa em fazer luz sobre os métodos usados até aqui apenas por uma elite de cyber-militantes e sua coragem em assumir publicamente o recrutamento do exército virtual petista. (vide nota abaixo). Não sei nem mesmo se conseguirei parar de escrever sobre o tema nos próximos dias.

Coisa curiosa é Pomar falar, em seu comunicado, da "'guerra suja' das acusações infundadas, caluniosas e criminosas que circulam com facilidade por este meio" - a saber, a internet. Avisa, o secretário de Relações Internacionais do PT, que: "Há casos, inclusive, que devem ser encaminhadas diretamente ao setor jurídico da campanha, para que medidas urgentes sejam tomadas indicando limites e inibindo a difusão de mentiras e ataques."

Interessante...deveras interessante.

Eu gostaria de saber quais providências o setor jurídico do PT vai tomar para controlar a compulsão difamatória de sua própria militância?

Melhor ainda: quais medidas o PT tomou contra seu militante, assessor da Prefeitura de Belo Horizonte, Luiz Fernando Carceroni, que teria divulgado aquele engodo chamado "Lista de Furnas" pela internet?

Até agora, que eu saiba, a única providência jurídica que o PT tomou em relação à caluniosa lista foi enviar o advogado Willian Santos, secretário de assuntos institucionais do PT de Belo Horizonte, para representar Nilton Monteiro na Justiça.

Fique claro, portanto, que se a guerra promete ser suja é porque a companheirada entende de sujeira como ninguém.

É guerra ( I )

Eis que o PT assume publicamente aquilo que já vem fazendo há mais de ano.

Em nota publicada ontem à noite, em seu site oficial, com o título " Lula presidente: PT usa internet para ampliar campanha e combater "guerra suja", o partido divulga as orientações de seu secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, para o militante internauta.

Vamos a elas...

"(...) a participação ativa dos militantes nas salas de discussão (chats), defendendo a candidatura Lula e apresentando o programa de governo; a divulgação pela rede dos materiais de campanha; o fomento do debate nos milhares de blogs e comunidades de relacionamentos; e a disponibilização de uma chamada (link) para site oficial da campanha Lula. Estes são apenas alguns exemplos, pois os recursos que a internet oferece são enormes."

Ora, ora...Qualquer um que freqüente espaços de debate político na web sabe que uma militância plenamente orientada já age assim há bastante tempo. Aqui mesmo, neste blog, chamamos a atenção para isto várias vezes. Chegamos a observar o nosso espanto com um curioso fenômeno: o que a militância diz nestes fóruns pela manhã é repetido fielmente pelos parlamentares petistas nas tribunas do Senado e da Câmara na parte da tarde - o que, vamos combinar, indica que a coisa não estava sendo feito à revelia, como esta tardia nota de Pomar parece sugerir.

A novidade, portanto, não é o sistema mas o fato de que ele agora está sendo disponibilizado abertamente, conclamando cada simpatizante a tornar-se membro da patrulha petista na internet.

Notem, porém, que Valter Pomar não está apenas preocupado em garantir a defesa da candidatura Lula no cyber-espaço. Suas orientações deixam transparecer o já familiar traço totalitarista que percebemos em quase todas as ações do PT:

"Portanto, todas as mensagens com teor ofensivo devem ser direcionadas para o site da campanha www.lulapresidente.org.br, no ícone “Força militante”. O mesmo deve ocorrer com os sites e blogs. Todas as informações veiculadas nestes espaços, cujos conteúdos sejam de ataques à candidatura Lula, devem ser imediatamente comunicadas à coordenação da campanha responsável pela internet, por meio do endereço internet@pt.org.br."

Ou seja: de acordo com decreto baixado pelo secretário de Relações Internacionais do PT, a partir de hoje, está terminantemente proibido a qualquer brasileiro falar mal da candidatura Lula na internet.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Comentários fora do ar

Aviso aos leitores que têm tentado comentar sem sucesso.

Não sou eu que estou de implicância com vocês. É o sistema de comentários do blog que está com problemas: o código numérico não aparece.

Enquanto o problema não é solucionado, vocês já sabem: mandem uma cartinha.

Transfusão ( II )

Como ter certeza de que o "sangue novo" que você quer eleger já não está pra lá de contaminado?

Primeiro é preciso considerar que poucos são os que se aventuram numa campanha para Câmara Federal sem, antes, terem ocupado uma cadeira política em alguma outra instância regional. Na maioria dos casos, eles vêm de assembléias estaduais ou municipais. Logo, é possível obter informações da vida política pregressa.

É claro que muitas falcatruas ocorridas em esferas regionais não vêm à tona. E aí, vocês podem me perguntar: quais as garantias de que um deputado estadual, um vereador ou um prefeito sejam, de fato, tão honestos quanto parecem ser? Eu lhes respondo: nenhuma.

Há, no entando, alguns indícios que podem nos orientar. Quais os projetos defendidos pelo político em questão durante as campanhas? Uma vez eleito, ele se preocupou em cumprir com o programa? Há quanto tempo ele está neste partido? Por quantos partidos já passou e quais os motivos das eventuais transferências?

Um outra boa forma de escolher diz respeito a área de conhecimento do candidato. Não é um critério rígido, mas pode ser um indicativo de seriedade o fato de que a maioria dos projetos de um determinado parlamentar estejam ligados a atividade que ele melhor conhece. Por exemplo: é natural que médicos apresentem, ao longo de sua carreira política, um número maior de projetos que estejam ligados a área de saúde. Engenheiros estarão certamente mais preocupados com questões de infra-estrutura. Educadores, naturalmente, com o ensino. E por aí vai...

Ninguém duvida de que estejamos precisando de uma renovação. Mas é preciso não desperdiçar a oportunidade na inocência de escolher o novo simplesmente porque ele é novo. O bem votar requer informação. Não abra mão disso. Faça a transfusão. Mas examine o sangue antes.

Transfusão ( I )

É certo que a lista dos "sanguessugas" divulgada no dia de ontem ainda está sob investigação.

É quase certo, também, que ela vai aumentar. No último mês, a boataria deu conta de 70, 90 ou mais de 100 parlamentares envolvidos no escândalo das ambulâncias .

Quer trabalhemos sobre os números de ontem, quer aguardemos para ver a lista aumentar, o certo é que fica cada vez mais real aquela afirmação tantas vezes repetida por Roberto Jefferson. Do alto de sua duvidosa probidade, Jefferson cansou de repetir que nunca vira uma Câmara Federal tão baixo nível.

Se não estou enganada, a primeira vez que o ex-deputado emitiu tal opinião foi por ocasião de seu depoimento ao Conselho de Ética. Mas de uma coisa eu lembro bem: ao ouvir a declaração, saltei da poltrona. Quando alguém que pertenceu à tropa de choque de Fernando Collor diz algo assim é porque a coisa atingiu níveis jamais vistos.

A esta altura, ninguém mais pode duvidar de que, a fim de se livrar de sanguessugas e outros parasitas, a Câmara Federal precisa urgentemente de uma renovação - chamem de transfusão sangüinea, se preferirem entrar no clima destes tenebrosos dias.

Mas alto lá. Escolher alguém apenas porque é novo e - justificativa que muito se ouve por aí ultimamente - " nunca teve uma chance" não é garantia de qualidade. Ninguém recebe transfusão sem que, antes, o sangue novo seja muito bem examinado.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Valeu, ninho. Câmbio. Desligo.

Brasília (18 de julho) - O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), divulgou nesta terça-feira nota sobre a lista distribuída hoje pela CPI dos Sanguessugas com nomes de 57 parlamentares investigados por envolvimento com a máfia das ambulâncias. Leia abaixo a íntegra da nota.

NOTA À IMPRENSA

"O PSDB não admitirá em seus quadros pessoas envolvidas em quaisquer práticas ilícitas, especialmente em um episódio vergonhoso como este, que se convencionou chamar de "Escândalo dos Sanguessugas". Não podemos, hipocritamente, exigir a moralidade e a honestidade, sem praticá-la. Não pode haver outro caminho senão a expulsão de nossos quadros."

Fonte: Agência Tucana

Recado para o ninho

Eduardo Gomes (PSDB-TO)

Itamar Serpa (PSDB-RJ)

Paulo Feijó (PSDB-RJ)

Nem pisquem. Afastamento já. Explicações depois.

Que ética, cara pálida?

Detesto pendenga entre blogueiros a céu aberto. Sempre penso que o espaço de um blog deva ser ocupado com informação e opinião. Acontece que, em algumas ocasiões, trazer à luz alguns comportamentos da blogsfera pode ser bastante elucidativo.

Embora eu nunca tenha sido leitora assídua do Minuto Político, sempre admirei a capacidade de combate do Nino. Durante toda a crise política, ao longo do ano passado, Nino mostrou-se implacável. Tão defensor da ética ele é que, por conta de vestidos e outras firulas mais, nega-se a apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin.

Pois bem..Ocorre que a ética do Minuto Político, pelo menos no que me diz respeito, é bastante relativa. E assim afirmo porque tenho sido plagiada com alguma freqüência por lá.

De um modo geral, fico sabendo dos plágios por conta de leitores meus que, indo até lá, me escrevem indignados. Portanto, não sei se os casos que ilustram este post são isolados ou se há mais deles que simplesmente escaparam aos leitores.

A primeira vez que me chamara a atenção para a coisa, foi por ocasião da morte do Bussunda (o meu post e o deles).

Depois, um post meu a respeito do comportamento de blogueiros e comentaristas serviria de "inspiração" para um post de despedida - não concretizada - de um dos colaboradores do Minuto Político. ( o meu post e o deles.).

Finalmente, aconteceu o mesmo com o adesivo que publiquei ontem (o post deles).

Sei que o que eu faço aqui tem um valor efêmero. Não há qualquer traço de obra de arte nos meus textos ou nas imagens que, muitas vezes, eu produzo especialmente para este blog. E várias vezes me posicionei a respeito deste tema : gostou de algo publicado aqui ? Ótimo. Pode reproduzir à vontade. Mas dê o devido crédito a quem de direito. De preferência, puxe um link para cá. É exatamente assim que eu me comporto com as criações alheias. É o mínimo que se pode fazer para mostrar respeito ao trabalho dos colegas blogueiros.


Quem acompanhou os links já percebeu que os dois plágios e a "inspiração" tem um só autor, que se assina Gian Carlo. Mas eu não quero falar com o Gian Carlo. A ele eu escrevi por ocasião do post do Bussunda. Jamais recebi uma resposta.

O meu assunto, agora, é com o próprio Nino. Não acredito que ele não saiba o que está se passando em seu próprio blog. Depois de criticar tanto o Lula, o Nino não poderia se dar ao luxo de não saber de que maneira os seus colaboradores vêm abastecendo aquele espaço.

Então, creio que caiba ao Nino tomar uma atitude - que, no caso em questão, começa por dar os devidos créditos ao que já foi publicado e termina por não mais permitir que algo assim volte a acontecer.

Faça isso, Nino. Ou vai ser difícil você continuar usufruindo da confiança e credibilidade dos seus leitores. Quem comete plágio não tem a menor condição de falar em ética.

Me engana que eu gosto

Uma das coisas que me fazem gostar de George W. Bush é que ele não decepciona ou dissimula: parece belicoso e é belicoso; apresenta-se como alguém capaz de defender os interesses dos EUA acima de qualquer coisa e o faz; afigura-se como um caipira, protestante até a medula, e não perde uma chance de confirmar que é tudo isso.


Ora...vamos e venhamos!

Alguém poderia esperar que o presidente americano, uma vez longe dos microfones, chamasse ao Hizbollah e suas resultantes de outra coisa que não de "merda"?

Olhem para Bush, por favor. Está alí, estampada na sua expressão, na sua linguagem corporal, a grande lista de palavrões que ele deve ter para cada situação mundial que contrarie os hegemônicos ideais americanos de democracia e capitalismo. E a surpresa provocada pelo caso em questão é diretamente proporcional ao nosso apreço ao ilusionismo.


Aqui, abaixo da linha do Equador, por exemplo, estão todos chocados. Aqui gostamos de presidentes que parecem mas não são. Ou não é verdade que este país comemorou eleger um "presidente-operário" que há décadas não pegava no batente? Ou alguém vai negar que, mesmo não tendo votado no PT, ao ver o fato consumado, pensou " ao menos eles não se corrompem"?

Somos um povo que adora o engodo político. Pouco importa a realidade, se o discurso e a aparência de quem ocupa o poder estiver de acordo com o que dele fomos levados a imaginar. A maioria de nós aceita, por exemplo, a idéia de que Lula é intelectualmente limitado, sem dar-se conta de que ninguém que de fato o seja chegaria à presidência da República.

Chocante, pois, não é que Geroge W. Bush, longe dos microfones, seja exatamente como nos parece ser. Chocante mesmo será o dia em que, inadvertidamente, um microfone ligado for esquecido perto do presidente Lula. Aí descobriremos alguém nada tolo, com total ciência e comando sobre o que acontece à sua volta.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Enquanto isso na traseira de uma van, em Florianópolis....

MUNHECA.jpg

Quando o inconsciente emerge

judas3.jpg

Detalhe de mosaico da Santa Seia, na Catedral de St. Isaac.

Que ninguém duvide do poder da arte para tocar o inconsciente.

Leio na Folha de São Paulo de hoje que, na visita que fez à catedral de St. Isaac, em São Petesburgo, o presidente Lula sentiu-se mirado pela imagem de Judas. Lula teria comentado com um de seus assessores que o Judas de um painel olhava diretamente para ele.

Não há como ter certeza de que o Judas em questão é este do mosaico acima... Mas aposto trinta moedas nele.

Importa é que o episódio é riquíssimo para quem gosta de especulações psicológicas. E a área de comentários, como sempre, está à disposição da criatividade dos leitores.


sábado, 15 de julho de 2006

De conjecturas e leviandades

Ontem à noite, uma nota no Blog do Noblat deu conta de que José Rainha, estrela máxima do MST, esteve em Brasília na última quarta-feira.

Foi de jatinho e retornou no mesmo dia. Enquanto lá esteve, fez visitas: a sede do IBAMA, o gabinete de um deputado do PT e - quem ainda se surpreende? - o Palácio do Planalto.

Como se sabe, o MST mantém uma relação de vassalagem com o atual governo federal, tendo recebido da União quase R$ 30 milhões de reais só nos três primeiros anos do governo Lula, através da Anca, do Iterra e da Concrab. O movimento jamais fez segredo de que, em reconhecimento a estes bons tratos, mantém-se a postos para sair às ruas em defesa do governo - e a depredação da Câmara Federal promovida pelo MLST de Bruno Maranhão parece ter sido um recado sobre como este apoio pode se apresentar.

Pois na mesma nota em que noticia a visita de Rainha à Brasília, Noblat conta que o líder do MST é citado em conversas de membros do PCC, que foram grampeadas com autorização judicial. A história já corria à boca miúda há algum tempo - recrudesce agora em virtude desta movimentação de Rainha, realizada às pressas, no meio de uma semana de novos ataques do PCC.

Agora vocês me digam: a quem eles pensam que enganam?

Com certeza, não a Jorge Bornhausen e José Serra - tampouco a mim ou a você.

Mas é facil acabar com tais "conjecturas". Basta divulgar as conversas em que os líderes do PCC citam José Rainha e explicar o que ele foi fazer no Palácio do Planalto na última quarta-feira.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

E tomem mais essa

Ahh, a lista de Furnas.


Baluarte da militância petista na internet - que, desde o ano passado, sempre que se vê acuada pelo mau cheiro que exala de seu partido e seu governo, recorre a ela para tecer teorias envolvendo a oposição.

Em meio à lambança que envolve o tal documento apresentado pelo lobista Nilton Monteiro, o PT sempre negou, oficialmente, estar envolvido na confecção e divulgação da fraude. Sim, eu vou repetir: "fraude", conforme apontam todos os laudos feitos até agora.


Então alguém me responda, por favor: porque raios o advogado Willian Santos, secretário de assuntos institucionais do PT de Belo Horizonte, foi designado para representar Nilton Monteiro?

Boletim médico do peixe

Aquele nosso peixe fora d'água começa a agonizar antes do que eu imaginava.

Os numeros ainda não são oficiais, mas corre por aí que a pesquisa do Instituto Vox Populi, a ser divulgada neste final de semana, aponta para uma queda nada lenta e bastante gradual dos níveis de oxigênio: dos 49% de maio, o peixe agora aparece com 42%.

Em termos médicos: o quadro é instável e inspira cuidados - por parte de quem torce pelo peixe, fique bem claro.

Os bois

Leio que, para evitar a glamourização e o reforço da imagem do PCC, os meios de comunicação não citam mais a sigla. Também estão abandonando o pomposo "facção criminosa" - que substituem pelo termo "quadrilha". Na verdade, a estratégia já tinha aparecido durante os ataques de maio.

Concordo com a iniciativa mas acho que poderíamos ir além. Já disse várias vezes que o politicamente correto pouco ou nada tem a acrescentar em questões de segurança pública. Esta é uma área na qual a clareza dos termos auxilia muito no entendimento da situação. Assim, vai ai a minha colaboração para que se trate os bois pelos nomes, sem o risco de mitificá-los: marginália, bandidagem, súcia e corja.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Kika's back

Tremei, petralhas e criaturas palacianas em geral.

Depois daquelas férias com as quais ninguém concordou, Kika Albuquerque está de volta.

O Por um novo Brasil, sem PT continua atendendo no endereço de sempre.

A dona é que mudou um pouquinho: para delírio dos fãs e pânico dos desafetos, ela está um tantinho mais furiosa.

Peixe fora d'água

"Estou com medo de cumprimentar um ministro e já ser acusado de pedir voto".

De acordo com a coluna Painel, da Folha de São Paulo, esta foi a queixa de Lula no dia de ontem.

Há mais de uma semana que estamos ouvindo, todos os dias, alguma queixa presidencial. Tudo porque a lei eleitoral restringiu suas atividades e o está obrigando a fazer apenas aquilo para qual ele foi eleito há quase quatro anos: governar. E, talvez, só agora ele esteja se dando conta de que não dá para a coisa.


Nada disso pode impressionar àqueles que, como eu, vinham dizendo, desde o primeiro mês do Governo Lula, que ele não descia do palanque. O que impressiona, porém, é a incompetência dos assessores palacianos que, ao que tudo indica, não estão conseguindo impedir estas demonstrações públicas do incômodo presidencial.

Longe de mim desejar mazelas desta ordem. Mas estou quase prevendo um quadro depressivo. Além de se ver tolhido em seu único talento, o presidente tem, agora, que conviver com uma mídia que está obrigada a distribuir de forma igualitária o tempo que dedica a ele e a seus adversários de pleito.

Impedido de subir em palanques, bravatear, falar mal da oposição e da imprensa, xingar os governos passados e fazer aquele usual levantameno histórico de nossos males quinhentistas, o presidente é um peixe fora d'água. E eu desconfio que ele seguirá nesta agonia, se debatendo e perdendo progressivamente o fôlego, até outubro.


Respeitável público

Podem escolher que hoje tem para todos os gostos.

Tem senador acusado de envolvimento com a máfia dos sanguessugas e presidente da CPI dos Correios querendo se eleger com apoio de partidos mensaleiros. Tem advogada que entregava seus clientes nas mãos de criminosos e outra onda de ataques do PCC em São Paulo. Temos, ainda, o beribéri matando no Maranhão .

O Grande Circo Brasil dos Horrores vai bem, obrigado.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Números

Não sou especialista.

Portanto, faço uma anállise absolutamente amadora da pesquisa CNT/Sensus divulgada há pouco.

Primeiro: vale a pena bater em Lula, vinculando-o às denúncias de corrupção - e o PFL está de parabéns, pois foi exatamente o que fez naquele programa apresentado no mês passado. Em setembro de 2005, 13,5% dos entrevistados vinculavam o presidente aos casos de corrupção. Agora este número subiu para 18,2%.

Segundo: os ataques do PCC não prejudicaram a imagem de Alckmin, já que o tucano subiu cerca de quatro pontos nas pesquisas. Ou podemos admitir que, na verdade, não fosse a onda de violência em São Paulo, Alckmin teria subido mais? Fiquem com a teoria que melhor lhes parecer. Na minha opinião, qualquer uma das duas é positiva para Geraldo Alckmin.

Terceira boa notícia: Lula está estacionado. Se não crescer nos próximos dias, começará a cair.

Boa tarde.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Um Engov, por favor

Dizem por aí que a manchete de hoje da Folha de São Paulo é uma resposta às críticas que o jornal andou recebendo do Observatório de Imprensa.

Quem poderá saber?

O leitor pode optar como prefere iniciar a semana: com a análise do Reinaldo Azevedo ou a do Ricardo Noblat - ou as duas.

Não acredito que vocês queiram saber o que eu penso do assunto.

Apenas lembro que, independentemente da interpretação que tenha dado ao fato, a Folha de São Paulo nada inventou.

Quem não quer levar chumbo deve cuidar para não fornecer munição.

" Não seja inocente, Nariz Gelado...Como encarar esta eleição sem alianças?"

Bem...a verdade é que eu não sei. Mas isto não me deixa menos enojada.

sábado, 8 de julho de 2006

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Romane

A pedido

Invadiram a casa da mãe do Reinaldo Azevedo.

Bagunçaram tudo, nada roubaram e deixaram um bilhete*.

Reinaldo está pedindo ajuda para divulgar a notícia.

Os detalhes você lê aqui.

* Atualização: não é certo que tenham deixado um bilhete Talvez seja apenas uma metáfora do Reinaldo. Li correndo - e fui prontamente corrigida pela leitora que se assina Regina Moura. Aguardemos maiores detalhes.

** Atualização II : não deixaram bilhete.

Jovens petistas, grandes negócios.

Florianópolis está para receber uma moderníssima academia de ginástica, que será inaugurada na Avenida Beira Mar Norte, ponto mais chique da capital catarinense.

Comenta-se, nesta pequena Ilha da Magia, que um dos sócios é filho de uma importante parlamentar da República, para quem atua como assessor - além de ter um cargo no Partido dos Trabalhadores.

Se autoridades do Governo conseguem dobrar ou quadruplicar os rendimentos ou o patrimônio em quatro anos, imagine estes intrépidos jovens empreendedores, inspirados que estão pelo espetacular sucesso do filho do Presidente Lula no mundo dos negócios.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

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Cuiabá, 17 de abril de 2006. Foto: Capitão.

Eu alí, completamente sem jeito, enquanto um tucaninho meio maluco, viciado em torta de chocolate e café expresso, dizia: " Conhece o blog Nariz Gelado ? Pois então...É dela. Ela é a Nariz Gelado."

Desejei ardentemente que o chão se abrisse. Primeiro, porque eu sou tímida mesmo. Segundo, porque o cidadão parado à minha frente era uma das minhas primeiras referências políticas.

No mesmo abril em que eu fizera o meu título de eleitor, uma emenda levando o nome dele tramitara no Congresso Nacional. E eu, na ingenuidade daqueles verdes anos, tinha certeza de que meu primeiro voto já seria para presidente. O fato de que a emenda não tenha passado não diminuiu em nada a importância daquele nome para a nossa democracia.

E agora alí estávamos nós. Eu completamente embaraçada. Ele sorrindo - o olho virando um risquinho, como acontece aos que sorriem de rosto e alma. Me pareceu óbvio que ele jamais diria "não conheço" - ninguém constrói uma carreira política dizendo verdades socialmente dispensáveis. E, de fato, ele disse: " Ah, é você? Conheço, claro que conheço."

Apertei a mão que ele me estendia gentilmente e suspirei alividada: "Ótimo. Tudo pró-forma. Agora ele se despede e acabamos logo com este embaraço", pensei.

Qual não foi meu espanto ao vê-lo puxar a cadeira para se abancar ao meu lado. Um olho no computador - acompanhando o que eu, àquela altura, fazia de conta que postava, - outro na movimentação da sala de imprensa, ele comentou um episódio que só quem lê este blog poderia conhecer.

Creio eu que aquela nossa conversa não durou mais do que quinze minutos. Durante o restante do tempo em que estive em Cuibá, porém - para onde fui, em abril deste ano, a fim de acompanhar um evento do ITV - volta e meia esbarrava com ele. Um sorriso, uma observação e aquela pergunta " está tudo bem?" - coisas que valem ouro quando estamos em um ambiente onde conhecemos poucas pessoas -, fizeram com que eu, na volta, lhe conferisse um "troféu simpatia". Uma bobagem sem a menor importância, eu sei. Mas era uma forma de agradecer a atenção que ele me dispensara.

Por isso, hoje - quando muitos estão escrevendo laudas e laudas a respeito da importância de Dante de Oliveira para a redemocratização do Brasil - preferi dividir com vocês aquilo que jamais será questionado, posto que é fruto de uma experiência pessoal e intransferível: o sorriso de quem ri com a alma, a facilidade para um bom papo e a gentileza.

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Mantenham a calma

Após a meia-noite de hoje, o blog sairá do ar para manutenção do portal.

Estará de volta amanhã, no final da tarde.

Durante este período, é certo que não poderei postar ou liberar comentários. Mas ainda não sei se o endereço vai ficar ativo ou não.

Ajudem a espalhar a notícia para evitar que se instale o pânico.

(Definitivamente, eu não me enxergo.)

Mais sujeira?

Hoje é dia de "aposta" no Apostos.

Aí os meninos resolvem que o tema do mês é "sujeira".

Sim, todos devem escrever um post sobre sujeira.

Perguntinha: como é que fico eu?

Meninos, este blog é prenhe em sujeira. Eu falo de sujeira diariamente por aqui. Raro é o dia em que eu não levanto este enorme tapete republicano para trazer à luz algum cisquinho - no geral, é bem maior e fede bem mais que um cisquinho mas deixemos por isso mesmo.

Querem sujeira? Com o início da campanha eleitoral, creio que teremos de sobra, para todos os gostos e tamanhos. É verdade, porém, que com a nova legislação a sujeira visual tenderá a diminuir.

Pelo menos em algumas coisas estamos nos tornando mais limpinhos.

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A coleção de botons da campanha presidencial de 1989, de Daniel Sansão.

Perdidona

Começa a campanha e eu estou absolutamente perdida quanto ao que eu, na qualidade de um bloguinho independente, posso ou não fazer.

Por exemplo: charge pode?

"Ôh, Nariz Gelado, vá ler a lei."

Eu não.

Não quero ler a lei mas também não quero infringí-la.

Sou brasileira. Uso novos equipamentos sem ler os manuais.

Quero uma assessoria gratuita.

Quero alguém me dizendo: isto pode, aquilo não.

Pode ser aquele pessoal do TSE que me visita desde o ano passado.

(Ah..vocês pensaram que tinham passado invisíveis pelo meu Site Meter, hein?)

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Geração de empregos

Você, moça bonita, sensual e limpinha, que se sente excluída pelo maldito sistema capitalista, não se desespere.

Se você é persuasiva, discreta e dona de um espírito lúdico, o Ministério do Trabalho e do Emprego tem a solução: torne-se uma profissional do sexo.

É isso mesmo, minha filha. Saiba usar o que Deus lhe deu e vá à luta - se você souber usar em dois idiomas, diz o Ministério, melhor ainda.

E não se acanhe com a pouca experiência, viu? Vá ao site do nosso valoroso Ministério e leia a cartilha que foi preparada para você. Dê especial atenção para os links "Recursos de Trabalho" e "Tabela de Atividades" que tudo sairá a contento.

Está me lendo ainda porquê, querida?

Vá lá "batalhar o programa".

O Governo Federal agradece.

Para Belita votar

Muitos leitores preferem manter contato comigo por e-mail ao invés de usar a área de comentários. Tento responder a todos os e-mails que recebo e, que eu me lembre, nunca utilizei o blog para fazê-lo.

Mas hoje cedo recebi um e-mail interessante, de uma leitora que se assina "Belita" e que me pergunta o que eu penso a respeito do voto nulo. Diz ela, acertadamente, que não raro votamos para eleger o "menos pior". Ela também quer saber se adiantaria alguma coisa termos uma grande quantidade de votos nulos na próxima eleição.

Então vamos lá...

Ouço e leio por aí que se os votos nulos somam 50% mais um, o pleito é anulado. Neste caso, chama-se novas eleições para dali a trinta (ou sessenta ou noventa, não sei ao certo) dias - estando vetada a participação de qualquer um que tenha se candidatado na primeira.

Não sei se a informação acima está correta - há muita discussão sobre o tema na internet. E não sei se está correta porque nunca me interessei pelo assunto. E nunca me interessei pelo assunto simplesmente porque isto é uma loucura que, na minha opinião, não tem a menor possibilidade de se concretizar.

É uma loucura. Está certo que o Congresso deixa muito a desejar - pois, ontem mesmo, eles não se deram belas férias remuneradas? Agora, se já é difícil escolher candidatos com toda a informação que deles circula na mídia, imaginem como seria escolher às pressas, entre pessoas desconhecidas, num delírio inovador que abriria possibilidades para inúmeros aventureiros?

Sem a menor possibilidade de se concretizar. Ora bolas, se um candidato que tinha o apoio de toda a imprensa, dos empresários, das igrejas, dos movimentos socias e da torcida do Flamengo - como aconteceu com Lula na eleição passada -, não conseguiu atingir um patamar percentual destes, sendo obrigado a ir para o segundo turno, vocês acham que "candidato algum" conseguiria? Logo, é uma ilusão.

O problema é que esta ilusão tem seus efeitos no mundo real: quem vota nulo reforça as chances de eleição do candidato favorito. Hoje, por exemplo, quem vota nulo, vota em Lula.

Vou repetir: hoje, quem vota nulo, vota em Lula. Aliás, dizem por aí que os petistas estão justamente pregando o voto nulo. Eles sabem que cada vez que alguém se exime de escolher um presidente, Lula se torna mais forte.

Eximir-se de escolher. Eis, aqui, a única possível vantagem do voto nulo. É uma vantagem mesquinha e egóica: aquela satisfação pessoal de poder dizer, diante dos possíveis tropeços de um novo governo, "eu não ajudei a eleger este sujeito".


Belita, você não é mesquinha.

Belita, você não é egoísta.

Vá votar, Belita.

terça-feira, 4 de julho de 2006

Sorry, periferia

Este blog recebe cerca de 3500 visitas semanais.

Valorizo cada uma delas - e por várias vezes já disse, aqui, que eu não sei como é que vocês me agüentam.

Agora, ser lida pela futura governadora do Rio Grande Sul, vocês me desculpem...Não é para qualquer uma.

Desconstruções

Mestres em desqualificar qualquer um que lhes dê combate, os petistas empreenderam uma verdadeira "caça" ao caseiro Francenildo.

No auge do episódio - enquanto Antônio Palocci era afastado do Ministério da Fazenda, suspeito de ter mandado quebrar ilegalmente o sigilo bancário de Francenildo - apareceu até revista fartamente abastecida com verbas governamentais para ir ao interior do Piauí chafurdar a versão do caseiro.

Pois hoje leio na Folha de São Paulo que a Polícia Federal está entregando à Justiça, nesta semana, um relatório interessante: nada de ilegal houve naqueles R$ 25 mil reais surgidos na conta de Francenildo. Os depósitos foram feitos, como alegava o caseiro desde o início, pelo empresário Eurípedes Soares da Silva, que Francenildo acredita ser seu pai biológico. Embora o empresário negue a paternidade, confirma os depósitos como forma de não deixar a questão ser descoberta por sua família.

Com relação à quebra do sigilo em si, deve-se aguardar a palavra do Ministério Público Federal, que deverá decidir se indicia ou não os envolvidos. No inquérito, Antônio Palocci é apontado como responsável pela ordem que provocou a violação dos dados bancários do caseiro.

Pois bem.

Agora que temos um relatório da Polícia Federal, será que o PT e sua militância vão se desculpar pelo enorme constrangimento que causaram ao Francenildo ao defenderem, em todos os fóruns possíveis e viáveis, que o rapaz havia "vendido" um falso testemunho para a oposição?


Ou será que, como sempre, os petistas vão fazer de conta que não é com eles?

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Eu não disse, playboy?

"Eu, pessoalmente, sou favorável à reeleição, mas com regras para evitar o abuso."

(Geraldo Alckmin, no programa Roda Viva de ontem à noite, dizendo-se favorável à reeleição.)

Pombo-correio

Para Geraldo Alckmin, que será entrevistado no Roda Viva de hoje: não dê ouvidos à assessoria. Seja você mesmo e ofereça atenção especial para perguntas que incluírem denúncias.

Para Germano Rigotto, que a cada dia se aproxima mais de Lula: gaúcho só gosta de pelego para montar. Trate de reencontrar o rumo antes que o mandem de volta para Caxias do Sul.

Para Aécio Neves: playboy a gente até acha bonitinho... Mas traíra ninguém engole. Pode ir esquecendo 2010.

Para Tasso Jereissati: livre-se do playboy. Aproveite e livre-se também do Azeredo. Aliás, seja menos Parreira e mais Felipão.

Para Yeda Crusius: vai, que é tua. Eles não passam de um bando de frouxos.

domingo, 2 de julho de 2006

O bobalhão e o banana.

Meu meu pai tinha horror do Roberto Carlos - o boleiro, não o cantor.

Dizia que o Roberto Carlos era um bobalhão, que "jogava olhando para as próprias mãos".

Se você perguntasse "como assim?", ele explicava: Roberto Carlos passa o tempo todo olhando para si mesmo. Às vezes para as mãos, às vezes para os pés, às vezes para um fio puxado na camisa.

Não deu outra. Ontem, enquanto o bobalhão olhava para as próprias meias, Henry marcou o gol que decidiria o nosso retorno para casa.

É claro que não foi só isso. Na minha opinião, voltamos para casa porque nos faltou técnico - e isto é coisa que venho dizendo desde os jogos amistosos.

Ontem eu já não gostei quando vi a seleção chegando ao estádio para uma partida decisiva tocando pagode. Toda esta descontração não é coisa para quem está prestes a entrar em guerra. E em time meu, se o Robinho fosse abraçar Zidane no intervalo - ao invés de ir incentivar os companheiros de selecionado - saía do banco na hora...Iria direto para o vestiário.

Craques são meninos-grandes. Muito cedo eles são arrancados dos meios convencionais de educação - a casa, a escola, a vida, enfim - para viver em uma espécie de redoma. Falta -lhes contato com o mundo real. Só conhecem bola e estádio. Por isso mesmo, são espíritos facilmente moldáveis - razão pela qual, a postura individual ou de grupo depende sempre e diretamente do técnico.

Quando umo time é composto por uma coleção de talentos, então, mais capacidade de coesão, disciplina e autoridade deve ter o técnico.

Felipão é ótimo nisso. Já Parreira...Bem, de Parreira meu pai dizia que era um banana.

Não vou tirar o mérito de Zidane. O francês fez uma belíssima partida, é verdade. Mas meu pai, também ele jogador de futebol, sabia tudo deste negócio: aquele fiasco, aquela derrota humilhante de ontem, vocês podem creditar, sem medo, ao banana e ao bobalhão.

sábado, 1 de julho de 2006

O mês do Beato Lula

Leio na Folha de São Paulo que, diante dos últimos números do Datafolha e do Vox Populi, Lula confidenciou a assessores: “junho foi o mês da oposição - o período foi marcado por críticas ao governo petista em programas de TV do PSDB, do PFL e do PPS”.

Parece que, mais uma vez, Lula não viu aquilo que todo o Brasil viu, a cores e em horário nobre: nunca na história deste país a máquina pública foi utilizada tão descaradamente pelo Governo Federal como o foi neste mês de junho. Fosse inundando as redes de TV com campanhas publicitárias meramente eleitoreiras, fosse com Lula batendo todos os recordes populistas e oportunistas - realizando 34 discursos em 34 eventos diferentes -, o milagroso aparelhamento estatal petista esteve trabalhando em ritmo alucinante.

A grande mídia nos brindou com o Beato Lula discursando em eventos miraculosos.

Tivemos a inauguração do primeiro pingo de solda de um gasoduto, a instalação de um pólo petroquímico sem terreno e a visão dos futuros trilhos da Transnordestina. Suportamos a videoconferência com a seleção do Ronaldo, a fiscalização in loco de postes, tomadas e interruptores de luz e uma pedra fundamental para o biodiesel. Nos impuseram, ainda, a contagem - perdão pelo trocadilho - de Bolsas Família em Contagem. E o fecho de ouro: em agradecimento aos serviços prestados pelas emissoras de TV, Lula assinou o contrato definindo o padrão de TV digital japonês que elas queriam.

Para conferir as parábolas juninas do Beato Lula na íntegra, basta ir ao site oficial da Presidência da República. Tirando os sábados e domingos, quando o Beato se recolhe para meditar, temos a histórica média de 1,5 discursos por dia, todos cobertos (ou acobertados?) pelos meios de comunicação - aqueles mesmos que foram inundados de dinheiro público na maior farra publicitária de todos os tempos.

Junho foi, na verdade, o mês do Beato Lula e de sua procissão midiática. E mesmo assim, Alckmin já é Geraldo.

Milagre?