terça-feira, 18 de julho de 2006

Me engana que eu gosto

Uma das coisas que me fazem gostar de George W. Bush é que ele não decepciona ou dissimula: parece belicoso e é belicoso; apresenta-se como alguém capaz de defender os interesses dos EUA acima de qualquer coisa e o faz; afigura-se como um caipira, protestante até a medula, e não perde uma chance de confirmar que é tudo isso.


Ora...vamos e venhamos!

Alguém poderia esperar que o presidente americano, uma vez longe dos microfones, chamasse ao Hizbollah e suas resultantes de outra coisa que não de "merda"?

Olhem para Bush, por favor. Está alí, estampada na sua expressão, na sua linguagem corporal, a grande lista de palavrões que ele deve ter para cada situação mundial que contrarie os hegemônicos ideais americanos de democracia e capitalismo. E a surpresa provocada pelo caso em questão é diretamente proporcional ao nosso apreço ao ilusionismo.


Aqui, abaixo da linha do Equador, por exemplo, estão todos chocados. Aqui gostamos de presidentes que parecem mas não são. Ou não é verdade que este país comemorou eleger um "presidente-operário" que há décadas não pegava no batente? Ou alguém vai negar que, mesmo não tendo votado no PT, ao ver o fato consumado, pensou " ao menos eles não se corrompem"?

Somos um povo que adora o engodo político. Pouco importa a realidade, se o discurso e a aparência de quem ocupa o poder estiver de acordo com o que dele fomos levados a imaginar. A maioria de nós aceita, por exemplo, a idéia de que Lula é intelectualmente limitado, sem dar-se conta de que ninguém que de fato o seja chegaria à presidência da República.

Chocante, pois, não é que Geroge W. Bush, longe dos microfones, seja exatamente como nos parece ser. Chocante mesmo será o dia em que, inadvertidamente, um microfone ligado for esquecido perto do presidente Lula. Aí descobriremos alguém nada tolo, com total ciência e comando sobre o que acontece à sua volta.

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