quarta-feira, 19 de julho de 2006

Transfusão ( II )

Como ter certeza de que o "sangue novo" que você quer eleger já não está pra lá de contaminado?

Primeiro é preciso considerar que poucos são os que se aventuram numa campanha para Câmara Federal sem, antes, terem ocupado uma cadeira política em alguma outra instância regional. Na maioria dos casos, eles vêm de assembléias estaduais ou municipais. Logo, é possível obter informações da vida política pregressa.

É claro que muitas falcatruas ocorridas em esferas regionais não vêm à tona. E aí, vocês podem me perguntar: quais as garantias de que um deputado estadual, um vereador ou um prefeito sejam, de fato, tão honestos quanto parecem ser? Eu lhes respondo: nenhuma.

Há, no entando, alguns indícios que podem nos orientar. Quais os projetos defendidos pelo político em questão durante as campanhas? Uma vez eleito, ele se preocupou em cumprir com o programa? Há quanto tempo ele está neste partido? Por quantos partidos já passou e quais os motivos das eventuais transferências?

Um outra boa forma de escolher diz respeito a área de conhecimento do candidato. Não é um critério rígido, mas pode ser um indicativo de seriedade o fato de que a maioria dos projetos de um determinado parlamentar estejam ligados a atividade que ele melhor conhece. Por exemplo: é natural que médicos apresentem, ao longo de sua carreira política, um número maior de projetos que estejam ligados a área de saúde. Engenheiros estarão certamente mais preocupados com questões de infra-estrutura. Educadores, naturalmente, com o ensino. E por aí vai...

Ninguém duvida de que estejamos precisando de uma renovação. Mas é preciso não desperdiçar a oportunidade na inocência de escolher o novo simplesmente porque ele é novo. O bem votar requer informação. Não abra mão disso. Faça a transfusão. Mas examine o sangue antes.

3 comentários:

Paulo disse...

Nariz,

Uma forma de se evitar esse tipo de comportamento, pois a cobrança por parte dos eleitores seria *direta*, é o voto distrital.


No entanto, já que essa possibilidade é um tanto remota, pois as criaturas felpudas estão cuidando do local de habitação dos galináceos, eu decidi votar em um deputado federal cuja atuação séria na CPI do Mensalão me deixou bastante satisfeito.

mangusto disse...

Há um erro de fundo no seu post. Se você é carioca, elege cariocas e sabe qual a trajetória histórica do seu candidato.
Se você é carioca, não tem nada a ver com os sanguessugas de São Paulo e nada pode contra eles.
E é a soma dos sanguessugas brasileiros que vão compor a maioria na Câmara e no Senado.
Não se iluda: os eleitores bem informados votam conhecendo detalhadamente os seus candidatos. São os pobres desinformados - pobres de comida, educação, segurança, cidadania, etc. - que votam em troca de uma Bolsa Família, por exemplo.
Conclusão: não há solução mesmo.

(N.G.: acho que há um erro na leitura que você faz do meu post. Se cariocas, paulistas, gaúchos, etc se preocuparem em conhecer bem os candidatos a deputado federal, certamente que a Câmara Federal, terá mais chances de ser renovada com qualidade - justamente porque ela é a soma dos Estados.
Por outro lado, você mistura o Bolsa Família - um programa que beneficia diretamente a reeleição do presidente da república - num post que trata da renovação da Câmara.)

jayme guedes disse...

NG, se de toda forma não for possível obter informações seguras sobre o "sangue novo", é preciso ter em mente que entre a certeza de que um candidato é ladrão e a dúvida de que o outro candidato pode ser ladrão, a escolha é óbvia. Na pior das hipóteses vou trocar o ladrão.