domingo, 26 de novembro de 2006

As intenções revelam o mandante, Watson.

Segue o embróglio do dossiêgate. E, entre o corpo mole da oposição (leiam o artigo de Dora Kramer para O Estado de S. Paulo de hoje) e informações vazadas para a Folha - depois negadas - de que Polícia Federal apontaria Ricardo Berzoini como mandante, estão esquecendo uma vítima pelo caminho.

De um modo geral, todo mundo agora se refere ao "dossiê contra Serra", esquecendo que estava em curso uma campaha presidencial - e, principalmente, que a maioria dos envolvidos fazia parte da equipe de campanha de Lula.

O tratamento corresponde à estratégia lançada pelo próprio PT logo que a coisa veio à tona - e corroborada, à época, por jornalistas amigos como Tereza Cruvinel - de que o plano fora arquitetado e executado pelo PT paulista. A fórmula, é óbvio, destinava-se a distanciar o presidente e sua campanha da aloprada realização.

Salvo engano meu, apenas Hamilton Lacerda, o homem da mala, pode ser ligado exclusivamente à campanha de Mercadante - o restante dos envolvidos, seja através dos cargos que ocupa ou, como no caso de Jorge Lorenzetti, por exercer função na campanha presidencial, podem ser ligados aos interesses de reeleição de Lula.

Ontem mesmo, em matéria exclusiva para o Blog do Noblat, Felipe Recondo revelou que dois novos nomes estão sendo investigados pela PF por envolvimento no caso: o vice-presidente do Banco do Brasil, Adézio de Almeida Lima, e o presidente do PT no Distrito Federal, deputado Chico Vigilante. Nenhum deles tinha qualquer ligação direta com a campanha do senador petista ao governo de São Paulo. Ao contrário: Vigilante estava ligado à campanha nacional e à campanha local do PT em Brasília.

Não percamos, pois, de vista: o dossiê petista foi arquitetado para atingir tanto a campanha de José Serra para o governo de São Paulo quanto a campanha de Geraldo Alckmin à presidência. O fato de que na documentação - e nas posteriores investigações realizadas pela PF e pela CPI dos Sanguessugas - não tenha aparecido nada de mais relevante contra Alckmin não deve servir para que se descarte a obviedade das intenções petistas. Ao contrário: a solução de qualquer crime passa, obviamente, por suas motivações. E aceitar que o alvo da trama foi apenas a campanha de José Serra é afastar-se cada vez mais dos reais mandantes. Elementar, meu caro Watson.

3 comentários:

maria helena rubinato rodrigues de sousa disse...

Às vezes tenho a impressão de que a verdade é tão feia, mas tão feia, que ninguém quer encará-la. O caso do dossiê; as mortes dos prefeitos petistas; a entrevista do atual Presidente do PT à FSP de ontem, sábado, 25 de novembro; o discurso em que o Presidente-Reeleito lastima os obstáculos colocados pela democracia, se encaixam nesse meu temor.
É tudo tão feio que nem a situação, nem a oposição, querem encarar de frente. Parece sessão à meia-noite do "Iluminado", com um Jack Nicholson apavorante!

Julia disse...

Com a previsão de situações constrangedoras no próximo mandato, o presidente Lula será mais contido nas suas aparições públicas e deverá usar com freqüência equipamento de escuta eletrônico (ponto de ouvido) e colete protetor de última geração, segundo avaliação de agentes da segurança do presidente da república.
http://foralula.lpchat.com/

marcelo disse...

um bom advogado de defesa procura desviar o foco do principal. como o pt está bem orientado a esse respeito, é o que o pt procura fazer.
o problema é os outros cairem nessa.