segunda-feira, 14 de maio de 2007

Porcaria 264

"O lulismo reintroduziu oficialmente a censura prévia no Brasil em 9 de fevereiro deste ano, por meio da Portaria 264, que regulamentaa classificação indicativa dos filmes e dos programas de TV. Lula está conduzindo o país a um fechamento lento, gradual e seguro"

(Diogo Mainardi, em sua coluna para a Veja deste final se semana)

Na última quarta-feira, Jô Soares recebeu os atores da peça A Vida Sentimental do Vampiro.

Durante a entrevista, os atores detalharam como se dá esta censura prévia. Além dos curiosos trâmites deste novo mimo totalitário do governo Lula, a entrevista evidenciou a postura corriqueira de boa parte da classe artística, tradicionalmente afeita às esquerdas e sempre relutante em reconhecer os erros do governo Lula: a despeito do esforço de Jô Soares em mostrar o perigo desta Porcaria, ficou patente uma certa acomodação por parte dos dois atores.

Embora queixosos com algumas imposições, Guilherme Weber e Felipe Hirsch foram dóceis em suas críticas, chegando a ver nas imposições da Porcaria alguns benefícios para a divulgação do espetáculo.

O fato é que, desde que Paulo Betti declarou sua incondicional subserviência a Lula, a maior parte da classe artística anda com dificuldades para se livrar do cheiro de merda.


Clique aqui para assistir a entrevista.

8 comentários:

Lefebvre disse...

Maravilhoso. Critérios subjetivos como conceitos de classificação. O Lula realmente quer uma censura geral e irrestrita no Brasil. Por isso eu xingo qualquer um que apareça na minha frente que tenha votado no apedeuta. O eleitor também é culpado.

(N.G.: só por curiosidade, Lefebvre... Como você os xinga? Confesso que já me andam faltando adjetivos. )

Marcos V disse...

NG

Eu assiti uma parte da entrevista e também tive a mesma impressão. Não o Jô. Ele até tentou arrancar críticas mais fortes. Por falar no Jô: no ano passado, depois que os leitores encherem a caixa postal do gordo, uma blogueira foi chamada para ser entrevistada pelo Jô.Nem sei mais quem era. Era um blog era para adolescentes. Pergunto: se os seus leitores pedirem, você vai?

(N.G.: hahaha. Até escrevi ao Jô, hoje cedo, falando da minha indignação com a entrevista. Mas daí a ir lá...Com um balde na cabeça? rsrsrsr)

cavallieri disse...

É interessante perceber como as pessoas aos poucos, como gado, vão caminhando na mesma direção. Os artistas, os jornalistas, naturalmente os políticos, empresários, intelectuais...
O Brasil é muito grande e demora um pouco mais, mas foi assim com Hugo Chavez, com Evo Morales, no Equador com o outro (não me lembro o nome). Acho que foi assim com Getúlio no passado, foi assim, com Hitler, Fidel, enfim....
As pessoas sérias vão desaparecendo, vão se escondendo, aos poucos tem medo de se expressarem. As oposições vão sendo cooptadas.
O processo é conhecido historicamnte, mas é muito estranho vivenciar este momento.
A classe média não tem base de sustentação, não tem uma voz! Os 40.000.000 que votaram no Alckmin ao meu ver não mudaram o modo de pensar, mas estão anestesiados e talvez em breve andarão juntos com a multidão.
A tentação de cuidar da propria vida e deixar a política pra lá, por sentimento de impotência, é muito grande. Mas este deveria ser um sentimento dos povos na ditadura e não na democracia.
Mainardi aos poucos está se tornando um heroi por manter a voz comtra a manada, muitos já o querem como um homem morto!
Realmente estou em estado de choque!
O emburrecimento coletivo existe mesmo e é manipulável.

Robson disse...

Olá NG...
Tomei a liberdade (sem lhe pedir prévia autorização, desculpe-me) de copiar sua postagem lá no Recanto, porém, referenciando seu Blog e colocando o link da porcaria, digo, portaria 264.
Acho também interessante você dar uma lida no comentário de Denis Lerrie Rosenfield no "O Globo" de hoje, página 07.
A legislação vem sendo paulatinamente manipulada para contrariar os princípios constitucionais. Salvo engano, e espero estar enganado, estamos caminhando para uma outra forma de totalitarismo. E parece que poucos se dão conta e se importam.
Cadê a oposição "neztepaiz"???

(N.G: imagine, Robson.. É uma honra)

Hermenauta disse...

Nariz,

Se tiver a oportunidade e/ou interesse, recentemente fiz um post mostrando que este tipo de precaução existe em muitos países do mundo, incluindo aí toda a Europa (inclusive a Inglaterra) por força dos dispositivos da iniciativa "Televisão Sem Fronteiras". Fora da Europa, mecanismos semelhantes existem nos países desenvolvidos como Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

É também afoiteza falar em inconstitucionalidade. Juristas insuspeitos de petismo, como o Marcos Bitelli, consultor de várias organizações de mídia, já foram categóricos em afirmar que a Constituição brasileira tem uma estrutura diferente da norte-americana. Lá, a Suprema Corte no correr dos anos deu especial proteção à Primeira Emenda. Aqui, os princípios basilares da Constituição ocasionalmente se chocam, mas não há hierarquia entre eles e a interpretação tem que ser em nome da razoabilidade.

A classificação indicativa foi determinada pelo ECA e seu objetivo é unica e exclusivamente proteger crianças e adolescentes. Eu mesmo não sou lá um grande entusiasta da idéia, mas a verdade é que no mundo inteiro conservadores de boa cepa aplaudem iniciativas como essa. Não vejo como os nossos conservadores, parte dos quais não querem sequer ver educação sexual nas escolas, podem ser contrários a uma medida que visa a manutenção da moral e dos bons costumes junto à tenra idade.

democrata disse...

sua campanha ta fazendo sucesso , dê uma olhada la no blog dos democratas :http://www.blogdemocrata.org.br/default.asp

Mario disse...

Para Hermenauta,

O fato de existir censura, classificação (ou chame como quizer) em outros países não significa que seja bom. Concordo plenamente que é necessário escolher o que as crianças podem ou não ver e ouvir. Entretanto, não cabe ao Estado definir. Esta é uma tarefa que deve ser EXCLUSIVA dos pais. Aliás, na minha opinião, o apodrecimento da sociedade (drogas, violência, prostituição infantil, gays, divórcio, aborto, etc.) está ocorrendo exatamente porque, infelizmente, a quantidade de pais RESPONSÁVEIS, que ASSUMEM A OBRIGATORIEDADE de educar os filhos está diminuindo.

Hermenauta disse...

Mario,

Na maioria dos países desenvolvidos a atuação do Estado está vinculada a saber se o meio em questão é fácil de acessar e difícil de controlar, entre outros fatores.

Internet e TV a cabo são fáceis de acessar, mas relativamente fáceis de controlar. A TV aberta não. Ela passa conteúdos inadequados mesmo à tarde, quando crianças já voltaram das aulas e os pais ainda não estão em casa.

Já existiram propostas no Congresso regulando a obrigatoriedade da inclusão do V-chip, um aparato eletrônico que permite o controle parental da televisão. Por vários motivos, incluindo a ação da "bancada do éter" (deputados e senadores donos de canais de tv) no Congresso, estes projetos não prosperaram. Veja aqui:

http://midiativa.org.br/index.php/pais/content/view/full/1433

As coisas são ligeiramente mais complicadas do que simplesmente dizer que quem deve decidir são os pais e não o Estado, simplesmente porque em inúmeras ocasiões os pais não tem condições de pôr a sua decisão em prática..