quarta-feira, 20 de junho de 2007

A verdade que prevalece

Ideli Salvatti, ferrenha defensora do presidente do senado até a última sexta-feira, sumiu. Jefferson Perez e Cristóvam Buarque sugeriram o afastamento de Renan Calheiros. Pedro Simon foi mais explícito: pediu a renúncia de Calheiros. Como lhe é característico, Almeida Lima reagiu aos berros. Já Arthur Virgílio mandou avisar que o PSDB preferia aguardar o laudo pericial - horas depois, revelado como inconcluso - antes de tomar uma decisão. Falando pelo DEM, José Agripino adiantou que sua bancada quer mais elementos antes de votar. E todos foram unânimes: querem, a exemplo do que vem declarando o próprio Renan Calheiros, que a verdade prevaleça.

A verdade, no entanto, já prevaleceu. Foi ontem à noite mesmo, quando ela, a verdade, veio à mídia para avisar que o presidente do Conselho de Ética, o senador suplente Sibá Machado, já escolhera o novo relator do processo: o também suplente Wellington Salgado.

A verdade que prevalece é cristalina, Senhores senadores: tal qual Pilatos, os senhores estão tentando, a todo custo, manter limpas as vossas mãos. Querem absolver Renan Calheiros sem assumir o ônus de tal atitude. Assim, articularam para que dois tolos, dois moleques sem voto, assumissem o fardo da culpa. Só isto pode explicar que não tenham feito pressão para que a escolha de Sibá Machado recaísse sobre um nome mais capaz e menos suspeito - como, por exemplo, o democrata Demóstenes Torres.

Mas a manobra, senhores, vai lhes custar caro. É melhor encerrar esta farsa ainda hoje, se negando a votar até que sejam realizadas investigações mais profundas. É melhor articular - daquele jetinho que só os senhores sabem - para que Salgado "adoeça" e um novo relator possa ser escolhido. Se assim não for, a única verdade a prevalecer será uma lama fétida a cobrir o Senado Federal.

2 comentários:

Degauss disse...

...”Mas a manobra, senhores, vai lhes custar caro” .... (NG)


Posso entender sua indignação, mas sua previsão está errada. Infelizmente, neste país, não mais que 20% da população adulta é razoavelmente bem informada, sabe juntar 10 frases de forma inteligível, sabe ler e entende o que lê e adota, como sua Lei Maior, a Constituição brasileira. Porém, não decide eleições. Os 80% restantes é incapaz de escrever algo inteligível na língua materna, não entende o que lê, é cronicamente desinformada, mas decide eleições. O pior disto tudo é que adota como sua Lei Maior a “lei de Gerson”. Não é por acaso que o Congresso brasileiro é o que é: um fiel retrato moral do Brasil. Não. A manobra não vai custar caro à eles. A maioria será reeleita nas próximas eleições, como o foram os congressistas envolvidos com o mensalão e outras falcatruas. Infelizmente, para o nosso desalento.

(N.G.: não é bem assim, Degauss. Quem assistiu aos pronunciamentos em plenário ontem sabe que os senadores recuaram, assustados com a péssima repercussão da farsa entre os formadores de opinião. Este recuo significa que ainda há, sim, alguns pontos de sensbilidade que podem ser usados numa hora como esta. Até por força do alcance da internet, é para tocar estes pontos que escrevo - e não para aqueles 80%. Escrevo, aliás, enquanto se forma a síntese que sera apresentada, em quatro anos, para aqueles 80%. )

Lea Campos disse...

Creio que a palavra ÉTICA é demasiada grande para ser pronunciada por Senadores, Deputados, PresidenTe,judiciário, PF, MP enfim por esta corja que ocupa cargos que deveriam ser ocupados por pessoas sérias, honestas e com capacidade para exercer os cargos que ocupam. Mas acima de tudo deveriam ter vergonha na cara e não buscar tantos subterfúgios para sairem da lama onde banham.
Dizem que cada povo tem o governo que merece.Em parte sou obrigada a concordar, pois somos frouxos e covardes.
Precisamos acender em nosso eu a chama da liberdade, para ficarmos livres desses abutres.
O que hoje chamam de Coselho de Ética e Decoro Parlamentar, deveria chamar: Conselho da Falta de Decoro e Respeito Parlamentar
Léa Campos