Do leitor que se assina André BH:
"NG, bom dia.
O Problema do jornalismo de hoje é a superficialidade. Ele dança conforme a música.
Quando o Mainard escreveu sobre os supostos petistas na imprensa eu achei que jornalistas com estreitas ligações com a direita também seriam expostos,mas isso não ocorreu.
Podemos chamar Eliane Catanhêde,Merval Pereira e Dora Kramer de imparciais?
Gosto muito do Jânio de Freitas,Alon Feuwerker, Élio Gaspari,Moreno,Fernando Rodrigues e outros que eu sei que você não gosta.
Tenho enorme admiração por jornalistas que são imparciais por natureza,e a minha esperança é que todos tenham blogs de qualidade.
Bom dia, André.
Na minha opinião, a dita imparcialidade jornalística é um mito. Acredito em ética profissional - no caso em questão, do jornalismo, ela se resume em não violentar a notícia. Mas daí a pensar que é possível abstrair por completo o sujeito, a ponto de que suas tendências ideológicas não interfiram no discurso, vai uma longa distância.
Jornalismo, e colunismo em especial, se faz com opinião. Por isso, penso ser muito saudável quando todos assumem claramente o que são e o leitor pode, com conhecimento de causa, escolher o que lê.
Procure na ferramenta de buscas do blog: jamais elogiei um "jornalismo imparcial", pelo simples fato de que eu não acredito na sua existência. Acredito, isto sim, que a luta constante entre o sujeito e aquele firme propósito ético de jamais violentar a notícia pode produzir jornalismo de qualidade - imparcial, jamais. Logo, Tereza e colegas têm não só o direito mas também o dever de se posicionarem claramente, a fim de que quem os lê saiba exatamente como os deve ler.
Isto basta para concluir que, na minha opinião nem Cruvinel, nem Catanhêde, nem Pereira, nem Kramer são imparciais - mas que eu não encaro isto como um problema. O que não aceito é o discurso militante recorrente de que o jornalismo alinhado ao petismo é melhor porque mais imparcial. Tal afirmação é a simples apropriação de um mito para fins políticos.
Numa coisa, contudo, concordamos: há um jornalismo nocivo por aí, que dança conforme a música e tenta se esconder num escudo de pretensa imparcialidade. Eu o chamo de jornalismo situacionista. O exemplo mais claro que me ocorre agora é o do Jornal Nacional. Note bem: não estou falando de todos os veículos das Organizações Globo e nem mesmo de todos os programas jornalísticos da TV Globo. Falo especificamente deste, que é sempre situação até o momento em que percebe o caldo entornando de vez.
O mais interessante, porém, é que este tipo de jornalismo só vai desaparecer - posto que não terá mais como se sustentar - à medida em que for morrendo também este mito da imparcialidade.