domingo, 30 de dezembro de 2007

Você paga, o Estado escolhe a programação

Um Projeto de Lei que deveria regular as atividades das TVs por assinatura no país recebeu, por obra e graça do deputado João Maia (PR/RN), uma cláusula que obriga os canais pagos a exibirem 50% de conteúdo nacional. Tendo por relator o petista Jorge Bittar, o projeto, é claro, ganhou força - os petista não desistem de tentar policiar o que assistimos em nossas televisões.

Se esta estrovenga passar, vai ser uma beleza: produções nacionais, de qualidade discutível, nos serão enfiadas goela a baixo. Também teremos reprises ad eternum, já que a produção nacional jamais acompanhará o ritmo necessário para manter 12 horas diárias de programação exclusiva em uma centena de canais. Além disso, vocês podem apostar que muitos canais que transmitem exclusivamente produções internacionais acabarão encerrando suas atividades no Brasil - diga adeus àquele seriadinho enlatado que lhe faz feliz.

O projeto está tramitando, quase em segredo, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Informação e Comunicação da Câmara dos Deputados e a ABTA - Associação Brasileira de Tv por Assinatura - lançou, no início de dezembro, uma campanha para informar e mobilizar os assinantes. Clique aqui para saber mais.

Nós

É claro que vocês notaram: o blog está em ritmo de férias.

Eu poderia alegar que estou com visitas - o que é verdade. Mas o fato é que os dias têm sido perfeitos para praia. Queiram pois, perdoar as prolongadas ausências.

Estejam certos, porém, de que se ocorrer algo muito importante eu fecharei o guarda-sol e virei correndo para cá. Caso contrário, até o dia 2 ficaremos assim - com esse jeitinho meio lerdo, em edições mais incertas do que o normal.

Tempo e sensibilidade

Sei que vou parecer insensível.

Mas, em algum cantinho bem escondido da minha alma, começo a achar que é barulho demais, expectativa demais e espera demais para três míseros reféns.

Se a razão desta demora é criar um clima novelesco, anotem aí: estas coisas têm um timing. Se passam do ponto, o povo perde o interesse. Sem contar que sempre há a chance de ocorrer outro fato, mais dramático, que acabe por roubar a cena.

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sábado, 29 de dezembro de 2007

Teoria do horror

Tem muita gente apostando que os reféns a serem libertados na "Operação Emanuel" estariam, a esta altura, recebendo um tratamento VIP - e que esta seria a razão pela qual a coisa está demorando tanto. Tudo para que os três se apresentem, diante das câmeras, com a aparência de que foram tratados de forma humanitária pelas FARC.

A teoria não é desprezível. Mas a pergunta obrigatória é: o que os autores da farsa pretendem fazer para impedir que os reféns revelem como foram, de fato, tratados pelos terroristas? A única resposta possível é tenebrosa: ameaçar que, se o fizerem, os reféns que permanecem em cativeiro serão torturados - ou assassinados.

Eu só queria entender...

A Folha de S. Paulo de hoje traz matéria especial sobre a presença do exército venezuelano em nossas fronteiras. Lá pelas tantas, o leitor se vê diante do seguinte parágrafo:

"O ímpeto armamentista do presidente Hugo Chávez já preocupa as Forças Armadas brasileiras, que consideram o avanço militar chavista uma ameaça à estabilidade regional.

Em setembro, o Comando Militar da Amazônia chegou a investigar se aconteceram pousos de aviões militares da Venezuela no Brasil. A investigação descartou a invasão. Hoje não há, segundo os militares, temor de uma investida venezuelana".

Afinal de contas, as Forças Armadas brasileiras estão ou não estão preocupadas com o avanço militar chavista?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Zero em maternidade

Em Palmeira das Missões (RS), Elaine Martins Schwantz, portando um 38, invadiu o Colégio Estadual Três Mártires e ameaçou matar os professores. O motivo: indignação e revolta porque sua filha foi reprovada em três matérias no terceiro ano do ensino médio. Aqui.

Ao contrário do que vocês possam ser levados a pensar, Elaine não é uma exceção. Conversem com os professores, principalmente com os de escolas particulares, e descobrirão que a única diferença entre Elaine e a maioria dos pais da atualidade é que ela pode ir presa pelo que fez - ao passo que os outros pais dificilmente serão responsabilizados pelos danos que causam aos seus filhos e à sociedade.

Sou do tempo - e creio que a maioria que me lê também é - em que notas baixas no boletim eram motivo para um castigo. As penas eram duríssimas: de uma semana sem ir brincar na rua a uma mês inteiro sem matinê, elas variavam de acordo com a nota e os danos que a mesma poderia causar no aproveitamento escolar anual. Sem contar a vergonha a que éramos submetidos nos churrascos e reuniões familiares, quando todos nos olhavam com reprovação. Um tio meu, aliás, tinha uma técnica infalível. Sempre que algum moleque - os meninos eram piores - aparecia com notas baixas, ele vinha com um discurso semelhante: "Fulano, não se preocupe. Nós te amamos assim mesmo. Entendemos que você é limitado e jamais vamos lhe deixar desamparado. O tio está guardando um dinheirinho para lhe comprar um taxi. Esteja certo de que comida não vai lhe faltar" , etc e tal. Era tiro e queda.

São práticas educacionais familiares de um tempo que já morreu. Hoje, quando a criança apresenta notas insatisfatórias, os pais vão à escola para xingar os professores. As reuniões não ocorrem mais para discutir o comportamento da meninada em sala de aula - e para orientar os pais sobre o que eles devem cobrar de seus filhos. São, isto sim, verdadeiras sessões de linchamento dos professores. Nenhuma ou pouca responsabilidade se exige dos estudantes.

Não é difícil perceber como se chegou a isso. Nos últimos 30 anos, a introdução de novos conceitos pedagógicos acabou por questionar valores antes tidos como certos: a nota como parâmetro de produção, a exigência de um bom rendimento, a valorização da competitividade e o respeito a autoridade do professor caíram por terra. Em substituição, vieram a subjetividade do conceito, o respeito à diferença de ritmo de cada aluno e a exagerada valorização de "saberes" outros, não adquiridos nos livros - aquela história de que saber tocar pandeiro é tão importante quanto saber somar. E se hoje os professores são responsabilizados por tudo é porque houve um momento em que eles se mostraram absolutamente coniventes com estas inovações pedagógicas.

O resultado desta aventura se faz sentir há algum tempo: crianças que aprendem o que querem, quando querem e como querem - e que chegam aos bancos universitários semi-alfabetizadas; professores impotentes e pais que, embora não cheguem às vias de fato, pensam exatamente como Elaine Martins Schwantz.

Governo de fachada

O leitor que se assina Fabricio Ferreira Neves me envia por e-mail:

Aqui no Rio, no desativado prédio do JB, há mais de um ano o Governo Federal colocou um daqueles banners enormes, que cobrem o edifício inteiro, anunciando que ali ficaria o novo Hospital de Ortopedia do Rio. Quase todo dia eu passo ali e nunca vi um operário, um arquiteto ou um engenheiro, nada, ninguém. O anúncio continua lá...

De fato, em seu informativo de agosto-setembro de 2005, o Instituto Nacional de Traumáto-Ortopedia prometia a inauguração da nova sede, a ocupar o antigo prédio do JB, para setembro de 2007.

Já em 25 de outubro de 2006 - em plena campanha presidencial, portanto - o ministro da saúde, Agenor Álvares, e o diretor-geral do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), Sérgio Côrtes, apresentaram à imprensa o projeto das novas instalações. Mas a data da inauguração foi, então, protelada para 2009. Na matéria publicada, à época, no portal da saúde, vocês podem ver que nem na maquete o governo esqueceu de colocar suas vistosas placas de propaganda.

Que ninguém diga que não há coerência na coisa. Afinal de contas, nunca na história deste país um governo inaugurou tantas pedras fundamentais, tapumes e fachadas de obras.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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Imagine a situação...

Você está há cinco anos no meio da selva, refém de terroristas, sem acesso a qualquer notícia do mundo civilizado. Então, quando finalmente é libertado, a primeira coisa que você vê é a cara do Marco Aurélio Garcia.

O que você pensaria?

Evitando Lula

19:00 - National Geographic - Vida Animal

20:00 - FOXlife - Ally McBeal

21:00 - GNT - Gnt.doc / Resoluções de Ano Novo

22:00 - Telecine Premium - End Game

Atualização, às 15:03: até porque o CORONEL acaba de publicar, com exclusividade, o discurso desta noite.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Atestado de incompetência

E a ANAC acaba de lançar a cartilha "Verão no Ar 2008" - uma espécie de manual do usuário da aviação civil.


Ainda não li as 72 páginas do compêndio. Mas persiste a sensação de que a Agência Nacional de Aviação continua confusa a respeito de suas funções. Embora a orientação de passageiros seja sempre interessante, a ANAC existe, antes de mais nada, para orientar e fiscalizar a conduta das companhias aéreas. E, uma vez que ela não está dando conta do recado, a nova cartilha mais parece uma tentativa subliminar de jogar o caos aéreo nas costas dos passageiros - estes mal informados, que atrapalham a aviação civil brasileira.

Em qualquer lugar medianamente civilizado, voar exige apenas o domínio de quatro operações básicas: comprar passagens, fazer check-in, embarcar e desembarcar. Se for preciso saber muito mais do que isso, é porque se está diante de um sistema falho. Quando este "muito mais" atinge 72 páginas é porque se chegou à bagunça.

Bate que eu adoro

A coluna Painel, da Folha de S. Paulo de hoje, traz a resposta da senadora democrata Kátia Abreu às críticas que o ministro Alfredo Nascimento dirigiu à oposição por conta da derrubada da CPMF:

"O ministro que nos chama de "irresponsáveis" está pendurado em mais de cem processos no TCU e se dedica a negociar cargos no Dnit para engordar a base aliada."

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Do leitor que se assina jml:

"Ô NG,

Coronel já está postando. Tá certo, tá certo, tem que arrumar as malas em casa, olhar a siamesa que deve estar injuriada com a prolongada ausência, mas..."

Exatamente, jml... Desfazer as malas, dar colo para uma siamesa aborrecida, aguar as plantas, etc e tal. Além do mais, trouxe visitas comigo. Precisei alimentá-las antes de acomodá-las em seus quartos.

E agora, que a casa é só silêncio, aquelas seis horas de viagem estão cobrando a conta. De modo que deixarei para retomar as coisas por aqui amanhã. Vou para a melhor cama do mundo - a minha. Mas não sem, antes, agradecer às muitas mensagens carinhosas que foram deixadas aqui.

sábado, 22 de dezembro de 2007

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Daqui a pouco cairemos na estrada para aquele tradicional Natal em família. "Na estrada" porque, passado um ano, o apagão aéreo continua firme e forte.

Como as condições para acessar a web serão incertas - a barreira de carinho familiar é, acreditem, um delicioso e respeitável obstáculo - , já vou deixando o meu Feliz Natal a todos vocês.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Eu, Mino Carta

Sempre achei um horror essa história do Mino Carta escrever numa velha Olivetti. Nada poderia ser mais representativo do encarquilhamento de suas idéias - quiçá do próprio Mino, por quem não nutro, como é de se esperar, grandes afetos. Do ponto de vista meramente argumentativo, me parecia muito confortável que alguém, a quem eu postulo uma ideologia retrógrada, resista de forma quase insana à tecnologia. A velha Olivetti estava para Mino Carta como os dólares na cueca estão para o petismo: era uma prova concreta de que algo vai mal naquele organismo

Assim pensava eu até ontem, quando o fantástico equilíbrio que me permite segurar pacotes e abrir o carro enquanto falo ao telefone simplesmente falhou. O saldo: jogo de taças a salvo e celular espatifado no chão. Nada que já não tivesse acontecido antes, ok. Mas, enquanto eu juntava frente, verso e bateria, me dei conta de que estava há quatro anos com o mesmo celular. Só isso já seria motivo para uma pessoa normal entrar correndo na primeira loja. Não eu. Eu precisei olhar mais de perto e descobrir que agora havia uma pequena rachadura entre o visor e o teclado.

Foi, pois, vencida pelas evidências e um tanto contrariada, que falei para o atendente da revenda: "Quero uma coisa simples". Gentilíssimo, ele me apresentou a uma miríade de objetos que tocam música, armazenam dados, filmam, fotografam, acessam a internet, dançam , cantam e apitam; enfim, todas aquelas coisas maravilhosas, surgidas nos últimos quatro anos, em prol da tal convergência. Recebeu de volta um suspiro acompanhado de " Veja bem, quero um modelo com números grandes para que eu possa telefonar sem óculos."

Depois de algum tempo saí de lá com uma coisinha que faz o que fazia o anterior: fotografa e acessa a internet.

Desconfio que o bom vendedor - que, no final, já me tratava com aquela gentileza reservada aos senis - me ocultou outras funções; coisas que, provavelmente jamais descubrirei. Mas como, em virtude dos pontos acumulados ao longo de quatro anos - a operadora deve me amar -, a coisa foi de graça, desisti de explicar que eu só uso celular para telefonar. Porque é exatamente isso: não passo torpedos, não acesso a web, não fotografo... Ou seja: os primeiros celulares estão para mim como a Olivetti está para Mino Carta.

"Se o Estado cede, o Estado acaba"

Foi Lula, ontem, em seu café da manhã com a imprensa - evento para lá de democrático, que não permitiu gravadores, câmeras, microfones, blocos ou canetas.

O presidente referia-se, é claro, à greve de fome do bispo d. Luiz Cappio. Lula explicou: se o Estado cedesse à greve de fome do bispo da Barra, outros grupos também poderiam se utilizar do mesmo recurso.

Pois eis o meu presente de Natal para os petistas: é claro que Lula tem razão. O Estado democrático não pode se tornar refém dos caprichos de determinados grupos ou indivíduos. E, aqui, pouco importa se falamos de um bispo em greve de fome, de estudantes invasores de reitorias ou de ataques e seqüestros promovidos pelo PCC.

Tudo certo.

Desde que, é claro, o mesmo princípio possa ser aplicado às FARC, que agora exigem a renúncia do presidente Álvaro Uribe e equipe em troca da libertação de todos os reféns - alguns em seu poder há dez anos. Mas, neste caso, Lula prefere se manter em cima do muro "Não tenho expectativa nem otimista nem pessimista porque essas negociações são sempre muito difíceis. O que espero é que as Farc libertem alguns reféns", declarou.

É uma neutralidade apenas aparente. Fundador do Foro de São Paulo, que tem as FARC como membro ativo, Lula se nega a reconher as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia pelo que elas, de fato, são: uma organização terrorista, intimamente ligada ao narcotráfico - narcotráfico, aliás, que abastece as favelas brasileiras.


Em 2004, ao assinar um acordo de segurança nas fronteiras, o então ministro da Defesa, José Viegas, reconheceu o caráter terrorista das FARC. Mas, uma vez que o Brasil segue sem uma lista oficial de organizações terroristas na qual as Farc pudessem ser incluídas, Lula pode se manter confortavelmente em silêncio. Em seu discurso, jamais FARC, terrorismo e narcotráfico serão reunidos numa mesma frase.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Força aí, Ideli!

"Vocês estão muito a reboque desses maluquinhos do DEM.”

Ideli Salvatti, em conversa com os tucanos Sérgio Guerra e Arthur Virgílio, segundo o Blog do Noblat.

A frase é perfeita para fechar o ano da senadora. Ideli está de mau humor. Ainda não digeriu o fim da CPMF - episódio que evidenciou a sua incapacidade de dialogar e pode lhe custar, além do bom humor, a liderança do PT na Casa.

Quem acompanha as atividades do Senado sabe que a senadora é truculenta demais e articulada de menos. Na tribuna, que ela ocupa na maioria das vezes para propagandear os "avanços" do governo Lula, Ideli raramente concede apartes. Também raramente debate. Prefere pronunciar-se e sair correndo - sempre com a desculpa de um vôo, uma reunião ou uma entrevista inadiável - a ouvir o que seus colegas senadores têm a dizer.

Também há rumores de que sua atuação complica não só o relacionamento do governo com a base mas, sobretudo, o diálogo interno da bancada petista - onde a senadora colecionaria rivalidades.

Por tudo isso - e porque estamos, afinal de contas, às vésperas do Natal - quero dizer à senadora Ideli Salvatti que estou torcendo por ela. No que me diz respeito, a líder do PT no Senado deve se eternizar no cargo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

E agora?

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de Hoje

"A ONG Ágora, acusada pelo Ministério Público de desviar R$ 900 mil em verbas públicas do extinto programa Primeiro Emprego, teve o registro cassado ontem pelo Ministério da Justiça. Seu proprietário, Mauro Dutra, é amigo de Lula e também dono da empresa Novadata, envolvida no escândalo dos Correios. O ministério alega ter esperado meses pela defesa da ONG, que nunca veio".

Oportuno lembrar que o requerimento número 094/07, que convoca Mauro Dutra a depor, é um dos que estão inviabilizando a CPI das ONGs - que, por falta de acordo entre oposição e situação, está parada desde 27 de novembro.

A tropa de choque governista quer ver o amigo de Lula longe dos microfones.

Está conseguindo.

Zero sete, me passa a escavadeira...

Eu não sei se a transposição das águas do rio São Francisco é uma idéia boa ou ruim. Já ouvi a gregos e troianos e ambos os lados me parecem ter suas razões. Acontece que eu não sou técnica. Não tenho obrigação de tomar uma decisão. Não posso e não preciso tomar uma decisão - e espero que os técnicos do Estado, cujo salário eu ajudo a pagar, tenham tomado a decisão mais acertada.

Mas o que eu sei é que não tenho mais, e faz tempo!, paciência para bispo, greve de fome e Letícia Sabatella. No que me diz respeito, são apenas lulopetistas encenando uma peça - que, é bom lembrar, quando encenada por Anthony Garotinho, nos pareceu por demais rídícula - da qual o governo Lula deverá sair engrandecido. Foi o que aconteceu na montagem de 2005: um final apoteótico para Lula.

Logo e portanto: zero sete, me passa a escavadeira... Ou: senta o dedo nessa porrra!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

E mais essa

Só no Ceará, a revisão realizada pelo TRE naqueles 24 municípios suspeitos vai reduzir em 30% o número de eleitores.

Acho que eu não preciso lhes falar das implicações deste tipo de coisa... Preciso?

Batom na cueca?

Do site do jornalista Claudio Humberto

"O economista venezuelano Federico Alves, que mora em Miami e colabora com o FBI na investigação do escândalo da mala argentina, afirmou hoje a uma rádio hispânica local que o presidente da Venezuela "comprou o Mercosul com dinheiro, financiando todos os governos progressistas" (da região). Garantiu que Hugo Chávez deu dinheiroà campanha da presidente argentina Cristina Kirchner, e que "em Caracas se sabe que ele financiou a campanha de Evo (Morales) na Bolívia, de Tabaré Vázquez (no Uruguai) e até de Lula, com dinheiro do petróleo, uma arma revolucionária".

Continue lendo aqui.

A imprensa no banco dos réus

Eu estava lendo o post do Reinaldo Azevedo sobre o depoimento que ele prestou, ontem, no caso "Paulo Henrique Amorim x Diogo Mainardi" quando me dei conta: nunca antes, na história deste país, os jornalistas estiveram tão auto-referenciais.

É verdade que o fenômeno dos blogs colaborou bastante para isso. Contar que se está doente, que se foi à missa ou a um jantar é uma forma de tornar mais íntima e pessoal a relação entre o blogueiro e seus leitores - e é claro que os jornalistas, ao resolverem ingressar neste mundo dos blogs, passaram a fazer uso da coisa. Mas o que me preocupa é a quantidade de notas auto-referenciais que tratam de processos e pendengas com a Justiça.

Antes de prosseguir, porém, vale lembrar que nem só de "Diogos Mainardis" se faz esta farra processual que temos assistido; nos últimos anos, também Ricardo Noblat sofreu pelo menos dois processos - da senadora Serys Slhessarenko e de Valdemar da Costa Neto, se estou bem lembrada. E, ao que me parece, há uma miríade de processos judiciais contra veículos de comunicação e seus editores-chefes tramitando atualmente.

Vocês podem me dizer que a mídia está, agora, apenas tendo que se responsabilizar pelo que fala - e que tal coisa é fruto de um melhor acesso às instâncias judiciais por parte da população. Podem, também, afirmar que o fenômeno dos blogs está tão somente permitindo que estes processos cheguem ao conhecimento dos leitores. Podem, ainda, puxar o caso "Petrobras x Paulo Francis" para comprovar que esta tendência não é de hoje.

Concordo. Mas, ainda assim, não consigo escapar à sensação de que a quantidade de processos movidos contra jornalistas está extrapolando um pouco aquilo que poderia se chamar de normalidade. Não me perguntem o que seria tal normalidade. Só consigo reconhecê-la por contraste, ou seja: agora que ela me parece ter sido quebrada.

Pois a minha sensação - que eu ficaria feliz se alguém se desse ao trabalho de confirmar ou refutar a partir de uma pesquisa quantitativa - é de que a coisa aumentou muito de 2004 ou 2005 em diante. E 2004, vale lembrar, é o ano no qual a imprensa e a sociedade civil obrigaram Lula a desistir daquele Conselho de Jornalismo. Já 2005 ninguém esquece: foi marcado pelo mensalão, que veio à tona graças a imprensa.

Não sei se estes fatos estão relacionados entre si. Mas sei que, nos últimos anos, a imprensa parece ter conquistado uma credencial vitalícia no banco dos réus. Se conquistou tal coisa por merecimento, só um levantamento sério sobre as sentenças pode responder. Seria bom se alguém fizesse isso.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Plantão oposição

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Da coluna Painel, da Folha de S. Paulo de hoje:

"Lenha. Com a conclusão ontem de sua eleição interna, que deve reconduzir Ricardo Berzoini à presidência, o PT prepara um contra-ataque à oposição. A Executiva Nacional do partido se reúne na quarta-feira e deve divulgar documento em que acusa PSDB e DEM de derrubarem o imposto do cheque guiados apenas por fins eleitorais."

Hora da oposição saltar na frente e chamar este súbito amor dos petistas à CPMF pelo nome: luto eleitoral.

Conforme eu já expliquei, a oposição precisa avisar ao povo que o Lula só queria o dinheiro da CPMF para eleger prefeitos petistas no ano que vem. E, conforme eu ilustrei hoje cedo, a tarefa é fácil. Basta fazer um discurso tão rasteiro quanto o de Patrus Ananias - ou quanto este que virá da nota que a Executiva Nacional Petralha está preparando.

Se ficar falando bonito e difícil, a oposição não vai se fazer entender para quem desequilibra o resultado das urnas.

Portanto, vamos lá, senhores... Todo mundo ensaiando diante do espelho: "Lula queria a CPMF para eleger prefeitos petistas no ano que vem. Lula queria tirar dinheiro do povo para eleger petistas. Nós não deixamos Lula tirar o dinheiro do povo para eleger petistas."*

*Notem que a repetição é um elemento importante para o processo cognitivo do público que vota em Lula. Isto explica porque, enquanto nós já estávamos enjoados da sua ladainha lá por 1990, a popularidade dele seguiu crescendo. Não discutam comigo; repitam, sempre que estiverem diante de um microfone. É teletubbie na veia.

Não esqueça, monstro.

Quem já lembrou de escrever aos senadores independentes agradecendo pelo voto contra a CPMF?

Geraldo Mesquita Júnior, Jarbas Vasconcelos, Expedito Júnior e, va lá, Cesar Borges e Romeu Tuma estão merecendo um reconhecimento extra.

A despeito da situação do governo já ser naturalmente complicada no Senado - e da incapacidade do próprio governo para lidar com a Casa - , é bom deixar claro a estes senadores que eles conquistam simpatias quando se comportam como oposição. Não só eles: demonstrações de resistência ao Executivo podem fazer bem à imagem de um Senado que saiu muito enlameado da crise Renan Calheiros.

Deixemos isso claro.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Tire a mão daí, Patrus!

Do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, em entrevista para O Globo:

"O Bolsa Família não está mais vinculado a uma questão quantitativa. Atingimos basicamente a meta de 11 milhões de famílias. Temos que ter monitoramento permanente. Agora, os programas complementares do Bolsa Família, sem a CPMF, não terão a expansão que projetamos para 2008".

(...)

"Não quero julgar a consciência de ninguém. Cada um responde por seus atos perante Deus, perante si mesmo, perante o Brasil e perante os pobres. Respeito se os senadores votaram contra a CPMF de acordo com suas convicções, única e exclusivamente. Isso é democracia. Mas aqueles que votaram por sentimentos menores, para impedir maiores e melhores conquistas para o povo brasileiro, infelizmente não votaram contra o governo. Votaram contra o Brasil, contra os pobres, contra nossas crianças e contra o nosso futuro".

(...)

"Alguns segmentos já pautaram a eleição de 2010. Essa discussão está sendo colocada de forma prematura. Tem outra eleição, essa sim deve estar sendo pensada, que são as prefeituras ano que vem. Um bom prefeito, honesto e comprometido com questões sociais, pode mudar a vida de uma população".

Sr Patrus Ananias,

A eleição das prefeituras no ano que vem é justamente a razão do choro petista. A "expansão" dos "programas complementares do Bolsa Família", que o senhor e a sua turma "projetaram para 2008" nada mais era do que uso da máquina para fins eleitorais.

Querer barrar o uso da máquina para fins eleitorais é uma convicção tão boa quanto qualquer outra para se votar contra a CPMF.

Portanto, sr.Ananias, ninguém quis "impedir maiores e melhores conquistas para o povo brasileiro" - e o senhor sabe muito bem disso. O que se quis impedir é a farra eleitoral que o senhor e o seu bando pretendiam promover com o dinheiro do contribuinte.

Trate de tirar as mãos do bolso do povo e vá eleger seus prefeitinhos com a grana que puder arrecadar.

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É a campanha que o CORONEL acaba de lançar.

Aqui.

Paternidade

O Estadão deste domingo reconhece aquilo que este blog já adiantara aos seus leitores na madrugada de quinta-feira: Paulinho Bornhausen foi a pedra fundamental da derrubada da CPMF. Segundo o Estadão: " Idealizador da campanha “Xô CPMF”, ele começou o ano solitário nesse combate e chegou a dezembro contabilizando homenagens de todos os caciques do partido."

Mão Santa sabe

Parece que Guido Mantega meteu os pés pelas mãos ao declarar que o governo criaria uma nova contribuição, nos moldes da CPMF, já na próxima semana. Para além das naturais reações da oposição, também o Palácio do Planalto mostrou-se, segundo o jornal O Globo, contrariado. Conclui-se, pois, que Mão Santa não está de todo errado. Na última sexta-feira, o senador foi à tribuna para chamar Mantega de aloprado-rei. Mais especificamente, suas palavras foram "Aloprado-rei, vá às favas!". Ouça aqui.

Teimosos

O Estadão atribui a articulação para o fim da CPMF no Senado a Jorge Bornhausen e Fernando Henrique Cardoso. Os dois teriam enxergado além da simples redução de impostos - sempre um trunfo político junto à classe média. Ambos sabiam que, do ponto de vista eleitoral, a engorda do caixa de Lula, promovida pela CPMF, é muito mais nociva do que a perda daqueles 20% que seriam repassados para os estados. Que Serra, Aécio e Arruda não tenham enxergado tal obviedade, já demonstra que eles não têm preparo para enfrentar o petismo. Que os dois primeiros, em especial, tenham batido pé no erro, pressionando os senadores para votarem a favor, nos dá a certeza de que eles só têm uma saída para 2010: unirem-se a Lula. Não são os caras certos para enfrentar o PT. Se tentarem, tomarão uma surra.

sábado, 15 de dezembro de 2007

O jênho

Não, eu não estou melhor.

E, dado que o país foi assolado pelas comemorações do aniversário do Niemeyer, eu deixo vocês com uma interessante leitura que Ruy Goiaba fez, outro dia, sobre o tema.

Juro que vale a pena.

Aqui.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Ao vivo do sofá

Começou na terça-feira com uma rouquidão.

Ontem veio a tosse.

Hoje, os calafrios e a coriza.

É gripe, claro. Acho que foi a mesma que pegou o José Agripino - sim, a elite branca e golpista adoece unida.

Teclo do sofá - onde estou atirada, assistindo TV, porque não há coragem para muito mais do que isso.

Acabo de ver o Lula adulando o seu menino prodígio, José Serra.

Dilma e Aécio, deu pra vocês... Vem aí aquela anunciada aliança.

Be-a-bá para quem vive apanhando do PT

Lula vai retaliar os senadores da base aliada que votaram contra a CPMF. Ótimo, pois aquele placar do Senado tenderá a congelar em 34 a 45 - o que fica bem mais fácil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

Lula vai acusar os tucanos de terem prejudicado a saúde. E daí? A CPMF vai ser a "privataria" da vez: há que se aprender a lidar com este tipo de coisa - o que fica bem mais fácil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

Quantos votos lulopetistas Kennedy Alencar - e outros especialistas imparciais - acreditam que os tucanos conquistariam se tivessem votado a favor da CPMF? Os tucanos votaram contra a CPMF para não perder os votos que ainda lhes restam - o que ficará bem mais fácil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

O governo vai cortar investimentos. Ou seja: no ano que vem, ao invés da farra do PAC para eleger prefeitos petistas, teremos um governo que não cumpriu o que prometeu - o que ficará bem mais fácil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

Além de cortar investimento o governo já pensa em aumentar impostos. Perfeito. Em 2010, se dirá que, além de incompetente, este governo só sabe aumentar impostos - o que ficará bem mais fácil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

Queiram me desculpar, mas o quadro acima só pode desagradar a quem planeja chamar o PT e compor uma chapa para 2010 - o que, é bom lembrar, fica bem mais difícil se Lula tiver menos dinheiro em caixa.

Se é ele quem diz...

Em O Globo de hoje:

Aécio diz que ele e Serra também perderam

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), um dos defensores da CPMF, ao lado do governador de São Paulo, o também tucano José Serra, assumiu ontem parte da derrota. Os dois tentaram convencer os senadores do PSDB a aprovar a prorrogação do tributo. Para Aécio, a derrota do governo também pode ser computada a ele e ao colega paulista.

Taí a conclusão que foi antecipada por Hugo-a-Gogo, amigo e leitor deste blog, no dia de ontem: " Um evento do qual saem derrotados José Serra, Aécio Neves e Lula não pode ser ruim."

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Uma vez tucanos...

Parece piada, mas não é.

Menos de 24 horas depois de acabar com um imposto, os tucanos já estão providenciando outro. Arthur Virgílio já anda até confabulando pelos cantos com Ideli Salvatti.

Sabem o que é isso?

Medo de levar a "culpa" por terem "tirado verba do governo Lula". Ou seja: ontem, os tucanos votaram sob pressão da opinião pública, que lhes exigia que agissem, uma vez na vida, como oposição. Hoje, eles voltam ao seu estado natural - àquele muro que eles gostam de chamar de "oposição responsável" - e já se mostram dispostos a jogar, através de um acordo de paz com o governo, todo o ônus de ontem no colo do DEM.

São, enfim, tucanos... Uma espécie que se divide em dois grandes grupos: os que não querem enfrentar o PT e os que não sabem enfrentar o PT.

Quer dizer, Lula, que quem não quer pagar CPMF é sonegador?

Mas então, Lula, o que vamos dizer de todos os privilegiados pensionistas anistiados do regime militar, que nunca pagaram? Estavam todos sonegando?

E você, Lula, que também não pagava CPMF ? Estava sonegando?

É fácil dizer bobagens, Lula. Principalmente quando não se paga CPMF.

Alô, assessorias de imprensa da oposição

Reproduzo comentário que o leitor Fabrício Neves fez no post abaixo e que confirma o que afirmei há pouco: a hora é de agilidade!

"Vim ouvindo a CBN-Rio no carro; estão entrevistando, um atrás do outro, pessoas das áreas da saúde, educação, cultura etc., chorando pela falta de recursos para implementarem seus projetos."

Atenção, oposição: não acabou!

Em política, vitórias mal exploradas podem significar derrotas. Quando o adversário é o PT, então, pior ainda. Quando o PT pode contar com o despeito de José Serra e Aécio Neves - o primeiro é vingativo como poucos -, muito pior.

Jamais esqueçamos do que aconteceu na campanha política do ano passado, quando o bom desempenho de Geraldo Alckmin no debate da Band foi parar na lata do lixo. Alckmin fez exatamente o que a opinião pública, o eleitor oposicionista e boa parte da mídia especializada esperavam dele: bateu em Lula. Mas o partido cochilou.

O primeiro erro: já na saída do debate nenhum tucano soube apropriar-se da vitória. Nas entrevistas, eles pareciam surpresos com o que tinham visto. Os petistas, ao contrário, souberam qualificar e rotular a coisa de imediato: "excessivamente agressivo", foi a apropriação que fizeram. Associada ao segundo erro - um acordo burro de interromper a campanha por dez dias quando o presidente, pela própria natureza do cargo, continuaria na mídia -, esta apropriação petista acabou prevalecendo.

Pois o que teremos nos próximos dias - nas próximas horas, aliás - é exatamente a mesma situação. Lula sempre tem mais espaço na mídia. Ou a oposição - DEM à frente - se apropria logo da vitória, explicando o que ela significa, ou vai prevalecer a versão de Lula: "os sonegadores tiraram comida da boca dos pobres" - sem falar na versão que José Serra lhe entregou de mão beijada: " a saúde perdeu".

A oposição precisa ser rápida e tomar conta da mídia sem medo de comemorar a vitória pelo que há, nela, de mais apelativo, simples e popular: o "P" da CPMF significava "provisória" - a oposição, que criou o imposto no passado, entendeu que era hora de acabar com a coisa; Lula* está com os cofres cheios: com a derrubada da CPMF, ele vai apenas ser obrigado a gastar melhor.

E lembrem: para o eleitor de Lula, este negócio de " Senado que mostra força diante do Executivo, oposição que se impõe", etc e tal, não tem qualquer importância. Melhor falar do quanto Lula* gasta com cartões de crédito, viagens e cargos de confiança, explicando que ele bem pode reverter tais custos para devolver a comida à boca dos pobres e melhorar a saúde.

Portanto, não acabou, senhores. Mãos à obra antes que os falsários de sempre lhes roubem os aplausos - eles são, vocês sabem, especialistas neste tipo de roubo.

* Notem que o termo a ser sempre utilizado é "Lula" - nunca "governo". Para o público de Lula, "governo" não existe. É Lula quem está com os cofres cheios. É Lula quem precisa gastar melhor.

Vida longa ao monstro!

"Pela manhã, Virgílio mudou de idéia. Segundo ele mesmo admitiu à Folha, resolveu desistir do acordo ao acordar e ler os jornais e checar suas mensagens eletrônicas, favoráveis à posição de votar contra a CPMF. "Você sabe, tem uma coisa chamada travesseiro, você dorme, acorda, reflete melhor. A proposta era boa, mas eu não tinha como bancar uma mudança de posição"

Da Folha de S. Paulo de hoje, explicando porque o acordo entre governo e PSDB, firmado na madrugada de terça para quarta, não vingou.

Ou seja: vitória do Democratas, dos senadores independentes e de vocês, que pressionaram o PSDB a agir como oposição.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Governo é derrotado.

Caiu a CPMF.

A oposição respira e mostra a sua força.

O Senado impõe, depois de muito tempo, uma derrota ao governo.

É para isso que existe oposição: para colocar rédeas ao governo.

É tarde, estou cansada, mas alguns agradecimentos, ainda que breves, são obrigatórios.

Ao senador Mão Santa, que foi incansável nos últimos trinta dias, usando o seu espaço na tribuna para defender a derrubada da CPMF.

Aos senadores do PSDB que, a despeito da pressão de Aécio Neves, José Serra e Yeda Crusius, conseguiram se manter firmes no propósito de fazer oposição.

Ao Democratas, que abraçou esta campanha e entendeu sua importância - real e simbólica - para os eleitores da oposição. Vocês resgataram a nossa esperança.

Em especial, quero agradecer a dois democratas: a senadora Kátia Abreu, que foi uma guerreira em seu papel de relatora, e ao deputado Paulo Bornhausen, idealizador da campanha Xô CPMF - marco fundamental para a vitória alcançada nesta noite.

José Serra e Antônio Palocci de mãos dadas no Senado

Diante de uma provável derrota do governo, lá veio Romero Jucá, com carta de Lula em baixo do braço.

Na carta, as opções apresentadas por dois grandes aliados de Lula nas últimas 24 horas:

- A proposta de José Serra: aprovar a CPMF por quatro anos, destinando a totalidade dos recursos para a Saúde.

- A proposta de Antônio Palocci : aprovar a CPMF por um ano, ficando a distribuição de recursos como está.

Jucá também pediu que, a bem dos senadores discutirem as propostas, a votação fosse adiada para amanhã.

A resposta da oposição foi curta e precisa: enfia!

Era de se esperar. Há pouco, foram confirmados dois votos da base governista pelo fim da CPMF: Geraldo Mesquiita e Cesar Borges.

A oposição está otimista.

A noite promete.

Rasteja, governico... Rasteja.

Como estão as coisas?

Estão nervosas.

O blogueiros serristas começaram a xingar os leitores.

Os blogueiros governistas, a falta de novas notícias sobre propostas e traições, passaram a fazer pressão sobre Mão Santa.

Eles estão borrados.

Acompanhe, ao vivo, clicando aqui.

Aos traidores da oposição

Eu não sei se os senadores da oposição que estão afrouxando já entenderam o que se passa.

Portanto, vamos dar uma mãozinha.

Segue, abaixo, o material que estará nas ruas a partir de amanhã.

Estamos apenas aguardando os nomes.

traidores.jpg

Recados

Parece que José Serra foi promovido. De garoto de recados - posição que ocupou desde a semana passada - passou a procurador de Lula: está garantindo aos seus correligionários que, mesmo sem assinar nada, o governo cumprirá a promessa de repassar 100% da CPMF para a saúde.

E nós?

Só nos resta passar o dia mandando recados também.


Vamos congestionar as linhas da Central de Relacionamento com o Cidadão do Senado Federal : ligue 0800 61 22 11 e deixe recado para um senador tucano. E pouco importa se você consegue ou não completar a chamada. Os senadores ficam sabendo que as linhas estão atoladas ... E sabem muito bem do que se trata.

Vamos congestionar as caixas postais dos senadores do PSDB com mensagens de repúdio à CPMF. Para tanto, segue abaixo um copy-paste dos endereços de e-mail de todos os senadores tucanos. Pouco importa se você já fez isso ou se os e-mails retornam com mensagens automáticas. Os senadores ficam sabendo que suas caixas estão lotadas ... E sabem muito bem do que se trata.

Copie e cole:

alvarodias@senador.gov.br; arthur.virgilio@senador.gov.br; cicero.lucena@senador.gov.br; eduardo.azeredo@senador.gov.br; flexaribeiro@senador.gov.br; jtenorio@senador.gov.br; lucia.vania@senadora.gov.br; marconi.perillo@senador.gov.br; mario.couto@senador.gov.br;

marisa.serrano@senadora.gov.br; papaleo@senador.gov.br; sergio.guerra@senador.gov.br; tasso.jereissati@senador.gov.br

Querem realismo político?

Ontem à noite, quando a imprensa começou a inferir sobre uma possível negociação entre PSDB e governo, eu disse que era José Serra quem estava abastecendo a mídia com notinhas destinadas a abrandar os ânimos da oposição.

Era conclusão natural para quem tinha acompanhado os discursos de Arthur Vrgílio durante a tarde. Principalmente para quem ouvira - minutos antes do Noblat noticiar que a bancada estava reunida, analisando a possibilidade de um acordo - o senador Álvaro Dias ir à tribuna declarar que já não havia entendimento possível com o governo a respeito da CPMF. E a Folha de S.Paulo de hoje confirma a minha impressão: "Na reunião, houve momento em que a maioria dos 11 senadores tucanos presentes estava propensa a decidir votar com o governo, mas houve recuo depois que Arthur Virgílio (AM), Papaléo Paes (AP) e Álvaro Dias (PR) ameaçaram deixar a legenda caso isso acontecesse."

Pois leio, agora, a notinha que o Noblat publicou no primeiro minuto da madrugada, quando a tal reunião dos tucanos foi encerrada. A nota é clara: não havia qualquer proposta formal do governo. Foi José Serra quem avisou à direção do partido de que haveria uma.

Para quem gosta de "realismo político", é um balde cheio e fedorento do melhor estilo José Serra. Serra quer ser presidente. O povo, a oposição e o PSDB que se danem.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Tchau, estúpido.

Notícia fresquinha do Radar On-Line

"O governo conseguiu levar o senador Cristóvam Buarque ao grau máximo de irritação, agora há pouco. Entre os itens do acordo que o governo fechara com o PDT para votar pela CPMF, constava a aprovação pela Câmara de um projeto de Cristóvam (já aprovado pelo Senado), que institui o piso salarial nacional dos professores.

Hoje, em conversa com Arlindo Chinaglia, Cristóvam soube que o projeto não seria votado amanhã, como previsto. "Ficará para o ano que vem", disse o presidente da Câmara.

Mais tarde, Cristóvam comentou o fato com a senadora petista Ideli Salvati. "O Lula vai deixar esse seu projeto de lado e criar o piso via Medida Provisória", disse Ideli, segundo relato de Cristóvam. "O Lula vai assumir a paternidade de uma idéia minha, que tento instituir desde o meu tempo como ministro. Isso é usurpação", bradou o senador pedetista à coluna".

Pois bem... Outro dia, ao defender a CPMF, Cristóvam afirmou que muitos o achavam um ingênuo por acreditar, mais uma vez, no governo Lula.

Disse também que, caso fosse passado para trás pela segunda vez não seria ingenuidade, mas estupidez. E que tal qualidade, uma vez revelada, não lhe permitiria candidatar-se novamente ao Senado:

"Eu não repetirei a minha candidatura ao Senado, se, por acaso, eu for traído outra vez pelo Governo na negociação que estou fazendo, para que se extinga a DRU.

No poleiro

Pouco antes das 20 horas, Reinaldo Azevedo publicou que Tasso Jereissati estaria pronto a aceitar uma "proposta substantiva" para apoiar a prorrogação da CPMF - a saber, que 100% da CPMF seja direcionado para a saúde. Não sei quem autorizou Tasso Jereissati a negociar pelo PSDB, já que ele não é líder da bancada e nem presidente do partido. Mas o Reinaldo Azevedo parece prontinho a aceitar tal negociação como "uma concessão e tanto" - afinal de contas, é a vontade de Serra...

Também o Noblat, há coisa de vinte minutos, publicou notícias do ninho: o alto comando do partido estaria reunido, naquele momento, para "avaliar o impacto" de liberar os senadores para votarem amanhã como bem entenderem. Desta vez, no comando da tal reunião, estaria o presidente da legenda mesmo , o senador Sergio Guerra.

Hoje à tarde, eu assisti a três pronunciamentos de Arthur Virgílio. E afirmo que se o PSDB saltar do poleiro para o colo do governo, Arthur Virgílio será obrigado a abdicar da liderança do partido. Há pouco, também Álvaro Dias foi à tribuna dizer que era tarde demais para vir qualquer proposta do governo.

Não que eu duvide que o PSDB possa mudar de posição. Não duvido. Mas estas notícias estão me cheirando a guerra de informação. E, ao contrário do que se poderia pensar, quem está abastecendo nossos jornalistas com notinhas que buscam abalar os ânimos da oposição não é o governo. É a assessoria do José Serra.

E nem precisa de vermelho...

demos25.jpg

É como dizem os velhos ditados: faça do limão uma limonada ... Ou: tá no inferno, abrace o diabo.

Pô, qual é?

demcratasA.jpg

Vocês não acham que a nova marca do DEM ficou certinha demais e com sal de menos?

Sim, e daí?

Fiquei bem feliz ao ler o artigo de Rodrigo Maia para a Folha de S.Paulo de hoje.

Por uma absoluta - mas adorável - coincidência, o presidente do Democratas intitulou seu artigo com um "Democratas sim, e daí ?, que lembra muito o "Demo, sim, e daí?", publicado por este blog outro dia.

Mas tem uma coisa que me decepcionou um pouco.

Já, já, postarei sobre.

Dedo gordo

Acabo de deletar, sem querer, cinco comentários do último post. Sei que Italianinha e Beto estavam na lista - foram os nicks que consegui ler naqueles segundos entre clicar no botão errado e me dar conta da besteira.

Se for possível - e se vocês tiverem paciência para tanto, é claro - comentem novamente.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Incansável e inesquecível

José Serra está se mostrando incansável na tentativa de fazer com que alguns senadores tucanos votem contra o PSDB, contra a opinão pública e a favor do governo Lula.

Sua postura neste episódio da CPMF não será esquecida.

Eu prometo.

Luiz Inácio.... Ôh, Luiz Inácio!!!!

Ôh, Luiz Inácio, o novo sistema de passaportes da tua Polícia Federal é uma merda! E hoje a merda passou a manhã fora do ar, Luiz Inácio.


Ôh, Luiz Inácio... Em Florianópolis, a sede da tua PF tem porcelanato do piso ao teto, tem corrimão cromado, tem bombona d'água, mas não tem copo, Luiz Inácio!

Se o contribuinte quiser beber água, tem que beber 'caz mão', Luiz Inácio! 'Caz mão'!!!!

domingo, 9 de dezembro de 2007

sábado, 8 de dezembro de 2007

Perguntar não ofende (II)

Eis que aquilo que parecia bem estranho acaba de ficar pior ainda:

Na semana passada, o Datafolha incluiu Marta Suplicy na pesquisa para a presidência. Agora, incluiu a ministra na pesquisa para a prefeitura de São Paulo.

Para Geraldo Alckmin, porém, não concedeu a mesma honra.

Gostaria de saber qual é, afinal de contas, o critério do Datafolha para definir quem vai ou não ser pesquisado.

Pela negativa do próprio candidato não pode ser. Em 2005, Aécio Neves negava que fosse candidato a presidente e seguiu sendo pesquisado. Por pretender pesquisar o candidato para prefeito se viu, agora, que também não é motivo.

Ou seja, a perguntinha continua simples e deveria ser respondida o quanto antes: quando e por que o Datafolha decidiu que Geraldo Alckmin não vai se candidatar à presidência?

De alguém que está acompanhando o drama de perto:

"O Lula está ligando, ele mesmo, para os senadores. Isto é terrível.

Um senador ou deputado quando recebe um telefonema do presidente se caga todo. Esta é a verdade, mesmo não sendo bonita de dizer.

Sabe diárreia-monstro? É isso. O bicho treme, fica verde. Vira planta, passa o dia no vaso. Sabe que, se não atender o pedido do presidente, no dia seguinte estará com a Polícia Federal e a Receita Federal na porta. Isto sem contar os cobradores do Banco do Brasil. E que será golpeado em seus negócios de todas as maneiras. A capacidade de fúria e de retaliação do Estado a serviço dos governos não deixa espaço para nenhuma esperança do cidadão. Sempre foi assim, mas agora o jogo está mais pesado."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Hora de sermos didáticos

Senhores da oposição:

Se o governo Lula aprovar a prorrogação da CPMF, sabem quantos prefeitos o PT vai eleger no ano que vem?

Quantos quiser.

Disse ou não disse? (II)

Hoje cedo eu disse que, tão logo o discurso de Lula no Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul fosse disponibilizado no site da presidência, iríamos descobrir quem fora mais fiel aos fatos - se Ricardo Brandt, do Estadão, ou Letícia Sander, da Folha de S. Paulo.

Pois o discurso já está no site da Presidência da República. E o vencedor do nosso singelo certame é Ricardo Brant. O jornalista do Estadão estava certo ao relatar que Lula citou o Foro de São Paulo. Na verdade, Lula citou o Foro três vezes. Mas Letícia Sande não ouviu.

ILULI

É o Índice Lula de Irritação, que acaba de ser lançado pelo CORONEL.

Corram .

Disse ou não disse?

De Ricardo Brandt, para o Estadão de hoje:

"Num discurso descontraído, mas repleto de citações históricas, que durou 45 minutos no evento de encerramento do Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul, Lula surpreendeu a todos. Iniciou seu discurso lembrando o Fórum de São Paulo, primeiro encontro promovido na América Latina entre as esquerdas.(...) Segundo ele, a partir dali começou uma revolução das esquerdas na América do Sul que agora caminha para a América Central."

Como sempre, Lula assume sem problemas os projetos do Foro de São Paulo. E não foi diferente ontem.

Pelo menos é o que nos conta Ricardo Brandt, do Estadão.

Já para Letícia Sander, da Folha de S. Paulo, que cobriu o mesmo evento, Lula disse tudo isso sem citar o Foro de São Paulo - é o que se deduz de sua matéria, na qual não aparece qualquer referência literal ao Foro.

Assinantes do Estadão clicam aqui para ler a matéria de Ricardo Brandt.

Assinantes da Folha clicam aqui para ler a matéria de Letícia Sander.

Qual dos dois cobriu o evento com mais fidelidade é o que vamos saber assim que o discurso for disponibilizado no site da Presidência da República.

Ela pergunta, eu respondo

"Serra e Aécio serão tão cegos que não hesitarão em arrasar o PSDB, transformando o partido em escombros?"

É a pergunta de Lucia Hippolito, em excelente artigo para o seu blog.

Quanto a mim, não é segredo o que penso deste dois: são homens de projetos pessoais - não homens de partido. Assim como não hesitaram ao ajudar a enterrar a campanha presidencial do ano passado, não hesitarão em arrasar o PSDB agora. Calculam que meio PSDB com a bênção de Lula lhes servirá melhor do que um PSDB inteiro sem esta mesma bênção.

Rastejam, pois, aos pés do petista, na esperança de que isto lhes pavimente o caminho até o Planalto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Quase lá (II)

Aliás, neste discurso de hoje, chama atenção as palavras de Lula para o senador Jefferson Peres - que, depois de um charminho para melhor negociar, ontem declarou que votará a favor da prorrogação da CPMF.

Ao se queixar da oposição, o presidente dirigiu-se ao senador: " Já apanhei o que tinha de apanhar. Porque a direita não é mole. Você pensa que a direita é como a esquerda Jefferson Péres? Não, não tem piedade."

Não sei o que Peres pensa da direita e da esquerda. Mas o que ele pensa de Lula, eu sei:

"Como se ter animação em um País como este com um Presidente que, até poucos meses atrás, era sabidamente - como o é - um Presidente conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu no Brasil, e este Presidente está marchando para ser eleito, talvez, em primeiro turno? (...) Ele pode ser eleito com 99,9%. Eu estarei aí na tribuna dizendo que ele deveria ter sido mesmo destituído porque o que ele fez é muito grave. É muito grave. (...) Elejam quem vocês quiserem! Podem chamar até o Fernandinho Beira-Mar e fazê-lo Presidente da República - ele não vai com o meu voto, mas, se quiserem, façam-no."

Pelo menos era isso que Jefferson Peres pensava de Lula há 15 meses. Depois passou por uma - abusemos do termo presidencial - metamorfose... E, agora, está a lamber-lhe as botas.

Quase lá

Parece que são grandes as chances de que a CPMF não seja prorrogada.

É o que indica o péssimo humor de Lula. Se já andava alterado na semana passada, hoje o presidente dobrou o tom chavista. Irresponsável e bufão, voltou a fazer o discurso do conflito de classes e a chamar de "sonegadores" a todos os que se opõem à "contribuição".

A última vez que vi Lula assim, atacado das bichas, foi no ano passado, no final do primeiro turno da campanha presidencial. Então, com olhos esbugalhados e aos gritos, ele prometeu que no domingo seguinte a "oncinha iria beber água". Não bebeu. Foi preciso mais um mês de palanque - e uma mentirosa campanha difamatória contra seu adversário - para a "oncinha" matar a sede.

Atenção, oposição

É meio ridículo, eu sei... Mas, considerando os últimos dias, penso ser necessário lembrar aos oposicionistas que Tião Viana precisa de apenas 41 senadores presentes para colocar em votação a prorrogação da CPMF - e que somente os partidos que compõem a base governista já completam, com folga, o quórum.

Portanto, excelências, prestem atenção, tá? Porque Tião amanheceu se dizendo disposto a resolver a coisa hoje mesmo.

Eles fazem o tema de casa

Na quinta-feira passada a oposição tomou bola nas costas por conta do regimento do Senado Federal.

Agora, a coisa se repete. Decidida a adiar a votação da CPMF, a base governista vai esvaziar a sessão prevista para hoje. Ao saber da decisão, os oposicionistas ameaçaram com obstrução da pauta - o que, se levado até 31 de dezembro, faria com que a CPMF deixasse de existir por decurso de prazo.


Mas Tião Viana deu, mais uma vez, um viva o regimento e tirou da manga o artigo 172 ( piada quase pronta, eu sei), que permite ao presidente da Casa trazer a matéria para o plenário, à revelia, até dez dias antes de encerrar o ano legislativo - quer dizer, em 20 de dezembro.

O resultado é que o governo ganhou mais duas semanas para assediar com propostas indecorosas os senadores da base governista que, até agora, prometem votar contra a prorrogação: pelo PMDB, Jarbas Vasconcelos, Mão Santa e Geraldo Mesquita; pelo PTB, Romeu Tuma e Mozarildo Cavalcanti; no PR, César Borges e Expedito Júnior. E o problema é que, pelas minhas contas, apenas Mão Santa não aceitaria negociar.

Ou seja: a se confirmar o quadro acima - leia-se, se a oposição não conseguir dar uma volta no tal artigo 172 - a CPMF tem tudo para ser prorrogada. São as dores de se ter um petista na presidência da Casa. Os petista, vocês sabem, têm inúmeros defeitos. Mas jamais deixam de fazer o tema de casa.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Falou o democrata de merda

Hoje à tarde, aquele democrata de merda que Lula e camarilha tanto admiram, disse que a vitória da oposição venezuelana foi uma vitória de merda.

Leia aqui.

Perda de tempo

E fervem as negociações (meu avô conhecia por outro nome) para decidir quem será o sucessor de Renan Calheiros na presidência do Senado.

Que perda de tempo! Que bobagem!

Deveriam devolver a presidência a Renan Calheiros.

Se Renan foi absolvido, é porque a maioria de seus pares o considera inocente e acredita que ele nada deve. Se ele nada deve, que continue no cargo para o qual foi eleito em janeiro último.

Aliás, no presente momento, não consigo pensar em um senador que represente com mais fidelidade do que Renan Calheiros a envergadura moral do nosso Senado.

Das pichações...

"Um Senado que serve ao Executivo para nada serve."

Acredite se quiser

"Não tentamos convencer a bancada. Nossas conversas são só para atualizar as informações sobre o assunto."

É José Serra, explicando a reunião na qual, segundo a Folha de S. Paulo, ele e Aécio Neves tentaram demover a bancada tucana de votar contra a prorrogação da CPMF. A reunião ocorreu na segunda-feira à noite, por iniciativa do governador mineiro, e contou com a presença de Arthur Virgílio e Sergio Guerra.


Levar a sério a justificativa de José Serra implica aceitar que o governador de São Paulo deslocou-se até Belo Horizonte apenas para saber das últimas - coisa que poderia, em respeito ao contribuinte, ter feito por telefone.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Nossa política (II)

E Renan foi absolvido pelo voto secreto.

Mercadante diz que votou pela cassação. Se é verdade ou mentira, jamais saberemos. O que sabemos é que 14 senadores mentiram para a pesquisa que a Folha de S. Paulo realizou entre eles.

À Folha, 43 senadores disseram que votariam pela cassação - e apenas 29 deles cumpriram a promessa.

Agora resta a CPMF, que está negociada mas não decidida. Como eu disse mais cedo, se o voto secreto pôde absolver Renan, o voto aberto pode acabar com a CPMF. E as chances de não prorrogar serão maiores se maior for a pressão da opinão pública. Portanto, disque, monstro.

Nossa política

Ontem à noite, na festa de aniversário de uma amiga, me perguntaram se Renan Calheiros será cassado hoje.

Respondi "Não, porque o voto é secreto".

Já para a prorrogação da CPMF, declarei que "há chances de ser barrada porque o voto é aberto".

E é nisto que se resume a política nacional.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Tchau, Mesquita

O senador peemedebista Geraldo Mesquita Júnior - que, na semana passada, denunciou estar sendo abordado de forma inadequada por assessores do Planalto - subiu à tribuna, hoje à tarde, para declarar que se o governo se comprometer a fazer um plebiscito para a consultar a população a respeito da manuntenção da CPMF, ele votará a favor da prorrogação. Para tanto, ele apresentará emenda propondo o tal referendo popular.

Podem me chamar de cética. Mas Mesquita é carta fora do baralho da oposição. Está apenas arrumando uma desculpa para votar com o governo. Se não for, darei a mão a palmatória. Até lá, porém, aconselho a oposição a não contar com ele.

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É claro que o movimento estudantil foi fundamental e merece todo o mérito por aglutinar as forças oposicionistas em torno do "Não". Mas deve-se reconhecer o valor discursivo daquele "Por que não te calas?" do rei Juan Carlos. A ridicularização pública do bufão engrossou o caldo, fornecendo um estímulo extra aos indecisos.

E, antes que me apareça alguém para louvar o "espírito democrático" de Hugo Chávez, é bom lembrar que o anúncio do resultado foi protelado em mais de sete horas - e que só foi feito quando os líderes oposicionistas, impedidos de entrar na sala do Conselho Nacional Eleitoral onde era feita a totalização dos votos, começaram a protestar.

O que aconteceu durante aquelas sete horas, só saberemos se algum governista virar a casaca para lançar um best-seller.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Perguntar não ofende...

Não é estranho que a pesquisa Datafolha divulgada hoje descarte Geraldo Alckmin da corrida presidencial para 2010?

Me parece uma decisão esquisita, se considerarmos que Alckmin foi o último candidato tucano à presidência - e que, nas urnas, obteve sobre Lula e a máquina eleitoral do Estado uma vantagem ligeiramente maior do que José Serra obtivera em 2002, quando esta mesma máquina estava ao seu lado.

Talvez o Datafolha pudesse argumentar que Alckmin já teve sua vez e não emplacou - ou algo do gênero. Mas então, neste improvável caso, se daria o óbvio: somente o tucano Áecio Neves poderia estar na pesquisa publicada hoje.

Quem sabe foram as declarações recentes de Geraldo Alckmin, descartando que estaria na corrida presidencial de 2010, que levaram o Datafolha a não considerar seu nome? Aí restaria perguntar por qual motivo este critério passou a valer somente agora... Porque, em maio de 2005, Aécio Neves também descartou que estaria na corrida presidencial de 2006. Nem por isso teve seu nome ignorado pela pesquisa que o Datafolha realizou um mês depois.

Portanto, senhores do Datafolha: por qual razão Geraldo Alckmin não foi considerado nos "cenários" que os senhores traçaram para a corrida presidencial de 2010?

Lula, telefone pra você...

É o "monstro" dizendo NÃO.

sábado, 1 de dezembro de 2007

A cegueira por opção

Li, há pouco, que o o célebre torcedor e conselheiro do Corinthians, o deputado petista José Genoíno, pretende ficar afastado da TV neste domingo. O ex-presidente do PT não quer ver seu time ser rebaixado para a segunda divisão.

É interessante como as pessoas repetem padrões de comportamento.

Em julho de 2005, quando ficou claro que Marcos Valério era o principal avalista do PT, a resposta de José Genoíno - que até então negava qualquer relação do partido com o careca - evidenciou uma postura muito parecida: ao ver sua assinatura junto à de Valério, Genoíno declarou que assinara os contratos sem ler. Assinara, segundo disse, confiando em Delúbio: "Quando assinei era em confiança ao Delúbio. Estava havia dois meses na presidência do partido".

Digamos que sim, que estamos dispostos a acreditar que alguém assinaria empréstimos na ordem de R$ 2,4 milhões sem ler. Seria mais ou menos como desligar a TV para não ver o Grêmio rebaixar o Corinthians: Genoíno simplesmente não queria ver Delúbio rebaixando o PT.

Ocorre que houve outra oportunidade. Quem tiver a Playboy de outubro de 2005, por favor, verifique as citações literais - eu perdi a minha e conto, agora, apenas com a memória. Pois em entrevista àquela edição da Playboy, o jornalista Ricardo Noblat afirmou que já em 2003 havia prevenido José Genoíno a respeito de Silvio Pereira e Delúbio Soares.

Se estou bem lembrada, Noblat relata à Playboy que Genoíno lhe telefonou preocupado porque soubera que a Veja estava preparando um perfil de Delúbio. O presidente do PT queria, então, saber se o jornalista ouvira alguma coisa a respeito. Noblat teria dito a Genoíno que estava ouvindo muita coisa a respeito de Delúbio e Silvinho, que eles andavam aprontando poucas e boas e que Genoíno deveria tirar Delúbio de circulação.

Até hoje não entendo porque esta entrevista foi ignorada por todos os que se debruçaram sobre o caso. Talvez porque, desde que o escândalo do mensalão veio a furo, há uma certa predisposição da opinião pública em ver José Genoíno como um tolo inocente, que entrou de gaiato na rede de corrupção formada por Dirceu, Delúbio e Silviinho - imagem que o próprio Genoíno faz questão de reforçar, sempre que surge uma oportunidade. Mas a entrevista do Noblat à Playboy é a prova de que José Genoíno sabia, já em 2003, que havia algo de podre acontecendo entre seus companheiros. E o melhor que se pode dizer dele é que, tal qual pretende fazer com o jogo do Corinthians amanhã, ele simplesmente escolheu não ver.