sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O sabichão

Se eu entendi direito, a coisa foi mais ou menos assim:

Na semana passada, o DEM fez as contas e decidiu que era melhor votar logo a CPMF - pensava em aproveitar o momento de desarticulação da base aliada provocado pela troca do Ministro da Coordenação Política.

Embora admitisse o risco do governo acionar a máquina para conquistar votos graças às nomeações e liberação de verbas, o PSDB relutou em apressar a coisa - sentia-se inseguro em relação à contagem .

No meio desta semana, numa reunião das duas bancadas, o PSDB fez valer sua posição: os senadores resolveram suspender a obstrução da pauta de votações e seguir à risca o regimento do Senado. Foi justamente esta atitude - a desobstrução da pauta - por parte da oposição que permitiu o início da discussão da PEC.

Mas Arthur Virgílio tinha um plano: seguir à risca o regimento e cumprir todos os prazos. "Obedecendo todos os prazos" - garantiu Virgílio - "o primeiro turno de votação não ocorrerá antes de 17 de dezembro". Por qual razão o tucano queria tanto prazo, dando sempre mais oportunidade para o governo distribuir benesses e angariar votos, continua um mistério - ou não, se considerarmos que Aécio Neves e José Serra seguiam pressionando para que o partido concedesse ao governo a oportunidade de negociar.

Foi quando ele, o governo, fez as contas e decidiu que tinha pressa para votar. Presidente interino do Senado, Tião Viana convocou sessões deliberativas nos cinco dias da semana a fim de acelerar os prazos de tramitação da PEC - principalmente o processo de análise da emenda em plenário - ameaçando com cortes salariais aos senadores que faltassem.

Mais uma vez, Arthur Virgílio tranquilizou os aliados. Era só não comparecer que as sessões seriam canceladas por falta de quórum - que, segundo ele, seria de 41 senadores em plenário. "Desde que não contem o quórum de um dia para o outro, não tem problema. Até porque, se querem moleza, que comprem um colchão d’água", foi sua pirotécnica declaração.

Só que, ao que tudo indica, Arthur Virgílio e sua assessoria não conhecem muito bem o regimento do Senado. Hoje pela manhã, a sessão se realizou com menos do que 41 senadores. E, embora Virgílio tenha reclamado, Tião Viana garantiu que está seguindo o regimento: a única condição que levaria a mesa a suspender uma sessão deliberativa seria se o número de senadores presentes fosse menor que quatro. Na saída, ao falar com a imprensa, Viana comemorou: "É o Regimento. Viva o Regimento!".

Clique aqui para ler.

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Sempre às sextas

Foi numa sexta-feira, em 26 de outubro, que veio à tona que um grupo de deputados se movimentava, nos bastidores da Câmara, para articular a possibilidade de um terceiro mandato para Lula.

Depois, na véspera do feriadão de 15 de novembro - numa sexta-feira de fato, portanto - Lula foi aos microfones defender a "democracia" Venezuelana e dizer que eternização no poder não é problema.

Hoje, sexta-feira, os jornais trazem a notícia de que o PT lançará, no próximo domingo, sua proposta de Assembléia Constituinte exclusiva para uma reforma política - proposta que abre, é claro, uma brecha para o terceiro mandato de Lula.

Se alguém encontrar outra lógica para que a sexta-feira seja o dia predileto do lulopetismo para gerar notícias sobre o terceiro mandato, me avise. Por enquanto, tudo o que me vem à cabeça é que sextas-feiras e vésperas de feriados são dias nos quais é mais difícil mobilizar uma resposta da oposição.

No creo en brujas, pero que las hay, las hay.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Nocaute

Lula, a cada dia mais alterado, disse que "o Democratas vota contra a CPMF porque é um Partido sem perspectiva de poder" e que "quem tem medo da CPMF são os que sonegam impostos" .

A Comissão Executiva Nacional do Democratas devolveu com uma nota onde afirma que "não é um presidente da República que passa por cima dos compromissos assumidos; que não defende os valores éticos e que minou a confiança e a esperança das pessoas que vai definir o futuro do País ou o futuro do Democratas" . Leia aqui a nota na íntegra.

Já o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), autor da campanha contra a prorrogação, declarou que "sonegadores são aqueles que carregam dinheiro na cueca ou em malas como os aloprados do partido do presidente."

Bravo, Paulinho.

É tucano e quer ser prefeito?

De tudo o que se vê na imprensa, prevalece a opinião geral de que os governadores tucanos trabalham, junto aos senadores, pela aprovação da CPMF.

É claro.

Aécio Neves, José Serra, Yeda Crusius, Teo Vilela, Ottomar Pinto e Cassio Cunha Lima já estão eleitos. Querem, agora, a bênção do governo Lula para fazerem belos mandatos - alguns visando reeleição em 2010; outros visando o Palácio do Planalto no mesmo ano. Se o preço da bênção for arranhar ainda mais a imagem do PSDB junto aos eleitores de oposição, qual o problema? Nada que os recursos advindos do PAC não possam resolver, particularmente, para cada um deles. Hoje, o futuro dos seis governadores tucanos depende mais de Lula do que do partido.

Azar dos candidatos a prefeito que, em outubro próximo, estarão encarando o eleitor. São eles que vão sofrer o impacto negativo, caso alguns senadores tucanos venham a trair a oposição, votando a favor de CPMF. E é um duplo impacto. Por um lado, a imagem do partido estará muito e recentemente arranhada junto a um público que tem sido a base do PSDB em qualquer instância: o eleitor de oposição. Por outro, se já está difícil ganhar dos candidatos petistas, pior ainda se Lula tiver mais 40 bilhões de folga no orçamento - que ele, não tenham dúvidas, vai torrar para que o PT saia fortalecido da eleição do ano que vem.

A conclusão é óbvia: se você é tucano e pretende se eleger prefeito em 2008, dedique os próximos dias a fazer pressão para que os senadores tucanos votem contra a prorrogação da CPMF. Não se iluda: Aécio, Serra, Teo, Yeda, Ottomar e Cunha Lima estão pouco se lixando para você ou para o partido. Eles já estão eleitos.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Uma questão capilar

"Eu não sei quem está copiando quem... Se é ele que está copiando o modelo de corte da senadora Ideli ou se a senadora Ideli é que está copiando o modelo do senador Wellington Salgado... Porque de costas está difícil de reconhecer."

(Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), hoje à tarde, na tribuna, depois de ter sido chamado de "careca" pelo senador Wellington. Aqui)

Outro dia, eu disse que andava com dificuldades para diferenciar o senador Wellington e a senadora Ideli... Vocês acharam que era maldade. Agora se vê que é um problema real, a prejudicar o andamento dos trabalhos naquela Casa.

Chamada

A senadora Kátia Abreu, mesmo com a voz prejudicada por uma faringite, acaba de passar um sabão e tanto no PT. Jogou na cara do partido todo o seu histórico oposicionista irresponsável, de votar contra medidas benéficas para o país - como a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo.

Assim que a Rádio Senado disponibilizar o arquivo de áudio, eu faço o link para o vosso deleite.

(Atualização às 21:46h: clique aqui para ouvir o discurso da senadora)

Hora do disque-monstro

Vocês já sabem: disque-monstro é como eu chamo a Central de Relacionamento com o Cidadão do Senado Federal - uma das vias pelas quais a opinião pública, que JK chamava de "monstro", pode avisar os senadores sobre os seus ânimos e preferências.

Pois li, há pouco, uma nota do Noblat dizendo que Romero Jucá, líder do governo no Senado, tem como certo que sete senadores da oposição trairão suas bancadas e votarão pela prorrogação da CPMF.

Hora, então, de ligar 0800 61 22 11 e deixar um recado pelo fim da CPMF. A ligação é gratuíta e você precisa escolher para qual senador quer deixar o seu recado.

Segue, no final deste post, a lista de senadores que, segundo a nota do Noblat, estariam dispostos a trair suas bancadas. Clicando sobre cada nome, você será direcionado também para o endereço de e-mail da criatura em questão - não custa nada reforçar pelo correio.

Pressão neles. O bolso do contribuinte agradece.

PSDB:

Eduardo Azeredo (MG)

João Tenório (AL)

Cícero Lucena (CE)

Lúcia Vânia (GO).

DEMOCRATAS:

Jayme Campos (MT)

Jonas Pinheiro (MT)

Adelmir Santana (DF)

(Atualização, às 22:13: a Carla, do Enfim, fez um copy-paste para quem quer colar todos os endereços em um único e-mail. Clique aqui para copiar)

A moeda de troca

O fígado é um péssimo articulista.

Ontem, escrevendo com ele, perguntei se oposição e governo tinham feito um acordo no qual Lurian e sua Rede 13 eram poupadas e Lorenzetti entregue à CPI das ONGs.

Pisei na bola. A moeda de troca, como bem lembrou o leitor que se assina André BH - e esta matéria do G1 confirma - é o programa Comunidade Solidária, comandado pela ex-primeira dama, dona Ruth Cardoso.

Ou seja: a situação é pior. Nem Lorenzetti teremos. E, mais uma vez, a bem de poupar - sabe-se lá de que - um dos seus, os tucanos se dispõem a salvar Lula.

Como quem não deve não teme, eu já fico aqui pensando se devo começar a desconfiar do Comunidade Solidária. E me pergunto como deve se sentir dona Ruth Cardoso, a quem muito admiro, ao saber que os correligionários do marido andam rebaixando seu projeto a ponto de compará-lo com uma Rede 13 da vida.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Quando os petistas vão às compras

"Acha que uma liberação agora pode ser vista como compra de voto?

É isso mesmo. É essa a realidade. Cito inclusive um caso que se passou comigo. O senador [Aloizio] Mercadante, a quem preso muito, me abordou, em março ou abril deste ano. Ele me disse: ‘você precisa voltar a dialogar com o governo. Posso marcar uma audiência com o ministro [Walfrido] dos Mares Guia? Eu disse: claro, marque o encontro. Em respeito a você, eu vou lá tomar um café com o ministro. O Mercadante não voltou mais a falar no assunto. Agora, recentemente, antes de Mares Guia sair do ministério, ligaram de lá do Planalto perguntando se aquela audiência que o Mercadante tinha marcado em março ou abril, se eu gostaria de realizar. Respondi: agradeça ao ministro, mas agora não quero mais."

Sabem o que é isso?


Desdobramento daquela denúncia do senador Geraldo Mesquita Junior, que destaquei hoje de manhã - e que vocês acharam que não daria samba.

O trecho acima é da entrevista com o senador que o Josias de Souza publicou no final da tarde.

Mais cedo, no Senado, Jefferson Peres pedira que a denúncia fosse investigada. Também Arthur Virgílio solicitou esclarecimentos e, antes que o dia terminasse, Tião Viana se viu obrigado a encaminhar um pedido de investigação à corregedoria da Casa.

Notícias da obscura CPI das ONGs

A tropa de choque governista segue obstruindo os trabalhos na CPI das ONGs. E tudo às escuras porque nem mesmo a Rádio Senado que, em CPIs anteriores, sempre disponibilizava os arquivos completos das reuniões, parece interessada em divulgar a coisa: só apresenta um resuminho.

Hoje, mais uma vez, nenhum requerimento foi votado - e uma nova reunião deverá ser convocada em data a ser decidida. O senador Raimundo Colombo alertou para o fato de que a falta de acordo entre governo e oposição para a votação de requerimentos pode comprometer o destino da CPI: "Se partidarizar, vai ser um fracasso".

Rede 13

Também houve um ruído entre tucanos e democratas a respeito da Rede 13 - que teve Lurian, filha do presidente Lula, em sua diretoria. Heráclito Fortes - quem diria! - afirmou inicialmente que não houve pedido de investigação para a Rede 13 em respeito ao presidente. O tucano Álvaro Dias rebateu, dizendo que não houve acordo algum neste sentido - e que "se houver a denúncia, a investigação tem que se dar". Fortes tentou, então, remendar: "Não que tenha havido acordo. O que houve foram ponderações.".

Ponderações... De que tipo, senador? Do tipo: vocês nos dão o Lorenzetti e nós poupamos a Lurian?


Deus, dai-me paciência... Porque se me deres força, eu quebro tudo.

Promessa é dívida

Na última sexta-feira, o senador peemedebista Geraldo Mesquita Júnior foi à tribuna para denunciar que estava sendo assediado por representantes do Palácio do Planalto. Numa atitude que Mesquita Júnior classificou como “tentativa de corrupção”, tais representantes pretendiam conquistar seu apoio em troca da liberação de emendas.


Furioso, o senador chamou o emissário do Palácio do Planalto de "novo Waldomiro Diniz" e avisou: "Da próxima vez que me procurarem, declinarei seus nomes."

Não deu outra: ontem, segundo matéria do JB, Mesquita Júnior voltou à carga, declarando que Marcos de Castro Lima, subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, o estava assediando a fim de negociar emendas em troca de um voto a favor da manutenção da CPMF:

"Ele queria conversar sobre liberação de emendas, esse processo corrupto que o governo adota. Ele é o novo Waldomiro Diniz. O governo não tem interlocução permanente e numa hora dessas - votação da CPMF - quer comprar o voto. O meu não está à venda, não está no balcão. Meu voto não é moeda de troca".

Como bem observa a matéria do JB On Line, embora a prática não seja nova, desta vez há um acusador com coragem o suficiente para declinar nomes. Vai ficar por isso mesmo?

Ps.: o pronunciamento de sexta-feira do senador peemedebista, no qual ele faz as primeiras acusações sem declinar nomes, está disponível nos arquivos da Rádio Senado: Parte1 Parte2

Enquanto isso, ali na esquina...

A Bolívia ferve.

Hugo Chávez esfrega as mãos.

disse outro dia: o gorila venezuelano mal pode esperar para ver frutificar a sua versão latina do "Vietnã".

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mensagem velha, mensageiro novo.

Embora se diga "contra", o petista Tião Viana admite que o enfraquecimento das instituições pode fazer prosperar a idéia de um terceiro mandato para Lula.

O senador, que ocupa interinamente a presidência do Senado Federal, deu tais declarações para O Globo, que publica a entrevista em sua edição de hoje.

Não há qualquer novidade na mensagem - faz tempo que alertamos sobre as sórdidas conseqüências de uma desmoralização do Congresso Nacional. O elemento novo é o mensageiro: salvo engano, é o primeiro petista de destaque a admitir que a idéia de um terceiro mandato pode vingar.

Insisto

Ainda sobre o post abaixo, vale lembrar que a vigilância da opinião pública exerce uma influência importante para o bom andamento das CPIs. Mas tal vigilância fica impossível sem um acesso facilitado às informações.

Talvez o Democratas - partido ao qual pertence o presidente da CPI das ONGs, o senador Raimundo Colombo - pudesse manter, em sua home page, um boletim permanente para esta CPI.

domingo, 25 de novembro de 2007

Uma CPI secreta

No início do mês reclamei que as reuniões da CPI das ONGs não estavam sendo transmitidas pela TV Senado - nem mesmo pelo segundo canal de transmissão que a TV Senado possui na web, o que poderia ocorrer enquanto o primeiro canal transmite as sessões plenárias.

Mas parece que alguém decidiu que esta CPI simplesmente não merece atenção. Não que falte assunto. Esta semana, por exemplo, ao contrário do que poderia sugerir o cancelamento de duas reuniões por falta de quórum, a CPI esteve bem movimentada.

Na reunião de terça-feira, os senadores peemedebistas Valdir Raupp e Leomar Quintanilha deram o ar da graça pela primeira vez desde que a CPI das ONGs foi criada. O motivo da visita: derrubar os requerimentos de convocação ou quebra de sigilo de dirigentes de ONGs ligadas ao governo - tarefa para a qual contaram com o "apoio moral" do senador Almeida Lima, que não pertence àquela CPI mas foi acompanhar a coisa de perto.

Dentre os requerimentos que a tropa de choque governista pretendia barrar, estavam o de número 094/07, que convoca a depor Mauro Farias Dutra - responsavel pela ONG Ágora e amigo do presidente Lula - e o de número 115/07, que convoca o aloprado Jorge Lorenzetti - churrasqueiro presidencial e fundador da ONG Unitrabalho. Também havia pedidos de quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancário da Ágora.

A fim de evitar que os requerimentos fossem derrubados pelos governistas, a oposição não compareceu à sessão de terça-feira. Pela mesma razão, repetiu a tática na quinta - de modo que a coisa foi adiada para as 14h do dia 27. Talvez apostem na concretização da ameaça dos renanzistas: no inicio da semana, corria pelos corredores que se o PT abandonar Renan Calheiros o PMDB vai dificultar a vida da senadora Ideli Salvatti na CPI das ONGs - aprovando, por exemplo, o requerimento que convoca a depor o catarinense Jorge Lorenzetti. É provavel que esta ameaça explique a presença do renanzista Almeida Lima na sessão de terça-feira.

Enfim... Tudo isso acontecendo quase às escuras porque, embalada pelo drama da CPMF, a opinão pública não está dando muita importância para uma CPI que, já disse uma vez, é cartola de onde podem sair muitos coelhos. Que não esperem que a Rádio e a TV Senado, presididas interinamente pelo petista Tião Viana, venham a fazê-lo.

Dando nome aos bezerros

Seguem as especulações sobre os nomes da oposição que estariam dispostos a votar pela aprovação da CPMF. Na coluna Painel da Folha de S. Paulo de hoje, Renata Lo Prete direciona o foco para os partidos menores:

Instável. Antes de passar a coordenação política a José Múcio, Walfrido dos Mares Guia fez um balanço dos votos pró e contra a CPMF entre os senadores da base aliada. E incluiu Cristovam Buarque (PDT-DF) no rol dos que não inspiram segurança.

Esquerda, volver. Já o único representante do PSOL, José Nery (PA), é visto pelo Planalto como voto passível de ser conquistado. A despeito das declarações incendiárias de Heloisa Helena contra o tributo, o senador confidenciou a colegas que gostaria de votar a favor.

sábado, 24 de novembro de 2007

Querem respeito?

Este é um post politicamente incorreto - quem não tiver estômago, que pule uma casa.

Assisti ontem - e suponho que vocês também - a uma das cenas mais grotescas que já lembro de ter visto na política nacional: um streaptease na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O fato ocorreu no dia 24 de outubro, numa sessão de lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Comunidade Gay, organizada pelo deputado Carlos Gianazzi (PSOL) - que, agora, vai responder a processo por quebra de decoro.

Meu escândalo, notem bem, se deve ao streaptease em si - nada a ver com o fato do mesmo ter sido feito por um transformista. Eu condenaria a coisa igualmente se fosse uma mulher. Mas - e aí vem a parte politicamente incorreta deste post - eu duvido que a mais baixa das prostitutas aceitasse um convite desses.

Respeito se conquista - razão pela qual os transformistas de São Paulo deveriam repudiar publicamente a atitude do colega. Não creio que o farão.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ainda sobre a denúncia contra Eduardo Azeredo

Do leitor que se assina Evanir:

Eu acho que o que resulta de mais claro nessa história toda é a morte do argumento de que o mensalão não existiu. Se existiu para Azeredo e o PSDB, como festejam agora os petistas, existiu também para Zé Dirceu e o PT. O órgão processante é o mesmo, e Antônio Fernando, nomeado por Lula, nunca deu qualquer demonstração de parcialidade ou falta de isenção, mostrando-se à altura do cargo de Procurador-Geral. Assim, em vez de falar em "complô das elites" e outras bobagens do gênero, o PT deveria reconhecer seu terreno nesse grande latifúndio que é a corrupção no Brasil. O mesmo se aplica ao PSDB.

Concordo totalmente: assumir de uma vez por todas que houve mensalão em ambos os casos facilitaria o discurso da oposição... Mas de uma oposição que tivesse se livrado de Azeredo lá em 2005.


Como se negaram a fazer a necessária higienização do partido quando deveriam, os tucanos seguirão batendo pé num posicionamento técnico: o termo mensalão não se refere apenas a financiamento de campanha com dinheiro frio, desviado de empresas públicas. O termo se refere a compra em venda de apoio parlamentar, mediante pagamentos regulares - o que, até segunda ordem, não ocorreu em Minas. É um detalhe que não fará a menor diferença na boca da urna. Para o senso comum, vai predominar a imagem de que o PSDB é o sujo falando do mal lavado.

Dentre tantas declarações desastrosas, porém, o senador Arthur Virgílio ofereceu um ponto de vista interessante. Afirmou que o procurador Antonio Fernando de Souza errou ao conceder a Lula um tratamento que não concedeu a Eduardo Azeredo:

"O próprio Azeredo diz que houve captação irregular de recursos, mas que não tinha conhecimento disso, como o Lula. Como houve denúncia contra o Azeredo e não contra o Lula? Acho que o procurador acerta e erra na boa fé. Ou os dois deveriam ser denunciados, ou nenhum dos dois."

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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Das palavras

Mares Guias não me interessa. Lula troca de ministros a toda hora, sempre pelos motivos mais medonhos - e nada disso abala a sua popularidade. Quero falar é da reação dos tucanos, ao saberem da denúncia contra Eduardo Azeredo.

Feito uma versão bem barbeada de Lula, Aécio Neves negou a realidade:

"A denúncia é injusta. Tenho plena confiança de que Azeredo, que Minas conhece muito bem, principalmente por sua correção, se defenderá adequadamente no processo."

Geraldo Alckmin atacou de militante petista; só faltou dizer que se foi para beneficiar o partido, tudo bem:

"O Azeredo vai esclarecer tudo. Não tenho dúvida de que ele não teve benefício pessoal."

José Serra foi o único a se comportar como um tucano - nada afirmnou, deixando a porta aberta para poder dizer o que bem entender amanhã:

"Eu tenho para mim que o Eduardo Azeredo é um homem integro, correto e vai saber se defender desse processo. Tudo dentro da legalidade. Diante de todas as evidências, vai mostrar todos aspectos do problema. Ele vai saber fazer sua defesa

Do Oiapoque ao Chuí

Ontem, membros importantes do PT gaúcho tiveram prisão preventiva decretada, durante operação da PF que investiga um golpe de US$ 400 milhões na CGTEE - empresa federal de energia térmica do RS, dona das usinas de Candiota e Charqueadas.

Os detalhes você lê lá no blog do Coronel, que está acompanhando tudo de perto.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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Piojosa: Iris Varela é odiada pela oposição

Os venezuelanos não ficaram muito surpresos com a atitude da deputada Iris Varela (veja o post abaixo).

Membro fiel da tropa de choque do governo Hugo Chávez, a "comandante fosforita" é dada a barracos públicos - especialmente com a imprensa.

Cabelos crespos, normalmente vestindo vermelho, Iris fala sempre aos gritos e com o dedo em riste. É, por óbvio, odiada pela oposição, que a chama de "piojosa" - piolhenta.

E vocês deixem de ser maldosos... Ao invés de ficarem aí, procurando semelhanças, cliquem aqui e vejam a deputada Iris em outro "democrático" momento.

Uma inspiração

Já que os deputados que compõem a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara votam, ainda hoje, o parecer que trata da adesão da Venezuela ao Mercosul , segue, abaixo, um bom exemplo da "democracia" naquele país - tão cantada e decantada pelo presidente Lula.

Hoje, por volta das 7 horas da manhã, a deputada governista Iris Varela - do MVR, Movimento Quinta República - invadiu o estúdio da TV Regional de Táchira e agrediu o jornalista Gustavo Azócar.

A deputada alega que o jornalista a caluniou em um livro, lançado em julho último.

Equanto apanhava, Azócar pediu que os colegas continuassem transmitindo o programa. Graças a esta atitude, nossos deputados podem se inspirar. Não para bater em jornalistas, claro... Mas para negar a entrada da ditadura chavista no Mercosul.

Clique aqui para assistir.

(Atualização, às 15:44: os deputados da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, acabam de aprovar o parecer do deputado Paulo Maluf, favorável à entrada da Venezuela no Mercosul. Agora, o projeto sergue para ser votado no plenário.)

Eles sabem

Lucia Hippolito alerta para um detalhe importante.

Miriam Leitão conta o que está acontecendo no Ipea.

Coronel anuncia o milagre da multiplicação do PAC.

Para os tucanos, com carinho

Esta é para os aecistas e serristas que, volta e meia, aparecem aqui pedindo que eu "prove" que José Serra e Aécio Neves não se empenharam na campanha de Geraldo Alckmin.

Em entrevista para a Folha de S. Paulo de hoje, o senador Sérgio Guerra, ao comentar a disputa entre o mineiro e o paulista, afirmou:

"Não tenho dúvida de que os dois governadores poderão se apoiar. Os próximos anos serão marcados por um esforço intenso de solidariedade. Faltou solidariedade na última eleição."

Guerra, que assume a presidência do partido na sexta-feira, fala com conhecimento de causa: acompanhou de perto a campanha de Geraldo Alckmin. Portanto, aecistas e serristas, anotem aí: "faltou solidariedade na última eleição". E desconfio que, a despeito dos esforços de Sérgio Guerra, vai continuar faltando.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

PE

Já marcaram a data para a mudança de nome do PT?

Considerando a grana que a "burguesia-muito-má", aquela "minoria-branca-muito-perversa" de Cláudio Lembo, faz jorrar nos cofres da legenda, já está mais do que na hora de mudar para PE, Partido dos Empregadores - ou Partido da Elite, escolham.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Dei escada pra maluco

Ontem à noite, Olavo de Carvalho me dedicou 29 minutos de seu True Outspeak.

Aparentemente, ficou furioso porque onde eu escrevi que não acredito na capacidade de articulação do PSDB, ele leu que eu não acreditava na existência do Foro de São Paulo. Onde escrevi que a mídia o via como representante da extrema direita, ele entendeu que eu o via assim. Onde escrevi que a mídia não gostaria de conferir legitimidade ao que ela acredita que ele representa, leu que eu estava me arvorando a conferir-lhe, ou não, legitimidade.

Apenas aparentemente...

Na verdade, seu acesso de fúria se deu porque ousei falar do péssimo temperamento que, volta e meia, lhe empaçoca o cérebro. Exatamente o temperamento que o dominou ontem à noite, enquanto ele, feito um petista de meia-pataca, me dirigia palavrões e me exigia o RG.

Para quem acha que eu estive exagerando...

Ricardo Noblat acaba de publicar em seu blog uma nota dando conta de que o governo Lula encomendou uma pesquisa de opinião sobre o terceiro mandato.


O resultado, que foi conhecido pelo presidente na semana passada - provavelmente, presumo eu, antes daquelas declarações a respeito do governo Chávez - é que a maioria dos brasileiros aprovaria um Lula III.

Pode ser só pressão: "Vocês desaprovem a CPMF, para ver se eu não lhes enfio um terceiro mandato goela abaixo" - quando, na verdade, nós sabemos que é justamente a aprovação da CPMF que pavimenta o terceiro mandato.

Mas caso não seja, caso eles tenham mesmo esta pesquisa em mãos, cabe a pergunta: o governo pode pagar pesquisa eleitoral com dinheiro público? A nota do Noblat é clara: "a pesquisa foi aplicada por encomenda do governo".

Superação

Sobre o post abaixo, faltou dizer que os caras conseguiram se superar: incompreensível para as classes menos informadas - ou seja, incapaz de resolver o "problema" das privatizações - o novo slogan do PSDB afugenta, pela assumida indecisão, aqueles que o compreendem.

Enfim, os tucanos chegaram lá. Conseguiram desagradar a todos.

O muro por vocação

"Mais Estado, mais mercado" é, segundo a Folha de S.Paulo de hoje, o novo slogan tucano. Será lançado esta semana, juntamente com um documento-base para o novo programa do partido.

É com tal discurso que o PSDB pretende reconectar-se com a população e anular aquela imagem de "privatista" que o PT conseguiu pregrar-lhe à testa no ano passado. Esta preocupação se justifica, imagino, por pesquisas recentes que mostram que o brasileiro é avesso à privatizações - e que não relaciona as mesmas com as benesses proporcionadas por elas. Uma questão, como se vê, de falta de informação.

Pois, mais uma vez, ao invés de fazer uma defesa das privatizações, o PSDB tenta renegá-las. Ao invés de aproveitar a entresafra eleitoral para reeducar a população, mostrando o quanto as privatizações dos governos tucanos beneficiaram a nação, o PSDB prefere agarrar-se com mais força ainda àquele já tradicional muro ideológico. Presta, assim, um desserviço ao país e um serviço ao PT.

Então, vamos combinar que o novo slogan cai como uma luva para a legenda: "Mais Estado, mais mercado" tem tanto significado quanto "Mais imposto, menos imposto". Não é a cara do PSDB?

Bom dia, Cuité

Localizada no Planalto da Borborema, a paraibana Cuité conta com 20.150 habitantes. Sedia, porém, uma região com mais de 70.000 habitantes e estima-se que cerca de 2.400 deles acessem a internet desde suas casas. Os demais podem fazê-lo a partir das várias lan-houses existentes por lá.

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Brasil profundo: este blog chega a Cuité.


Pois, neste final de semana, recebi amável e-mail da AMAC, Amigos Associados de Cuité, solicitando autorização para reproduzir em seu site os artigos deste blog - honra da qual já privam jornalistas como Cláudio Humberto e Diego Casagrande.

Autorização devidamente concedida, dou boas-vindas aos internautas de Cuité - e peço permissão para entrar em suas casas.

domingo, 18 de novembro de 2007

Vai-se o cisco, fica a lama.

Vocês já leram: a Folha de São Paulo deste domingo traz matéria dando conta de que, a fim de ser beneficiada em edital da Caixa Econômica Federal, a Cisco teria pago R$ 500 mil ao PT. O pagamento teria sido feito através de laranjas e, além de gravações telefônicas, a Folha afirma que a PF tem, agora, provas materiais:

"A principal prova apreendida pela PF são dois recibos de doações de R$ 250 mil cada um para o diretório nacional do PT. Os papéis foram apreendidos na Operação Persona, que investiga fraudes em importações que podem ter dado prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao Fisco."

Quer dizer que, a fim de atender às reivindicações da "oposição golpista", os aloprados agora passaram a fornecer recibos? Depois de mensalão, Dossiê PeloCano e outros tantos escândalos, os petistas negociam uma licitação e fornecem recibos da propina? Vamos combinar que para quem, como nós, passou os últimos dois anos e meio lamentando que "malandro não passa recibo", esta nova postura é o paraíso.

Relembremos a coisa:

Na edição do dia 24 de outubro, a Folha de S. Paulo informou que teve acesso a trechos de um relatório preparado pela Polícia Federal a respeito da Operação Persona. Os trechos aos quais a Folha teve acesso - presume-se, com a colaboração de uma fonte da própria PF - eram de conversas telefônicas nas quais empresários do setor de informática comentavam uma "doação" de R$ 500 mil ao PT.

Um dia depois, o Ministério Público Federal anunciou que pretendia investigar o caso - coisa que não fez antes para não prejudicar o sigilo da Operação Persona.

Neste mesmo dia, o deputado Ricardo Berzoini, presidente do PT declarou: "O PT não tem qualquer relação com essa empresa. Consultei membros da Executiva do partido e pedi um levantamento sobre doações. Todos afirmaram que não conhecem e não têm nenhuma relação com ninguém da empresa".

Cinco dias depois, em 29 de outubro, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, deu o sinal verde para que também a PF aprofundasse as investigações.

Passa-se quase um mês e aquela fonte da Folha na Polícia Federal reaparece para avisar que, na papelada de Marcelo Naoki Ikeda - diretor de vendas da Mude, preso há quase um mês - foram encontrados recibos. Mais especificamente, dois recibos de R$ 250 mil emitidos pelo diretório nacional do PT, fechando, pois, com o valor de R$ 500 mil mencionado nas gravações telefônicas.

O PT, em nota emitida ainda ontem à noite, assinada por seu secretário de Finanças e Planejamento, não nega as doações. Ao contrário: diz que as mesmas são legais, que foram feitas por via bancária – não em dinheiro - , que estão perfeitamente registradas e que constarão da prestação de contas a ser apresentada ao TSE.

Ou seja: mesmo que a tal Sandra Tumelero, suposta interlocutora do PT nos telefonemas, resolva aparecer e falar, será a palavra dela contra a dos aloprados. No final das contas, tudo o que se terá serão indícios de que os tais R$ 500 mil eram para pagar facilidades em uma licitação. E indícios, sabemos, não comprometem petistas.

De modo que, na opinião desta humilde criatura que vos escreve, este é um caso em que estão nos entregando o cisco para manter intacto todo o restante da lama. Qual lama? Não sei...

Mas não é uma lástima que, numa alvissareira parceria com o Ministério das Comunicações, a mesma Cisco Systems, agora tão enrolada com a polícia, tenha bancado a criação das cidades digitais de Belo Horizonte, Tiradentes e Piraí ,fornecendo a estes municípios banda larga gratuita, sem ganhar nada em troca?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Qual é o problema? (II)

Mr. Nöel Coward resolveu descer ao mundo dos vivos para comentar no post abaixo. E, em resposta à pergunta que fiz no final - por que a mídia não fala do Foro de São Paulo? - trouxe uma opinião muito próxima da minha:

Não dar crédito ao Olavo de Carvalho pela "descoberta" do Foro de São Paulo - Olavo este que já brigou com meio mundo da imprensa por causa do mesmo - é uma das hipóteses que me ocorre.

"Se O. C. é um lunático - e todos meus colegas na grande imprensa acham isso - abordar um tema árido e que interessaria a bem pouca gente - e que é o cavalo de batalha do O. C. - só conferiria legitimidade ao lunático".

Isso no caso de um editor da grande imprensa ser capaz de soletrar legitimidade, claro.

Não penso que é uma questão de conferir legitimidade ao Olavo de Carvalho mas ao que o Olavo representa ou àquilo que, feliz ou infelizmente - caberia ao Olavo discernir - , passou a ser associado ao Olavo por estas terras brazucas: aquela linha de pensamento pertencente à extrema direita, que percebe nas ações do PT, e da esquerda em geral , a concretização de um grande e minucioso projeto, gestado há mais de trinta anos e do qual participam, inclusive, os partidos de centro-esquerda como o PSDB.

E por que isto acontece? Porque, como bem observa o Nöel Coward, há anos que o Foro de São Paulo é o cavalo de batalha do Olavo - e praticamente só do Olavo. Mas, vou discordar de Mr. Coward, não é por isso que o Olavo brigou com meio mundo da imprensa - ou, pelo menos, não é só por isso. Olavo de Carvalho se indispõe com muita gente por conta de seu temperamento, da sua forma de se expressar. Alguém disse, outro dia, que o Olavo é aquele tipo de cara que avisa que os loucos estão planejando invadir o planeta mas faz isso gritando, escabelado e babando como se fosse um deles. Acho que isto, mais do que qualquer denúncia, é o que traz problemas ao Olavo - e faz com que muitas das suas boas idéias e dos seus alertas não sejam levados a sério.

Abro um parêntese para dizer que eu concordo com algumas das idéias do Olavo. Com outras, não. É o caso do tal projeto em conjunto entre PT e PSDB, por exemplo - que rejeito até por descrédito na capacidade tucana de articular-se a este ponto. Também quero deixar claro que o temperamento do Olavo não me incomoda pessoalmente e que eu me divirto a valer ouvindo seu True Outspeak. Acontece que eu sou uma pessoa que já passou da idade de ter ídolos, ou seja: convivo bem com a idéia de que alguém que, na minha opinião, diga e faça bobagens continue sendo admirável sob vários outros aspectos.

E é aí que entra a grande mídia - e não só a tupiniquim. Embora tente ultrapassar este paradigma através do articulismo, a mídia ainda tende a criar ídolos e demônios; a estabelecer visões totalizantes a respeito de pessoas e idéias. E isto não acontece porque há um plano maquiavélico - e notem que somos levados a pensar que há um somente quando a visão totalizante vai contra nossas convicções. Não... Como bem observou Pierre Bourdier, isto acontece porque a mídia pauta a si mesma e dificilmente seus diferentes veículos conseguem escapar deste processo de retroalimentação no qual estão enredados.

Portanto, o que aconteceu com o Foro de São Paulo? Durante muito tempo, a grande mídia tratou o Foro de São Paulo com desprezo, como se ele fosse o mito de uma extrema direita maniqueísta, que tinha Olavo de Carvalho como seu principal representante. E agora, quando começa a ficar claro que o Foro tem, sim, seus planos para médio e longo prazo - e que alguns deles estão sendo colocados em prática e infuenciando decisões de governos - a imprensa não sabe o que fazer. Morre de medo de trazer o Foro para a pauta e ser, ela mesma, vitimada pelo rótulo que criou - ou seja, teme ser chamada de "extrema direita maniqueísta e, óh, horror!, olaviana".

Assim como não soube, no passado, identificar o que havia de verdadeiro nos retumbantes e, por vezes, exagerados alertas de Olavo de Carvalho sobre o Foro de São Paulo, a imprensa não está sabendo, agora, tratar do Foro sem parecer igualmente exagerada. Eis porque, preocupada em preservar a sua auto-imagem, prefere calar. Mas, como eu disse hoje cedo, não poderá fazê-lo por muito mais tempo.

Qual é o problema?

"Churchill, quando denunciou o rearmamento da Alemanha, foi acusado de ver fantasmas ao meio-dia. A Venezuela arma-se contra os Estados Unidos? Ninguém levaria a sério essa hipótese. Contra o Brasil, Argentina, Colômbia, Chile? Também não. Então permanece o mistério dessa atitude e a necessidade de perguntar: "Contra quem?".

(Do senador José Sarney, em seu artigo para a Folha de S. Paulo de hoje)

Ou muito me engano ou, exceto pela matilha vermelha - e pelos tucanos, que provavelmente vão se reunir no mês que vem para decidir como responderão à coisa - , as últimas declarações presidenciais acenderam a luz de alarme.

Resta saber se o Foro de São Paulo vai, finalmente, ser levado a sério pela grande mídia. Por "levado a sério" entendam não uma abordagem alarmista mas, sim, um mínimo de atenção a respeito do que é e o que pretende aquela associação. Algo mais profundo do que o enxuto "congregação de partidos de esquerda da América Latina" e variantes, com os quais a nossa grande imprensa costuma definir o Foro sempre que se vê obrigada a tanto - leia-se, sempre que ele aparece na agenda presidencial e não é possível fugir ao tema.

Como bem observou o comentarista que se assina Sharp Random, no post "Uma voz se apresenta", na entrevista que Chávez concedeu ao jornal francês Le Figaro - que teve trechos antecipados ontem, mas sai hoje - o ditador venezuelano admitiu claramente um dos principais objetivos do Foro de São Paulo: "É verdade que estamos preparando uma união, não somente com Cuba, mas com outros países dentro do que chamamos de Alternativa Bolivariana para a América Latina. Já temos a Nicarágua, Cuba e Bolivia".

Me parece, pois, bastante claro que a nossa mídia não poderá evitar por muito mais tempo um mergulho mais profundo na realidade do Foro de São Paulo. E, aqui, eu me inspiro no artigo do senador José Sarney para perguntar: a grande imprensa brasileira evita o tema do Foro de São Paulo porque desconhece os seus objetivos? Ninguém levaria a sério essa hipótese. Porque está, em bloco, comprometida com ele? Também não. Então permanece o mistério dessa atitude e a necessidade de perguntar: por que diabos o Foro de São Paulo se tornou uma espécie de tema-tabu para a grande imprensa nacional?

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A elite da tropa

Ao longo dos últimos dois anos, ele atormentou a cyber-guerrilha petista nas áreas de comentários dos blogs.

Impossível, demolidor e bem-humorado, conquistou inimigos e admiradores.

Agora, conquistou também seu próprio território da blogosfera.

Sim... Atendendo a pedidos, o CORONEL. acaba de inaugurar um blog: Coturno Noturno - sentiram a maldade?

Uma voz se apresenta

Este blog teve a honra de receber a nota que o deputado Rodrigo Maia, presidente do Democratas, distribuiu para a imprensa no início da noite. Segue a nota na íntegra.

DEMOCRATAS REPUDIA ALIANÇA LULA-CHÁVEZ

Por entender que, ao defender a continuidade de Hugo Chávez no poder com base em plebiscitos, o presidente Lula da Silva fez a mais grave ameaça à democracia brasileira desde que assumiu o mandato, o Democratas vem a público para:

1) repudiar a sociedade do presidente da República e do governo com o ditador da Venezuela Hugo Chávez por considerar que esta aliança ameaça a democracia e o Estado de Direito, além de ser contrária e nociva aos interesses do povo brasileiro;

2)denunciar ao país que, ao avalizar e tentar conferir legitimidade ao governo ditatorial de Hugo Chávez, o presidente Lula emite sinal verde a golpistas que estão urdindo emenda à Constituição para impedir a alternância de poder no Brasil, a exemplo do que foi feito na Venezuela;

3)reafirmar que o prazo do mandato do presidente Lula está definido na Constituição da República e que propostas espúrias para mexer neste prazo serão tratadas pelo Democratas como aquilo que realmente são: tentativas de golpe de Estado para extinguir a Democracia e o Estado de Direito com o objetivo de instalar uma ditadura no Brasil;

4) antecipar que as bancadas democratas na Câmara e no Senado rejeitarão toda e qualquer manobra para enfraquecer o Congresso Nacional e conduzir o país à margem da Lei e do Estado de Direito;

5) reafirmar que o Democratas vota contra o ingresso da Venezuela no Mercosul porque o Mercado Comum exige a credencial democrática dos países membros, requisito que o ditador Hugo Chávez subtraiu do seu País e do seu povo;

6) e, por fim, manifestar total solidariedade aos valentes venezuelanos que enfrentam o governo antidemocrático de Hugo Chávez na Venezuela.

Brasília, 15 de novembro de 2007

Rodrigo Maia Presidente

É hino. Mas hoje é também oração.

Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós!

Das lutas na tempestade

Dá que ouçamos tua voz

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Nota de falecimento

Acaba de falecer a democracia brasileira.

Morreu assassinada, na véspera do aniversário da República, pela incompetência de uma oposição frouxa e vendida.

O crime, transmitido ao vivo pela televisão, foi planejado com bastante antecedência.

Dizem que apenas 40 milhões de brasileiros choraram.

O restante estava ocupado demais, se empanturrando com as migalhas de uma bolsa família ou com o lauto banquete dos juros, para se incomodar com tal bobagem.

*****

Hora de repetir a enquete que publiquei aqui em fevereiro:

Quem será o vice-presidente no terceiro mandato de Lula?

a) José Dirceu

b) Aécio Neves

c) José Serra

Petrobras não aceita Petrobras

Parece piada...

Hoje, abastecendo no Posto Petrobras aqui do bairro, notei um aviso: “Não aceitamos mais o Cartão Petrobras”.

Perguntei qual a razão daquilo e o frentista explicou: a máquina não funciona direito e ninguém vem consertar.

Nem sabia que a Petrobras tinha um cartão. Fui atrás e descobri que tem - e que o mesmo é operado pela Losango, que é a financeira do HSBC, que é concorrente do Banco do Brasil.


Não que o BB não ofereça este serviço... Aliás, acabou de lançar o cartão FaleSempre, junto com a Telefônica, para debitar ligações. Mas, ao que parece, ao contrário da multinacional espanhola, a Petrobras não confia nos serviços do Banco do Brasil.

Não me admira, pois que, a despeito de todos os privilégios e monopólios, os lucros do Banco do Brasil e da Petrobras tenham caído.

Mas quem liga? Os companheiros que respondem pela gestão das duas estatais jamais são penalizados por incompetência. E os cartões corporativos deles continuam funcionando muito bem, obrigado.

Não resisto

"Por que vocês pensam que o sr. Marco Aurélio Garcia usa aquela barba de dois dias e meio, tem aquela aparência de quem esqueceu os doze passos que levam ao chuveiro, e não faz um tratamento dentário? Porque ele precisa ser grosso, ou não parecerá um revolucionário. "

Aguinaldo Silva, em mais um post imperdível, naquele blog que ele consegue tocar enquanto escreve Duas Caras.

Penso que já é mais do que hora de acrescentar o blog do Aguinaldo à coluninha da esquerda.

Ele está fazendo por merecer.

No ritmo dele...

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

"Auxiliares próximos já haviam notado que Lula se tornou um aficionado do Google Earth, ferramenta de busca online que permite visualizar países, cidades, ruas e até mesmo edifícios específicos. Ontem foi a vez de um grupo de ministros tomar ciência da novidade. Chamados ao Planalto para discutir o andamento do PAC, eles se revezavam em relatos sobre a execução das obras em suas respectivas áreas quando o chefe achou por bem fazer um alerta:

-Fiquem sabendo que agora, além da Dilma para cobrar, eu tenho o Google para conferir o que vocês me dizem!"

Até pensei em mandar uma correspondência ao Planalto avisando que a maioria das imagens do Google Earth tem entre um e três anos - e que, embora o banco de dados seja atualizado com regularidade, o Google não tem como informar ou garantir quando uma área específica será atualizada.

Mas aí me dei conta de que este é o governo do atraso. De modo que está tudo em casa.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Coluna social como argumento

Trecho da coluna de hoje da jornalista Mônica Bergamo - relatando acalorada discussão entre Adib Jatene e Paulo Skaf, em jantar beneficiente para o Incor - foi lido durante a sessão de votação para a prorrogação da CPMF, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania .

Quem trouxe o colunismo social de Mônica Bergamo para o debate, alegando que este era o seu melhor argumento, foi a Senadora Ideli Salvatti . Ou será que foi o senador Wellington Salgado? Agora não sei mais... Tenho encontrado dificuldade para diferenciá-los.

O canário

"Ser oposição exige um trabalho muito sério. Temos que construir a nossa posição em sintonia com a opinião pública".

(Deputado José Aníbal, descobrindo a América.)

Depois de perder duas eleições presidenciais para o PT, o tucano José Aníbal começou, finalmente, a revisar os seus conceitos. Acaba de descobrir que é preciso estar em "sintonia com a opinião pública".


No ano passado, coordenando a campanha presidencial de Geraldo Alckmin, Aníbal foi surdo aos apelos da opinião pública por um tom mais combativo: barrou panfletos e jornais que faziam denúncias contra o PT por considerá-los agressivos em demasia. E é bom não esquecermos que, em 2002, quando um afável - para não dizer banana - José Serra tomou aquela surra de Lula, também era Aníbal a coordenar a coisa.

José Aníbal. Eis um homem que acaba de descobrir a opinião pública. Eis um nome para você lembrar sempre que vir um tucano amarelar feito um canário.

Um especialista

Em setembro de 2005, quando era vice-presidente de Segurança da Telecom Itália para a América Latina, Angelo Jannone teve a honra de palestrar no Superior Tribunal de Justiça do Brasil.

Reconhecido como colaborador do célebre juiz Giovanni Falcone - um dos principais personagens da operação Mãos Limpas, assassinado pela máfia italiana em 1992 - Jannone foi palestrante de destaque no "Seminário Internacional: Propostas para um Novo Modelo de Persecução Criminal e Combate à Impunidade".

Preso pela polícia italiana na semana passada, durante as investigações do escândalo Telecom, Angelo Jannone palestrou, naquele distante setembro de 2005, sobre sistemas de investigação e a legislação italiana.

Seguindo este link, o leitor pode acessar os anais do seminário. Pode, inclusive, ler a palestra de Angelo Jannone - que, então, acreditava que a atuação transnacional das organizações criminosas só poderia ser enfrentada "através de uma rápida troca de informações e de uma política de inteligência, e da concretização de um sistema global e integrado de segurança,no qual também o setor privado é chamado a cooperar.".

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O caso da Telecom Itália

Começam a pipocar comentários e mails perguntando o que eu penso sobre as novas revelações vindas da Itália - e solicitando que eu dê visibilidade ao caso.

Conheço meus leitores...

Este alvorço é porque o Reinaldo Azevedo publicou, nesta madrugada, três posts sobre o tema. Nos dois primeiros, republica uma coluna de Diogo Mainardi e a matéria do site Consultor Jurídico, asssinada por Márcio Chaer, que traz uma entrevista com a tradutora Luciane Araújo. No terceiro post, Reinaldo pegunta: "Que diabo está acontecendo com o jornalismo brasileiro?", numa sugestão implícita de que o nosso jornalismo está se encolhendo diante do tema - não por acaso, esta é a tônica dos comentários e e-mails que estou recebendo.

Que diabos está acontecendo?

Na verdade, eu tratei deste tema no sábado pela manhã. E se tratei de forma um tanto velada é algo que pode ajudar a responder a pergunta feita por Reinado Azevedo em relação ao jornalismo brasileiro - não que eu me situe nesta categoria profissional.

A matéria de Márcio Chaer foi publicada na útima quinta-feira, dia 8. Rendeu, então, respostas de Paulo Henrique Amorim e Mino Carta - que, antes mesmo da Carta Capital sair, tentou demolir a denúncia de Chaer em seu blog. Também, no próprio dia 8, o empresário Luis Roberto Demarco notificou judicialmente a empresa Consultor Jurídico, exigindo que a matéria fosse retirada do ar.

Não posso afirmar com certeza que a matéria foi retirada do ar por conta desta notificação. Mas posso afirmar que entre sexta e sábado a ferramenta de busca do Consultor Jurídico não encontrava qualquer referência para "Luciane Araújo" para quem, como eu, se dirigia para lá tão logo ouvia falar da coisa. Porém, qualquer que tenha sido a causa deste sumiço, ela parece não mais existir: como vocês puderam ver acima, o link reapareceu nesta madrugada - depois, portanto, que as edições dos jornais já estavam fechadas.

Logo, o que pode ter "acontecido ao jornalismo brasileiro" é o que aconteceu com este blog: como comentar uma matéria cujo link simplesmente sumiu?

Primeira lição: nem tudo é complô para esconder isto ou aquilo. Ocorre, apenas, que qualquer denúncia requer atitude responsável - requer, no mínimo, que se possa indicar a fonte. E Reinaldo Azevedo sabe disso. Tanto sabe que não comentou a matéria de Márcio Chaer até esta madrugada, quando o link retornou - alguém realmente acredita que ele não tenha ouvido falar da coisa antes disso?

Mas o que eu penso sobre o caso?

Penso que tudo deve ser investigado. Mas tenho certeza de que, a exemplo de todas as investigações que se tem feito nos últimos anos, vai dar em nada.

Também penso que - agora sim! - Reinaldo Azevedo tem razão quando sugere que o jornalismo deste país vai de mal a pior. Porque, meus caros, entrevista tão ruim quanto essa do Márcio Chaer só aquela em que Silvio Pereira começou a quebrar tudo e Soraya Aggege saiu correndo, deixando seu bloquinho de notas em poder do insano entrevistado.

Luciane Araujo faz o que quer com Chaer... Navega de um assunto a outro, sem que o jornalista (ele é jornalista?) faça qualquer esforço em reconduzí-la ao ponto. E, depois, a coisa foi publicada no site aos pedaços, cheia de "(...)" - presumo que o restante esteja disponível apenas para os assinantes da revista. Vão me desculpar, mas isto não é maneira de se tratar um tema desta seriedade. Ou publicam tudo ou não publicam.

O mesmo se dá em relação à própria Luciane. Não sem razão, quem tenta demolir a denúncia pergunta "de onde saiu essa moça?". Da forma como está sendo apresentada, a tradutora parece mesmo um E.T.: não tem rosto nem vida pregressa. Ela teme por sua segurança? Pois então que não dê entrevista alguma e se limite e depor na polícia. Mas se vai falar - e falar coisas de tal gravidade - que trate de mostrar a carinha, dizer do que se alimenta, etc e tal... Porque - prestem bem atenção, meu queridos - eu, atendendo aos vossos pedidos, vou dizer o penso sobre tudo isso: de jornalista babão, testemunha frouxa e denúncia meia-boca eu já estou cheia.

Viva Stalin!

A última fronteira de resistência venezuelana é liderada por Stalin Gonzáles, presidente da Federação dos Centros Universitários - FCU. Estudante de direito, filho de militantes comunistas, com formação nos movimentos sociais, ele não aceita a ditadura anunciada pela nova Constituição imposta por Hugo Chávez.

Gonzáles, ao que tudo indica, é um daqueles raros exemplos de esquerdista democrata. Seu nome é, sem dúvida alguma, uma irônica bofetada na cara da podre esquerda bolivariana que grassa por esta América Latina. Suas declarações são a prova de que Chávez está perdendo apoio em todas as tendências ideológicas: “os universitários pela liberdade consideram inaceitável a mudança da Constituição proposta pelo Presidente da República porque configura uma fraude constitucional, menospreza os direitos humanos, consolida um regime personalista, com pretensões de perpetuidade, termina com a sociedade pluralista e nada resolve dos problemas do país”.

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Um Stalin contra Chávez. Imagem: Noticias 24

Além de enfrentar os gorilas de camisas vermelhas e os jagunços paramilitares que tentam minar o movimento estudantil, Stalin Gonzáles tem enfrentado todo o governo. Após o episódio dos tiros desferidos contra os estudantes pelos militantes chavistas, incidente que o governo quis imputar como culpa do movimento estudantil, desferiu: " eu creio que o povo venezuelano deve investigar a presidência da Assembléia Nacional. Não entendo como o Presidente do parlamento faz declarações quando todas as provas dizem o contrário, os cinco feridos a bala são do nosso lado, os oito feridos com contusões são do nosso lado, os que correram são do nosso lado, as pistolas todas saíram do outro lado e os culpados somos nós”.

Para conhecer o pensamento deste Stalin do bem, clique aqui

domingo, 11 de novembro de 2007

Qual é o Peixe?

Desde que descobriu petróleo na costa brasileira, muito antes da era neolulítica, a Petrobras identifica todos os poços e reservas com nomes ligados ao mar.

O primeiro poço, descoberto no Sergipe, em 1968, foi chamado de Guaricema, peixe muito popular na região Nordeste. Depois, vieram Caioba, Camorim, Robalo, Dourado, Estrela do Mar, Jubarte e Mexilhão, entre outros.

Portanto, é de se presumir que a tal Bacia Tupi, que já foi “descoberta” três vezes apenas neste governo, um dia destes vai mudar de nome, para seguir a tradição. E arrisco dizer que não haverá surpresa se Ideli Salvatti, Sibá Machado, Aécio Neves ou qualquer outro peixe presidencial sugerir que a nova bacia preste homenagem ao molusco cefalópede que habita a nossa costa, mais conhecido como lula.

Ainda que politicamente compreensível, a homenagem não seria adequada. Pelo contexto em que a “descoberta” foi anunciada, o nome mais correto seria Baiacu... Ou Coió.

colinho02.jpg

Foto: N.G.

"É claro que eu amo você e seria incapaz de lhe desejar qualquer mal... Mas, veja bem: é inegável que os gatos da Cora andam ganhando mais colo do que eu."

Obs.: para a "gateira" Cora Rónai, que se recupera de um acidente, os meus votos de um rápido restabelecimento.

sábado, 10 de novembro de 2007

Aguinaldo Silva ameaçado

Pensando bem, até demorou...

Ao ousar escrever uma novela que desmistifica os valores da esquerdalha, Aguinaldo Silva se colocou na mira da elite vermelha e mafiosa que assola este país.

Em seu post de hoje, o autor de Duas Caras revela que está recebendo ameaças de morte por telefone.


Eis que surge um homem...

Lá estava Hugo Chávez, no plenário da 17ª Cúpula Ibero-americana de chefes de Estado e de Governo, cuspindo as ofensas de sempre contra o ex-presidente do Governo espanhol José María Aznar... Zapatero, que atualmente ocupa o cargo, tentou acalmar Chávez. Diante da insistência do gorila, Sua Majestade, o rei Juan Carlos da Espanha gritou, "por que não se cala?"

O vídeo desta maravilhosa demonstração de nobreza e hombridade, você pode assistir lá no site do Elmundo.es

Ansiolítico

O estoque nacional está no limite.

Culpa da Justiça italiana que, nos últimos dias, conseguiu esclarecer algumas conexões brazucas para o escândalo da Telecom Itália.

Dizem que é coisa para deixar insones parlamentares, autoridades de governo e jornalistas - alguns, aliás, já estão perdendo o fio da conversa.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Tá com medinho, prefeito?

Cesar Maia precisa perder a mania de contar o milagre e ocultar o nome do santo.

Este é o tipo de molecagem denuncista que só serve para comprometer a imagem do seu partido - e, de modo mais geral, da oposição e dos blogs políticos.

O prefeito do Rio deveria mirar-se no exemplo de um Diogo Mainardi, que não hesita em dar nomes aos bois, mesmo que isto lhe garanta duas centenas de processos judiciais.

Fazer denúncias pela metade é coisa de frouxo - ou de fanfarrão, se preferirem a gíria da hora.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Tudo tão previsível

No início de 2006, quando o índio cocaleiro nacionalizou gás e petróleo - e expropriou refinarias -, a esquerda brasileira comemorou, efusivamente, o "direito do povo boliviano à soberania sobre seus recursos naturais".

Foi com algum cinismo, confesso, que eu perguntei, à época, se os bolivianos iriam extrair gás e petróleo com canudinho.

Agora - quando fica claro que a Bolívia não está conseguindo explorar suas riquezas - eu poderia ser igualmente cínica e dizer que a sempre decantada cultura autóctone se mostra, mais uma vez, útil apenas como curiosidade histórica. Mas não posso fazê-lo porque, afinal de contas, Evo Morales nem tentou investir em tecnologia: usou a considerável receita obtida com a nacionalização em programas sociais, repetindo aquela fórmula, tão cara a esta "nuestra América", de distribuir esmolas para garantir popularidade. Só que, igualmente previsível, o dinheiro acabou e as riquezas naturais estão lá, esperando que alguém consiga transformá-las em algo rentável.

Mas há mais coisas previsíveis nesta história. Que, incapaz de produzir gás na quantidade necessária para cumprir os acordos feitos, Morales tenha vindo, rabo entre as pernas, pedir socorro ao governo Brasileiro, era de se esperar. Que, diante de tal pedido, o governo do companheiro Lula tenha dado sinal verde para que a Petrobras volte a enterrar dinheiro na instável Bolívia, também se previa. E que, uma vez tendo ouvido um "sim", Morales tenha voltado a emitir discursos nacionalistas, tratando a Petrobras como intrusa, também.

O que, talvez, não seja tão previsível nesta história toda é a inércia de Hugo Chávez. Mentor da nacionalização boliviana, ele nada fez para auxiliar Morales - instigou-o a tomar a medida e, em seguida, tirou o time de campo. Nada fez, fique bem claro, nesta questão do gás. Porque, em meados de outubro, diante de manifestações populares contra o governo Morales, o gorila venezuelano deixou bem claro que, se o governo do índio cocaleiro for ameaçado, a Venezuela fará uma intervenção militar na Bolívia - fará da Bolívia "um Vietnã", foram as suas palavras.

Fazendo continhas, arrisco dizer que Chávez está trabalhando arduamente para que o governo Morales vá de mal a pior. Foi por esta razão que ele instigou a nacionalização irresponsável do tonto cocaleiro - e, na seqüência, não garantiu-lhe qualquer apoio concreto. Porque o único apoio que Chávez pretende oferecer à Bolívia é o apoio militar - é com isso que ele sonha e é nisso que se empenha.

Não é de hoje que Hugo Chávez vem procurando uma oportunidade para exibir seu poderio militar. Armado até os dentes, ele encontrou na Bolívia o palco ideal para tal demonstração. Agora é só uma questão de tempo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Cadê a mídia?

A situação na Venezuela está à beira de uma guerra civil.

Nossa imprensa, no entanto, está sublimando a coisa.

Quem alerta é o meu amigo Aluízio Amorim, que está acompanhando os eventos de perto.

Também no blog Resistência Santiago e no site da Globovision vocês podem a companhar a cobertura.

Bravo, Aguinaldo

Aguinaldo Silva está saindo melhor que a encomenda.

O capítulo de hoje da novela Duas Caras mostrou a invasão da reitoria de uma universidade privada - que é um dos núcleos da trama - por uma dúzia de "estudantes".

O que os aprendizes de Stédile querem? Participar da eleição do novo reitor.

Na impossibilidade, porém, de reunir estudantes em número suficiente para a empreitada , os baderneiros chamaram especialistas em invasão: o "MSC - Movimento dos Sem Casa"- e o MSE - "Movimento dos Sem Educação".

O capítulo encerrou com a dona da universidade - e presidente do Conselho -, interpretada por Susana Vieira, dizendo que fará o que qualquer pessoa faz quando uma propriedade privada é invadida: chamará a polícia para reestabelecer a ordem.

Agora é esperar o capítulo de amanhã para ver como a coisa se desenrola.

Por hoje, já valeu a referência à infiltração de movimentos políticos alheios à vida universitáiria neste tipo de ação... E a cena - impagável! - em que a personagem de Susana avisou aos rebeldezinhos que tentavam obstruir-lhe a passagem que, se preciso fosse, pisaria neles com seu salto agulha.

Na moita

Começou, há coisa de 45 minutos, a reunião da CPI das ONGs.

Na agenda, a seqüência do depoimento do coordenador-geral de Recursos do (FAT) Fundo de Amparo ao Trabalhador, Manoel Eugênio Guimarães de Oliveira. Também Jacques Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil, deverá ser ouvido hoje.

Mas a TV Senado prefere transmitir uma homenagem póstuma ao senador Ramez Tebet, falecido há um ano.

"É o regimento", vocês irão lembrar: atividades do plenário têm prioridade nas transmissões.

Ocorre que, na internet, a TV Senado tem dois canais de transmissão. E ambos estão, neste momento, transmitindo a homenagem ao falecido.

Resta pois, a quem quiser saber o que se passa na CPI das ONGs, aguardar que os arquivos de áudio sejam disponibilizados no site da Rádio Senado - o que só deve ocorrer à noite.

Não, não será

Da coluna Painel na Folha de S. Paulo de Hoje:

"A senadora Lúcia Vânia avisou à cúpula tucana que, se não houver intervenção a seu favor na disputa com o colega Marconi Perillo, votará a favor da CPMF, contrariando o que foi anunciado ontem pela sigla."

É sempre assim: o PSDB não consegue ultrapassar os interesses pessoais de seus membros. De eleição presidencial a redução de impostos, comporta-se como um partideco - uma legenda de aluguel, que cada um usa como quer.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Será?

Segundo o Noblat, os senadores do PSDB decidiram, há pouco, votar contra a CPMF.

É ver pra crer.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

tucanoskull.jpg

Homenagem póstuma deste blog ao sempre lembrado PSDB, vulgo partido dos tucanos que, nesta terça-feira, depois de inestimáveis serviços prestados ao país, será enterrado em derradeiro encontro da sua executiva para aprovar a prorrogação da CPMF.

O PSDB vinha apresentando um quadro degenerativo denominado Mal de Calabar Carequinha, ostentando dupla personalidade que o impelia a trair diariamente o seu eleitorado, ao mesmo tempo em que posava de palhaço, arrancando gargalhadas dos adversários petistas.

Já está na agenda do PT a realização de discursos de elogio à morte dos tucanos na Câmara, no Senado e no Café com o Presidente. Lula, Dilma Roussef e demais petistas ilustres não poderão, contudo, participar da missa de sétimo dia. Eles estarão muito ocupados aprovando o plebiscito do terceiro mandato.

domingo, 4 de novembro de 2007

Da influência presidencial

Hoje cedo, comentando a Maratona de New York, Robson Caetano disse que a última subida, antes da chegada, era o "pulgatório".

À tarde, durante a cobertura da queda do bimotor em São Paulo, Leila Sterenberg, da Globo News, avisou: " Estamos acompanhando o trabalho de resgate desta casa que caiu em um bairro residencial de São Paulo".

E, há pouco, Renato Maurício Prado, no Troca de Passes, disse que a FIFA é uma senhora "vestuta".

Vou para o DVD.

sábado, 3 de novembro de 2007

Democratas na TV (II)

Só porque eu quero que o DEM dê certo... E porque não adianta falar quando já se está às portas da eleição.

Não tenho acesso às metas traçadas pelo Democratas para a utilização de seu tempo de rádio e televisão. Mas, considerando o que se pode deduzir de fora, por mera observação, o Democratas busca consolidar a imagem de um partido jovem, dinâmico e que atua com extrema competência, sempre que tem a oportunidade de governar. Para além das naturais críticas ao governo federal - pauta obrigatória para qualquer legenda que se diga de oposição hoje em dia - importa mostrar quais são os seus princípios, seus objetivos, e de que forma eles já estão valendo ali, onde o Democratas tem representação.

De um modo geral, o programa exibido na quinta-feira à noite cumpriu com estes objetivos.

A ex-vice-governadora do Pará, Valéria Pires Franco, conseqüêcia direta da antiga carreira, continua bem como apresentadora. Ponto positivo, também, para o uso abusivo do azul. Tanto na direção de arte, quanto no figurino, ele é um recurso visual importante - é o fake na medida certa. Confere uma identidade clara ao partido - e identidade em direta oposição àquele vermelho encarquilhado e velho. Apenas para não parecer uniforme, da próxima vez, lembrem que o mesmo efeito pode ser obtido com estampas diferentes, no mesmo tom de azul em florais, listras, etc...

Infelizmente, destoaram deste azul Gilberto Kassab e Kátia Abreu. De terno marinho ou preto, o prefeito de São Paulo, até pelo próprio estilo de sua aparição - ambientada como uma entrevista, num cenário onde predominava o verde - ficou em desarmonia com o restante do programa. Já a senadora, embora estivesse no cenário azulzinho do diretório, foi prejudicada pelo blazer cinza.

Fiquei aliás, um pouco contrariada com o fato de Kátia Abreu não falar sobre a CPMF. Propaganda - em especial, propaganda política - se faz pela soma de fatores. A senadora tem aparecido na mídia combatendo a CPMF. Sua figura é jovial, firme e agradável. Deveria ter aparecido no programa tratando do mesmo tema. Isto reforçaria a causa e também a imagem de Kátia Abreu- coisa importante para um partido que está lançando novas lideranças.

Não que o tema tenha sido mal tratado... Nada disso: o senador José Agripino fez bonito. Coube a ele o texto de mais força do programa: "Vão nos encontrar pela frente. Os democratas votam contra a prorrogação da cpmf". Já disse, outro dia, que este é o tom de um partido de oposição que pretenda crescer nos próximos anos - e gostaria de ter visto mais afirmações deste tipo ao longo do programa. " Vão nos encontrar pela frente" é maravilhoso. O senador José Agripino, aliás, sabe dar um texto forte como poucos.

Outro ponto muito positivo foi o uso de imagens do Google Earth para os mapas: primeiro porque confere um ar moderno ao programa. Segundo, porque basta vocês conversarem com pessoas das classes desfavorecidas para descobrir que elas não têm conhecimentos mínimos de geografia. Bater nesta tecla, mostrando no mapa onde estão os lugares, é sempre bom.

O problema... Na minha opinão, o maior problema está na trilha sonora. E, acreditem, é um problema grave. Em termos de propaganda política, vale a pena poupar em locação e investir numa boa trilha. Exceto pela vinheta com o lettering do partido - onde uma vozinha esganiçada canta "Democratas" - as demais vinhetas do programa, com efeitos especiais, estão razoáveis. Mas a trilha, em si, não está, não.

Queiram me desculpar... Mas um partido que se pretende jovem não pode colocar musiquinha breguinha no seu programa. A música no final é medrosa: nem balada, nem rock, nem samba, nem sertaneja... E, embora o enredo do menino tenha funcionado bem como fio condutor, a escolha Marcos Henrique foi um erro: o garoto está naquela idade em que os meninos mudam de voz.

Se eu fosse resumir, pois, o que falta para a linha de comunicação do partido ficar ótima, diria que falta perder o medo. Isto mesmo: ninguém constrói identidade tentando agradar a todos. É exatamente o contrário. Construir identidade é dizer: "este sou eu" - e convencer aos outros de que este jeito de ser é o melhor. O último programa mostrou que as coisas estão bem encaminhadas. Faltam, apenas, alguns ajustes importantes.

Daí que eu arrisco sugerir ao Democratas duas medidas de urgência: chamem Paulo Cesar Pereio ou Ferreira Martins para a locução das vinhetas do partido - aquela coisinha cantada não dá. E assumam que vocês têm um ritmo próprio. Um ritmo urbano, dinâmico e que encontra adeptos de norte a sul, dos 16 aos 61... Assumam que vocês são rock'n roll.

Democratas na TV

O programa do Democratas - levado ao ar na quinta-feira - acaba de ser disponibilizado no Youtube.

Para assistir, basta clicar aqui.

Mais tarde eu volto para comentá-lo.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Boa Vista merece uma boa olhada

Boa Vista entrou para o mapa eleitoral porque foi a capital onde Lula fez o menor número de votos em 2006, míseros 34,7%, perdendo de lavada para Geraldo Alckmin.

A prefeita à época era a tucana Teresa Jucá, esposa do peemedebista Romero Jucá, que abriu mão do mandato para tentar o senado. A ex-prefeita segue, até hoje, enrolada em ações propostas pelo MPF por superfaturamento de preços, contratação de empresas sem licitação, pagamentos de obras e serviços não realizados com verbas federais, somando irregularidades da ordem de 7,8 milhões de reais.

Pois não é que, dando uma olhada nos repasses do Programa Bolsa Família, descobri que Boa Vista é a capital brasileira com o maior número de moradores recebendo benefícios?

Isso mesmo: com uma população estimada pelo IBGE em 247.000 habitantes, Boa Vista possui cerca de 25.000 beneficiários diretos. De 2005 para 2006, o número de atendidos subiu mais de 43% e, neste ano, já subiu outros 9% só até setembro.

Atualmente, um em cada dez boa-vistenses já recebe Bolsa Família e quase 40% dos moradores da capital roraimense são membros de famílias atendidas diretamente pelo programa.

A continuar assim, os boa-vistenses receberão, em 2007, uma média anual de R$ 71 per capita. Para que se tenha um parâmetro, os soteropolitanos devem receber uma média de R$ 35 per capita em 2007.

Talvez vocês possam me ajudar a entender... Mas aqui, de Florianópolis, onde a média per capita do Bolsa Família está em R$ 8, não consigo imaginar uma capital no Brasil em que a proporção de pobres seja o dobro de Salvador. O que me faz concluir que, talvez, Lula esteja ajeitando as coisas em Boa Vista - ao que tudo indica, quer devolver a coça que levou em 2006, já nas eleições para prefeito em 2008.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Em cacos

Reinaldo Azevedo esculhambou Caco Barcelos.

O que restou dá pra juntar de pazinha.

Aqui

Ninguém segura

"O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar em abril deste ano uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários --o que abriria caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."

Trecho de matéria da Folha de S. Paulo de hoje, que você pode ler aqui.

O PSDB não vai mover uma palha para impedir. O DEM não tem número para agir sozinho.

Nossas chances são a opinião pública e a Justiça.

Recado

A aprovação do relatório paralelo, de autoria do senador João Pedro (PT-AM), na CPI do Apagão Aéreo não rendeu protestos apenas na oposição.

A ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, está furiosa. A nota distribuída ontem por sua assessoria de imprensa critica o fato de que o relatório petista livrou nove nomes mas manteve o seu. E avisa:

"O que foi soterrada hoje, enfim, foi a verdade sobre a crise aérea que atingiu e ainda atinge o país. A verdade sobre o superfaturamento de obras, sobre a deficiência na infra-estrutura aeroportuária, sobre a venda de empresas, e sobre as ações e omissões do Governo". (Clique aqui para ler a nota na íntegra)

Enquanto isso, no Blog do suposto padrinho de Denise, José Dirceu, não há, até agora, uma única linha sobre a decisão de ontem.