Impressionante como há hipocrisia e cara-de-pau nas opiniões emitidas sobre o andamento do caso Isabella.
Em artigo para a Folha de S. Paulo de hoje, por exemplo, Valdo Cruz apresenta a opinião de "um ministro do Supremo Tribunal Federal " sobre o caso: polícia e promotoria estariam alimentando o "espetáculo" e, com isso, incentivando o sentimento de Justiça com as próprias mãos - lá está assim mesmo, "Justiça com as próprias mãos", com "J" maiúsculo, como se esta fosse uma instituição reconhecida. Adiante...
Segundo Cruz, o membro não identificado do Supremo Tribunal Federal também observa o óbvio: que, estando o processo a correr em segredo de Justiça, delegados e promotor estavam obrigados a aguardar o final das investigações para divulgar detalhes das mesmas. Ao falharem nisso, permitiram que um caso como este, de forte apelo emocional, fosse usado para justificar o atropelo das leis vigentes.
Duas perguntas ao membro não identificado do Supremo Tribunal Federal :
1. Constatada tal realidade, o que o excelentíssimo pretende fazer a respeito? Vai seguir soprando impressões, anonimamente, aos ouvidos de quem pode dar visibilidade a elas, sem tomar qualquer atitude mais concreta? Não é a primeira vez que informações sobre casos que correm em sigilo chegam à imprensa. E se isto continua ocorrendo é porque aqueles que deveriam guardar a Lei agem da mesma forma que o povo reunido em torno daquela delegacia: só acordam para determinado problema quando a imprensa mantém o tema 24 horas por dia no ar. A diferença é que o povo na porta da delegacia não custa tão caro ao contribuinte.
2. Onde está este nobre representante da Justiça quando, por exemplo, o presidente da República usa a máquina do Estado para atropelar as leis vigentes? Embaixo da própria cama?
Há muitas, mas muitas, coisas ocorrendo a revelia da Lei no Brasil. Lastimo é que tais delizes só incomodem aos senhores da Justiça quando desfavorecem aos suspeitos e acusados de crimes graves. Aí estes senhores correm a assinar habeas corpus que garantam providencial silêncio aos interrogados e liberdade aos muito suspeitos - quando não, aos assassinos confessos. Esta é, aliás, uma das poucas ocasiões em que a Justiça não faz diferenciação social neste país: dos pés-rapados que mataram o menino João Hélio ao médico que esquartejou a amante, os mais cruéis criminosos brasileiros têm sempre garantidos seus direitos. Todos contam com a vigilância da Justiça para que não se tornem vítimas do "atropelo das leis vigentes". E os hipócritas ainda têm a suprema cara-de-pau de vir à imprensa criticar a sanha do povo que berra à porta da delegacia.
4 comentários:
fala fa pesquisa cnt/sensus que 'e mais legal!
um abraco petista!
(N.G.: mas Edvaldo... Falar o quê? O Lula está em campanha desde 01 de janeiro de 2003. Nas últimas semanas, então, percorreu o Brasil com a sua "Caravana do PAC". Seria uma vergonha se ele apresentasse índices menores. Não se proseie que pega mal. Vocês estão ganhando o jogo porque roubam nas regras.)
Não é culpa da Justiça nem dos juízes, pois eles são obrigados a seguir as leis de Lulla que protegem os perpetradores de crimes hediondos (Lei 11.464 de 2007) e os chefões do crime organizado (lei 10.792 de 2003). O verdade pai dos (...)
(N.G.: desculpe, Fusca. Mas tive que dar uma editada)
Projeto ou processo, NG. Tomei um susto.;)
(N.G.: vixe, Sharp.. Obrigada. )
N.G. , sorry , você sabe mais que qualquer um a admiração que nutro por seus escritos.Mas desta vez está querendo colocar o carro na frente dos bois.Sabe que pelo clamor popular muita gente inocente foi pra cadeira elétrica nos E.U.A..
Abraço cordial ,
Fabio Tagliavini Neto
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