Enfim, o país conclui sua revolução iluminista.
Em sessão histórica, o Supremo Tribunal Federal definiu, na tarde de hoje, quem é o sujeito jurídico cujos direitos e deveres individuais devem ser preservados pela Constituição. Reafirmou, também, o caráter laico - comprometido tão somente com a garantia do direito à liberdade religiosa - da República Federativa do Brasil.
Como bem recomendava, lá nos idos de 1760, o meu dileto e cáustico Voltaire, "o magistrado conteve o padre".
"A personalidade jurídica depende do nascimento com vida. O embrião que seria descartável não é uma pessoa humana.".
(Ministro Marco Aurélio de Mello, ao dar o sexto voto favorável ao uso de embriões em pesquisas com células-tronco)
"Uma das características essenciais das sociedades contemporânea é o pluralismo. E o Estado deve respeitar todas as opções, sem usar de sua força e seu simbologismo para rejeitar essas decisões. O estado brasileiro há de se manter em absoluta posição de preservar o direito dos cidadãos à liberdade religiosa. (...) "O STF não pode fazer o que fez o tribunal de Santo Ofício, que quase levou Galileu Galileu à morte, sob pena de condenação à fogueira por heresia, à propósito da sua acertada teoria sobre do sistema heliocêntrico, mas que era considerada contra a bíblia"
(Ministro Celso de Mello, ao dar o sétimo voto favorável ao uso de embriões em pesquisas com células-tronco).
7 comentários:
É muito triste quando uma vida humana vale menos que um ovo de tartaruga...
(N.G.: e quando uma vida humana vale menos que um embrião, Soube? Como você se sente?)
Para os vegetarianos:
Um pé de couve é o quê?
(N.G.: ah, esses malditos assassinos de alfacezinhas, ainda em broto! )
Nariz,
Prepare-se para afirmações bobocas como esta do "ovo de tartaruga". Tua resposta foi perfeita. É como na, já muito citada, situação de um incêndio numa clínica de fertilização in vitro. Quem é salvo? Os cilíndros com embriões congelados ou os funcionários e clientes? Não tenha dúvida que, mesmo se os funcionários e pacientes estiverem numa área de maior risco, são eles que serão salvos em primeiro lugar.
Este caso das células-tronco é análogo a doação de órgãos. Famílias vão doar células-troncos.
Tem gente que se diz democrata mas que numa situação limite defenderia absurdos na linha de implantação compulsória de embriões.
(N.G.: tudo certinho, Marcelo. Exceto que o Soube é meu amigo e, a despeito de termos algumas opiniões diferentes, ele não é nem um pouco boboca. É um cara inteligente, honesto, excelente pai de família e muito querido. Um abraço pra você.)
Querida, por maior que tenha sido o avanço, "o país conclui sua revolução iluminista" é coisa que nem o dr. Pangloss sob efeito de drogas conseguiria escrever. :) Quem dera -quem vive aqui e olha em volta só pode concluir que falta muito para isso. Um beijo.
(N.G.: bem... Eu não sou o dr. Pangloss, não estou sob o efeito de drogas e gostei do que escrevi. E agora? :-) Vejo duas saídas: 1) a gente se desespera; 2) a gente olha pro lado, vê que tem gente escrevendo sobre "demonização do catolicismo" - coisa que, seguramente, chocaria os maristas e os jesuítas que me ensinaram a amar a ciência - e dá risada.
Nariz,
Por favor, não foi um julgamento do Soube. Mas do que ele escreveu. Não o conheço e acredito no que você me diz a respeito dele. Que bom que ele não faz parte daquele grupo que chama quem defende as pesquisas com células-tronco de "assassinos de bebês"
Tá bom, mas como fica a "Revolução Iluminista" do nosso país em relação ao caso do fulano que recebe indenização por ter sido torturado enquanto ainda estava na barriga da mamãe guerrilheira?
Sim, ele não era um embriãozinho, já era um ser quase-pronto, mas segundo o que você escreveu o STF definiu "quem é o sujeito jurídico cujos direitos e deveres individuais devem ser preservados pela Constituição."
Quanto à Revolução, estou com o mesmo enfado de John Lennon:"You can count me out"
(N.G.: como assim, Ângelo? O caso do guerrilheiro intra-uterino foi antes. Com certeza você sabe como funciona a Justiça, como surge um precendente - e quais os seus efeitos.)
Nariz, agradeço suas carinhosas palavras, tenho o mesmo respeito por ti, apesar de algumas diferenças, como neste caso, que não afetam a nossa amizade virtual. A respeito, eu entendo que a vida se dá no momento da concepção, por isso, um embrião tem o mesmo valor de uma vida humana.
A nossa lei, a partir de agora, permite que se manipule com embriões, mas não permite que se faça nada com um ovo de tartaruga. É isso.
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