terça-feira, 31 de março de 2009

Por que agora?

É mordomia, celular para filha, funcionário fantasma, cota de passagens usada por amigos, assessor de mentirinha, assessor do assesor, faxineira... A lista de pequenas e grandes falcatruas cometidas de norte a sul, na Câmara e no Senado, no Legislativo e no Executivo, só faz aumentar. Essas coisas que, a gente sabe, só vêm à tona quando interessam a alguém - e ressaltar isso não significa defender que elas deveriam ficar ocultas mas, apenas, deixar claro que se entende o mecanismo pelo qual tais coisas, que sempre estiveram lá, foram agora reveladas.

Para alguns, as denúncias das últimas semanas - especialmente no Senado - seriam uma espécie de segundo turno da eleição para a presidência da casa; uma guerra fria, entre partidários de Tião Viana e José Sarney.

Pode ser.

Mas também pode ser uma pré-campanha de Fernando Collor, que retornou outro dia, ocupa a presidência de uma comissão importante e sabe apropriar-se, como poucos, de discursos pseudo-moralizantes com forte apelo popular. E aí, meus amiguinhos, estaríamos diante do primeiro turno de 2010. Um primeiro turno bem menos previsível do que pareceu até agora.

sábado, 28 de março de 2009

Brasileiro acusado pelo Ministério Público Federal de praticar apologia da discriminação étnica

Para o MPF, o cidadão em tela incitou a opinião pública ao preconceito e à discriminação ao denegrir uma etnia referindo-se a ela como sendo formada por aproveitadores que “vencem” na vida à custa de outros. Conforme o autor da ação, o acusado incorreu nas sanções previstas no artigo 20 da Lei 7.716/1989, que pune com reclusão de dois a cinco anos as condutas consistentes em “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

A pena aumenta se o crime for praticado “por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza".

* * *

Não. A nota acima não é sobre Lula.

Refere-se a uma ação movida, em 2007, contra o jornalista catarinense Paulo da Costa Ramos por conta de um artigo seu sobre a a comunidade indígena guarani do Morro dos Cavalos, Florianópolis.

Clique aqui para ler a nota na íntegra.

Para ver Lula processado, porém, acenda uma vela. E tente encontrar, com o auxílio dela, algum procurador disposto a tomar as dores da etnia "branca de olhos azuis". Porque, ao que parece, a Lei 7.716/1989 só vale para negros, mulatos e indígenas.

Que nojo

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

"Os partidos ensaiam uma justificativa-padrão para os "por dentro" e os "por fora" que aparecem nos grampos da Operação Castelo de Areia, em diálogos alusivos a financiamento de campanhas. "Por dentro" seriam doações feitas aos comitês dos candidatos. "Por fora", aos partidos -contrariando o sentido de "caixa dois" desde sempre associado à expressão".

Ok, digamos que a justificativa-padrão - um tremendo 171, a acreditar no que diz a coluna - venha a colar... O partido não teria que prestar contas do dinheiro que recebeu? E os valores supostamente combinados durante as ligações telefônicas não terão que bater com aqueles declarados?

É nessas horas que a condenação de Eliana Tranchesi a 94 anos de prisão fica parecendo pirotecnia, tipo quadro do Programa do Ratinho. Porque, vejam bem: enquanto os senhores juristas não fizerem uma campanha contundente para o fim da impunidade parlamentar, vai lhes faltar moral para condenar quem quer que seja por crime financeiro de qualquer ordem.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Olha a onda!

Eu não sei quem recebeu dinheiro da Camargo Corrêa - a esta altura, se fala que a lista é grande. E muitos afirmam que as doações se deram dentro dos trâmites legais.

Lá no site Às Claras, por exemplo, uma pesquisa simples mostra que o grupo sempre contribuiu em campanhas políticas. Nem sempre, é claro, com a mesma ênfase ou entusiasmo.

Em 2002, a Construções e Comércio Camargo Correa S/A, colaborou com R$ 517.000,00, distribuídos entre PSDB, PFL e PSB. Nada para o PT.

Em 2004, esta mesma empresa doou o total de R$ 4.182.050,00 para as campanhas políticas do PSDB, PT, PFL, PPS, PC do B e PP. O PT abocanhou R$ 1.560.000,00 deste bolo - R$ 77.500,00 reais a menos que o maior favorecido naquele ano, o PSDB. Já a Camargo Corrêa Equipamentos e Sistemas, empresa do mesmo grupo, entrou com R$ 1.000.000,00, distribuídos entre candidatos do PFL, PSDB e PT - ficando este último com R$ 300.000,00

Em 2006, a Construções e Comércio Camargo Correa doou um total de R$ R$ 7.313.500,00, dos quais R$ 1.300.000,00 foram para o PT. Neste mesmo ano, a Camargo Corrêa Cimentos S/A., mais uma empresa do grupo, colaborou com R$ 1.550.000,00, distribuídos majoritariamente entre PMDB e PSDB - deste montante, apenas R$ 50.000,00 foram destinados ao PSC. Já a Camargo Corrêa Equipamentos e Sistemas colaborou com R$ 491.000,00 - quantia destinada integralmente para o PT. Idem para a Camargo Correa Metais S/A, que doou outros R$ 50.000,00 para a sigla.

Infelizmente, o site ainda não disponibiliza os dados das eleições 2008. Por ora, o único recurso que encontrei é a ferramenta de prestações de contas do TSE. Ela não é muito prática - e eu não sei se os dados já estão totalmente integrados ao sistema. Mas, se estão, há algumas coisas curiosas a considerar.

Na maioria das capitais não consegui encontrar doações das empresas do grupo Camargo Corrêa. Já em São Paulo, a busca de doadores por comitê financeiro mostra que foram doados R$ 75.000,00 para o PTB, R$ 50,000 para o PR, R$ 25.000,00 para o PV e espantosos R$ 3.000.000,00 para o DEM de Gilberto Kassab.

Mais espantoso que este gordo cheque é o fato de não haver, pelo menos no sistema do TSE, qualquer doação do grupo Camargo Corrêa para a campanha da Marta Suplicy. Vamos combinar que para um PT que vinha, desde 2004, recebendo significativas contribuições do grupo, a última eleição em São Paulo foi uma decepção. Daquelas que a gente sente quando uma grande onda destrói o nosso belo castelo de areia.

Observação: os links do site Às Claras remetem ao quadro total de doações feitas pela empresa naquele ano. Para ver a distribuição por partidos, corra a página para baixo de clique em "partidos".

quarta-feira, 25 de março de 2009

É tudo verdade

Conforme vocês já ficaram sabendo (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), ontem o Reinaldo Azevedo esteve em Floripa para o lançamento do livro O País dos Petralhas.

Vocês também já estão sabendo que o evento foi um sucesso e que, depois do dito cujo, a fina flor da blogosfera catarinense e curitibana saiu para jantar com o autor.

Vocês já sabem, inclusive, que serviram um carneiro com risoto e que o papo foi muito bom - fácil como deve ser entre amigos.

O que vocês não sabem é que a coisa se arrastou madrugada adentro e que eu - ao contrário deles, que são todos uns jovenzinhos - não estou mais acostumada com noitadas assim.

De modis que, hoje, mal dou conta de fazer o básico. Só vai dar para dizer que o Reinaldo é uma pessoa muito agradável e que foi um prazer recepcioná-lo na companhia de gente tão bacana.

terça-feira, 24 de março de 2009

Pedagogia da Altonomia

Almentar.png

Sobre os estudantes do ensino médio estadual de Vila Velha que foram protestar contra o "almento" da carga horária em frente ao prédio do Ministério Público, resta dizer que os erros de português cometidos na singela faixa devem ser motivos de orgulho para muita gente.


Porque eis, aí, estudantes que não foram encarados como tábula rasa no processo de alfabetização. Eis, aí, estudantes que não foram submetidos, por meros professores, às repetições mecânicas de saberes alheios à sua realidade.

Não, nada disso. Estes estudantes aprenderam com seus animadores a reconquistar o seu poder de expressão com base nas suas experiências. É por isso que eles são capazes de formar e re-formar enquanto são formados. É por isso que podem ir até o Ministério Público para exibir toda a boniteza de se estar no mundo, com o mundo e intervindo no mundo. Porque estes, meus amigos, são cidadãos críticos, salvos da opressão pela pedagogia da autonomia. Ou seria altonomia?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Não vai

Matéria de capa da Folha de S. Paulo de hoje, a tentativa de negociar um acordo de delação premiada para Marcos Valério no processo do mensalão não vai vingar.

Por quê?

Porque embora o ministro Joaquim Barbosa, enquanto relator do caso, possa decidir sobre o pedido de delação premiada, a concessão de benefícios - que é o que torna o acordo realmente possível - dependeria dos votos dos demais ministros do STF.

sábado, 21 de março de 2009

Se não tá rasgando, tá valendo

Não adianta mandar cartinha para o presidente americano. O Protógenes vai precisar fazer bem mais do que isto para me convencer de que está maluco - coisa de que a blogosfera, em especial a blogosfera oposicionista, parece cada vez mais propensa a aceitar.

disse outro dia que este "desequilíbrio" do Protógenes é fake - uma tentativa de parecer aloprado porque a momentânea alopração vai lhe garantir a aposentadoria e livrar a cara do chefe.

Só que ele segue com o teatro e eu sou obrigada a adotar uma nova hipótese - que, não necessariamente, exclui a anterior. A alopração do Protógenes é como aquela do Silvinho Pereira - um recadinho do tipo "olha que eu falo tudo". Não fosse isso, o delegado já teria chamado a Veja (sim, ela mesma) para contar tudo o que sabe. Mas não: ele prefere ficar lançando revelações a conta-gotas no seu site, nas palestras e em entrevistas que nada trazem de novo.

Corrupção - e corrupção na escala mais alta do executivo - é tema sério demais. Quando o assunto é este, gente realmente séria fala tudo - ou nem começa a falar. Daí que, infelizmente, a postura do Protógenes indica que ele quer negociar. Com quem? Não sei - perguntem a ele.

Mas, então, o Protógenes não é megalomaníaco, NG?

Olha, eu não sou psicóloga mas acho que ele é, sim. Ocorre que é megalomaníaco dentro de limites razoáveis de sanidade. E, como bom megalomaníaco, na hora 'fakear' um alopramento, Protógenes apenas potencializou um traço de sua personalidade, entendem? Se eu fosse fingir um acesso de loucura, por exemplo, sairia quebrando tudo - algo bem de acordo com a minha mania de jogar coisas e bater portas e gavetas quando estou, vamos dizer assim, levemente contrariada.

Ok... Dizem que Protógenes foi reprovado no psicotécnico da Polícia Federal. Ele também arquivou sua pseudo biografia com um nome inacreditavelmente pomposo e, agora, mandou uma cartinha para Barack Obama. Mas, como já dizia minha avó, coloquem uma grana gorda na mão dele. Vamos ver se ele rasga.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Silêncio e paciência

Abaixo, trechos de duas matérias sobre Delúbio Soares e Ricardo Berzoini.

A primeira, do Estadãoo, é de outubro de 2005. Ela foi resgatada para nos ajudar a entender a segunda matéria, que é da Folha de S. Paulo de hoje.

Os grifos são meus. A falta de vergonha na cara, o silêncio e a paciência são petistas.

********************

Denúncias serão esquecidas e vão virar piada de salão'

O Estado de S. Paulo - 16/10/2005

Em conversa exclusiva com o "Estado", ex-tesoureiro do PT revela que trabalhou para eleger Berzoini presidente do partido

BURITI ALEGRE - Afastado das badalações do poder, dos eventos partidários e das páginas dos jornais, o ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, em conversa exclusiva com o Estado, no último sábado, reavaliou a crise da qual é personagem-chave e revelou que não só trabalhou para eleger Ricardo Berzoini, como ficou muito feliz com sua eleição à presidência do PT, a despeito de o novo presidente defender a sua expulsão do partido. Ele acha que as denúncias que o atingiram e ao PT "serão esclarecidas, esquecidas e acabarão virando piada de salão".

"Eu não vou deixar de ser militante do PT. O PT não é um partido, é meu projeto de vida. Sou fundador, dirigente nacional e militante há 25 anos", protestou. Delúbio afirmou que elegeu o tempo como aliado. "O tempo é o melhor remédio. Não é hora de falar, e sim de esperar o tempo passar e aí ficará provado que eu não errei", previu.

(...)

Quanto ao PT, Delúbio parece admitir que sua expulsão é inevitável, mas acredita que o revés será passageiro. "Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão", apostou.

Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido

Folha de S. Paulo, 19/03/2009

Ex-tesoureiro foi expulso da legenda no auge do mensalão, em 2005; decisão depende de votação do diretório nacional

Tesoureiro do PT durante o escândalo do mensalão, Delúbio Soares pediu para voltar ao partido. A cúpula simpatiza com o retorno, que depende de votação do diretório nacional.

Em carta de três parágrafos entregue ontem ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu uma pena dura e que merece uma segunda chance. À tarde, o ex-tesoureiro visitou gabinetes petistas no Congresso, num lobby pela sua reabilitação. Não deu declarações, só sorrisos.

Berzoini prometeu a Delúbio, expulso no auge do escândalo, em 2005, que colocará o pedido em votação na próxima reunião do diretório, em maio. O deputado preferiu não comentar ontem o assunto: "Tenho a obrigação de conduzir esse processo, portanto, não falo sobre seu mérito".

O mensalão foi revelado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em entrevista à Folha, em junho de 2005. Na essência, foi um esquema de repasse de recursos do PT, coordenado por Delúbio, para deputados do partido e de legendas aliadas ao governo. O dinheiro era canalizado pelo publicitário Marcos Valério.

Há pelo menos um ano Delúbio vem pavimentando seu retorno ao PT. O ex-tesoureiro viajou para vários Estados organizando plenárias com a militância, nas quais propagandeava sua lealdade ao partido que ajudou a fundar e a suposição de que nunca se beneficiou do esquema. Nas entrelinhas, o recado era o de que assumiu o ônus da culpa calado.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A pequena grande obra

No vídeo abaixo, temos a maior contribuição de Clodovil na Câmara Federal.

E eu estou falando sério.

Pena que ele não encarou a domesticação dos seus pares como um projeto. Talvez tenha lhe faltado tempo para perceber a importância da tarefa.

Seria uma pequena grande obra.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=5XeVt5yRs9E&hl=pt-br&fs=1&color1=0xcc2550&color2=0xe87a9f]

segunda-feira, 16 de março de 2009

Piada pronta

Ontem, em encontro com militantes do PSOL, Protógenes de Queiroz prometeu que vai aproveitar seu depoimento na CPI dos Grampos para revelar toda a verdade sobre a Operação Satiagraha.

O depoimento do delegado será no dia 1º de abril.

sábado, 14 de março de 2009

CHANEL3.jpg

Seis anos de blog hoje

O primeiro - lá em 2003, acreditam? - foi tímido e indeciso: cheguei a passar meses sem postar. Lembro da sensação de "mas o que é que eu fui inventar?" que sempre vinha um segundo antes da idéia de simplesmente deletar a tranqueira - então hospedada no velho Blogger Brasil.

O segundo, 2004, foi o ano em que eu realmente descobri o blog, ou o que fazer com ele: não postava todos os dias, mas era bastante assídua e me dedicava a textos maiores, mais reflexivos e tranqüilos. Embora a política fosse o eixo central, corri riscos - falei de cinema e até de furacão.

No terceiro ano, o blog foi descoberto por um grande número de leitores - era 2005, a montanha de lama do mensalão nos atropelou e eu postava alucinadamente, como se o mundo fosse acabar em 24 horas. Textos longos são uma raridade neste período. Eu tentava acompanhar o ritmo de um governo que - como diz o Hugo-a-Gogo, amigo e leitor benemérito - "produz um escândalo a cada F5".

Em 2006 o blog encarava uma primeira eleição presidencial. Não por acaso, foi o ano em que os assessores de políticos descobriram o blog. De uma hora para outra, esta bodega passou a ter 'fontes'. E eu fique feliz, há pouco, ao olhar para trás e não encontrar qualquer coisa que me envergonhe neste período: jamais fiz segredo de quem o blog apoiava, mas também jamais publiquei qualquer coisa que eu mesma não pudesse sustentar - e as sugestões não foram poucas.

O ano de 2007 encontrou o blog levemente bipolar: posts enormes e melancólicos, que tentavam dar conta do fracasso da eleição presidencial, dividiram espaço com algumas coisas bem humoradas - Lula vaiado no Maracanã, Tropa de Elite e o fim da CPFM foram boas fontes de inspiração.

No último ano, muitas mudanças. Um novo desafio profissional me obrigou a longos períodos de silêncio. A eleição comendo solta, a Satiagraha vindo à tona e eu sabendo de tudo só na hora do Jornal da Globo, um milésimo de segundo antes de desmaiar no travesseiro. Em 2008, os leitores que ainda tinham alguma dúvida sobre este blog não ser um portal de notícias, finalmente, se convenceram de que não iria rolar: a visitação caiu pela metade e eu agradeço, de coração, aos que ficaram porque eles reconhecem e valorizam o blog pelo que ele realmente é - um espaço de opinião, sem fins lucrativos, e que funciona quando dá.

Não sei o que vai ser de 2009. O distanciamento forçado do último ano colocou as coisas em novas perspectivas - talvez velhas, já que parece que estou retomando o espírito descompromissado de 2004, sem grandes culpas com relação à freqüência. Também era de se esperar que, depois de seis anos acompanhando de perto a catastrófica política nacional, eu acabasse aprendendo alguma coisa, certo? Pois cá estou eu, muito mais a fim de esculachar e rir do que de falar seriamente sobre qualquer tema da política brazuca.

Não, a seriedade não acabou. Só está mais escassa. Tão escassa quanto o tempo ou a paciência para acompanhar cada detalhe de CPIs que vão a lugar nenhum, responder críticas de gente que não me interessa ou me estressar porque abaixo da linha do Equador os últimos em ética são os primeiros em popularidade.

Mas, não se preocupem: apesar das mudanças, a essência segue a mesma. Só não é mais enjoativa como um extrato. Virou eau parfum - ainda marcante, mas bem mais sutil. Como disse, certa vez, Coco Chanel, "eu já não sou o que era: devo ser o que me tornei".

quarta-feira, 11 de março de 2009

Macarrônica

A aposta* de hoje acabou resultando em egotrip.

Pois eu acho que descobri uma explicação psicológica para que o macarrão seja o meu prato predileto - comfort food por excelência, a evocar o bem-estar e os prazeres da infância.

É que eu simplesmente não consegui associar macarrão aos temas usualmente tratados por este blog. Nem mesmo a imagem de gângsters, reunidos em torno de um bom macarrão al sugo, ajudou. Há, entre aqueles Pacinos, Brandons e De Niros, sempre metidos em elegantes ternos risca-de-giz, um charme e, até mesmo, uma ética que passaram longe de Brasília.

A solução do enigma é que não encontro, na minha memória afetiva, qualquer associação negativa com a pasta. Das receitas que herdei da nona, passando pela perfeição do macarrão da minha mana, tudo é prazer neste mundo fumegante. Quando não é humor macarrônico mesmo. E há, na memória oral da família, pelo menos uma passagem que vale nota.

Diz a lenda que, todos os domingos, o nono sentava para almoçar com a roupa da missa. A camisa, muito branca e engomada, era motivo de preocupação para a nona, que passava o tempo todo avisando: "cuidado com o molho do macarrão. Não vá mancha a roupa".

E lá se passaram os anos, o aviso dominical repetido à exaustão, para diversão de todos e, soubemos depois, profundo incômodo do nono. Porque em um belo dia, ao ouvir o alerta da dedicada esposa, o nono, para supremo delírio da criançada, enfiou as duas mãos no prato de macarronada e passou-as por toda a extensão da imaculada camisa. Foi um lambuzo do cão, ao final do qual ele perguntou, com a maior calma do mundo: "E agora, posso mangiare em paz?"

*Aposta é uma blogagem coletiva que rola, de tempos em tempos, entre os condôminos do portal.,

Filme velho

Aécio Neves está propondo prévias para decidir quem sai candidato em 2010: ele ou Serra.


Fernando Henrique é contra a realização de prévias - "agora", diz ele, por medo de ferir a legislação, mas "para todo o sempre" digo eu, que lembro que algumas coisas se decidem mesmo é à mesa do Fasano.

Não é por nada, não... Mas começo a desconfiar que a cúpula tucana já sacou que 2010 subiu no telhado, que ninguém pode com a Dilma, e está preparando um '2006 Reloaded': eles fazem de conta que querem ganhar e, se derem o azar de passar para o segundo turno, se atrapalham a ponto de conquistar menos votos que no primeiro.

Por isso, Aécio Neves que se cuide. Ele pode ser o boi de piranha da vez: colocado lá tão somente para perder a eleição para a Dilma. Serra é que não entra mais em canoa furada - Fernando Henrique não deixa. E saibam que, em algumas situações, a vantagem de não realizar prévias é poder escolher quem será poupado do vexame - e não quem vai para a guerra.

Porque, vamos pensar no seguinte: considerando quadro eleitoral - sem nenhum grande favorito em outro partido de 'oposição' -, a idade de Serra e Aécio, e o potencial eleitoral de ambos, não parece óbvio que o PSDB está, pela primeira vez, diante de uma possibilidade muito concreta de lançar uma chapa pura? Seria tão difícil, assim, convencer Serra a abrir mão, em prol de Aécio, de um segundo mandato em 2014? Ou a pressa de Aécio é maior do que seu desejo de ver o PSDB voltar ao poder - e não há acordo porque ele se nega a ser vice?

Eu não tennho nada a ver com isso, já que acho que as chances contra a Dilma são mínimas, não gosto dos dois e estou decepcionada demais com o PSDB - e com a 'oposição' em geral - para me entusiamar com qualquer candidatura. Eu fico é entediada de ver os tucanos reprisando sempre o mesmo filme.

terça-feira, 10 de março de 2009

Tá com medinho, número dois?

De O Globo, via Noblat:

"Um dos alvos de uma rede de espionagem que teria sido comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu disse em Canoas (RS), em encontro com petistas, que passou mais tempo no exterior em 2008 porque temia ser preso na Operação Satiagraha:Eu sabia que Protógenes tinha como objetivo principal me prender para apresentar isso como grande troféu. Imagina se eu tivesse sido preso naquele dia com Daniel Dantas (dono do Grupo Opportunity)?O ex-ministro também se disse intrigado com o arrombamento de seu escritório e o furto de um computador e documentos em outra invasão, desta vez à sua casa. No ano passado, ele percorreu 15 países por conta de compromissos profissionais. E diz ter ficado quase quatro meses longe: - Protógenes falava a quem quisesse ouvir que queria me prender. Comecei a andar acompanhado - disse Dirceu, contando que contratou seguranças. - Como não sou policial, mas tenho experiência suficiente de como esses mecanismos funcionam, resolvi ficar mais tempo no exterior."

Agora vocês, cientes de que, por atrolho de trabalho, eu não pude acompanhar os detalhes da operação Satiagraha quando ela foi deflagrada, me ajudem a esclarecer as coisas. Porque, que eu saiba, o José Dirceu é réu por formação de quadrilha no caso do mensalão. Se ele dissesse que tinha medo de ser preso junto com o Marcos Valério eu até entenderia.

Mas por que diabos o José Dirceu teve medo de ser preso com o Daniel Dantas?

Por mais poderoso - ou louco - que fosse o delegado Protógenes, ele não poderia prender alguém sem um indício, mínimo que fosse, de que a pessoa estava envolvida em algo ilícito, certo?

Então, quais são as suspeitas que recaem sobre José Dirceu na operação Satiagraha?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Encanadores

"Tem uma pergunta que precisa ser feita: se o meu cliente foi indiciado pelo vazamento de uma operação policial, eu quero saber quem vai apurar o vazamento do vazamento".

O autor da frase é o advogado do delegado Protógenes Queiroz, Luiz Fernando Gallo, que cobra, agora, uma investigação sobre o vazamento de informações para a revista Veja do inquérito que apura supostos abusos de seu cliente durante a Operação Satiagraha.

A primeira pergunta que precisa ser feita é: o que a Veja publicou é verdade? Caso sim, viria a segunda pergunta obrigatória: quem teria autorizado Protógenes a montar um aparelho policial clandestino para investigar aliados e desafetos do governo Lula?

Somente na última roda desta carroça desgovernada é que estaria a preocupação sobre quem colocou informações do inquérito nas mãos da Veja. Mas já vi que com este caso vai acontecer o que já aconteceu várias vezes desde que Lula assumiu o governo: tem mais encanador, preocupado em estancar vazamento do que gente séria investigando.

Ôh, Terezinha... Uh, uhhhh

Mensagem que chegou à minha caixa-postal esta manhã.

De: Tereza

Para: nariz.gelado@uol.com.br

Assunto: ENTRA NO SITE DELE, FUÇA TUDO, DEPOIS SE QUISER FALE COMIGO , RETIREI MEU APOIO AO DELEGA

Data: 09/03/2009 06:27

http://blogdoprotogenes.com.br

Que eu me lembre, não conheço qualquer Tereza.

Também não clicaria em link recomendado por - e nem me corresponderia com - quem diz ter retirado o apoio ao delegado, pela obviedade de que já o apoiou alguma vez.

Depois, o blog do Protógenes foi lincado aqui anteriormente. Pensar que eu precisaria que alguém me indicasse o endereço denuncia ignorância a respeito deste blog ou - sendo um pouquinho paranóica, como todos devem ser quando se trata do Protógenes - desejo de que eu o acesse a partir de um determinado link para facilitar a identificação do IP.

Finalmente, às vezes eu até pesquiso ou investigo.... Mas 'fuçar' não é da minha natureza.

Logo, dona Terezinha, vá lá na esquina ver se tem bacalhau.

Petismo na medula

A Folha de S. Paulo de hoje traz matéria sobre o material escolar distribuído na rede estadual de ensino do Pará: " 1 milhão de kits escolares e 10 mil revistas com o logotipo da gestão de Ana Júlia Carepa (PT), o nome da governadora e textos elogiosos à própria administração".

A iniciativa fere o artigo 37 da Constituição Federal, que proíbe nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores na publicidade de serviços e campanhas dos órgãos públicos.

sábado, 7 de março de 2009

Vai feder

A rataiada está saindo dos esgotos para vir comentar aqui.

Sinal de que esta merda do Protógenes vai feder.

Então aí vai uma homenagem à incansável força-tarefa do Pomar, que rala no sábado para defender o governico.

 Titãs - Bichos Escrotos
http://www.mp3tube.net/play.swf?id=d1097f8794ff8dfe4f5f3807d85f2b40

Protógenes, a ditabranda e a lenda

"Em depoimento à Polícia Federal, um dos espiões da Abin destacados para participar da Operação Satiagraha disse ter ouvido do delegado Protógenes Queiroz que o presidente Lula queria a investigação porque seu filho Fábio Luís da Silva 'teria sido cooptado por essa organização criminosa'".

Se tudo o que se lê na Veja desta semana for confirmado, conclui-se que Protógenes de Queiroz era agente de um aparelho policial clandestino destinado a investigar aliados e adversários do governo Lula. Coisa típica de uma ditabranda - para se dizer o mínimo.

Mas já há, dentre as provas recolhidas, uma evidência para colocar o Protógenes naquela imensa fileira de aloprados que, "por sua própria conta e risco", cometem crimes para defender os interesses do governo Lula e do PT: o delegado estava escrevendo uma biografia intitulada Protógenes, a Lenda.

Com tal título, é bem provável que o arquivo cumpra a função para a qual foi criado: garantir um atestado de insanidade para Protógenes e livrar a cara do governo. O delegado não perde a aposentadoria e Lula não perde o mandato.

quarta-feira, 4 de março de 2009

No túnel do tempo

É a sensação que tenho sempre que vejo o Fernando Collor flanando pelo Senado.

Mas não me sinto uma jovenzinha. Fico é com o estômago embrulhado.

O PT, o Senado e as galinhas

Li no blog do Josias:

"Numa evidência de que volta em grande estilo, Collor rendeu, à sua maneira, homenagens a Ideli. Disse nutrir por ela 'o maior respeito'. Afirmou que considera a senadora petista uma personagem agregadora. Uma 'senadora que congrega, reúne, cisca para dentro'. A imagem aviária deixou Mercadante abespinhado. Exigiu retratação. Foi atendido. Collor retirou a expressão. O que não modificou o resultado final.

Aí lembrei daquele episódio no qual Ideli e coleguinhas tentaram tirar farinha com o senador Mão Santa porque ele, em referência a um governo que alardeia obras antes que elas saiam do papel, usou a expressão "galinha cacarejadora do Mein Kampf " À época, as espertas tentaram transformar a coisa numa ofensa à ministra Dilma - e às mulheres em geral. Deram com os burros n'água.

Então... Eu não sei qual é o trauma da bancada petista no Senado em relação à galinhas. Mas já notaram que, volta e meia, pinta um clima?

terça-feira, 3 de março de 2009

Fala, Gilmar

"Falo com a responsabilidade de quem é chefe de um Poder. Não vou pedir licença para falar! É uma questão de responsabilidade. Sou presidente do Conselho Nacional de Justiça e posso dar diretrizes aos juízes e falar com os brasileiros".

Este - vocês já devem saber - foi o Gilmar Mendes, ontem, em entrevista para o blog do Reinaldo Azevedo.

Passou a régua.

Gilmar Mender é polêmico e não sei se concordo com todas as suas posições - não as conheço todas, pra começo de conversa. Mas que ele tem todo o direito de falar, tem. Quando, como e sobre o que quiser.

E o melhor da coisa é que Lula e seus miquinhos aloprados - que acreditam que democracia é aquilo que garante o direito de expressão apenas para a companheirada - não poderão fazer mais do que sapatear e roer os cotovelos.

Sobre o assunto em si, nada de novo ou que já não tenha sido tratado inúmeras vezes na blogosfera oposicionista: invasão de terras é crime. Financiar grupos que cometem crimes só pode ser crime também.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Esquentou

Pelo menos um dos assuntos requentados no final de semana entrou em ebulição.

O Planalto negou, rapidinho, que o Erislandy Lara tenha pedido a Lula para voltar à Cuba.

Agora estão pintando o Lara de maluco.

Não, eu não acho que ele esteve com Lula. O problema é que também não acho que o cara é só mais um aloprado que, feito Silvinho Pereira numa certa ocasião, surtou (eu ando com alguma resistência para aceitar esta quantidade de psicóticos que viraram manchete nos últmos tempos).

Então, segue o mistério: por que o cubano mente? E, mais importante ainda: quais foram, exatamente, as suas mentiras?