segunda-feira, 29 de junho de 2009

Curtas e desbocadas

*A situação em Honduras pede cautela. Parece que o presidente - agora deposto - agia à revelia da lei. E, o que é mais grave: Manuel Zelaya teria chamado venezuelanos e nicaraguenses para apoiá-lo na realização de um referendum considerado ilegal pelo Superior Tribunal hondurenho. A interferência externa teria, alegam os golpistas, precipitado as coisas. Pelo sim ou pelo não, até que tudo esteja esclarecido governos que não são tocados por lambe-botas chavistas deveriam se abster de opinar.

*Nenhuma novidade na entrevista do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, publicada no Estadão. Gabrielli seguiu à risca o manual da sua turma: reputou as suspeitas que recaem sobre a estatal a uma armação da mídia e fez ameaças veladas. O roteiro chega a enojar de tão repetitivo.'Neztepaís', de Sarney a Protógenes de Queiroz, todo mundo que sente a merda bater na bunda se diz vítima da imprensa.

*Por falar em Sarney, os twitteiros andam tentando emplacar duas tags. Uma, já destacada pela imprensa, é a #forasarney. A outra, surgida ontem, é a #chupasarney. Fiquei com a segunda. Acho que está mais de acordo com o nível da política nacional.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Futurologia

"A minha solidariedade é porque o presidente Sarney já foi presidente da República. E alguém que foi presidente da República tem muita responsabilidade, tem um passado que lhe garante muitas coisas nesse país. "

Este foi Lula, ontem, em entrevista para a Rádio Capital, de São Paulo.

Já viram né? Este negócio de "alguém que foi presidente da República" ter " um passado que lhe garante muitas coisas neste país" é uma defesa por antecipação.


domingo, 21 de junho de 2009

O retrato da nação

popuzada.jpg

Clique aqui para ampliar.

Alertada pela Tia Cris, descobri que a funkeira Valesca Popozuda posou para a Playboy do mês com o presidente - não exatamete "com ele", mas com a foto dele.

O resultado é uma definição simplesmente perfeita da lucidez política nacional.

A considerar as últimas pesquisas de popularidade, esta é a posição de 80% dos brasileiros em relação a Lula.


sábado, 20 de junho de 2009

Vamos deixar de frescura...

Só duas categorias de brasileiros podem se dizer surpresos com as últimas notícias vindas do Senado Federal: os recém-nascidos e os que saíram do coma.


Quem não se encaixa nesta categoria, favor deixar de frescura e lembrar que, outro dia, os senadores tiveram a chance de resgatar um pouco da honra perdida e preferiram absolver Renan Calheiros. O episódio pode parecer muito pontual - porque não é o único -, mas ilustra bem a nossa inércia política. Calheiros negociou a presidência do Senado por sua absolvição e... ponto. Do lado de cá, nada. Artigos e comentários indignados na imprensa, claro. Mas palavras escritas, já sabemos, têm alcance reduzido neste grande acampamento que alguns insistem em chamar de país.

Sem contar aquela meia-dúzia que, posando de esclarecida e pró-ativa, sempre arrisca um discurso "Senado prá quê? Vamu fechá aquela bosta!". Ou seja: quando não conseguimos fazer com que uma instituição democrática funcione corretamente, nossos cidadãos supostamente mais 'politizados' - ou mais afeitos a mobilizações, como queiram - cogitam fechá-la. Por analfabetismo ou preguiça, a maioria segue silenciosa, trabalhando para pagar os impostos que sustentam esta farra sem fim.


Com tamanha malemolência, é de se admirar que aqueles a quem, repetidas vezes, temos conferido poder ainda nos deixem dizer o que pensamos. O que é uma grande bênção porque, salve-salve!, amanhã é domingo - dia de desopilar o fígado xingando a mãe do juiz.

E, já me antecipando aos que até aqui virão para apontar o quanto é clichê essa história de "futebol, ópio do povo", deixo outro, berrado por um maluco que passou por mim na rua ontem: " Droga só faz mal para quem não tem caráter".

sábado, 13 de junho de 2009

Matéria lisérgica

Eu vou colar a matéria do Estadão na íntegra, conforme ela está no momento em que preparo este post, porque imagino que ela vai ser reeditada.

É que do jeito que está não faz sentido algum.

Acompanhem:

FHC diz que PT só queria escândalo

Depoimento do ex-presidente à Justiça, como testemunha de Jefferson na ação do mensalão, ganhou viés político

Fausto Macedo

"É inegável que o governo do presidente Lula, em muitas matérias, criticou o que se fazia e, quando encontrou a realidade, aceitou que era melhor o que nós estávamos fazendo antes. Então isso aconteceu, para o bem do Brasil", declarou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) em depoimento à Justiça Federal.

Ele depôs dia 4, como testemunha de defesa do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos 40 réus do processo do mensalão, suposto esquema de propinas a parlamentares da base aliada do governo.

A audiência foi conduzida pelo juiz Marcio Catapani, da 2ª Vara Criminal Federal em São Paulo. O termo de declarações, em 7 páginas, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita a ação do mensalão.

O ex-presidente elogiou Jefferson, a quem chamou de "batalhador", mas seu relato não se restringiu ao histórico do acusado. Quando provocado pela defesa ou pelo Ministério Público Federal, ele apontou para seu sucessor e o PT. Mais que uma audiência criminal, a sessão ganhou viés político.

"Em termos de ética e de postura, com relação ao combate à corrupção, qual foi exatamente a postura do PT com relação a esses assuntos?", perguntou a Procuradoria da República. "Transformar em escândalo qualquer caso, muitas vezes sem ter sido apurado", respondeu Fernando Henrique.

A procuradoria indagou sobre a conduta de outros dois réus, o deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-ministro José Dirceu. A defesa se opôs, mas o juiz dirigiu-se ao ex-presidente. "O senhor disse que o PT tinha por hábito transformar em escândalo qualquer fato mesmo antes de investigado. Os acusados José Genoino e José Dirceu faziam parte dessa postura? Acho que é uma questão de postura. Só para saber se objetivamente eles assumiam essa postura."

Fernando Henrique: "Eu não posso dizer com precisão se, especificamente, cada um deles, qual é a ação que desenvolveu nesse sentido. Conheço Genoino há muito tempo. Agora, seguramente eles são responsáveis também, porque um era o presidente do partido e o outro tinha posição de destaque, de liderança, sempre foi um deputado, o Genoino, muito ativo. Não posso dizer que eles pessoalmente tenham feito tal coisa no sentido de transformar em escândalo, mas certamente eram pessoas que conduziam o partido, entre outros, naturalmente."

A defesa abordou a transição. "Entre o seu governo e o do presidente Lula foi um período em que o risco Brasil realmente explodiu..." O ex-presidente respondeu: "A sensação que o mercado teria é a de que eventualmente o governo Lula queria modificar aquilo que vinha sendo feito até então, essa era a sensação dos mercados."

As reformas da Previdência e tributária foram questionadas. "No seu governo, qual foi o comportamento do PT em relação às reformas?" Fernando Henrique retrucou: "Em geral, contrário. Na previdenciária votou praticamente contra tudo, e foi aprovada."

(Fonte: Estadão)

Muito bem...

Eu acho que há um problema de redação na matéria. Porque não fica claro se, ao declarar que o PT só fez "transformar em escândalo qualquer caso, muitas vezes sem ter sido apurado", Fernando Henrique se referia ao período dos seus dois mandatos ou ao escândalo do mensalão.

Se for a primeira hipótese, é de se estranhar o clima de palanque com o qual foi conduzido o interrogatório - a declaração não ajuda a elucidar nada além da cara-de-pau petista. Se for a segunda - se ele realmente acha que, quando o mensalão veio à tona, o PT fez escândalo sem apurar - aí danou-se. Porque, se eu bem me lembro, o PT fez de tudo para abafar o escândalo.

Ou será que o ex-presidente falava do momento em que as investigações do mensalão chegaram ao nome de Eduardo Azeredo?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Covardia ou malandragem?

Casa, banho, jantar e a minha poltrona predileta... Gata de um lado, laptop do outro, eu estava louca para saber mais sobre este fenômeno da mídia surgido na última semana - o blog da Petrobras.


Mas a coisa ficou confusa. Qual dos blogs? - foi a primeira pergunta que me fiz. Porque surgiram pelo menos três nos últimos dias.

Tem o Petrobras Fatos e Dados que, dizem, é oficial - embora não exista, no blog, o nome de quem se responsabiliza pela "cria". Aquela coisa de petista: onde todos são responsáveis, ninguém pode ser responsabilizado; todo mundo mete o pé na jaca e ninguém vai preso, etc e tal. Há, também, o Fatos e Dados, que se diz uma paródia do primeiro - e é, em qualidade de texto, muito superior. Por último, descobri o Petroperguntas, que, segundo o Noblat, "é um espaço para que os jornalistas postem as perguntas que encaminharam à Petrobras e que ela se recusou a responder". Embora a idéia seja boa, só tem um post lá - parece que a revanche não vai vingar.

A esta altura, o assunto já parecendo velho, pensei em deixar passar. Blog é isso mesmo: uma ferramenta democrática. Qualquer idiota pode ter o seu. E se a Petrobras quer peitar a "grande imprensa" e contratar o maluco do megafone como assessor de comunicação, problema dela - e dos seus acionistas.

Mas uma coisa está me incomodando. Se o blog - e a idéia que seus criadores afirmam animá-lo, de "passar as informações na íntegra, sem a edição jornalística" - foi assumido pela direção da empresa como oficial, por que não deixá-lo no portal oficial? Por que mantê-lo no wordpress, como se fosse um apêndice, ainda que com link na página principal? Mais: por que cargas d'água o conteúdo que se publica no Petrobras Fatos e Dados não pode estar na seção Agência Petrobras de Notícias?

Seria por que o tal blog Petrobras Fatos e Dados não passa de uma grande malandragem pré-cpi - incompatível, portanto, com a imagem de seriedade que uma empresa como a Petrobras deve, obrigatoriamente, cultivar?

Se a resposta for afirmativa, o blog é inadequado. Se for negativa - ou seja, se o blog não é uma malandragem pré-cpi mas, sim, uma "grande inovação" nas relações da empresa com a mídia - faltou coragem a Gabrielli e equipe para integrar a novíssima prática ao site oficial.

Ao fim e ao cabo o que fica é a impressão de que a área de comunicação de Petrobras meteu os pés pelas mãos e acabou entrando numa fria: se não paga de malandra, paga de covarde.

sábado, 6 de junho de 2009

Dilma é homenageada em almoço na casa de Marta Suplicy

chá de bofe.jpg

Na foto acima, você vê a a ministra-chefe da casa Civil, Dilma Roussef, confraternizando com aquela "burguesia muito má, minoria branca muito perversa" do Claudio Lembo. (Leia os detalhes aqui)

O paraíso da "classe operária" que nos governa é a capa da Caras.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um elogio a dignidade

Não sei como foi a conversa do vice-presidente com os parentes das vítimas do vôo AF 447.

Mas a entrevista que José Alencar concedeu na saída do encontro foi exemplar.

Sereno, sem fazer palanque de um situação tão dolorosa, o presidente em exercício desempenhou muito bem seu papel: garantiu que não faltará apoio do governo aos parentes das vítimas, não descartou a hipótese, remota, de se encontrar sobreviventes - algo fundamental, enquanto as buscas não forem encerradas -, pontuou a importância da parceria com o governo Francês e ainda trouxe - com cautela - a informação, àquela altura nova, sobre o possível avistamento de destroços por parte da tripulação de um vôo Tam Paris-RJ.

"Dignidade" foi a palavra que me ocorreu ao assistir à entrevista.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tristeza que não acaba mais

Que segunda-feira triste.

Não bastasse a tragédia do acidente, os familiares e amigos dos passageiros do vôo Air France ainda são alvo do despreparo das nossas "autoridades".

Lula peca pelo mutismo. Deveria espelhar-se em Sarkozy e voltar de El Salvador para dar uma palavrinha com os familiares dos passageiros - cidadãos que, neste momento, estão vivendo horas muito angustiantes; talvez as mais angustiantes de suas vidas. Mas Lula sempre some nas tragédias - desconfio que ele teme associar-se a coisas ruins porque acredita que elas possam abalar sua alardeada popularidade. Lula só vai nas boas.

Na outra ponta, na ponta dos afobados, temos Sergio Cabral pecando por antecipação: o governador do Rio já declarou, em total desrespeito ao protocolo da situação, luto oficial de três dias.

Eu não sei quem orienta essa gente nestes momento. Mas os assessores deveriam ser demitidos.

Qualquer menino de 12 anos que goste de cinema - ou de séries de TV - sabe como um presidente e um governador devem se comportar num momento como esse.