quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A fórmula da perseguição

Dilma está seguindo a fórmula direitinho.

Agora alega que é alvo de representações judiciais contra antecipação de campanha porque é mulher.

Nenhuma novidade. Nos últimos seis anos, toda e qualquer crítica ao governo Lula foi amortecida sob a alegação de que se tratava de preconceito contra o presidente-operário-nordestino.

Não sei se no caso da companheira em armas de José Dirceu essa bobagem vai pegar. Mas é fato que política no Brasil se faz assim - e quanto mais rasteira e burra for a alegação, mais o povo do Bolsa Família entende e gosta.

Portanto, ao invés de perder tempo ironizando a declaração da ministra, os estrategistas da oposição deveriam estar se perguntando: "como podemos aplicar a fórmula da perseguição ao nosso candidato?"

sábado, 24 de outubro de 2009

Qual é o jogo? (2)

Na terça-feira, escrevi:

"Mas anotem aí: se o PSDB repetir o quadro da última eleição - se conceder a candidatura ao tucano menos favorecido pelas pesquisas - é porque seus caciques estarão convencidos, como estavam em 2006, de que ninguém ganha essa do PT. E, então, eles vão oferecer a vice-presidência ao DEM e tratar de garantir a reeleição de Serra em São Paulo."

Na Veja de hoje, Lauro Jardim informa:

"Aécio Neves, no jantar que teve com FHC e Sérgio Guerra para discutir 2010, pôs as cartas na mesa: o PSDB tem de decidir seu candidato em janeiro, e não em março, como quer José Serra. Preocupa Aécio a hipótese de março chegar e só então Serra decidir que não quer disputar a Presidência. A leitura seria que Serra, convencido da impossibilidade de derrotar Dilma Rousseff, teria desistido - e Aécio, nesse caso, já entraria na corrida presidencial com um selo de azarão."

Já volto. Vou ali fazer uma plaquinha para o blog: "Curso intensivo de dinâmica partidária. Tratar aqui".

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direto do Twitter

Uma das coisas mais divertidas do Twitter é possibilidade de jogar um balde de água fria na turma. Ali, em cima do lance:

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Qual é o jogo?

Da Folha de S. Paulo de hoje:

"O governador de Minas, Aécio Neves, desembarcou ontem em São Paulo decidido a dar um ultimato ao PSDB. Fortalecido por recentes manifestações de simpatia do DEM, Aécio viajou até São Paulo para oficializar sua disposição de concorrer à Presidência e rechaçar a vice numa chapa com o governador de São Paulo, José Serra."

De acordo com a última pesquisa CNI/Ibope, Aécio tem 12% dos votos. José Serra tem 34%. Um quadro que não deixa dúvidas sobre quem é o melhor candidato - ao mesmo tempo em que sugere uma situação confortável para uma inédita 'chapa pura'. O DEM virá de qualquer maneira - muito mais ante a hipótese de ganhar o governo de São Paulo.

Mas anotem aí: se o PSDB repetir o quadro da última eleição - se conceder a candidatura ao tucano menos favorecido pelas pesquisas - é porque seus caciques estarão convencidos, como estavam em 2006, de que ninguém ganha essa do PT. E, então, eles vão oferecer a vice-presidência ao DEM e tratar de garantir a reeleição de Serra em São Paulo.

O jogo é esse.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desencalhou

Hoje, no Senadinho - tradicional café no centro de Florianópolis - o assunto era o casamento da senadora Ideli Salvatti. A data, garantem as boas e más linguas, já está marcada para novembro.

Parece que Ideli não quer enfrentar a briga pelo governo de Santa Catarina solteira.

sábado, 17 de outubro de 2009

2010: a biruta louca

Ao sabor da sanha eleitoral, o cenário político anda parecendo uma biruta louca.

De um lado, Lula e a sua "caravana da transposição" - o presidente inaugurou os discursos, falando que torce por um confronto entre Serra e Dilma. Ele, como sempre - embora tenha gente de memória curta que se diz supresa com a atitude - subiu o tom do discurso, falando que quer o "nós contra eles". Bobagem se escandalizar com isso. Todos os discursos de Lula ao longo de 2006 são neste mesmo tom. Ele faz o que quer - e não há TSE para enquandrá-lo. Ponto.

Do outro lado, a relutância do PSDB em definir se o candidato é Serra ou Aécio. Mas também é verdade que o acaso acabou trabalhando para que, na mesma semana em que Lula subiu o tom, o marqueteiro predileto de José Serra ganhasse destaque na imprensa. Palestrante do seminário "O Efeito Obama", promovido pela Universidade George Washington em São Paulo, Luiz Gonzales foi quem melhor bateu na pré-candidata petista - "a mulher que ninguém sabe de onde veio", foi sua boa definição para uma candididata cuja biografia quando não é obscura é pouco recomendável. (González fez outras boas declarações que, se der tempo, quero comentar hoje ou amanhã). O fato é que, o tal seminário conspirou para tirar o marqueteiro tucano de sua elogiável discrição e colocá-lo na linha de frente. E ele fez melhor que qualquer medalhão do PSDB.

No meio-campo da indefinição tucana, aparece o DEM. E aparece rachado. Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, Bornhausen e Kassab apoiam Serra, enquanto ACM Neto e Agripino Maia apoiam Aécio. Não é grave. Eles acabam de entendendo. O Dr. Jorge Bornhausen passando por cima do episódio Roseana Sarney/2002 para apoiar José Serra não me deixa mentir: na hora certa, eles pulam para dentro do projeto - qualquer que seja o projeto.

Na esfera estadual a coisa não está diferente - é a mesma biruta girando, louca, ao sabor de todas as vaidades. Pelo menos por aqui, onde o DEM, PSDB e PMDB parecem a um triz de lançar candidaturas independentes da Tríplice Aliança que elegeu Luiz Henrique em 2002 e 2006. O próprio governador parece estar se lixando para a dita cuja. Foi para a Rússia e deixou o moribundo eleitoral, e presidente do PMDB, dono de portentosos 6% na última pesquisa, delirando com uma aliança petista que o conduza ao Palácio da Agronômica (o equivalente nacional seria Sergio Guerra insistir em ser o candidato tucano à presidência só porque tem o comando do partido).

De minha parte, acho que muita água vai passar sob essa ponte - tanto lá quanto cá. O que hoje parece, amanhã não será.

Na ala governista, não acredito que vão ser infantis a ponto de desprezar uma lógica simples: Dilma precisa de um vice forte no sul e sudeste. Cone de trânsito, ela não tem qualquer identificação com sua região de origem mas tende a herdar boa parte do desempenho de Lula no norte e nordeste do país. A aprovação do presidente segue bem alta, o que indica uma eleição de continuidade, principalmente nos estados onde ele imperou, absoluto, em 2006. Penso que, quando o jogo for para valer, Lula vai buscar um nome que possa garantir mais votos ao sul.

Já os tucanos só não decidem a eleição hoje porque não querem. Uma chapa com Serra presidente e Aécio vice garantiria os votos mineiros e cariocas - que tanta falta fizeram em 2006. A eleição seria decidida no sul e sudeste. Passo seguinte, ignorar Dilma, Lula, PT ou qualquer discurso sobre ética - ninguém liga mesmo - e apresentar propostas concretas para melhorar a vida dos brasileiros. Não é preciso muito, não. Basta garantir a continuidade da bolsa esmola e da política econômica que agrada aos banqueiros. Depois, apresentar um projeto revolucionário para a saúde - este bem de satisfação infinita, preocupação primeira do eleitor brasileiro, que o governo Lula esqueceu e no qual Serra tem um excelente histórico. Mais fácil que tirar pirulito de criança.

O que os tucanos estão esperando? Não sei. Talvez que Aécio passeie um pouco mais com Lula, pegando carona em sua popularidade, antes de virar-lhe as costas. Ou, quem sabe, estejam apenas se deixando levar pelo vento que sacode a biruta.

domingo, 11 de outubro de 2009

Magro Velho, Baixinho e Bombinha, flagrados a serviço da Madre Superiora

Os Sarney estão novamene na mídia.

Desta vez porque a PF teria reunido evidências de que Fernando, filho mais velho de José Sarney, decide o que o Edison Lobão, ministro das Minas e Energia do governo Lula, faz ou deixa de fazer. Leia aqui.

Nada de novo sob o céu, portanto. Depois do apoio irrestrito de Lula para manter José Sarney na presidência do Senado, todo mundo já imagina como se dão as relações entre o clã maranhense e os atuais ocupantes do Palácio do Planalto.


Novidade, mesmo, só os codinomes que os envolvidos utilizam ao telefone: Edison Lobão é o "Magro Velho". Fernando Sarney é "Bomba", "Bombinha" ou "Madre". Silas Rondeau, ex-ministro da pasta, é o "Baixinho". E José Sarney, é claro, é a "Madre Superiora". Não são uma beleza?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Surpresa na aldeia

Com um quadro ainda muito imprevisível - no cenário onde o percentual de indecisos é menor, eles estão na casa dos 23 % - a pesquisa do Instituto Mapa o governo de Santa Catarina, publicada no DC de hoje, trás uma ameaça e uma certeza.


A ameaça: Ideli Salvatti vai muitíssimo bem - o que nos mostra que, conforme já avisei inúmeras vezes por aqui, ética não é tema de campanha. E isto, o bom desempenho da senadora não me deixa mentir, é verdade também nos lugares onde o índice de escolaridade é mais alto. A situação confortável de Ideli Salvatti por essas bandas é, antes de mais nada, um sinalizador para disputa pelo o Governo Federal - arrumem outra arma para atingir o PT porque ética, meus filhos, não cola.

A certeza: o PMDB vai acabar perdendo a possibilidade de ser cabeça-de-chapa da tríplice aliança - equação meritosa do atual governador, que reuniu PSDB, DEM e PMDB para derrotar o PP dos Amin em 2002. E vai perder esta possibilidade simplesmente porque sua ala mais antiga insistiu em fazer de Eduardo (quem?) Pinho o pré-candidato preferencial da sigla. Durante o primeiro semestre, o partido queimou todo o seu espaço em televisão para tentar alavancar a candidatura de Eduardo (quem?) Pinho. Deixou, com isso, de reforçar a imagem de Dário Berger - prefeito de Florianópolis e especialista em abater aquela esquisitíssima coligação regional formada pelos Amin e o PT. O tamanho do erro se mostra agora: mesmo com toda a mídia, Eduardo (quem?) Pinho tem menos musculatura que Berger.


Bem mais espertos, DEM e PSDB não perderam tempo com azarões. Trataram de utlizar seu espaço na TV para popularizar o tucano Leonel Pavan e o democrata Raimundo Colombo. Potencializaram, portanto, nomes que estão em evidência - Pavan é o vice-governador; Colombo está no Senado. Nenhuma das duas siglas insistiu em ressuscitar moribundos - e é por isso que ambas aparecem, agora, muito bem colocadas. Se terão condições de levar o pleito para o segundo turno é que são elas.

A força da deputada Angela Amin - que, muito provavelmente, virá abraçada com Ideli Salvatti - é, no entanto, indiscutível . A menos que a tríplice aliança queira entregar a chave do Palácio da Agronômica para os Amin, é bom avaliar bem as possibilidades. Separados no primeiro turno, os componentes da triplice têm condições de levar a disputa para o segundo? Eu acho que não. E aí, o que hoje parece uma situação aparentemente confortável, de três bons candidatos, vai resultar numa derrota acachapante: veremos o PT, com Ideli Salvatti vice de Angela Amin, chegar ao governo de Santa Catarina.

domingo, 4 de outubro de 2009

Yes we créu!

Para toda e qualquer ocorrência, a única coisa realmente positiva neste país é o nosso talento para o besteirol. Aquele "yes we créu" dominando os Trending Topics do Twitter foi maravilhoso. Até eu, que estava bem contrariada com a decisão do COI, dei boas risadas. Somos o Zorra-Total do planeta - ninguém pode negar.

Dito isto, resta a certeza de que aqueles 28 bilhões a serem investidos no Rio de Janeiro vão duplicar ao sabor das maracutaias. E se querem saber quão melhor estará a cidade depois da Olimpíada, basta ver quão melhor ficou depois do Pan 2007.