quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Enquanto crescem as adesões a Aécio, Serra diminui em estatura

Quem lê os jornais de hoje tem a nítida sensação de que cabe ao presidente de um partido político ir a Roma, pedir a bênção do Papa, para almoçar com uma bancada estadual.

O partido em questão é o PSDB. O presidente é Aécio Neves. Os deputados estaduais são os de São Paulo, com quem Aécio deve estar almoçando, neste momento, em uma das ótimas cantinas da capital paulista.

Vejamos o que se lê nos dois maiores jornais daquele estado:

“A aliados Serra afirmou que o almoço de Aécio com a bancada em uma cantina na região dos Jardins é extemporâneo e representa um atropelo ao PSDB de São Paulo, uma tentativa de impor a candidatura do senador mineiro.” (Folha de S. Paulo)

“O ex-governador Alberto Goldman, serrista histórico, confirmou presença no almoço, apesar de se dizer contrariado com a iniciativa da bancada.” (Estadão)

Chega a ser cômica a polêmica por conta de um almoço. José Serra não ocupa qualquer cargo no PSDB – nacional ou estadual.  Por que deveria ser consultado? Nem mesmo uma liderança simbólica, que pudesse justificar uma consulta prévia sobre o encontro, Serra vem exercendo.

Ao contrário: uma vez que tem declarado aqui e ali que estuda a possibilidade de abandonar o PSDB, o próprio Serra se apresenta como um integrante duvidoso, com quem a legenda não sabe mais se pode ou não contar. Postura que, vamos combinar, justifica que ele fique afastado de qualquer decisão.

Mas é a mesma matéria da Folha de S. Paulo que explica a razão de tanta celeuma:  dos 21 parlamentares em exercício na Assembleia Legislativa de São Paulo, 14 são favoráveis à candidatura de Aécio. Apenas três pensam que Serra deveria ser o candidato do partido na corrida presidencial do próximo ano. 

Ou seja: bateu o desespero porque nem mesmo entre seus aliados estaduais Serra está conseguindo adesão.  Ou, como diria minha avó, o nível da água chegou àquela parte macia da anatomia.

E, no desespero, os poucos serristas que ainda restam partem para o ataque.  Recados aqui e ali, artigos sob encomenda, colunas de jornalistas usadas como mural de recados: é o vale tudo dos desesperados, tentando salvar uma possibilidade de candidatura que já virou pó.

Na própria matéria do Estadão de hoje, temos uma ameaça. Ao comentar a possibilidade de  realização de previas, o deputado estadual Orlando Morando observa que não realizá-las fará com que Serra atormente a campanha de Aécio em 2014:  "Aécio sabe que Serra pode ser uma pedra no caminho. O senador vai tomar estocada a campanha inteira".

Cada um esperneia como quer – ou como pode.  Mas o fato inegável é que esta campanha tacanha das últimas semanas tem feito Serra encolher. A cada dia que passa, ele parece menor. Agora faz picuinha até por conta de um simples almoço. Se continuar neste ritmo, em breve não sobrará mais nem a sombra do estadista que ele um dia foi. 

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