segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O maior colégio eleitoral do Brasil é o Brasil

Davi e Golias: em eleição, tamanho não garante simpatia.


Raramente bairrismos e regionalismos são boas estratégias eleitorais. E o mais importante: nas raras situações em que funcionam é em associação com a estratégia do underdog: quando, no melhor estilo Davi e Golias, se consegue angariar simpatias justamente porque o candidato é um Davi – alguém vindo de um colégio eleitoral considerado menos importante, ou que, por razões diversas, tem menos chance de vencer.
 
Assim, o bairrismo/regionalismo eleitoral pode funcionar quando você declara, por exemplo, “chega de eleger governadores da capital; é hora do interior mostrar sua força”; ou quando diz “chega de eleger presidentes do sudeste, é hora de um represente do ... (insira aqui qualquer outra região do país)”.

Quando, porém, um Golias adota o discurso de que representa “o maior colégio eleitoral”, “a maior economia”, etc e tal, a coisa pode trabalhar mais contra do que a favor. Grandes cidades, grandes estados, grandes centros de um modo geral, costumam ser vistos como arrogantes pelos demais – sensação que um discurso sobre “grandezas” de qualquer espécie só reforça. E arrogância, amigos, nunca foi uma boa matéria prima em política.

Por isso, sempre que eu leio e ouço sobre São Paulo ser “o maior colégio eleitoral do Brasil” – e sobre o seu peso na decisão de pleitos presidenciais, eu fico pensando em como algumas pessoas não tem, realmente, qualquer noção sobre o que importa ou não em uma campanha eleitoral. Pior: não têm noção sobre como alguns discursos, aparentemente geniais, podem se revelar verdadeiros ovos de serpentes.

Ser o oriundo do maior colégio eleitoral do Brasil não garantiu a eleição do paulista Alckmin em 2006. Também não foi suficiente para garantir a vitória – ou impedir o massacre – do paulista José Serra na presidencial de 2010. Acho que isto dá bem a medida da importância da coisa para fins eleitorais.

É verdade que, se lembro bem, nenhum dos dois usou o tamanho do colégio eleitoral -  ou o poderio econômico de São Paulo -  em suas campanhas. Mas a militância, principalmente na internet, usava muito. E já vi, aqui e ali, que estão começando a usar novamente para discutir candidaturas e pré-candidaturas.

Meu conselho é: muita cautela antes de embarcar nesta disputa juvenil de “o meu colégio eleitoral é maior que o seu”. Em 2014 teremos alguns underdogs no páreo. Vocês podem tomar uma invertida. 

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