sexta-feira, 27 de setembro de 2013

De bolada a rebelde: na tentativa desesperada de rejuvenescer, Dilma voltou ao Twitter.

Aécio Neves é um cara jovial. Mais do que uma questão de faixa etária – ele completou 53 anos em março – este é um traço de personalidade que permeia todas as esferas da sua vida. Quem com Aécio convive costuma usar as palavras "entusiasmo" e "alegria" para definir tanto a forma como ele se entrega ao trabalho quanto ao fato de manter uma vida social que não esconde: depois de uma exaustiva jornada, ele pode ser visto em eventos culturais, batendo papo com amigos em um barzinho ou cantando modas de viola, à beira da fogueira, na Fazenda da Mata – que pertence à família desde 1867.  Uma de suas frases favoritas, dizem, é da escritora americana Gertrude Stein: “a alegria é a coisa mais séria da vida”.

Até semana passada, esta jovialidade do mineiro parecia, aos olhos dos seus adversários, uma fraqueza.  Parecia. O quadro, porém, mudou drasticamente a partir da última quinta-feira, quando foi ao ar o programa do PSDB. As pesquisas qualitativas, realizadas pelo Palácio do Planalto durante o programa, fizeram piscar as luzes de alerta: Aécio havia se saído bem – e a jovialidade era um dos pontos de força do senador. Para completar, o hangout, realizado depois do programa com Aécio Neves, fora assistido por quase 200 mil pessoas ao longo de uma hora.

Some-se, a isso, o alerta anterior, ao sabor das manifestações ocorridas no meio do ano, que deixaram claro à presidente e seu marqueteiro que Dilma estava afastada da população – especialmente dos jovens, que passaram a ser alvo de inúmeras ações.

De uma hora para outra, começam a surgir programas e redes sociais chapa branca dedicadas à conquista do público jovem. Na sequência, temos boatos de que Dilma é dada a surtos de jovem rebeldia – ela faria passeios noturnos, de moto, ouvindo rock, pelas ruas de Brasília. Só faltou a roupa de couro – talvez porque o Marqueteiro João Santana, que gosta da sutileza, tenha achado demais. 

Nos últimos dias, planta-se também a imagem de uma Dilma que foge de seguranças no exterior para fazer compras em shoppings ou simplesmente perambular, rebeldemente, pelas ruas de Manhattan. Puro marketing alimentado por uma imprensa tola que, por acreditar ter um furo em mãos, divulga a mentira e ajuda a alimentar a fantasia.

A cereja do bolo desta estratégia surgiu hoje, com o retorno da presidente da república ao Twitter – rede que ela abandonara desde o final da campanha, em 2010. Não por acaso, a Dilma verdadeira voltou batendo papo com um fake famoso, a Dilma Bolada. Seu autor, Jefferson Monteiro, começou realmente fazendo humor. Desde abril último, porém, quando esteve em Brasília, há indícios sugerindo que ele saiu da informalidade para reforçar a comunicação presidencial. É de se notar que, na esteira das pesquisas qualitativas realizadas durante o programa do PSDB, a partir da quinta-feira passada o perfil Dilma Bolada passou a atacar pesadamente Aécio Neves – coisa inédita desde que foi criado.

De bolada a rebelde, o que se vê nos últimos dias é apenas a tentativa desesperada de aproximar Dilma de um segmento com o qual Aécio Neves tem uma proximidade natural. Na ausência de uma Dilma jovial e rebelde, tentam agora, às vésperas de uma nova campanha eleitoral, reinventá-la. Embora a estratégia seja quase ridícula, a notícia não deixa de ser boa para a oposição. Mostra que Aécio tem bem mais chance do que seus adversários querem nos fazer crer. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Marina Silva: está chegando a hora da verdade


Marina Silva: se ela não conseguir registrar seu próprio
partido,vai manter o discurso ou acocar?

Eu estou muito curiosa sobre o que a Marina Silva vai fazer nos próximos dias se - como tudo indica - não conseguir registrar seu partido no tempo hábil necessário para participar da eleição de 2014.

Não esqueçam que Marina, nos últimos dois anos, tem declarado repetidas vezes que os partidos existentes no país não lhe servem. Na verdade, ela tem dito isso a respeito de toda a estrutura política do país, mas vamos ficar só com a questão dos partidos poque parece que do resto ela já abriu mão desde que resolveu criar uma nova legenda.

Então... Se os partidos existentes no país não servem, não servem, certo? É de se esperar que, caso não consiga registrar a sua Rede de Sustentabilidade, Marina fique de fora da eleição presidencial do ano que vem. É uma questão de coerência.

Ou será que nos próximos dias veremos Marina Silva engolir tudo o que tem dito para se filiar, às pressas, em um daqueles partidos que, até o momento, não lhe servem?

Eu aposto nesta última opção. A despeito do que pensam os iludidos, Marina não é diferente de qualquer outro político que já caminhou sobre esta terra. É, aliás, pior do que a maioria deles porque vende aos incautos uma pureza que não tem.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

PSDB acerta na TV: Aécio manda bem e o Planalto abre as portas do canil


Do ponto de vista estético, o PSDB apresentou, ontem à noite, um programa de TV bonito e bem acabado, nos moldes que eu tenho implorado, aqui neste blog, ao longo da última década: luz ótima, fotografia e trilha certinhas, enquadramentos bonitos.  

Há uma série de mensagens subliminares neste capricho que, como expliquei inúmeras vezes, conquistam a audiência – antes de gostar do partido, das propostas, do candidato, etc, o telespectador precisa gostar do programa para não mudar de canal. Penso que este objetivo foi atingido com maestria.

Nota dez também para o conteúdo: foi leve, como deve ser a esta altura do campeonato, sem deixar de tocar em pontos importantes, que o eleitor sente no cotidiano - o retorno da inflação, as obras inacabadas do PT, a inexistência de uma infraestrutura a altura da força produtiva do país. 

Amarrando isso tudo, a ideia do diálogo – tanto ao longo do programa como na ótima sacada de dar sequência com um debate, via internet, logo depois do encerramento.  O “vamos conversar” confere proximidade e humildade – elementos necessários para quem, como Aécio, está começando a ser conhecido por brasileiros de todos os recantos.  Juntamente com o argumento “quem muda o Brasil é você” a ideia do diálogo também respeita o atual clima político do país, que acaba de sair de uma onda de manifestações onde a coisa mais perceptível era a insatisfação com a classe política em geral.

Pontos, palmas e louvações ao Renato Pereira por tudo, mas, principalmente, por ter conseguido algo que, eu bem sei, é dificílimo: entregar o programa inteiro a Aécio Neves, fazendo dele o protagonista. Político é bicho vaidoso por natureza e só quem já fez campanha para TV sabe que é preciso ter (desculpe) cojones pra segurar um rojão desses dentro do partido.

Aécio, por sua vez, é o sonho de consumo de qualquer diretor: é bonito e rende bem. Impossível mensurar, é claro, só pela versão final, se ele dá muito trabalho para gravar. Mas, pelo que já vi em entrevistas – e pelo que se viu no hangout, depois do programa - eu desconfio que não. O danado do mineiro gosta da câmera – e ela dele. Num país onde a campanha via televisão ainda é fundamental, esta é uma ótima notícia.

Mas como eu – até por vício – sempre tenho que dar um pitaco, deixo aqui um pedido e um reparo.

O pedido: que Pereira enfie Aécio em uma camisa branca e só o tire dela em novembro de 2014. Para além da mensagem subliminar, de paz e limpeza, que a cor branca passa – e de nos livrarmos daquela eterna camisa azul das eleições anteriores - é raro ela favorecer tanto alguém diante das câmeras como favorece ao tucano. Ou seja: Aécio de branco é um diferencial excelente, que eu exploraria até não poder mais.

O reparo: a despeito da boa expressão corporal, vimos duas ou três cenas com Aécio de braços cruzados. Sei que é um gesto natural, que é uma lástima perder uma boa cena por conta disso, mas a mensagem passada não é boa.  Cruzar os braços denota um isolamento em relação ao interlocutor; em se tratando de político, então, aí é que não recomenda mesmo.

De resto, estão todos de parabéns. Renato Pereira porque acertou em praticamente tudo, Aécio que rendeu e o partido que não atrapalhou.  Tanto foi bom o resultado que o Palácio do Planalto, de posse de pesquisas qualitativas realizadas durante o programa, abriu as portas do canil: desde ontem, a matilha petista está desferindo ataques furiosos contra Aécio Neves na internet. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quer se livrar da Dilma? Tire uma foto com Aécio Neves

Feita no final de agosto, durante um jantar, a foto deixou Dilma nervosa.

Pelo que se lê na imprensa hoje, Aécio Neves agora faz milagres: basta tirar uma foto com ele pra se livrar da Dilma.

Foi o que fez Eduardo Campos que, agora à tarde, anunciou que o seu partido (PSB), que está na base do governo desde a era Lula,  vai entregar amanhã os cargos que ocupa no Governo Federal.

Segundo os jornalistas Cristiana Lobo e Gerson Camarotti, Campos foi pressionado a agir assim porque tanto Dilma quanto o PT teriam se irritado com a foto que você vê aí em cima, tirada na última semana de agosto, durante um jantar cuja pauta foi 2014.

Para Cristiana Lôbo, "nos últimos dias, Dilma ficou irritada com a movimentação de Eduardo Campos, que é pré-candidato à presidência. Principalmente, com a declaração que ele fez de apoio ao diplomata Eduardo Saboya, que promoveu a entrada no país do senador boliviano Roger Pinto; e, depois, a foto dele nos jornais bastante sorridente ao lado do senador Aécio Neves, pré-candidato à presidência que é do principal partido de oposição ao governo".

Na análise de Gerson Camarotti, "nos últimos dias, integrantes do PT e do Palácio do Planalto pressionavam para que o PSB entregasse os cargos. A presidente Dilma Rousseff não escondeu sua irritação depois que Eduardo Campos reuniu-se recentemente com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Recife, e fez críticas ao governo".

Ou seja...  Se você, amigo que me lê, anda querendo se livrar da Dilma, do PT e de toda a lama que eles carregam,  faça como o Eduardo Campos: tire uma foto com Aécio Neves. Sua graça será alcançada em 15 dias. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PSDB de Aécio lança portal de oposição. Serra ignora e se diz solidário a Dilma

Hoje foi um bom dia para o PSDB. Pela primeira vez, em uma década, o partido foi para o enfrentamento com o PT sobre políticas sociais: lançou o Portal Social do Brasil para divulgar programas sociais desenvolvidos em todo o país, promover a troca de ideias e oferecer consultoria gratuita a trabalhadores e gestores que queiram implantar tais projetos.

À frente deste lançamento, que conta com o aporte logístico do Instituto Teotônio Vilela, está o novo presidente do partido, Aécio Neves.  O mineiro está imprimindo um novo ritmo ao PSDB – e, por tabela, à oposição. Arrumou a casa, oxigenou as ideias da executiva nacional e começa mostrar o dinamismo político tão atestado por aqueles que já estiveram ao seu lado nas campanhas estaduais.

A parte boa deste post  termina aqui porque, enquanto o PSDB operava este acerto, José Serra utilizava Twitter e Facebook para enviar recados solidários a Dilma Rousseff em virtude das denúncias de espionagem americana em palácios tupiniquins. E acontece que o lançamento do PSDB foi por voltas das 14h e, até agora, 20h14min, Serra não deu uma única linha sobre o tema.

Sim, foi isto mesmo que você leu.  No dia em que o PSDB fez um lançamento importante para a oposição, José Serra - que anda pressionando para ser candidato à presidência pelo PSDB no ano que vem - não só está ignorando a pauta do partido como dedica todo o seu tempo nas redes sociais para mostrar solidariedade àquela que é a adversária maior do PSDB.

Se isto não ilustra tudo o que tenho dito sobre Serra não ser um homem de partido, ou de oposição, mas apenas um homem atrás de um projeto pessoal de poder, não há mais nada que eu possa fazer por vocês. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Donadon, Zé Dirceu e a serventia de um “parlamentar presidiário”

Em artigo para o Estadão de hoje, Dora Kramer comenta a absolvição do deputado Donadon na Câmara Federal e diz que “não há vitória nem afirmação de coisa alguma no fato de se criar a figura do parlamentar presidiário”.

Entendo o que Dora quer dizer porque ela, assim como eu e você, pensa a partir de valores ligados ao respeito e à vergonha na cara.  Ocorre que nem todos olham o mundo a partir dos mesmos princípios. Há quem veja na criação de um “parlamentar presidiário” a ressurreição de um discurso que havia morrido com a ditadura: o do preso por perseguição política.

No entanto, diferentemente do que aconteceu durante o regime militar – quando muitos foram realmente presos por questões tão somente políticas – o que se pretende agora é dar um caráter político a condenações e prisões relacionadas a crimes comuns.

Não por acaso, José Dirceu sempre fez questão de afirmar que o processo do mensalão era um julgamento político. Em palestras ou na imprensa, ele não perde a chance de se dizer vítima de um “julgamento político e de exceção”.

Uma vez mantido o mandato de Donadon – e, daqui a alguns dias, de João Paulo Cunha e José Genoino - as afirmações de José Dirceu deixam de ser uma tentativa isolada de pincelar com romantismo revolucionário a ladroagem pura e simples e passam a contar com uma nova categoria de sujeitos a lhe conferir verossimilhança: os parlamentares presidiários.

Ao contrario do que imagina Dora Kramer, ao gerar a ilusão de que neste país há presos políticos, a criação desta nova categoria de cidadãos serve para revigorar o discurso de um José Dirceu que, jamais escondeu, pretende seguir se manifestando politicamente depois de preso.