terça-feira, 3 de setembro de 2013

Donadon, Zé Dirceu e a serventia de um “parlamentar presidiário”

Em artigo para o Estadão de hoje, Dora Kramer comenta a absolvição do deputado Donadon na Câmara Federal e diz que “não há vitória nem afirmação de coisa alguma no fato de se criar a figura do parlamentar presidiário”.

Entendo o que Dora quer dizer porque ela, assim como eu e você, pensa a partir de valores ligados ao respeito e à vergonha na cara.  Ocorre que nem todos olham o mundo a partir dos mesmos princípios. Há quem veja na criação de um “parlamentar presidiário” a ressurreição de um discurso que havia morrido com a ditadura: o do preso por perseguição política.

No entanto, diferentemente do que aconteceu durante o regime militar – quando muitos foram realmente presos por questões tão somente políticas – o que se pretende agora é dar um caráter político a condenações e prisões relacionadas a crimes comuns.

Não por acaso, José Dirceu sempre fez questão de afirmar que o processo do mensalão era um julgamento político. Em palestras ou na imprensa, ele não perde a chance de se dizer vítima de um “julgamento político e de exceção”.

Uma vez mantido o mandato de Donadon – e, daqui a alguns dias, de João Paulo Cunha e José Genoino - as afirmações de José Dirceu deixam de ser uma tentativa isolada de pincelar com romantismo revolucionário a ladroagem pura e simples e passam a contar com uma nova categoria de sujeitos a lhe conferir verossimilhança: os parlamentares presidiários.

Ao contrario do que imagina Dora Kramer, ao gerar a ilusão de que neste país há presos políticos, a criação desta nova categoria de cidadãos serve para revigorar o discurso de um José Dirceu que, jamais escondeu, pretende seguir se manifestando politicamente depois de preso. 

Um comentário:

Marcio disse...

Isso é semelhante ao seguinte da NOVILINGUA DO PT:
DEMOCRACIA: a mesma de Cuba e coreia do Norte
DIÁLOGO: quanto v quer para ceder?
ÉTICA: oportunismo e daí por diante.
Nós sabemos que os comunistas são satanistas, além disso, segundo Lênin, os comunistas são movidos por forças estranhas e elas os controlam; seriam como autômatos em suas mãos, por isso mesmo dentro da (des)organização interna do partido abocanham-se como cães ferozes a se devorarem, salvando-se apenas os truculentos.