“A presidente Dilma verá de volta Lula em seus calcanhares
se a jogada de Eduardo Campos e Marina der certo. O movimento “volta Lula”
ganhará corpo diante da nova configuração da campanha eleitoral, agora
legitimado justamente pela mudança de cenário” - Merval Pereira
Não é segredo que Eduardo Campos e Marina Silva compõem uma pouco
confiável, porque recém nascida, neo-oposição ao PT. Ela foi filiada ao PT até 2009
– de onde saiu apenas quando Lula deixou claro que Dilma iria sucedê-lo. Ele
estava, até mês passado, na base de apoio ao governo – com direito a cargos e
benesses. De lá saiu quando... Quando mesmo?
Ai é que a porca torce o rabo. Quando foi mesmo que Eduardo
Campos deixou a base de apoio do governo petista? Quando ficou claro que Dilma estava
recuperando a popularidade e tinha chances de se reeleger.
Ou seja: Eduardo Campos é um daqueles raros casos de alguém que
abandona um governo – no qual se encontra há nove anos – no momento em que este
governo volta a dar mostras de que pode vir a se reeleger. Estranho? Só para quem não está atento.
Antes de dizer que isto aí foi prova de desapego ao poder –
ou qualquer outra pieguice – lembre o que aconteceu em julho, quando Dilma
amargava uma significativa queda de popularidade: Eduardo Campos e Lula se encontram.
Na pauta oficial, Lula teria pedido a Campos que não abandonasse Dilma. Na
pauta vazada para a imprensa, que é a que vale para ler intenções, dois
recados em um mesmo diapasão: o primeiro, que Eduardo Campos abriria mão de sua
candidatura se Lula fosse o candidato. O segundo, que Lula adoraria ter Eduardo
Campos como vice.
Nas semanas que se seguiram às manifestações de junho –
especialmente quando, em agosto, o Datafolha afirmou que somente Lula ganharia
no primeiro turno - Eduardo Campos foi pródigo em mandar sempre o mesmo recado:
se Lula fosse o candidato, ele desistira. Em 26 de setembro o pernambucano
ainda dizia: “se a Dilma piscar, Lula volta”.
Mas setembro chegou e, com ele, a recuperação de Dilma nas
pesquisas. Aparentemente, Eduardo Campos desistiu de ver Lula candidato, rompeu
com Dilma e foi buscar uma parceria que favorecesse o seu projeto presidencial:
Marina Silva.
Marina, que foi ministra de Lula. Marina, que fez campanha
em 2010 sem jamais fazer críticas claras a Lula. Marina, que tem problemas com
Dilma porque foi vencida por ela no processo sucessório de Lula. Marina, que hoje está, novamente, nos jornais, criticando Dilma e poupando Lula.
Mestre no jogo duplo, provável mentor de toda a manobra,
Lula tem mandado recados bem dirigidos: ao mesmo tempo em que orienta o PT a se
afastar de Eduardo Campos, aprofundando o fantasioso rompimento do pernambucano
com o governo Dilma, afirma que “Campos assusta mais do que Aécio Neves” – um discurso
que só fortalece Eduardo Campos.
Não por acaso, no dia do anúncio da aliança com Marina Silva,
Eduardo Campos limitou-se a dizer que não conseguira falar com Lula – tentara ligar
para ele, mas não fora atendido. Não poderia dizer que rompeu com ele porque
não é verdade. Dizer que recebeu a bênção de Lula, por sua vez, revelaria o
golpe.
Como bem observou Merval Pereira, no trecho que abre este
post, longe de turbinar a oposição, a manobra da dupla Campos e Marina abre caminho
para um movimento “volta Lula”.
É jogo
duplo, sim. Encenado a três.
3 comentários:
Agora voce me assustou!!
Campos já disse que pelos compromissos que assumiu com Marina a sua candidatura é irreversível.
Campos abriria e seria Marina a disputar com Lula?
Voce poderia dar mais detalhes.
Ane
Nariz Gelado
sempre concordei com tudo que vc escrevia aqui mas agora não posso assinar embaixo. Eduardo está fazendo jogo duplo , maroto ou qualquer outro adjetivo mas o foco é um só : Ele mesmo. vai fazer ou fingir estar jogando com Lula mas na verdade só se for bom pra ele. Ele não faz jogo de ninguém, pode até parecer mas malandro como ele é está jogando pra si mesmo. No momento está sugando o eleitorado bobo da Marina que acredita que ela será a candidata em 2014, ora ora que ilusão . Ele é um Lula com um diploma. Ele ficou quieto quando ela caiu pois era conveniente não se expor.
Infelizmente sempre falei que o PT/ Lula seria derrotado por alguém mais malandro e menos escrupuloso que o mestre. Parece que é o que se está desenhando.
Mais uma coisa....
a plataforma eleitoral do Eduardo está baseada nas conquistas dos governos FHC e Lula e que a Dilma está destruindo. logo não pode atacar Lula/ governo nem PSdb / governo.
Esperto ele quer se beneficiar dos dois lados bons( pela visão do povão) e seus mentores e vai atacar o lado ruim mais vulnerável isto é Dilma.
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