"O PT tem projeto hegemônico, de dominação completa do poder político.
Por isso, sempre terá candidato a tudo, tenderá a ocupar todos os espaços."
(Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara dos Deputados, em entrevista à Revista Época)
Em entrevista para a Época que está chegando às bancas neste sábado, Eduardo Cunha solta o verbo contra o PT e evidencia que a crise entre o PMDB e o governo Dilma é séria.
Não é novidade para quem acompanha este blog. Desça a página, ou clique aqui, e leia o post que publiquei no último sábado, avisando que o programa de TV que o PMDB levara ao ar na quinta-feira era um sinal claro da tempestade que se aproximava do Palácio Planalto.
Que tudo se acalme até junho ainda é, obviamente, a aposta mais acertada. Mas também é verdade que,ao longo da última década, a possibilidade de um rompimento entre PT e PMDB nunca se mostrou tão forte.
No post da semana passada, falei de como funciona o jogo do PMDB com o poder. Faltou apenas dizer que, por vias tortas e motivos às vezes pouco louváveis, desde o fim da ditadura o PMDB tem sido um fiel guardião da democracia.
Um peemedebista lhe dirá que isto é assim porque o partido foi fundamental no processo de redemocratização do país - o que é verdade e, certamente, é o genuíno sentimento que alimenta muitos de seus filiados e representantes em diversas instâncias de poder. Mas há também - e, talvez, sobretudo - algo mais concreto e pragmático que faz com que o PMDB defenda, com unhas e dentes, o sistema democrático: só na democracia ele pode participar do poder com todo o seu fisiologismo.
Não foram poucas as vezes em que vi amigos se espantarem diante da minha declaração de que sempre poderíamos contar com o PMDB para defender a democracia porque ela lhe era, sob diferentes aspectos, mais vantajosa do que qualquer outro sistema político - e que, por este motivo, o PMDB jamais permitiria que os arroubos ditatoriais do PT se concretizassem. Penso que agora, ao lerem a entrevista de Eduardo Cunha - e especialmente a declaração que abre este post - os amigos que espantei começarão a concordar comigo.